Pioneiro, a singularidade de Piaget se destaca pela identificação do ensino como efetivo processo. 'Processo' nos seus aspectos de 'bilateralidade'; ou até mesmo de 'trilateralidade'.
Em Jean Piaget, rompe-se o condicionamento tão próprio à ideia preconcebida de 'educação', forjada apenas no étimo do vocábulo, isto é, no significado de "condução".
Assim, pois, a conjugação do 'individual' com o 'coletivo'.
De Piaget, o maior mérito: não exalta oprimidos e não enaltece opressores; antes, dá ênfase à intersecção do singular no plural, possibilitando a construção das identidades sem o jugo dos "condutores", de forma a proporcionar sejam então auto-reconhecidas através da 'orientação'.
(Caos Markus)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 26 de maio de 2012
DOMINGO, 17 DE JUNHO DE 2012: "A CAUSA NO EFEITO"
Defende Santo Tomás de Aquino, cada homem deve possuir um 'intelecto agente' e um 'intelecto possível', que, juntos, constituirão a sua 'alma individual', 'a forma de seu corpo'.
Por efeito, só a individualidade da alma faz conceber o homem como dono dos seus próprios atos. A responsabilidade, pois, será sempre individual.
Daí, definir a 'perfeição' ainda não implica na sua existência. Porque 'definição' é uma ideia, e nada garante realidade a essa ideia. O ponto de partida, então, é o mundo sensível, percebido pelos sentidos. Estes indicam o mundo dotado de movimento. Contudo, nada se move por si mesmo. Por consequência, a origem do movimento deve ser causada. E se não se pretender estender a série das causas ao infinito (o que não explicaria o movimento presente), é preciso admitir uma causa absolutamente imóvel e primeira.
O mesmo raciocínio valerá para a 'causa' em geral. As coisas são ou causa ou efeito de outras, não sendo possível ser causa e efeito ao mesmo tempo.
Deverá, portanto, haver ou uma sucessão infinita de causas (o que seria um absurdo), ou uma causa absolutamente primária e não 'causada'.
(Caos Markus)
SÁBADO, 16 DE JUNHO DE 2012: "CONTÁGIO PÚBLICO PELA PUBLICIDADE"
Sugestivamente inesgotável fonte do poder das empresas em países pobres, contextualizadas no processo da globalização, é o amplo controle da ideologia, ou seja, dos valores condicionantes da maneira como vive um povo. Hábeis, essa empresas estão aptas em determinar a maior parte daquilo que esse mesmo povo vê na televisão ou no cinema, na imprensa falada e escrita, na Net, ouve no rádio, ou em qualquer outro canal midiático. O papel que um governo desempenha na formação de valores, gostos e atitudes, através do que se conhece também como "sociedades fechadas", as empresas globalizadas o fazem em muitas áreas do chamado mundo livre. Por meio da TV, comerciais nos cinemas, revistas em quadrinhos e anúncios em variadas publicações, empresas estrangeiras exercem, sem dúvida, influência ainda mais contínua sobre a mente de povos diversos, superando em muito o sistema educacional desse ou daquele país.
Não raro, apenas uma pequena parcela da população vai à escola depois do terceiro ano do ensino fundamental (atualmente assim 'classificado', no Brasil).
Nesses países, dominados ideologicamente antes de tudo, para a vasta maioria da população o contato com a escola é passageiro, mas perdura a vida inteira o contato com a TV e o rádio principalmente. Afinal de contas, não é preciso saber ler para assimilar uma "mensagem" qualquer!
A propaganda governamental não se iguala ao poder da publicidade. Brasileiros orgulham-se dos sucessivos prêmios conferidos a agências de propaganda nacionais; e não se dão conta de que essas premiações são, no reverso, a prova da nossa submissão à ideologia empresarial. Assim, filmes publicitários institucionais exortando a população à preservação do meio ambiente, por exemplo, concorrem pela atenção com toda sorte de anúncios -de cervejas, cosméticos, vestuário 'da moda' e tantos outros símbolos do que passa a ser considerado 'boa vida'. Veiculados sob múltiplas formas, sempre preparados com requintadas técnicas publicitárias, tais anúncios oferecem fantasias de luxo, amor e poder que nenhuma mensagem de um Ministério da Saúde conseguiráde semelhante influência.
