Eu sempre entendi que se alguém estivesse deveras comprometido com a Educação somente poderia autodenominar-se 'professor' quando de fato 'professasse' algo. O contrário disso -aquela condição em que o indivíduo é meramente uma extensão do quadro-negro, aonde ele deposita conhecimento alheio, retirado dos compêndios- não mereceria, jamais igual designação. O título, assim, estaria restrito a tantos quantos pudessem e quisessem enxergar na figura do professor similaridade com a de um ourives. Como este último, a lapidar a pedra que por si só já é fundamental (reunidos todos os atributos da excepcionalidade, destacando-se pela potência), também aquele outro -o professor- deveria identificar, reconhecer as potencialidades inerentes a cada aluno individualmente, estimulando, apenas, o seu aprimoramento, convicto de que a pessoa humana readquire essa humanidade, que a torna tão singular, através do desenvolvimento da sua 'virtualidade'. E, nesse sentido, não se trataria de propugnar por teorias rousseaunianas, quer dizer, que “o homem nasce bom, a sociedade o perverte”. Não seria e não será a hipótese da discussão sobre as origens da índole. No entanto, por demais confessável, é sempre a investigação das causas e dos fatores determinantes da estirpe de um povo. E, inquestionável, a cepa se forja pela Educação, e essa (em consonância com a raiz latina do vocábulo) nada mais significa senão “conduzir”. Compreender-se-ia a maior ou a menor maturidade de uma nação a partir dos propósitos que a conduzissem.
Ainda hoje, é assim, da mesma maneira, que eu entendo.
(Marcus Moreira Machado)