(Marcus Moreira Machado)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
QUARTA-FEIRA, 10 DE FEVEREIRO DE 2010:"ROUPA LIMPA"
"Roupa suja se lava em casa", é o que desde minha tenra infância ouço sempre. Mas, não sei mesmo até onde isso é uma verdade. Há algumas casas aonde ninguém demonstra a mínima preocupação em "lavar a roupa". Muito pelo contrário, procuram usar uns as 'roupas' dos outros e depois jogá-las num canto qualquer. Depois da festa, após aquela churrascada híper disputada, o hábito mais freqüente nessas "famílias" é a formidável 'ressaca', resquício da desordem organizada para pretexto de confraternizações várias. Nesses festins, o mais comum é a artificialização da amizade para ocultar o verdadeiro propósito da solenidade, que é o de juntar a fome com a vontade de comer.
Acabada a comemoração, resta a imundície, sem ninguém com disposição para a necessária assepsia. nem poderia ser diferente quando comemoração se confunde com aglomeração.
Em alguns lugares nem tudo acaba em pizza, pois que já se começa com elas. E como brasileiro não pode ver caixote que logo pensa em fazer o seu discursinho, o falatório é geral entre os convivas, todos procurando impressionar uns aos outros, por que afinal de contas o importante não é participar mas sim competir. E como competir significa rivalizar, a emulação é o ponto alto, todos gentis e tentadores ao mesmo tempo.
Pois, em ano de eleições na Ordem dos Advogados do Brasil, o que já começou a sobrar é a "roupa suja" da farra democrática na disputa pelo poder na instituição.
Embora combalidos, os advogados - ou melhor, as causas que eles patrocinam - são uma quase inesgotável fonte de recursos e alimentar a casta que dirige essa que é um verdadeiro Golias - a O. A. B. E, agora de mãos dadas, o gigante e Davi celebram o tiro certeiro e fulminante no seu alvo mais próximo - o advogado. O suposto adversário - as subsecções da O. A. B. - conspira chapas dos causídicos hipoteticamente mais representativos da classe. E por representatividade entende-se o mais afortunado, o de melhor posição social. Na pauta a pasmaceira de sempre: "precisamos de um presidente com coragem... uma pessoa que não se curve aos juizes e promotores...:.
Tudo como se o problema dos advogados fosse um sistemático desrespeito às suas prerrogativas. Nada disso! O problema dos advogados é a própria O. A. B., ou, pelo menos, a politicalha em quem que se tornou a "condução" dos anseios da categoria. A entidade se confunde com um clube de serviço; é uma espécie da "Academia Brasileira de Letras", onde notáveis sem notoriedade alguma desfilam na passarela da prepotência.
Na falta de água e sabão, "roupa suja" não se lava em casa. Afinal, o melhor que se pode fazer num caso desses é tornar público o mau cheiro. Pelo menos, se não quiserem os advogados saber, que saiba a tal de sociedade civil quem são e a que vieram esses que dirigem ou querem dirigir a agremiação que defende a causa dos 'frascos de comprimidos' no Brasil. Quem sabe o povo tenha resposta à sua pergunta: advogado, quando vota na O. A. B., vota em que? Vota em presidente ou em auxiliar de escritório?
O povo sempre foi um excelente pretexto para as escusas e segundas intenções de tantos quantos almejam o monopólio da justiça como fonte oculta de proveito. Em nada essa disposição é diferente na Ordem dos Advogados do Brasil. Uma Ordem, aliás, que não é propriamente dos advogados e sim dos seus dirigentes. Exceções existem como em qualquer regra, da mesma maneira como raras são as oportunidades do profissional do Direito de intervir mais diretamente nessa corporação dominada pela centralização administrativa.
Em um ano eleiçoeiro como é esse o de 1994, num Brasil marcado pela miséria econômica e pela carência cultural, eis que o melhor momento se apresenta aos que insistem em confundir oportunidade com oportunismo. Mais uma vez, nisso também em nada diferente é a O. A. B.. Redentores vários despontam com as suas messiânicas propostas, alardeando combate aos moinhos de ventos, enxergando dragões onde eles não existem de fato.
Se houver candidato sinceramente preocupado com a revalorização da classe, esse candidato deverá - se eleito for - colocar ordem na casa, resgatando para o advogado o que é dele, buscando maior autonomia para as subsecções do interior e evitando a mendicância por verbas, hoje um hábito deplorável. Afinal, saúde e liberdade (no seu sentido mais amplo) são duas das maiores necessidades do ser humano; e, se ao médico cabe assegurar a primeira, inquestionavelmente ao advogado cabe a segunda. Por que, então, não resgatar ao profissional do Direito a importância que é devida?
Ordem na casa será "lavar a roupa suja", evitando o ranço de tantos quantos "astronautas" ainda gravitem em torno do astro rei, a Secção Paulista, e da galáxia maior - Conselho Federal da Ordem. Posar de vanguarda nos direitos humanos e privar os advogados militantes dos direitos mais básicos na garantia de sua dignidade é uma contradição hoje inaceitável.
Assim como a "América para os americanos", que vença a O. A. B. para os advogados.
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