REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
domingo, 24 de janeiro de 2010
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE FEVEREIRO DE 2010: "PÁSSAROS E SAGRAÇÃO"
O poeta persa sufista Farid al-Din Attar, no livro A Conferência dos Pássaros, de 1177, descreve a fênix:
"Na Índia vive um pássaro que é único: a encantadora fênix tem um bico extraordinariamente longo e muito duro, perfurado com uma centena de orifícios, como uma flauta. Não tem fêmea, vive isolada e seu reinado é absoluto. Cada abertura em seu bico produz um som diferente, e cada um desses sons revela um segredo particular, sutil e profundo. Quando ela faz ouvir essas notas plangentes, os pássaros e os peixes agitam-se, as bestas mais ferozes entram em êxtase; depois todos silenciam. Foi desse canto que um sábio aprendeu a ciência da música. A fênix vive cerca de mil anos e conhece de antemão a hora de sua morte. Quando ela sente aproximar-se o momento de retirar o seu coração do mundo, e todos os indícios lhe confirmam que deve partir, constrói uma pira reunindo ao redor de sí lenha e folhas de palmeira. Em meio a essas folhas entoa tristes melodias, e cada nota lamentosa que emite é uma evidência de sua alma imaculada. Enquanto canta, a amarga dor da morte penetra seu íntimo e ela treme como uma folha. Todos os pássaros e animais são atraídos por seu canto, que soa agora como as trombetas do Último Dia; todos aproximam-se para assistir o espetáculo de sua morte, e, por seu exemplo, cada um deles determina-se a deixar o mundo para trás e resigna-se a morrer. De fato, nesse dia um grande número de animais morre com o coração ensanguentado diante da fênix, por causa da tristeza de que a veem presa. É um dia extraordinário: alguns soluçam em simpatia, outros perdem os sentidos, outros ainda morrem ao ouvir seu lamento apaixonado. Quando lhe resta apenas um sopro de vida, a fênix bate suas asas e agita suas plumas, e deste movimento produz-se um fogo que transforma seu estado. Este fogo espalha-se rapidamente para folhagens e madeira, que ardem agradavelmente. Breve, madeira e pássaro tornam-se brasas vivas, e então cinzas. Porém, quando a pira foi consumida e a última centelha se extingue, uma pequena fênix desperta do leito de cinzas.
Aconteceu alguma vez a alguém deste mundo renascer depois da morte? Mesmo que te fosse concedida uma vida tão longa quanto a da fênix, terias de morrer quando a medida de tua vida fosse preenchida. A fênix permaneceu por mil anos completamente só, no lamento e na dor, sem companheira nem progenitora. Não contraiu laços com ninguém neste mundo, nenhuma criança alegrou sua idade e, ao final de sua vida, quando teve de deixar de existir, lançou suas cinzas ao vento, a fim de que saibas que ninguém pode escapar à morte, não importa que astúcia empregue. Em todo o mundo não há ninguém que não morra. Sabe, pelo milagre da fênix, que ninguém tem abrigo contra a morte. Ainda que a morte seja dura e tirânica, é preciso conviver com ela, e embora muitas provações caiam sobre nós, a morte permanece a mais dura prova que o Caminho nos exigirá".
Já a tradição cristã primitiva adoptava a ave fénix como símbolo da imortalidade e da ressurreição. É muito interessante que essa lenda da fênix compartilhe vários aspectos com a verdadeira história do nascimento, vida e ministério de Jesus Cristo. Vamos rapidamente revisar os pontos comuns:
1) A fênix vive em um ninho de Incenso. Em Mateus 2:11-12, vemos que os três magos trouxeram ouro, incenso e mirra como presente ao menino Jesus. Cada uma dessas substâncias tem um significado distinto um ministério de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. De acordo com o Comentário Bíblico de Defender, "O incenso indica a intercessão sacerdotal de Cristo pela humanidade". Portanto, dizer que a fênix vive em um ninho que contém incenso retrata um ministério do tipo messiânico pela humanidade, um ministério que envolve "intercessão" espiritual.
2) A fênix também tem mirra em seu ninho. "A mirra indica a futura morte de Cristo por toda a humanidade, para que possamos estar justificados diante de Deus, o Pai, com base na morte sacrificial de Jesus Cristo na cruz.". Novamente, vemos que a lenda da fênix contém outro significado do ministério messiânico.
3) Vemos que, após sua morte, a fênix ressurge para uma nova vida. Assim, ela retrata um terceiro tipo de ministério messiânico, pois também ressuscita.
Portanto, essa lenda tem similaridades com a vida e ministério de Jesus Cristo em três áreas criticamente importantes: sua intercessão espiritual, sua morte substitutiva por toda a humanidade e sua ressurreição.
(Marcus Moreira Machado)
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