(Marcus Moreira Machado)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
SEXTA-FEIRA, 19 DE FEVEREIRO DE 2010:"TERCEIRA DIMENSÃO"
ESTRANGEIRO: - Imagine que um leigo seja capaz de dar conselhos a um médico. Não deveremos chamá-lo pelo mesmo nome que damos a esse profissional?
JOVEM SÓCRATES: - Sim.
ESTRANGEIRO: - Pois bem: se um cidadão qualquer é capaz de dar conselho ao soberano de um país, não poderemos dizer que nele existe a ciência que o próprio soberano deveria ter?
JOVEM SÓCRATES: - Sim, poderemos.
ESTRANGEIRO: - Mas a ciência de um verdadeiro rei, não é a ciência própria do rei?
JOVEM SÓCRATES: - Sim
ESTRANGEIRO: - E aquele que a tiver, sendo rei ou simples cidadão, não terá direito, em virtude de sua arte, ao título real?
JOVEM SÓCRATES: - Certamente que sim.
O diálogo acima, extraído de “O POLÍTICO”, de Platão, busca determinar a natureza do político e, através dessa natureza, o caráter da própria política. Para o filósofo de “A REPÚBLICA”, a política é uma ciência e, também, a mais nobre das artes, aquela que dá felicidade aos homens. E, ao distinguir, no Político, cinco espécies de formas d governo, faz referência à democracia como o domínio da multidão que “em tudo é fraco, sem grande poder tanto para o bem como para o mal, em comparação com outros (governos), porque (nele) os poderes estão muito divididos entre muitas pessoas”...
Transportando-nos da importância da vida política de Antenas de então, para a “mais grave ignorância em matéria tão séria como é a política” constatada no Brasil atual, concordaremos que o verdadeiro homem de Estado é o filósofo, isto é, o homem dotado de conhecimentos, como assevera o pensador grego, e lamentaremos, então, uma triste conclusão: não há política em nosso país, e a nossa democracia tem sido exercida por aqueles “que imaginam possuir esta ciência em todas as suas minúcias, mais exatamente do que os outros”.
Insiste o ESTRANGEIRO: - Quando pensamos em dirigentes, no exercício de alguma direção, não vimos também que as suas ordens têm sempre como finalidade alguma coisa a ser produzida?
Partindo da analogia em que um governante é um pastor de homens, e que cabe a ele alimentar seu rebanho, lamentaremos outra vez: não há governantes em nosso país, pois que falta direção e nada é produzido para a satisfação do povo brasileiro.
É fundamental que encontremos o caminho pelo qual possamos chegar à compreensão do que é o político, diferenciando-o, procurando aquilo que lhe é característico, para, a seguir, dar aos outros caminhos que dele se afastam, um caráter único específico a todos. Ou correremos o risco de confundir a arte do governante com a do intérprete, do patrão, do profeta, do arauto e muitas outras semelhantes, e, na confusão, obedecer a um poder diretivo estranho e alheio à ciência da política.
Pela educação e instrução que recebem, os políticos de hoje em muito são semelhantes aos seus governados, e deles se aproximam cada vez mais. Precisamos, pois, determinar o gênero de governo que o político deve exercer, distinguindo o que é imposto pela força do que é aceito de boa vontade, não confundindo dirigentes com tirano.
Governos aristocráticos e governos oligárquicos, governos monárquicos e governos tirânicos sucedem-se uns aos outros, sempre em decorrência da inobservância da política enquanto ciência.
Como não se compreende uma sociedade organizada sem a política, lamentaremos finalmente: não temos um país.
E, se não temos um país, certamente o Brasil não existe. O que faz de nós - sem analogia - um verdadeiro rebanho.
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