Cada um é metade.
Não uma metade 'assim' e outra que não se sabe.
A gente pode até ser meio isso e meio aquilo.
Ainda assim, tudo em uma só metade.
Porque se fossemos de fato constantes em coerência, distantes de contradições...
Se acordássemos como nos deitamos para dormir -mantendo a bondade primacial ou conservando a crueldade original (uma coisa ou outra, não coisa e outra)...
Só então seríamos um inteiro, íntegros, e não duas metades ora alternadas, às vezes circunstancialmente mescladas.
E por reduzidos que somos, é essa a nossa inteira parte: a metade de cada um.
Nessa metade, o meio multiplica-se em quantos necessários; seja para firmar crença de que colaboramos sinceramente com o crescimento de um nosso semelhante; seja para reduzir ainda mais aquele que a nós já é pequeno o suficiente deixando-nos de incomodar.
Verdade, sim, é que temos por companhia a ausência da outra metade que imaginamos possuir -aquela na qual pretendemos ser o lado bom, quando esta outra é banda ruim.
Porque cada um é protagonista de seu peculiar enredo. E a todos , a mera sugestão de que a história é única, versão ímpar.
Nem eu nem você, nenhum de nós quer ao menos se convencer do muito que somos todos, quando a simples existência dos demais deixa de ser mera figuração.
Marcus Moreira Machado