Pelo mundo subdesenvolvido afora, as empresas multinacionais estão comercializando, com muito sucesso, os mesmos sonhos que vendem nos países industrializados.E não seria diferente, uma vez que estimular o consumo em países de baixa renda e adaptar os gostos locais a produtos mundialmente distribuídos é crucial no desenvolvimento de um shopping center global sempre maior.
Naturalmente, aqueles que conquistam seu "bem-estar" mediante o sistema de prestações, quaisquer que sejam os impulsos revolucionários que trazem dentro de si, não gostam de pensar em justiça social, em nada contribuindo, via de consequência, para a indispensável transformação da sociedade, deixando-se contagiar, então, pelos mercadores da sua própria alma, não mais diferenciando-se o público na publicidade.
(Caos Markus)
quarta-feira, 23 de maio de 2012
SEXTA-FEIRA, 15 DE JUNHO DE 2012:"DOMÍNIO E DOMINÂNCIA"
Por receio da perda do próprio 'eu', tem origem o impulso tendente à dominação. Temor a desnudar-se em qualquer situação onde o sujeito se vê ameaçado ante o desconhecido.
É nessa perspectiva que 'mito' e 'ciência' (ou 'razão') possuem gênese comum. Ambos querem circunscrever as forças desconhecidas da natureza; desejam equilibrar a multiplicidade incontrolada do 'sensível'.O mito, no caso, tem o seu peculiar procedimento: é o "sacerdote" da "tribo" que mimetiza gestos de cólera ou de pacificação frente às potências naturais.
Quando da existência única dos mitos, havia um 'diálogo' comunicativo entre a natureza e os homens, que se permitiam estar assustados por forças ignoradas. A ciência, todavia, transformou toda a natureza num formidável juízo de valores analíticos, compelindo-a à adoção da linguagem do número. Formalizou a 'potência' natural, limitando-a ao terreno da matemática. Essa ciência, a do "iluminismo", pretendendo desmistificar a natureza, retirar-lhe o encantamento, isolá-la do "feitiço", o fez pelo recurso da razão que, a um só tempo, explica e domina os fenômenos naturais.
Por tal processo, a ciência "iluminista" alcançou o resultado de um contra-golpe: a vitória da desventura.
Ora, o mito desejava captar a origem, cabendo ao 'rito' o controle da manifestação dessa origem. Abolido o mito e a magia, em seu lugar instalou-se a 'racionalidade', sempre de caráter ambíguo, porque "iluminadora" mas "controladora".
À imitação (mito) se sobrepôs o 'princípio da identidade': 'somente o que é idêntico na natureza deve ser conhecido'. Daí o sujeito dotado de "luz natural", iluminado e iluminista, a dominar intelectualmente o mundo.
A razão no Ocidente caracteriza-se, por efeito, como 'razão de dominação', de absoluto controle da natureza não só exterior, mas também a interior. É marcada ainda pela 'renúncia' e 'devoção'.
O paradoxo se resolve, contudo, quando se confirma que o objeto da renúncia continua a ser desejado. E, afinal, isso determinará o regresso do reprimido na civilização.
A racionalidade que afastou o sujeito do objeto, separou corpo e alma, segregou o 'eu' e o mundo, distanciou a natureza da cultura, acaba por transformar paixões, emoções, sentidos, imaginação e memória em adversários do pensamento. Cabe então ao sujeito, já sem os seus aspectos empíricos e individuais, ser o mestre e conhecedor da natureza. A fim de compreendê-la em sua dominância, e não mais visando o domínio do seu semelhante.
(Caos Markus)
QUINTA-FEIRA, 14 DE JUNHO DE 2012: "OPORTUNA IDADE"
Voz ancestral leva-me ao estranho hábito de nas entranhas buscar mais sólido habitat.
Antes uma 'ilha', eu convivi.
Houve 'arquipélago' nas necessárias utopias.
O humano, todavia, já então desapegado do ser
-agora quase reminiscência revolucionária-,
trilha atavismo inimaginável em Darwin,
possível em Marx,
passivo em Freud,
absurdo em Kafka,
provável em Artaud.
Por isso a minha gruta.
Porque sem consenso qualquer luta.
