REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 13 de outubro de 2007
TERÇA-FEIRA, 16 DE OUTUBRO DE 2007: "ORGANIZAÇÃO, UMA FORÇA DE ATAQUE".
A colaboração de classes prepara o encadeamento definitivo do proletariado ao jugo capitalista e ao advento do fascismo.
O trabalhador deve repudiá-la com todas as suas forças, como nefasta a seus interesses imediatos -materiais e morais.
O proletariado não possui a escolha dos meios. Por isso, a sua conduta é ditada pelo capitalismo. A violência organizada e sistematizada obriga a resposta com violência igualmente organizada e sistematizada. À força deve-se opor a força.
O proletariado, em consequência, da mesma maneira que o capitalismo, também deve estabelecer seu sistema de defesa e de ataque; deve traçar o seu plano de destrutivo e construtivo; agrupar todos os elementos do problema que se propõe resolver e organizar suas forças, levando em conta, sempre, o objetivo a ser alcançado, e considerando as modificações frequentes nas quais o seu adversário planeja estrutura e ação.
A primeira tarefa do proletariado consiste em racionalizar a sua própria organização interior, e em escala internacional, se quiser com vitória contra o capitalismo.
É necessário que UNIFIQUE A SUA ORGANIZAÇÃO sobre o plano mundial, sem deixar de levar em conta as necessidades da cada dia.
O proletariado precisa nessa empreitada estabelecer um princípio geral de organização, para o presente e visando o futuro. E por esta razão, ele deve se opor a 'organizações' que já conhece, as do capitalismo, afastando-se da natureza das instituições que combate. Ou então a luta será inútil e a derrota, antecipadamente, a única certeza.
Na sua própria organização, a sua força de ataque!
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
SEGUNDA-FEIRA, 15 DE OUTUBRO DE 2007: "EDUCAÇÃO GOVERNANTE".
Já no século XIII, surgiam os primeiros sinais de um ideal de governo que, lamentavelmente, ainda hoje busca efetiva realização.
Um ideal moderno, o de um governo, em nível mundial, pela educação. A educação governante, em que o homem em geral não seja nem servil nem oprimido, 'escravo' de um ditador ou de um Estado marcado pela demagocracia, Um governo com a parcela informada, inspirada e consultada pela comunidade.
Sobre a palavra 'educação', sobre o caráter educativo do governo é que se deve pôr insistência, tanto quanto sobre a idéia de que a informação deve preceder à consulta popular.
Será na realização prática da idéia de que a educação é uma função coletiva e pública, e não um negócio privado, que se encontrará a essencial distinção entre um Estado realmente moderno e qualquer outro que o tenha precedido.
O 'cidadão' atual, os homens começam afinal a compreendê-lo, deve ser primeiro informado (como base da 'formação') e depois, só depois, consultado.
Antes de poder votar, deverá ouvir o 'processo' e as 'provas'.
Antes de decidir, deverá 'saber'.
Não é abrindo seções eleitorais, mas sim fundando escolas e tornando a literatura e o saber universalmente acessíveis, que se o abre caminho a nos levar da submissão para o ESTADO VOLUNTÁRIO E COOPERATIVO, um ideal de fato contemporâneo.
Porque o voto em si mesmo é coisa sem valor. Há muito que os homens o tem, e de nada lhe vale.
Enquanto se mantém o homem afastado da educação, o direito ao voto é direito inútil ou, pior, arma perigosa.
A comunidade ideal que almejamos não pode ser mera comunidade de vontade, mas, sim, de 'saber' e de vontade para tomar o lugar da comunidade de fé e obediência.
A força apta a adaptar o espírito, tornando-o um "nômade de liberdade", dotado de auto-confiança compatível com a cooperação, a 'riqueza' e a segurança da civilização; essa força tem nome, se chama 'educação'. Apenas com ela teremos governo, o da educação governante!
(Marcus Moreira Machado)
SEGUNDA-FEIRA, 15 DE OUTUBRO DE 2007: "COLETIVIZAÇÃO E SUPRESSÃO INDIVIDUAL";
Fato ainda recente, a coletividade tem manifestado evidente desejo de preservar para si as obras 'personalizantes' decorrentes do pretérito. Essa vontade, entretanto, estivera ainda voltada aos museus, a monumentos ou lugares. Data de pouco tempo a presença mais próxima do folclore na vida dos homens.
