A liberdade parece tanto mais salvaguardada quanto os nossos objetivos jamais se apresentam definitivamente determinados. Ao passo em que perduram as nossas vidas, damos continuidade à seleção desses fins, considerada a liberdade enquanto essência do próprio existir. No momento de qualquer escolha individual, podemos reexaminar a opção anteriormente adotada. Por efeito, toda decisão tomada consoante esta preferência, confirma-se, é uma renovação desta faculdade, a de escolher. Assim, temos o direito de julgar os nossos atos voluntários na condição de atitudes livres, pois, ao decidí-los, também decidimos sobre as finalidades que os explicam.
Eis, contudo, a pergunta: quais os critérios utilizados quando selecionamos tais fins?
Assim, para optar entre a honra e o prazer, entre o interesse pessoal e o dos outros, impõe-se por necessário um princípio de discernimento. Todavia, a verdade deste princípio, segundo o senso comum, não é livremente reafirmada. Então, a base, o esteio, o alicerce; ou, a estrutura exclusiva na determinação das nossas decisões só pode ser uma: a consciência que possuímos de nós próprios, mesmo ante o impasse da sua mais variada gradação.
Uma consciência em tese é sempre forjada pelo interesse alheio. Moldada ao gosto do senso comum, é avessa ao conhecimento, e por isso incompativel com a 'consciência que somos'.
(Caos Markus)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
QUARTA-FEIRA, 19 DE OUTUBRO DE 2011: "BEIJO"
Assumidamente, tenho me deixado, sumindo aos poucos.
Por derradeiro, beijo a vida, pré-existente a qualquer decisão superveniente.
Na medida em que continuamos a existir, prosseguimos na escolha dos nossos fins.
Alguns na proa, outros na popa.
Estibordo ou bombordo, não faz diferença, se à deriva está o marujo.
É burla: ficção é a razão; o mal, surreal.
Dos vendilhões compram-se almas. Nas almas, os grilhões.
(Caos Markus)
TERÇA-FEIRA, 18 DE OUTUBRO DE 2011:"INTÉRPRETES DAS IDEOLOGIAS"
Decorrência da filosofia da linguagem ordinária, principalmente, o hoje conhecido instrumental semiológico alcançou, destacadamente, o campo das práticas interpretativas. Nesse sentido, é impertinente pensar as reflexões da semiologia jurídica como um outro método de interpretação. Isto porque a semiologia deve ser observada como um conjunto sistematizado de críticas aos próprios critérios dialéticos. A análise semiológica fixa os processos de interpretação como códigos ideológicos destinados à produção dos significados normativos. Assim, semiologicamente, os métodos são recursos para a eleboração de redefinições indiretas das palavras utilizadas nas expressões da lei.
A semiologia, por efeito, pode indicar como os julgadores realmente imprimem persuasão aos significados cunhados em seu livre convencimento, buscando torná-los convincentes.
Só assim, compreendendo as regras dessa formulação, a sociedade conquistará o mecanismo de supressão das ideologias processadas na base das superadas concepções, na medida em que permita uma tomada de consciência das falsas crenças linguísticas pelas quais os sistemas tradicionais de representação têm sustentado as suas opiniões e determinado as suas decisões.
(Caos Markus)
SEGUNDA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2011: "TRANSIÇÕES"
Ninguém inventa crise alguma; cria novas existências que, como toda "crise" ('passagem'), são transições de ascendências; ou, (trans)ascendentais; ou transações com a vida no existencialismo sequer cogitado em 'A Imaginação', por Sartre; ou... ... O que será, que será!? Pai, cruz credo! afasta de mim esse cálice...!
(Caos Markus)
DOMINGO, 16 DE OUTUBRO DE 2011: "CICLO: INSTITUCIONALIZAR E INSTRUMENTALIZAR
Habitualmente, difunde a concepção de que o homem é um ser gregário, ideia alusiva à sua inata tendência a agrupar-se, buscando assegurar sua identidade e sobrevivência enquanto espécie. Nesse sentido, pode-se afirmar, por analogia, que todo grupo procurar a via da institucionalização, com o fito de salvarguardar sua unidade e permanência.
O homem, desde sua remotas origens, associou-se não somente com o objetivo de defender-se dos perigos naturais, mas também desejando instrumentalizar seu domínio e poder sobre grupos rivais. Uma vez consolidada a institucionalização, os co-partícipes dessa associação adquiriram autonomia ou indentidade própria, tornaram-se eles mesmos instrumentos de dominação e poder sobre todos os componentes do agrupamento. Essa característica passou a ser confirmada na família, nos segmentos nucleares da sociedade e em qualquer outra representação surgida no decorrer do processo da evolução social.
