"Um país constróe-se com livros e homens". Seria cômico, se não fosse trágico: em franca desatenção a preceito simples e irrefutável, omitindo o próprio homem como agente do desenvolvimento, olvidando os recursos humanos como base no processo econômico-social, negligenciando com a plena realização das potencial...idades humanas na razão e na finalidade do progresso -a real melhoria do padrão de vida da população brasileira-, ou seja, não limitado a acesso de bens de consumo, através de ficcionada ampliação da base da pirâmide social, pela "promoção" de indigentes às "classes 'e' e 'd'; tal efetivo progresso vem sendo sistematicamente relegado ao plano inferior da mediocridade. Na ausência da institucionalização de política de mobilização social que viabilize restituir ao homem sua condição de "objeto e beneficiário do desenvolvimento", neste país, inconsistentes projetos governamentais buscam, à guisa de lenitivo, sanar problemas estruturais adotando critérios paliativos, postergando investimento e reforma, de fato, das causas de nossa ruína ética e moral. Constata-se, criam-se e recriam-se organizações voltadas à preservação das nefastas conseqüências dessa injustificável omissão, exatamente quando se alardeiam programas de erradicação da fome, do analfabetismo etc., etc., "et coetera". A respeito do aprimoramento dos "recursos humanos" enquanto necessidade primordial à geração e utilização de mão-de-obra de alto nível (responsável pela formação e investimento de 'capital humano' na estratégia do desenvolvimento) comentaram Frederick Harbison e Charles A. Myers que, em termos econômicos, pode-se descrevê-lo como a acumulação de capital humano e seu investimento profícuo na evolução de uma economia. Já em 'termos políticos', o estímulos dos 'recursos humanos' prepara o povo para a participação adulta nos processos políticos, particularmente como 'cidadão de uma democracia'. Dos pontos de vista 'social' e 'cultural', o progresso dos 'recursos humanos' incentiva as pessoas a levarem vidas mais plenas e mais ricas, menos sujeitadas ao conservadorismo. Em suma, os processos de 'desenvolvimento dos recursos humanos' abrem portas à modernização. Esse crescimento, a se operar primeiramente pela educação, essencial, é meio eficiente na melhoria da qualidade do 'fator humano', em aperfeiçoamento da sociedade como todo. E tal "educação", quer compreendida a formal e sistemática quer a concebida de maneira assistemática (participação em grupos políticos, sociais, religiosos e culturais); ou, ainda, pelo treinamento no emprego; complementa a melhoria dos padrões de 'saúde individual e coletiva', enqua argumentos convincentes na constituição de um organismo social mais equilibrado e não dependente de "sonhos" promovidos pela droga mais pesada atualmente conhecida -o consumismo. Num país como o Brasil, em que até mesmo a auto-educação (por meio de leituras, contatos, cursos, palestras, debates) é prejudicada, muito pouco resta para subsidiar a terapêutica mais correta no combate à ignorância como agravante de qualquer outra drogadição. Diversamente, pois, se um país é construído "por homens e livros", não é arriscado afirmar-se, então, que nós brasileiros não temos 'país'.
Droga mata. Porém, a droga que mata "antes" é o desproprósito governamental ao eximir-se da sua responsabilidade, pela ineficácia de modelo jamais comprometido com a educação ampla e dirigida ao progresso individual e coletivo.
Droga mata.
"Droga" também é sinônimo -convém lembrar- de 'malôgro', de 'fracasso'. Nesse contexto, outras "drogas", faz tempo, matam o Brasil. Aliás, ele próprio também um jovem.
(Caos Markus)