É de se questionar as razões da despreocupação com a conservação, o aperfeiçoamento de um forma de vida equilibrada, sem prévia destruição. Ou, o 'ocupar-se' das coisas 'vivas'!
Por exemplo, não afirmaríamos ser difícil, através das tecnologias atuais, uma transformação no campo, de maneira a eliminar o que nela há de mais estafante e coercitivo, sem destruir a vida nesse meio, sem a anulação do progresso no sentido efetivamente humano do vocábulo.
Provavelmente, não se atingiria o lucro econômico máximo, porém, restaria assegurada a benéfica influência do setor rural no conjunto de toda a população.
Existem atualmente, sabe-se, métodos de coletivização que, todavia, devem ser colocados em discussão, face as suas intrínsecas contradições.
Pois senão, vejamos.
Todo ser humano, sempre que lhe for possível, dedicará muito do seu tempo a atividades materiais (pessoais, individuais) ao custo de extrema fadiga. No entanto, não na mesma proporção ele se dedicará, com habitualidade, em favor de soluções coletivas regulares em que esteja incluído.
Verdade incontestável, somente por meio do prazer ou da obrigação, ou, em último caso, através do raciocínio, é que o homem dedicará o seu trabalho à solução coletiva. E, mesmo assim, quase sempre restrita e reticentemente.
Pois, derivam dessas limitações a diversidade de métodos de pagamento da remuneração pelo trabalho executado. Multiplicidade de métodos que são em verdade formas atenuadas de coerção.
Por mais paradoxal que possa aparentar, apesar de uma certa preferência de todos os homens pelos empreendimentos materiais individuais (numa tentativa instintiva de 'preservação da personalidade'), o conjunto da humanidade é tendente à realização de empreendimentos coletivos, progressivamente mais amplos e fortalecidos. Explica-se: prática dirigida ao objetivo do 'rendimento' global.
Nota-se com bastante clareza que, na maioria dos casos atuais,
a COLETIVIZAÇÃO DAS ATIVIDADES MATERIAIS ocorre sob forma de COLETIVIZAÇÃO,PARCIAL OU TOTAL DO INDIVÍDUO.
Nesses casos, também as coletividades são parciais, mesmo que buscando uma coletivização integral. E por causa dessa parcialidade, do indivíduo é retirada qualquer possibilidade de escapar dessa limitada coletivização.
Grave consequência advém dessa limitação, vez que A COLETIVIZAÇÃO DAS ATIVIDADES MATERIAIS, SUPRIMINDO O INDIVIDUAL, encerra ações absolutamente DESPERSONALIZANTES.
Ora, nã requer esforço algum reconhecer que a DESPERSONALIZAÇÃO, NA SUPRESSÃO DO INDIVÍDUO, é inteiramente nefasta à evolução da CONSCIÊNCIA UNIVERSAL, somente logrando conquistar acréscimo do rendimento global das atividades, para o enriquecimento da coletividade e não o progresso do ser humano nela inserido.
(Marcus Moreira Machado)
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
DOMINGO, 14 DE OUTUBRO DE 2007: "REVOLTA E REVOLUÇÃO".
Na 'revolta', a grande contribuição do pensamento está no campo das 'negações'. Em todos os seus aspectos, a 'filosofia revoltada' opera pela força humana da negação. Por isso a notável afirmação de que "a filosofia só é pelo nada e se nega pelo ser".
Se pretendermos uma filosofia que possa ser caminho de libertação, capaz de contribuir para a 'afirmação do humano', haveremos de concordar com o seu caráter negador. Há uma necessidade de luta para esta imposição, consistente em remover obstáculos.
Negar o que nega é pôr fim à afirmação, porque a única atividade positiva da capacidade do filósofo advém da negatividade do inicial filosofar.
Ao revoltado, afirmações serão vivências, as conquistas para a condição, jamais se mostrando como verdade recém nascidas em conclusões, ou definitivas. A verdade é expressiva, tem brilho. E fora do contexto existencial, só uma verdade: a negação.
A vida é o positivo; a norma de ação é o negativo. Por efeito, nada se impõe.
