REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sexta-feira, 10 de maio de 2013
SEGUNDA-FEIRA, 13 DE MAIO DE 2013: "O SEU QUADRO"
Não haverá jamais soldados dispostos a lutarem ao seu lado se a causa não for justa. Pois, invente uma justa causa, qualquer uma, porque não vai fazer diferença a diferença de ideologia; o que importa é convencer o batalhão de que a nobreza dos ideais a ele pertence.
Todo mundo quer muito mais ser nobre do que idealista, ainda que por nobreza se entenda o apoio emprestado ao líder.
É mais ou menos assim: ser ascensorista no Palace Hotel é ser peão cinco estrelas, e o resto não interessa e nem tem pressa.
Não é difícil entender como proceder.
Mais ou menos como pastor que para expulsar o demônio tem antes que evocá-lo (e pouco interessa se lúcifer exista ou não, importante é que alguém seja 'tomado' por ele para que possa, então, ser expulso, glorificando o 'exorcista'), você também deverá fazer com que outros e mais outros a- creditem em seus particulares poderes.
Uma vez dependentes de você, uma legião de fanáticos o seguirão, todos bastantes felizes por isso. Entretanto, evoque, também um demónio qualquer e coloque-o na cabeça (ou na falta de cabeça, seria mais apropriado) dos tementes. Não venha com historinhas pacifistas, que essas duram pouco. Pinte um quadro de horror, de holocausto, de miséria e aniquilação. Todos preferem ser salvos porque sabem que são vocacionados para a maldade e não para o bem. Assim, 'salve-os' antes que alguém queira convencer-lhe de que você é que está em perigo. Se isso ocorrer... Já era, nunca mais. Você acaba tornando-se um discípulo.
(Caos Markus)
DOMINGO, 12 DE MAIO DE 2013: "ARRAIAL BRASIL"
Aqui tudo é virtual. Tudo existe como faculdade, mas sem exercício atual ou efeito atual. Pois, não se diz que o Brasil tem uma inigualável riqueza potencial? E o que é isso senão uma realidade intrínseca, porém não revelada? Esse conformismo de que somos o país do futuro, de que somos o futuro do país, essa a grande potência e tudo o mais, somente nos projeta para o passado, numa constante "redescoberta". Talvez isso explique a megalomania, típica dos inseguros, característica de um sentimento de inferioridade que se procura esconder.
É a espera do porto seguro, das boas relações com os "amistosos nativos", ainda que tenhamos nos tornado selvagens, em nova edição da antropofagia. Por acalentarmos a idéia de que vivemos num paraíso é que, a cada dia, é maior o inferno, nesse ritual de sangue e tragédia que tem marcado a inglória nacional. promovendo o infortúnio e a insegurança como norma de conduta.
De várias maneiras, andam descobrindo o Brasil. Há sinais de proximidade de terras, como há escrivães de plantão, sempre prontos à narrativa de tão auspicioso descobrimento. A cultura nacional, também, a cada dia é redescoberta, como segmento de raízes mais nobres. E, ainda que matemos, roubemos, julguemos e condenemos, somos fidalgos.
De fato, esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso arraial. E, no elogio da traição, não mais distinguirá herói de traidor, no moto perpétuo do recomeço, mais ensaiando que principiando.
(Caos Markus)
terça-feira, 7 de maio de 2013
SÁBADO, 11 DE MAIO DE 2013: "O FUTURO ADQUIRIDO"
Atualmente, contrariando o período inicial da exportação do capital, quando o financiamento se operava pelos recursos originários do país investidor, a mobilização agora é feita no próprio mercado do investimento, diminuindo substancialmente as transferências. E a "complementação" se faz pela co-participação financeira, governamental e dos bancos de investidores.
Se existir de fato a pretensão de afastar-se a inflação, há que se promover, seja qual for o governo, reformas estruturais capazes de intervir definitivamente na aquisição de "know-how", impedindo-se o monopólio da pesquisa determinante da “transferência" de tecnologia apenas pelo pagamento de "royalties".
À má administração do desenvolvimento deve-se responsabilizar o longo período de transmissão denominado "crise", considerando-se aqui não a impossibilidade e sim a falta de decisão, ou mais apropriadamente, a ausência de vontade política.
Coniventes ou não, os governos de países hoje denominados "emergentes" os têm dirigido enquando "plataformas de exportação". Proclamar severo combate aos oligopólios sem observar a natureza da concorrência oligopolista, será sempre discurso sem conteúdo, desatento ao modo como as grandes empresas, através dos cartéis, "holdings", procuram expandir-se.
Identificados os males, cabe reconhecer as suas causas. Não cabe o fatalismo a apregoar total carência de infra-estruturas restritivas do desenvolvimento gerador de riquezas, pois essa condição de prosperidade não nasce por si só, antes depende de políticas governamentais específicas, voltadas a preparar uma prognose planejada.
