Contemporaneamente, tragado pelo impacto da multiplicidade de alternativas num processo amplamente consumista, o homem, ao contrário do que aparenta, sofre. Sob a pressão subliminar de variadas ideologias, todas insistentes em dissimular distinção entre elas, as sociedades procuram atingir, passo a pa...sso, crescente sofisticação tecnológica.Todavia, somente visam suprimir da liberdade seu mais imprescindível componente, qual seja, o 'pensar'. Ora, o pensamento é uma atividade do espírito, subsídio à capacidade de compreensão. Compreender, por seu turno, significa promover a reconciliação entre o homem -um estrangeiro- e este mundo onde ele vive. Assim, uma vida não compreendida não é uma vida plenamente vivida. O que se observa, contudo, é a constância de nomes, indicadores de tendências e qualificações: o perfeito caminho da iconolatria, o exato instantâneo da idiotice institucionalizada, a hora e a vez dos 'cretinos fundamentais'.
É preciso ser um verdadeiro maníaco para insistir em querer ter razão. Ter razão é, afinal, apenas uma mera questão de explicações. A razão não é um princípio recente. O homo-sapiens quer resistir, mesmo já bastante fragilizado.Transfigura-se, então. Agora, novamente, pois que reduzido a homo-erectus, padece: dores primitivas em cenário moderno. Submisso, o homem atual não assimila a relatividade de conceitos emblemáticos. Curva-se à verdade. O quê, porém, é a verdade? De fato, hoje o 'homem intelectual' tornou-se uma criatura dada a explicações. Somente por isso, a conscientização das massas populares é pura mistificação, porque impede o despertar da consciência individual. Não por outro motivo, é preciso dispensar à política tratamento de maneira a impedí-la de prejudicar a vida do espírito. Pois a pluralidade (pressuposto da imaginação no diálogo do pensamento) está sob ameaça desde o início da modernidade. Como jamais houve na história humana uma revolução consentida, não haverá libertação que não seja consequência do questionamento filosófico da condição humana. O homem libertar-se-á quando disser 'não' ao 'sim' a que foi adestrado para repetir sistematicamente. Ou, enfim, quando 'pensar' ao invés de 'idolatrar'.
No diálogo do pensamento está a gênese do amor. Este amor -anárquico!- romperá todas e quaisquer imposições aos sentimentos hoje limitados à indução. Amar, neste sentido, será, com efeito a própria libertação.
(Caos Markus)