Ao contrário, toda injustiça revolucionária está no que possui de positivo. É feita então a negação para que vigore um sistema. A revolução vitoriosa, via de consequência, negará seus próprios princípios, a sua reivindicação de liberdade, assim que se institucionalizar. Deixará de ser a força negadora da opressão para ser exatamente a nova opressão.
Ora, não é desejo do revoltado esta perda.
O conceito de liberdade difere entre revolucionário e revoltado: a liberdade que reclama (para o revolucionário) é a que reivindica para todos; a liberdade que recusa (para o revoltado), recusa para todos . Porque a revolta não é sectária, não pertence a um grupo ou partido. A sua qualidade mais destacada é a de não encontrar uma realização histórica.
Manter a conquista, diversamente do revoltado, é típico do revolucionário, que não vê nisso o quê de fato é isso -a degeneração revolucionária. Já a revolta não se desintegra por nunca está satisfeita; luta contra uma condição miserável, mas não se realiza com essa sua ação, pois exige manter frequentes as suas fontes. É imperativo à revolta o 'não' de origem.
Na revolta, a oposição do movimento se faz no presente e para o presente. O 'negar' só tem sentido no 'agora'. Negar para afirmação futura será recair nas ideologias que só conhecem o terror como identidade.
O presente, como dimensão da revolta assinala o seu relativo. Construindo-se para o homem de agora, não cogita idealizar a plenitude desse homem. E por não conter nada de absoluto, a ação revoltada não abdica à luta. O revoltado, diferente do revolucionário, empenha-se, é ativo, partícipe da história. É dele a voz que se escuta quando falta ao homem o respeito que se lhe é devido. Pois, não se trata de luta individual, razão porque não se separa o protesto da revolta. É protesto, sim, sem, contudo, a doutrina afirmativa.
Em favor de um homem concreto é dirigida a luta do revoltado, considerando sempre a sua situação histórica, marcada pela continuidade.
A revolta é socialista?
Sim, mas de um socialismo que se mostra como conquista progressiva, num modelo de 'unidade na pluralidade'. É, enfim, o triunfo da diversidade de consciências que, unidas livremente, o fazem em favor de um 'não', mas de um 'sim' à vida e à felicidade!
(Marcus Moreira Machado)
SÁBADO, 13 DE OUTUBRO DE 2007: "MISÉRIA E PERVERSÃO".
A realidade social, tal como se apresenta em quase toda a América Latina, está muito longe de ser harmoniosa, linear e progressiva. Antes, ela é articulada e conformada significativamente por DIFERENÇAS DIALÉTICAS.
Entre nós brasileiros, especificamente, o que temos é uma realidade acentuadamente contraditória, expressa por um dualismo estrutural perverso, efeito de uma impiedosa estratégia de crescimento econômico (baseada num modelo desenvolvimentista centrado no PODER INVESTIDOR, ORGANIZADOR E PLANEJADOR DO ESTADO).
Esse modelo, quanto mais se consolidou ao longo de décadas (por um lado gerando exigências inéditas e problemas complexos para a governabilidade desse ESTADO INTERVENCIONISTA; e, por outro, redefinindo o significado político de realidades sociais antigas) mais ACENTUOU AS DESIGUALDADES ESTRUTURAIS, das quais a desigualdade de renda, a marginalidade de grandes segmentos da população, a EROSÃO DAS IDENTIDADES COLETIVAS e a multiplicação e o intercruzamento das linhas de conflito, são algumas de suas nefastas consequências.
Os efeitos perversos desse modelo configuram um CÍRCULO VICIOSO DE DESDOBRAMENTOS que eclodem a médio e a longo prazo.
A transformação da infra-estrutura social acarretou -decorrência óbvia- a ruptura dos valores tradicionais de diferentes grupos e classes, um processo migratório contínuo, maior agressividade de comportamentos, novas formas de reinserção sócio-política, a emergência de estruturas paralelas de representação (ao lado dos mecanismos representativos tradicionais) e, principalmente, o surgimento de novas demandas, vindas de segmentos sociais desfavorecidos e não geradores de receita.
