A insatisfação e a hostilidade determinam a reação contra as dificuldades impostas so indivíduo pelas existência de um processo de adaptação entre as ambições pessoais e a pressão psicológica do meio externo.
Da antipatia, fruto de decepções e fracassos particulares, das feridas morais advindas de setores coletivos, é aí que se forja a atitude revolucionária, isto é, a rejeição ao 'modo de viver' em voga. Assim, o revolucionário nasce no enfrentamento às instituições sociais, consideradas estas a extensão de um problema anterior ainda não resolvido. Atacar os militares, enfurecer-se contra o Judiciário, condenar o governo e sua "política corrupta", são formas estabelecidas de um confronto unilateral, onde o militar, o juiz, o presidente não invadirão a privacidade do ressentimento revolucionário.
Já então resguardado, o caráter revolucionário adota fórmulas de salvação que, acredita, erradicará os males que permeiam a sociedade. Porém, convencido de seu fracasso na aplicação de tais métodos, sabendo impossível a sua realização pelas atitudes isoladas e em respeito à lei, a rebeldia do iluminado declara um novo mundo a partir do comportamento sugerido em protesto a experiências individuais, somado a idéias mais abstratas, tiradas de leituras, assembléias ou propagandas político-filosóficas. Nessa fase inicial da formação revolucionária, coexistem medidas de ordem geral (sempre utópicas) e medidas de cunho pessoal.
Diferenças essenciais separam, portanto, o indivíduo insatisfeito do rebelde, e este do revolucionário. Ao revolucinário não bastará reformar a sociedade, ele que ser o criador de uma outra, razão pela qual precisa demolir as estruturas da precedente. Como um Deus, crê no seu destino traçado pela humanidade, mesmo que que nem todos queiram o beneplácito das sua inumanas concepções. Mais que obstinado, o revolucionário é escrava da necessidade de se fazer justiça. Aliás, injusto, para ele, é tudo aquilo que se contrapõe ao seu particular ideal de justiça. Nesse sentido, o revolucionário é um rebelde, mas com poder.
Esse ordenamento próprio possibilita-lhe a manutenção de seu status de "libertador", pois que conquistou o ápice de seu esplendoroso projeto; e agora , na posição de 'líder', fala em nome do povo oprimido. A seguir, o 'iluminado' passa a ser o máximo representante das massas, fortalecido pelo prestígio do clã..
Nesse estágio, está moldado de vez o 'caráter revolucionário', a determinar, por efeito, o destino dos miseráveis. (Marcus Moreira Machado)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 22 de março de 2008
quinta-feira, 20 de março de 2008
DOMINGO, 23 DE MARÇO DE 2008: "CARTILHA PANFLETÁRIA".
A tendência atual para privilegiar o pensamento independente, com destaque para a originalidade, tem representado um movimento de reação à excessiva padronização imposta às relações constitutivas da organização social. Entretanto, ao enaltecer o inédito, problemas normais também são avaliados à luz do extremismo, com consequentes prejuízos a soluções convencionais necessárias ao bom desempenho político da cidadania. Querer inovar sem estabelecer vínculo com o passado ou com o presente, desprezando a cumulação das sucessivas iniciativas, é subtrair do processo histórico o seu arcabouço; é perder entendimento e domínio da própria ambição. O que então se busca é somente uma nova imagem a modernizar o mesmíssimo conceito, apresentando-o como 'revolucionário'. Em síntese, eis a cartilha panfletária do subdesenvolvimento político, com apenas duas palavras - "sim" e "não". No beabá dessa iniciação, distorcendo e deturpando fatos, o carisma se sobrepõe à investigação acurada, no aparato da retórica superficial. Ora, a crítica pressupõe dois requisitos, dois fundamentais elementos: a tese e determinados postulados. A única dificuldade no exercício pleno da crítica é o conhecimento das normas. Já a tese, por si só, é somente diletantismo. E não é outra coisa o que se encontra na cartilha do desenvolvimento político -tese e antítese se contrapõem, apartadas das informações estruturais. O julgamento superficial sempre evidencia o "diferente", em apreciação leviana; e, ainda, oculta as minúcias próprias do que é complexo, desprezando o aprofundamento de pontos essenciais à compreensão do todo. É sabido, quando se pretende de fato progredir, o verdadeiro gesto constitutivo de inteligência é a adoção da parcimônia, evitando-se os devaneios. Afirmou Descartes: "Seria útil que o público fosse particularmente informado". Mas em nosso subdesenvolvimento político falta-nos a informação; a cartilha seguida é eivada de mensagens apologéticas à ruptura, limitada no binômio 'sim' e 'não'. A contraposição e a dualidade, aqui, refletem o caráter forjado na frivolidade. É justamente nessa polarização que -com territórios delimitados- que responsabilizamos governos, esperando que as soluções venham da cúpula administrativa do país. Todavia, o caos não se modifica por si próprio. Eximir-se da ação positiva nos limites institucionais -coletivos e individuais- é investimento certo na estagnação. Alguém há de começar, e todos haverão de ser os primeiros. Entretanto, ninguém jamais intervirá a ponto de efetivar alterações desejadas, se prevalecer o confinamento da elaboração de projetos majestosos, em prejuízo de outros mais modestos, contudo, de aplicação imediata, porque viáveis e não exclusivamente idealizáveis.
