Formulada para solucionar o enigma do universo, a ciência contemporânea é cada vez mais intervencionista, terminando por instituir-se como rejeição do seu sujeito. Nas ciências humanas, o homem tornou-se um inaceitável ausente, embora não tenha ele sido eliminado. Essa ausência do ser humano deve ser entendida, ao contrário, como um modo de ele estar presente nas ciências humanas. Porém, de uma maneira a não fazer daquele que o afirme, nem um mero objeto natural nem uma subjetividade, tampouco uma simples exigência moral ou ideológica. Essa ausência não pode significar, entretanto, indeterminação.
Atualmente, a engenhosidade científica do homem parece ser encoberta pelas obras de maior evidência, assim caracterizando o espaço em que se produzem os acontecimentos humanos. Trata-se de operações um tanto camufladas pelos resultados que lhes dão suporte e as alienam no reducionismo de coisas vagas, quer dizer, de realidades apenas baseadas na experiência.
Assim, pois, enquanto o mundo deixou de ser uma representação para o cientista, o homem tornou-se um desejo, uma vontade de poder, de administração, dominação e controvérsia. E, com efeito, é perceptível a substituição da lógica teórica por um grau de certeza do conhecimento admitido por aproximação, numa imprecisa idéia de realização.
Os conceitos científicos, agora, são restritamente 'produtivos', elevando o racionalismo à condição de verdadeira militância, em menosprezo à própria humanidade.(Marcus Moreira Machado)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
quinta-feira, 6 de março de 2008
quarta-feira, 5 de março de 2008
SÁBADO, 8 DE MARÇO DE 2008: "CÍRCULOS E CICLOS, A VIDA EM MOVIMENTO".
Assentado em fundamental proposição, no mito do 'eterno retorno' o tempo é cíclico, ou seja, o que agora ocorre já houve antes e, primordialmente, outra vez acontecerá. É repetição que reflete a eternidade temporal cósmica. A vida no mundo, mutante, é regida por modelos estáveis, divinizados, ou através de energias arquétipicas. No tempo secular, a vida no mundo movimenta-se adiante, quase sempre alheia aos padrões míticos que ela mesma repete, sem que deles possa escapar.
Na compreensão do novo é imprescindível voltar ao antigo, porque o recente é o ressurgir do remoto.
Duas modalidades de tempo, conforme os mitos que o encerram, contrastam entre si. Assim, o secular e o sagrado; o racional e o místico; o que para a frente avança e o circunscrito à circularidade.
Nessas circunstâncias, a direção do corpo é uma linha reta, enquanto a alma circula em direção de si mesma, num movimento de concentração da consciência em si própria; da intelectualidade, do viver a vida; tudo nela inserido, nada em lugar algum fora dela.
Em razão desses variados movimentos, a projeção do corpo para a frente é limitada pela alma. Em meio ao ofício de viver, nos tênues momentos de indecisão é que a alma se faz presente com o seu poder de restringir. É vida que segue. (Marcus Moreira Machado)
SEXTA-FEIRA, 7 DE MARÇO DE 2008: "IDENTIDADE NA ESTRUTURA UNIVERSALISTA".
Sob a consideração de que as novas relações de produção, inclusive as culturais, exigem complementação à teoria marxista; e, por seu turno, as instituições especializadas na intersubjetividade do acordo demonstram que as suas co-respectivas estruturas são também constitutivas para os sistemas sociais, equiparadas às estruturas da personalidade; hoje, nada mais razoável que a união entre Psicologia (no caso, o estruturalismo genético) e Direito.
Com efeito, os fundamentos da intersubjetividade são planos de ações comunicativas, tanto quanto as bases da personalidade são observadas sob o prisma da capacidade de linguagem e de ação.
Ora, nas sociedades contemporâneas, o direito apresenta uma estrutura universalista( tradicionalmente de cunho judaico-cristão e originariamente grega, no o aspecto da compreensão do ser em si mesmo), arcabouço este que com a economia capitalista sofre um abalo de espécie subjetivista, manifestado na moderna filosofia. Entretanto, o direito é identificado na razão prática, antagonicamente ao grau de certeza dos valores do ser humano.
Certo é que nas sociedades modernas o princípio capitalista de organização ocorre através do direito privado burguês, de feições universalistas. Nestas estruturas, rompida a identidade convencional, os indivíduos emancipados da sociedade burguesa vinculam-se uns aos outros pelos princípios da 'legalidade', da 'moralidade' e da 'soberania'.