AS INSTITUIÇÕES RETRÓGADAS NÃO LOGRAM RESOLVER OS CONFLITOS gerados por essa perversa sociedade "modernizadora". E ao mesmo tempo, ainda não estão consolidadas rotinas que permitam desvendar a DISTRIBUIÇÃO DO PODER específico na nova ordem.
A emergente hierarquia social se estabelecerá exatamente como resultado da competição política que se fará daqui para a frente.
Essa competição, num ambiente progressivamente conflitante e socialmente mobilizado, significa a continuada pressão em favor de mais gastos públicos e mais carga tributária para o seu custo.
É de se ver, isso abre caminho para uma grave crise fiscal, com OS EXCEDENTES DO SETOR PRIVADO SENDO REPASSADOS (ATRAVÉS DE IMPOSTOS) PARA O FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS DESTINADAS A AMORTECER OS CONFLITOS ENTRE A MASSA MISERÁVEL E A MINORIA OPULENTA, a neutralizar os riscos de uma explosão social, a manter o sistema sócio-econômico dentros das margens toleráveis de conflito; a 'legitimar', pois, um regime evidentemente discriminador e cruel.
Trata-se de um regime no qual a descontinuidade de novos e diversificados programas sociais, pelo Estado, tem gerado acirradas disputas fisiológicas pelo "MERCADO DA POBREZA", viciando os fundamentos desses programas, inviabilizando políticas setorias sérias, e tornando o déficit público um dos mais vulneráveis pontos de ruptura da transição política desejada.
(Marcus Moreira Machado)
SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2007: "O FINAL, AFINAL ! ".
Rousseau,
rescindiram o teu 'Contrato Social'.
Montesquieu,
o teu 'Iluminismo' agora,
no século das trevas,
não mais reflete.
A campainha do Papai Noel obriga-me a comprar!
Einstein,
quase tudo é hoje absoluto.
Ó, homem da imortalidade,
dizei-me que este tempo vai acabar!
E tu, que de repente não mais improvisas
e, quase demente,
já preferes o gatilho ao pau-de-cordas?!
E o luar do sertão...?
Cadê o sertão?
Seu verde, será...
subiu aos céus e juntou-se ao arco-íris?
Não pergunto do luar,
porque não vejo mais estrelas.
Quem sabe, se foram também...!
(Marcus Moreira Machado)
SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2007:"PODER E OBEDIÊNCIA".
O poder é invisível e essencialmente indefinível. O poder é metafísico.
Percebe-se o poder apenas indiretamente, através de suas consequências. Pois, diretamente, só é observado por meio de alusões em virtude dos seus símbolos e de seus mantenedores -que tanto podem ser pessoas físicas quanto organismos institucionais-; enquanto objeto ou ritos e procedimentos que o personificam, representando-no.
Na sua habitualidade e especificidade mais característica, o poder é reduzível a uma relação, ou um conjunto de relações. O que lhe confere, porém, caráter de absoluta relatividade, sendo desprovido de uma justificativa homogênea e integral.
Pretender emprestar ao poder suporte de um fundamento além do seu efetivo exercício, isso é arbitrário. Arbitrariedade tão própria às ideologias e doutrinas políticas -as síndicas do poder.
Tal espécie de consideração, desde a antiguidade clássica, se confunde com a questão tradicional acerca da essência do poder, o que constrói uma metafísica política.
A questão pode ser abordada de um outro ângulo, pela expressão desse poder, traduzida, sempre e em todos os lugares, com a obediência civil.
A ordem vinda do poder logra ser obedecida pelos membros da comunidade. Essa subordinação DEVE CAUSAR ESTRANHEZA AOS HOMENS CAPAZES DE RACIOCINAR. Afinal, que fenômeno singular este, o de que A GRANDE MAIORIA OBEDEÇA A MINORIA ? E por que a menor parcela obedece?
Origina-se de sentimentos muitos diversos a obediência; todos procurando no poder apoios múltiplos. Assim, constata-se, já no nascimento da vida social, estamos diante do poder, da mesma maneira que a criança encontra um pai logo que vem ao mundo.
O poder, com efeito, é visto como fato natural. Ele rege as vidas humanas há tanto tempo quanto existe a história da MEMÓRIA COLETIVA.