Afinal, beabá e blá-blá-blá são coisas diferentes! (Marcus Moreira Machado)
quarta-feira, 19 de março de 2008
SÁBADO, 22 DE MARÇO DE 2008: "O HOMO-BRASILIENSIS".
No dizer de Dobzhansky, "o processo de evolução criou para si, no homem, seu centro dirigente próprio". Considerando, ainda, as palavras de Simpson, para quem o homem "é uma admirável e singular espécie de mamífero", é de se perguntar qual atavismo determinou a singularidade 'homo-brasiliensis'. Não se discute aqui a raça brasileira, que, indubitavelmente, "tem um pé no mato e outro na cozinha". O psiquismo de nossa gente, este sim ainda não foi decifrado, tal a complexidade do caráter nacional, onde a paixão se sobrepõe à razão, num processo de degradação dos valores inerentes a qualquer sociedade organizada. Pois cá em Pindorama parece não prevalecer os ensinamentos da genética: falta-nos a cognição peculiar àquele que dirige a si próprio.
Atribuímos a nossa crise moral-política-econômica à falta de líderes autênticos. Ora, mansos todos somos: o contraste entre a elite rica e a maioria miserável não determina apenas a debilidade política, mas é expressão máxima da nossa incipiente estrutura social.
Que esdrúxula espécie de mamífero somos nós brasileiros?! Que rebanho é esse povo, conduzido pela sagacidade de uma inescrupulosa minoria!? Há certamente uma idiossincrasia coletiva neste país: reagimos como se não fossemos milhões de 'cidadãos', porém, uma massa amorfa condicionada a suportar indefinidamente o aviltamento e a agressão.
Huxley, ao afirmar que 'a evolução na pessoa humana tomou consciência de si mesma', não considerou exceções. Somos uma exceção! Se o quê nos falta é a própria consciência, então não evoluímos. Não fizemos mais que imitar, descascando as bananas que nos atiram.
Enquanto Marx, Engels, Trotsky, nem arquétipos são na 'proto-história' do intelecto pátrio, só nos resta uma "revolução" -a darwinista- no ensejo da maturidade desse 'homo-brasiliensis'.
Teoria política alguma terá o poder de alterar essa fase de transição, se olvidar o real comportamento da "espécie" brasileira, eximindo-se de examiná-la e interpretá-la.
Apenas a estimulação e a acumulação de qualidades poderão determinar o lastro imprescindível à mutação pretendida por alguns poucos homens sérios no comando desta 'nação'. (Marcus Moreira Machado)
segunda-feira, 17 de março de 2008
SEXTA-FEIRA, 21 DE MARÇO DE 2008: "EGOLATRIA CONTRA-REVOLUCIONÁRIA".
O "gangster" pseudo-revolucionário é o mais poderoso aliado da contra-revolução: preguiçoso para o trabalho, aberto a todos os vícios e carente de escrúpulos, quase sempre principia sendo um delinquente vulgar, até que num belo dia descobre, com satisfação ingênua, que as suas imoralidades podem ser encobertas sob a capa protetora dos "atos de reivindicação social". Então o roubo, o crime, a delação, a chantagem, e quantos delitos possam ser imaginados, tomam nomes eufônicos, com a condição de que sejam cometidos em nome de tal ou qual organização político-social. Homem de ação, sempre que essa ação seja para satisfazer os seus desejos mais primários, não tarda em impor-se onde quer que encontre gente pacífica. Para ele a revolução não é mais que um breve lapso de tempo durante o qual pode dar impunemente vazão a todos os seus impulsos, alimentar todos os seus rancores e conquistar suas apetências materiais sem o risco da 'justiça social', a mesma que afirma defender e que contra ele próprio agiria, caso a esse tempo tivesse os órgãos adequados à sua efetiva função. Considerado sob os parâmetros da psiquiatria, este tipo é algumas vezes um débil mental associal e outras vezes um esquizóide. Porém, pode tratar-se simplesmente de um perverso, isto é, de um indivíduo sem 'super-eu', desprovido de discernimento para avaliar o valor ético, capaz tão-somente de levar um 'existência animal', estupidamente ególatra. (Marcus Moreira Machado)
QUINTA-FEIRA, 20 DE MARÇO DE 2008: "FORÇA REVOLUCIONÁRIA NO SINDICALISMO".