Neste sentido, o materialismo histórico está ligado às filosofias burguesas da história, construindo uma identidade coletiva compatível com a estrutura universalista do 'individual', consoante a internacionalização peculiar ao socialismo.
A justaposição entre o 'individual' e a evolução social leva a idéias morais, de um lado, e jurídicas, de outro. E assim, direito e moral regulamentam o consenso nos conflitos de ação. O que, vale ressaltar, significa a utilização dos dois institutos na manutenção contra o que possa parecer ameaça oriunda de uma intersubjetividade consensual entre sujeitos capazes de linguagem e ação.(Marcus Moreira Machado)
terça-feira, 4 de março de 2008
QUINTA-FEIRA, 6 DE MARÇO DE 2008: "UNIMULTIPLICIDADE ESSENCIAL".
Só o que é pessoal é universal. Se cada pessoa no íntimo não puder vivê-lo, o universal não existe. Essa vivência se realiza com a dinâmica pessoal integrada no plano cósmico. Então, o uno torna-se múltiplo.
Neste contexto, ao futuro do mundo entreabre-se a unificação social dos homens. Ela, também, atraída para a pluralidade de multiplicação.
A humanidade, adiante, dedicará sua maior atenção ao desenvolvimento e conservação das energias psíquicas, sem preterição alguma à técnica da produção material. Porque a energia física num universo pensante depende dessa capacidade intelectual e moral.
Preservadas as consciências individuais, a direção que se projeta é a da superconsciência enquanto fenômeno humano a permitir, na união de todos os homens, que cada um atinja o seu próprio íntimo. (Marcus Moreira Machado)
segunda-feira, 3 de março de 2008
QUARTA-FEIRA, 5 DE MARÇO DE 2008: "IMPÉRIO DA CONCORDÂNCIA".
Do livre pensamento até a mais arraigada certeza adquirida, é frequente o desejo de comunhão.
Esta ambição por uma concordância geral tem levado grupos humanos ao extremado antagonismo
-das formidáveis aventuras, passando por gestos de pura nobreza, até episódios de requintado terror.
Via de regra, o aspecto esotérico da padronização das consciências, forjadas em cifrada mística, é a causa das mais graves repressões contra os indivíduos. Pois, pode-se constatar, desde que uma construção coletiva social e/ou religiosa se aproxima da uniformização das consciências (o seu intrínseco objetivo, aliás), surge a incontida cobiça de manter intacta essa construção, por meio de um império da concordância, fundado na aceleração de movimento rumo ao absolutismo da unanimidade pela coação. Já então presente a hierarquia, atribuída a necessidade de ordenamento. E tamanha é a obstinação dessa hierarquia que, como efeito das reações daí advindas, toda a obra da construção coletiva é ameaçada de ruir. Todavia, em todos os lugares regidos por determinada mística, onde nasce um desejo vivo de efetuar a comunhão, a maior tendência é a da reafirmação de coletividades integrais, justificando, no espírito das suas hierarquias reguladoras, medidas rigorosas de restrição sobre os indivíduos que fazem parte dessas comunidades, ainda que alguns se recusem admití-las. (Marcus Moreira Machado)
domingo, 2 de março de 2008
TERÇA-FEIRA, 4 DE MARÇO DE 2008: "A LIBIDO NO PLURAL".
Considerado o mundo cada vez maior, constantemente inacabado, projetando-se ainda mais à frente, o esforço humano tem sido direcionado a uma conquista sem fronteiras, não apenas do Universo, contudo, do próprio homem, a fim de atingir o seu amor, isto é, a união universal que se pretende consumar. Porque, alimento da evolução espiritual, esse amor é reserva sagrada de energia.
Da libido na concepção freudiana de 'ligação', essa energia é essencial à coesão da coletividade, unidos todos os seu membros pelo vínculo do amor que dela provem. Aqui, não mais a exclusiva libido narcísica, mas sim a extensão de seu conceito a cada partícula, resultando em somatória de todas as células, numa libido plural que busca unificar as frações da substância viva. Coesão e dinâmica , afinal, enquanto força motriz do Universo; a evidente manifestação desse amor que - desde a junção dos átomos, da mútua aproximação dos planetas uns aos outros, até a atração do homem para o homem- faz convergir o mundo inteiro para um centro único.
O quê, no individual e no comum; no sensível e no insensível; se expressa sob forma de atração, é efeito direto desse impulso universal.(Marcus Moreira Machado)
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