A noção de 'poder' tem início no mesmo entendimento de SUBMISSÃO COMO SUBSTÂNCIA. Por isso, não há 'poder' sem 'obediência'. É A OBEDIÊNCIA QUE INDIVIDUALIZA E DÁ FORMA AO PODER. E por seu turno, é este quem sujeita à disciplina A VONTADE DOS QUE OBEDECEM.
A causa primeira da obediência é o hábito, o costume. Todavia, estes não são suficientes para explicar a obediência além, quando o poder não é mantido nos limites que lhe são costumeiros.
A fim de que haja um desenvolvimento expressivo no acréscimo da obediência, há então um desenvolvimento de causa. E isto limita a explicação de um amplo discernimento desse fenômeno.
É por essa razão que o pensamento, via de regra, segue duas direções com frequência -correspondentes às categorias do nosso raciocínio.
O que se procura é fortalecer teoricamente a 'obediência'. Na prática, baseando-se em duas causas: uma causa eficiente e uma causa final. Ou seja, declara-se que o poder "deve" ser obedecido "porque" ou "para que".
Foi no âmbito da relação causal que se desenvolveram os dogmas da 'soberania'.
O princípio eficiente da obediência é localizado em um 'direito' que possui o poder, advindo de uma 'soberania' que o possui, nele se transforma e ao mesmo tempo o representa. Esse 'direito' é dele sob a condição indispensável de sua 'legitimidade', quer dizer, calcado na razão de sua origem.
NÃO OBEDECER É ROMPER ESSA LEGITIMIDADE.
(Marcus Moreira Machado)
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
QUINTA-FEIRA, 11 DE OUTUBRO DE 2007: "A CONSCIÊNCIA GUARDIÃ".
Todos nós já nos encontramos com as mesmas coisas, as que nos interessam 'aqui' e 'agora', isto é, com a angústia vital, os sentimentos de culpa e com a libertação possível.
Assim, existimos sempre e fundamentalmente como seres humanos, nessa ou naquela relação com alguma coisa que encontramos: com uma planta, com um animal ou com o próximo.
Somos a relação compreensiva na qual o que nós encontramos pode aparecer como aquilo que originalmente é; relação em que a coisa encontrada pode revelar-se e mostrar-se nas suas conexões significativas.
Não por outro motivo, ainda hoje, tudo que é perceptível é chamado de 'fenômeno', que significa tão-somente "aquilo que se mostra".
Onde algo pode revelar-se e pode se fazer compreender, é preciso, contudo, desde o início, que haja 'luz', uma 'claridade' dentro da qual seja possível acontecer um semelhante 'revelar', 'aparecer' e 'poder-ser'.
É por esta razão que a nossa experiência mais original e concreta nos permite entender que a 'condição básica' do ser humano afigura-se a uma 'clareira', da qual os fenômenos do nosso mundo necessitam para poder aparecer e 'ser dentro dela'.
De acordo com a nossa imediata percepção, o ser humano se mostra como sendo aquele ser do qual o mundo precisa: como o ambiente de claridade indispensável para 'poder-aparecer', para 'poder-ser'.
É esse 'deixar-se necessitar', e nada mais, que o ser humano "deve" àquiloque 'É' e que 'há de ser'.
Os nossos sentimento de culpa baseiam-se então no 'ficar a dever'.
O 'ficar a dever' que é a 'culpabilidade existencial do ser humano'!
Não há, por efeito, nenhum fenômeno da consciência humana que não deva e não possa ser entendido como um chamado e uma advertência para cumprir a missão humana de guardião de tudo aquilo que tem de 'aparecer', que precis a 'ser', e que 'quer se desdobrar', pela 'consciência guardiã', na luz de uma determinada existência humana.
(Marcus Moreira Machado)
terça-feira, 9 de outubro de 2007
QUARTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2007: "(DES) CRENÇA".
EU NÃO SOU ATEU
PORQUE
PARA EU NÃO ACREDITAR
EM DEUS
SERIA NECESSÁRIO
QUE ELE EXISTISSE.
(Marcus Moreira Machado)
QUARTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2007: "REVOLTA, UMA PRÁTICA FILOSÓFICA".
Tanto a negação quanto a afirmação absolutas nos conduziram a um só universo de reações concêntricas. Conduziram, contudo, porque A REVOLTA FOI PERDIDA.