E cá dentro, vou até aonde posso,
que é onde eu quero.
"Aluvião"... Nunca mais!
A minha prole é todo um continente.
Alcanço milhas na viagem tranquila
das idades que perpassam as gerações.
Assim, sou feliz na casa do pai,
que tem várias moradas.
Mas vem comigo,
pedra sobre pedra
mirar do alto desta rocha
"mil séculos vos contemplam" !
Na minha oportuna idade,
eis a momentânea felicidade,
sempre que me reconheço nas pessoas
que comigo compartilham essa Família.
(Caos Markus)
terça-feira, 22 de maio de 2012
QUARTA-FEIRA, 13 DE JUNHO DE 2012: "NOTA DE RODAPÉ"
Do ego contemplo mil séculos da nossa compartilhada gênese: pirâmides, eu vejo, forjaram super-homens dementes, no padecimento da alma-prima. Do verbo criador ao ato criativo, a reprodução impensada no instinto já então raciocinado.
Por conta do olvidado, como que pretendendo atenuar a impossibilidade de resgate, o pretérito habitual é motriz da sucessão num continente sedimentado em raças de humano aluvião; abdicado o espólio!
Por exato paradoxo, a revolução que revogando a existência suprime os fatos.Tudo para assegurar 'patrimatrimônio' da estirpe sem qualquer condução.
Menosprezado o vínculo, adulterados laços, os que rompem mas não ousam, que hesitam e, ainda assim, confirmam as provas; tudo em instrução sem nenhuma veraz postulação.
Antecipado o gesto, é quase incesto a dor moral do golpe presto na mira do futuro incerto. Porque determinado só será o múltiplo de geométrica progressão a impressionar na ilusória dízima de períodos tantos. E com a sugestão de que há processos findos de divina e permanente autoria.
Tudo como se existir depois e agora fosse o absoluto venerável; porque o diverso seria atentado ao lugar certo e sabido na história do inconsciente coletivo, ressureição de pagãos a quem única gruta se destina, ocultada no desatino da inadmissão que afiança o débil intelecto.
Senão, como (jus) tificar a crueldade do litígio, quando, por ambíguo acordo, sucumbe o espírito vindouro em nome da paz passada à limpo por fatais torturas?
Ora, estamos sem significação, artistas rupestres de ícones que somos!
Doravante, como antes, as notas de rodapé falarão muito mais que as inúmeras resenhas autobiográficasescritas diariamente nesta nossa curta existência, garantindo, assim, no prelo ulteriores edições revisadas da vida que ingenuamente enxergamos sempre inédita.
(Caos Markus)
TERÇA-FEIRA, 12 DE JUNHO DE 2012: "RESERVA BRASILEIRA DO PROLETARIADO"
O Brasil, no processo da globalização, apoiou seu desenvolvimento em corporações multinacionais, cujo segredo foi o controle da tecnologia através das reservas de patentes e do combate a possíveis concorrentes, assim como as antigas potências mundiais mantiveram dependentes as suas colônias, impedindo a formação de quadros que porventura pudessem futuramente dirigir nações emergentes.
Sabe-se que o 'know-how' não se transfere por contrato de licença. É conquistado por meio de pesquisa árdua nas salas de desenho e oficinas de trabalho, o que requer esforços próprios na aquisição de tecnologia independente.
A mera obtenção de projetos prontos para a execução nos leva, em curto prazo, a problema político de graves consequências.
Sem respeitar esta efetiva observação, o Brasil desperdiça recursos em "educação" de sua juventude, enquanto o mercado de trabalho dos engenheiros mecânicos, eletricistas, técnicos eletrônicos encontra-se controlado pelas corporações multinacionais, que, via de regra, se abstêm de contratar efetivos projetistas, gerar, ou mesmo fixar tecnologia no país. Por isso, ao Brasil tem restado mercado de trabalho para engenheiros de operação e manutenção, somente. Eis a razão da nossa imensa reserva de proletariado acadêmico.
Dessa maneira, o Brasil "internacionalizado", uma nação dominada, exporta sapatos a salários de fome, a fim de poder pagar a importação de instalações hidrelétricas ou vagões ferroviários, garantindo empregos às "metrópoles" do imperialismo e, por consequência, mantendo ociosas e subdesenvolvidas as suas próprias indústrias.