Outra vez, nota-se, o elemento fundamental desse processo de emancipação é o "conhecimento", não o transferido, mas sim o elaborado, projetando-se o futuro adquirido.
(Caos Markus)
SEXTA-FEIRA, 10 DE MAIO DE 2013: "A MORTE ADIADA"
O homem é bicho enjaulado em tudo o que ficou como pretérito. Qual um condenado, ele só pode reviver fatos e sentimentos, em inútil resgate de si mesmo. Porque o passado é ameaça para quem quer escapar da vida; ele invade a alma e deixa sensação de que a vida não é, não foi, jamais será. E tudo é feito no exato momento em que ela é ânsia por si mesma.
Sem a esperança daquilo que não é, não existe, mas pode vir a ser, perde-se a força do sonho transformador. Não se permitindo experimentar a plenitude, o homem civilizado prefere a morte adiada, cultuando-a como a um deus que aplacará o fantástico e absurdo da imensurável existência. Ele confessa o seu medo, porém, parceiro dela, não admite o seu terror à vida, pela fragilidade que lhe é inerente. A primeira, vigorosa, é iminente e fatal; a segunda, é somente uma formidável promessa, jamais cumprida.
Na tendência da alma humana a torturar-se a si mesma, levada ao último limite, a imaginação utópica, essencial à natureza do homem, não pode, todavia, ser desprezada, sob prejuízo de sua sobrevivência. A previsibilidade de mundos rigorosamente ordenados garante exclusivamente o poder dos que se entendem iluminados na condução da humanidade. Ao contrário, a imaginação do concretismo utópico é uma necessidade na sobreposição dos clamores falsamente civilizatórios e libertários.
O ser humano tem se tornado um conservador, seja ele um governante, seja ele um governado. E desse conservadorismo advém a insânia, a decretar o "suicídio", a negação da vida, como aspiração "natural". Como é a contradição entre a sua natureza real e o que se lhe projeta como "ideal", ele sucumbe, e passa a não mais suportar a sua permanência neste mundo, onde o seu desconforto não é recusa e sim renúncia.
(Caos Markus)
segunda-feira, 6 de maio de 2013
QUINTA-FEIRA, 9 DE MAIO DE 2013: "SOCIEDADE DOENTE, A CURA PELA LOUCURA"
Por volta dos séculos XVI e XVII, o castigo que se empunha aos indivíduos culpados traduzia-se em cenário de peça teatral, exposta ao público com rigor de crueldade onde os corpos dilacerados transformava em suplicio para aqueles presos. O corpo supliciado, esquartejado, amputado, mutilado simbolicamente no rosto ou no ombro, sendo exposto vivo ou morto era dado como espetáculo teatral e que tinha o corpo como alvo principal da repressão penal. A certeza de ser punido é que deve desviar o homem do crime e não mais o abominável teatro.
Não tocar mais o corpo, ou o mínimo possível, e para atingir nele algo que não éo corpo propriamente.
Haverá quem diga: a prisão, a reclusão, os trabalhos forçados, a servidão de forçados, a interdição de domicilio, a deportação (que parte tão importante tiveram nos sistemas penais modernos) são penas “físicas”, pois, com exceção de multa, se referem diretamente ao corpo. Mas a relação castigo-corpo não é idêntica ao que ela era nos suplícios. O corpo encontra-se aí em posição de instrumento ou de intermediário; qualquer intervenção sobre ele pelo enclausuramento, pelo trabalho obrigatório visa privar o individuo de sua liberdade considerada ao mesmo tempo como um direito e como um bem. Segundo essa penalidade, o corpo é colocado num sistema de coação e de privação, de obrigações e de interdições. Sofrimento físico, a dor do corpo, não são mais os elementos constitutivos de pena. O castigo passou de uma arte de sensações insuportáveis a uma economia dos diretos suspensos. Se a justiça ainda tiver que manipular e tocar o corpo dos justiçáveis,tal se fará à distância, propriamente, segundo regras rígidas e visando a um objetivo bem mais “elevado”. Por efeito, dessa nova retenção, um exército inteiro de técnicos veio substituir o carrasco, anatomista imediato do sofrimento: os guardas, os médicos, os capelães, os psiquiatras, os educadores, por sua simples presença ao lado do condenado. Eles cantam à justiça o louvor de que ela precisa. Eles lhe garantem que o corpo e a dor não são objetos últimos de sua ação punitiva. Pois não é mais o corpo, é a alma. À expiação que tripudia sobre o corpo deve suceder um castigo que atue, profundamente, sobre o coração, o intelecto, a vontade, as disposições. Naturalmente, é dado um veredicto, mas ainda que reclamado por um crime, funciona como uma maneira de tratar um criminoso. Pune-se, mas é um modo de dizer que a sociedade, doente, quer obter a cura. Ou, a cura pela loucura.
(Caos Markus)
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