Não há porque negar a condição que oprime, se não for para afirmar o direito do oprimido. Não haverá qualquer sentido em afirmar o direito do oprimido, se não for negado o que oprime.
Ambos, o 'sim' e o 'não', reciprocamente, exigem um do outro; e juntos, não matam.
A REVOLTA COMO PENSAMENTO deseja o 'relativo'. Porque só nele poderemos construir uma regra moral; construí-la para o homem.
Em todos os seus efeito, a 'revolta' colocou o 'relativo' como espera do homem. É a norma que dirige a ação revoltada. Restrita ao relativo, eis garantida a sua humanidade, a desejá-la magnífica e trágica. Tragédia e magnitude presentes no destino humano.
Essa filosofia revoltada é complementada pela 'ação'. Sensibilidade e pensamento se lançam à concretização da revolta através de 'atos', a um só tempo as determinantes e as opções, sem o quê nenhum valor teria a filosofia.
A especulação pode, então, se mostrar como verdade -a efetivação de suas conclusões favoráveis ao ser humano.
Não apenas o que se pode realizar no concreto da existência, porém, o que se realiza de fato: eis um pensamento humanista.
A revolta é humanizada por meio da ação que ela mesma proporciona. Se a sua resolução não estivesse nesse agir, condenada restaria a revolta. E de resto, condenada a própria filosofia. Porque a verdade é demonstrada por sua capacidade de realização.
Uma das dimensões da filosofia é, via de consequência, a 'ação'. Falsa a filosofia, onde a prática for exluída.
Revoltar-se pelo homem é valor supremo. A revolta é, por isso, ação de amor para o presente. E A RESPOSTA DA FILOSOFIA É A PRÁTICA, um ato de amor.
(Marcus Moreira Machado)
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
TERÇA-FEIRA, 9 DE OUTUBRO DE 2007: "PLANEJAR VALORES, OFÍCIO DO REVOLUCIONÁRIO".
Para encontrarmos o nosso caminho através do complexo labirinto de contradições em que contemporaneamente estamos envolvidos é impossível aceitar qualquer fórmula simples como trilha correta no alcance da paz e, também, ao muito que se deve construir sobre essa paz.
São demasiados os interesses, nacionais, econômicos, raciais (para os quais necessitamos localizar um nível comum de bem-estar), que existem em diferentes níveis de capacidade e de desenvolvimento, a fim de que o percurso seja direto e claro.
Haverá muitos legados de ódio, deixados pelas guerras, dificultando a colaboração.
Tudo o que podemos fazer na contribuição às possibilidades que se abram à nossa frente, é seguir no escuro os raros raios de luz que parecem chamar-nos a seguir adiante; e lembrar-nos, acima de tudo, que é inútil tentar qualquer controle consciente do nosso destino, a não ser que levemos experimentação e ousadia às finalidade que buscamos. Então, só poderá garantir o nosso fracasso a falta de coragem.
Por maior que possa ser a nossa ignorância, certas condições em nossa situação são por demais cristalinas.
As guerras que grassam mundo afora nos levam, seja qual for a nossa vontade, para a convicção da indispensabilidade de uma sociedade fundada sobre valores planejados. Enquanto esta se desenvolve ou achamos meios de redefinir um sistema comum de valores aceitos, e um processo comum para torná-los constantes, ou podemos estar certos de que as divergências entre os interesses de estado neste mundo globalizado, interdependente, nos levará sempre e sempre ao advento de outra e outra guerra.
Não há uma insignificante parcela de razão para a suposição de que essa sociedade planejada signifique um aumento de bem-estar para o povo, se inexistir um plano deliberadamente preparado para esse objetivo.
Uma sociedade planejada pode facilmente ser construída pelo sacrifício da liberdade individual ao poder governamental coletivo, exercido pelos dirigentes da sociedade.
No intuito de combater o totalitarismo , somos forçados a planejar. E por isso mesmo, corremos o sério risco de, derrotando-o, reproduzir seus hábitos em nosso cotidiano.Porque sabemos que o preço da derrota é não preservarmos a civilização que combatemos.
O que se procura planejar é algo que, simples demais, encerra grande conteúdo: liberdade e democracia.