(Caos Markus)
SEGUNDA-FEIRA, 11 DE JUNHO DE 2012: "A LÓGICA, A EVIDÊNCIA E O CONTRADITÓRIO"
Afastados de minuciosas e conscientes percepções, muito tardiamente identificamos a existência de uma atividade inconsciente no espírito humano.
Historicamente, é recente a análise sistematizada dessas operações mentais, devendo-se atribuir aos filósofos a responsabilidade pelo inicio da pesquisa na decodificação das estruturas psíquicas inconscientes , que, por sinonímia , conhecemos igualmente por 'subconsciente'.
A suposta identidade da vida psíquica e da vida consciente jamais ofereceu qualquer resistência a fatos provados. Fatos que nesta abordagem são resultados experimentais; quando a existência de ideias, de lembranças inconscientes são flagradas através de observações detalhadas, em comprovação de uma vida psíquica inconsciente a revelar-se como causa sobre ações do consciente.
A concretude de representações inconscientes surge objetivamente na própria ação. Portanto, a verdadeira demonstração do inconsciente reside no 'fato real' (objeto de observação) segundo o qual estados psicológicos não conscientes têm efeitos conscientes.
Inversamente, estados psicológicos conscientes não serão esclarecidos se não buscarmos entendê-los na causas psíquicas inconscientes.
A ideia de que não somente atos materiais, os atos 'em movimento', mas também as operações mentais (motivações de todas as espécies; os mecanismos dissociativos ou associativos) refogem à luz da consciência; é concepção assentada na justificativa da lógica, pelo seu poder de evidenciar o quê à primeira vista parece obscuro e contraditório.
Com efeito, limites tênues muito aproximam inconsciência e consciência, sugerindo, simultaneamente, remoto vínculo entre essas duas dimensões da mente, duplo nível do espírito humano.
(Caos Markus)
DOMINGO, 10 DE JUNHO DE 2012: "SOBREVIVÊNCIA DA MORAL SILENCIOSA"
Em originária acepção, o vocábulo 'povo' define os que são governados, no pólo contrário ao dos detentores do poder. Secundariamente, é 'povo' quem se opõe aos ricos, aos opulentos, aos possuidores de renda, de capitais. Nesse sentido, o povo é a massa dos pobres antagônica aos ricos.
Não sendo o povo uno e um, contudo constituído de elementos heterogêneos e de interesses conflitantes, o exclusivo fator da sua coesão será a 'oposição a'. Consequência imediata, constituinte do povo é a 'hostilidade'.
Por isso, a história das revoluções é sempre a história de um inimigo jamais será extirpado, porque frequentemente renascido.
Hoje, ou em qualquer período da história da "civilização", o 'terror' faz o povo existir. Ainda que esse terror seja sublimado, onde vigilância e punição marquem presença mais psicologicamente, acima da ação física, o 'terror' é prática política. Através dela, o 'povo' se delimita .Assim, diante de eventos indesejáveis à manipulação, deverão os mal denominados "inimigos internos", os "traidores", ser aniquilados. Tudo em nome da preservação da 'identidade revolucionária'.Aquele que tem uma outra opinião não somente é expulso, mas é alvo das mais severas sanções morais.O conceito de moral reclama autonomia. Todavia, exatamente aqueles que mais têm a palavra 'moral' na boca, são os que não toleram a autonomia.Neste contexto, falta atualmente um 'sujeito histórico', enquanto agente transformador da sociedade e da consciência. Essa ausência é efeito da "integração" do proletariado na sociedade da "administração total"; entre nós brasileiros também conhecida como 'orçamento participativo', 'governo dos excluídos', etc., etc.Trata-se de um modelo de sociedade unidimensional, sem oposição, sem contradição; fruto da sociedade pós-industrial. Deste contexto, o mais grave desdobramento: sociedades sem oposição, sob o império da moral do silêncio, desprovidas de sujeito ou indivíduo, só fazem preterir esperanças essencialmente revolucionária, aguardando um novo líder (agente revolucionário). Sob essa moral, a do silêncio, o 'povo' sobrevive de alimentar os mitos revolucionários. Nada mais que isto.
(Caos Markus)
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