Dái-me os céus, se tenho
asas.
A sombra -eu projeto-
insignificante,
reduzida,
não é
ela mesma.
Não sou eu o tamanho desse pouco tempo.
Cá dentro, tenho aprisionada a imagem
da surpresa que assalta-me os sonhos
e me enternece
obrigando-me à crença dos seus hábitos.
"Isso te foi deixado
e ao berço dado não se nega moradia.
Viverás com os homens,
ainda que, vitimado pelo ódio,
a vingança te arruine em pedaços."
Eu tenho olhos,
dái-me luz.
Se forçado, sou companheiro das trevas,
é meu desejo livrar-me desse teto
que oculta os meus prazeres.
(Marcus Moreira Machado)