Ora, uma sociedade democrática já em sua própria essência tanto é um caso de inter-relações espirituais de todos os envolvidos, como devam ser as formas pelas quais será governada.
Tal sociedade é possível, em última análise, quando o respeito pelas leis nasce da sua concepção por consentimento, jamais através da coerção. Respeito que se torna hábito quando nasce da compreensão dos cidadãos de que, como essa sociedade fornece ao povo a capacidade de satisfazer as expectativas que julga legítimas, também se pede a esses mesmos cidadão o seu respeito.
Planejar valores que sejam executados por todos, mas, a partir de cada um, eis a tarefa do revolucionário atual.
(Marcus Moreira Machado)
domingo, 7 de outubro de 2007
SEGUNDA-FEIRA, OITO DE OUTUBRO DE 2007: "UNIVERSITAS".
SEGUNDA-FEIRA,OITO DE OUTUBRO DE 2007: 'DEMOCRACIA NA IGNORÂNCIA'.
Ao longo de mais de um século, nenhuma das consideradas 'grandes democracias' apresentou resultado de fato satisfatório à emancipação popular.
Elas sempre estiveram ameaçadas tanto por idéias quanto por homens diretamente hostis aos princípios constitucionais de respeito aos direitos naturais numa real civilização. Não apenas recolheram-se diante da ameça.Muitos dos seus dirigentes mostraram-se até convencidos diante das bravatas dos inimigos.
A rendição sem luta a indivíduos que confessadamente só querem conquistar o poder e mantê-lo a qualquer custo, isso tem sido habitual entre nós, em afronta contra a democracia enquanto, pode-se dizer, 'instituição política'.
Uma tendência costumeira tem sido a de "estadistas democáticos" em adotar duas atitudes. Por um lado insistindo com as massas sobre a necessidade de reconhecer limites para além dos quais princípios democráticos não "devem" passar. Por outra lado, a franqueza em admitirem, ainda que de forma subliminar, a sua admiração por realizações de dirigentes reconhecidamente fascistas (as relações entre Lula e Bush, por exemplo, sinalizam esse mau sintoma).
Seria possível notar uma sucessão imensa de 'ilustrações' do entusiasmo quase bajulador demonstrado por esse governantes.
Torna-se evidente que o ceticismo pela democracia tenha penetrado profundamente no interior das próprias democracias.
É ambiente político esse onde se revela a indispensabilidade de questionamento sobre a ignorância das massas, acerca da sua incapacidade para a tarefe de auto-governo. Reflexão necessária para afastarmos a popularidade dos argumentos de que a política é função de uma 'casta' de "notáveis".
O ceticismo pela democracia tem dois aspectos a merecerem decisiva divisão. Pelo lado'direito', o medo como principal motivo; pelo 'esquerdo', a forte suspeita de que os processos da democracia conduzem a reexame das bases econômicas da sociedade; e todos compreendendo com inquietação que isto poderia revelar uma incompatibilidade final entre democracia e capitalismo.
Agora, como sempre, procuramos menos descobrir as causas impessoais, e é concentrado o nosso esforço em encontrar um remédio fácil e parcial, que possa produzir, pelo menos por um breve tempo, o passageiro obscurecimento dos sintomas evidentes e mais dolorosos da "doença".
Deixamos, no entanto, de buscar resolução dos conflitos onde ela pode com efeito ser localizada: não vamos atrás de mais educação, melhor adaptada ao caráter de nosso tempo. Afinal, a maior parte da população não é atingida, de modo incisivo, pela nossa herança cultural. E, muitas vezes ostentando diplomas, segue pela vida sem consciência das forças que regem o seu destino, predispondo-se então a ser presa fácil de qualquer "remédio" -geralmente o mais apregoado, que com muita rapidez cai sobre muitos indivíduos, isolados ou em grupos, sempre que persuadida essa população de que a 'outros' deve atribuir seus males. Assim, essa grande parte não possui preparo sequer para articular sua próprias necessidades.
Esta é característica que absurdamente impera também no Brasil, desde tempos 'imemoriais', alternando ou mesclando-se populismo, assistencialismo e uma vaga "redenção" cunhada num débil esquerdismo.
(Marcus Moreira Machado)
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