Por conseguinte, o outrora depositários dos desígnios humanos, gradualmente transformaram-se em agentes dos modelos de aspirações, dos pensamentos e das condutas dos seus membros.
Assim, inegável, uma vez moldado, remanesce (ou, ainda, se fortalece) o caráter universal da tendência à institucionalização dos grupos humanos, alcançando inclusive a denominadas 'minorias', quer sejam as etnicas, as raciais ou, de maneira mais genérica, as culturais. E, consequência direta, mais e mais se evidencia a conquista ou a manutenção de poder, objetivo imanente a qualquer associação, sugestivo de intrínseca condição humana essa disponibilidade de o homem ser instrumentalizado como meio eficaz de alcançar a sua concretude.
(Caos Markus)
SÁBADO, 15 DE OUTUBRO DE 2011: "CÚMPLICE DA CONSTRUÇÃO"
Deixando o insignificante isolamento a fim de se fazer solidário de uma comunidade, de um país, o homem conhece a estimulante experiência da permuta; ele transmigra para uma obra que, por mais modesta possa ser, traz a garantia de perdurar muito além dele próprio.
Convencidos serão os homens da necessidade de amar, porque intenção e gesto lutarão contra todos os fanatismos causadores da pior cegueira possível, aquela a nos impedir de ver que somos humanidade. E não ficarão perplexos ante o acentuado desgosto pela política como via de regra ela é praticada, ou seja, muitas vezes imoral, quando não mesmo sanguinolenta na salvaguarda de suas polêmicas criminosas.
O ideal de uma cooperação na complementaridade das diferenças ressoa de um extremo a outro, pois apenas a ela se contrapõe o implacável inimigo excludente da liberdade das consciências -o totalitarismo, sob qualquer forma, ditatorial ou populista, imposto diretamente ou dissimulado através da demagogia presente no assistencialismo.
Por isso, é indispensável saber que ocultado no assecla há o verdadeiro homem a ser descoberto, ser humano subsistente. E aflorar a percepção do quanto ainda é possível comunicar-se com ele. Com efeito, o vínculo humano constitui-se a partir da comunhão das empreitadas e das situações da vida. Valorizada a humildade nos seu atos, os homens são unidos uns nos outros, daí nascendo salutar e feliz cumplicidade.
Afinal, não um fardo mas sim o encargo justifica o homem, recusando a vulgaridade e contribuindo para a construção do mundo.
(Caos Markus)
SEXTA-FEIRA, 14 DE OUTUBRO DE 2011: "UNIDADE ESSENCIAL NA SUBSTÂNCIA HUMANA"
O segredo da constituição do ser humano é o mesmo propagado em toda a Filosofia, quais sejam, o teorema da 'unidade' e da 'pluralidade'. Equivale a dizer: o homem é 'uno', mas há 'dualidade' nele, sistema cuja interpretação entende co-existentes 'alma' (psique) e 'matéria', 'corpo'; duas substâncias em complexa agregação, isto é, a constatação da espiritualidade e a confirmação da materialidade.
Antagonismos suscitam terorias a respeito: os materialistas negando outra dimensão a cada um e a todos nós; e os idealistas professando limitação ao nível espiritual. Contudo, surgem os defensores da pré-existência das duas substâncias, conjugadas para a manutenção da 'unidade'.
É forçoso reconhecer, nenhuma dessas "teses" é capaz de satisfazer integralmente o nosso intelecto, sempre ocupado em compreender, na singularidade deste 'ser', a relação entre 'matéria' e 'espírito'.
É este então o pretenso mistério!?
Ora, também há na Natureza outros tantos 'fenômenos', sugestivos, sim, de paradoxos. A gravitação, a eletricidade, se ignorado o seu conhecimento, restarão confinadas no campos do inexplicável.
Na compreensão da natureza humana, na interpretação desse sistema, está o entendimento da distinção entre 'substância' e 'acidente', entre 'matéria' e 'forma', termos com acepções traduzidas em significâncias filosóficas.
Assim, 'substância' é o que existe "per si", não dependente de outra realidade ou concretude, isto é, subsiste em si mesma. Já 'acidente', carece de outro para a sua própria concreção.
Tal qual, 'cor', 'tamanho', ou 'configuração', são acidentes de substâncias materiais; o homem é substância, enquanto os seus atos são acidentes. Estes vêm e vão, conforme diferentes situações e condições.
O ser humano, entretanto. permanece, remanesce: a sua unidade essencial perpassa na atemporalidade da sua própria criação.
(Caos Markus)
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