O sindicalismo de Estado separa a luta reivindicativa da luta revolucionária, fenômeno identificado com a hegemonia burguesa sobre o movimento sindical. Há possibilidade, sim, de unificação indivisível dessas duas espécies de luta.
As reformas e a luta por reformas podem desempenhar uma função conservadora, sem dúvida. Portanto, não existe nenhum prévia garantia de que a contenda sindical dos trabalhadores venha fatalmente integrar-se à luta revolucionária. Afinal, existe um sindicalismo conservador, tanto quanto um reformismo conservador. As experiências históricas indicam, porém, que a luta sindical pode, de variadas formas, integrar-se ao movimento revolucionário. Assim, o sindicalismo pode funcionar como um meio de acumulação de forças, preparando o fator subjetivo da revolução, ou seja, a organização independente da classe trabalhadora. Com igual vigor, pode contribuir para o desencadeamento de crises revolucionárias, ou, ainda, concentrar as camadas populares na disputa pelo poder de Estado, utilizando os seus métodos próprios, como a greve, em instrumento de apoio de insurreição ou de um exército popular.
Situações históricas determinam a posição dominante de uma ou de outra dessas modalidades.
O sindicalismo como meio de acumulação de forças é tema sempre presente em Marx, Engels e Lenin. Trata-se de análise que destaca os efeitos políticos e ideológicos da ação sindical sobre o movimento e a organização dos trabalhadores. Na abordagem, a atenção é voltada aos elementos decorrentes da luta sindical que possam unificar a classe trabalhadora, fazendo-a compreender o antagonismo que a opõe, enquanto classe, à burguesia e ao Estado burguês. Dessa compreensão surge o conhecimento da sua força revolucionária. (Marcus Moreira Machado)
domingo, 16 de março de 2008
QUARTA-FEIRA, 19 DE MARÇO DE 2008: "A DEMOCRACIA DOS SEGMENTOS".
Mera pretensão, a maioria das democracias almeja não ter classes sociais. Todavia, hoje, já abolida a relação 'nobreza e escravos', é certo que existem ainda as classes 'altas' e as classes 'baixas', apesar de que em ambas quase todos se vêem a si próprios como integrantes da 'classe média', fingindo ignorar confirmadas "distâncias" entre elas todas. Em nível individual, encontra-se a busca de status, a ascensão social, disputas pelo poder político ou pela proteção corporativista; a ambição de riqueza financeira e embates por garantia de prestígio. Quer se trate de uma promoção ou da entrada numa universidade, os seres humanos são orientados rumo ao status. Em certas culturas esse status pode ser deduzido pelo quantidade de gado ou pelo número de empregados. E embora essa contenda raramente conduza a lutas abertas, algumas pessoas podem ser aniquiladas ou exploradas no percurso ao ápice do destaque perseguido. Então a violência não é evitada, mas ocorre de maneira indireta.
No cumprimento dessa meta, os homens criaram incríveis rituais dirigidos à sensação de liderança. Querem adquirir propriedades, dividem-nas cautelosamente, estabelecendo rígido domínio sobre a maior parte dos bens materiais. No contexto mais amplo, os indivíduos tendem a vínculos com seus familiares, com seu grupo étnico, sua escola, seu partido político. É a democracia de segmentos.
Bastará uma investigação dessas fronteiras para que logo se revelem as defesas instituídas (indevassáveis, não raramente), restando a comprovação de disputas, conflitos e confrontos na base dessas democracias. (Marcus Moreira Machado)
TERÇA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2008: "MORAL, QUESTÃO DE FORO ÍNTIMO".
Não só na história da civilização como também na sua literatura, está presente o longo vigor do 'imoral' e do 'amoral'. No seu decurso, muitas são as mensagens a respeito, em referências várias acerca de pretendidas 'virtudes' da comunidade, numa ou noutra época. Assim, percebe-se que a concepção de caráter ao modo do século XIX, face a sua hipocrisia, parece não ter atingido a História. Afinal, o senso moral desse caráter é regressivo e repressor, sentimental e fundamentalmente equivocado, porque cruéis embaraços da moralidade pós-nazista, do nacional-socialismo, são encobertos por suas boas intenções.
Ora, nota-se a partir do exemplo que do caráter emerge a ética, não como virtude ou defeito, porém, enquanto particularidade e distinção de cada personalidade. Cada uma traz a sua própria bagagem de valores e características, tanto quanto carrega a força duradoura do que, mesmo perdurando, pode não se prestar a outra coisa senão a prejudicar muitos indivíduos. Como o caráter abrange não só o bem mas ainda o mal, ele mesmo está além do bem e do mal. Com efeito, a sua integridade é tão-somente o padrão de suas partes entrelaçadas, ainda que tal padrão seja pleno de tensões e duplicidade, em sugestiva ignominiosa contradição. Por isso, a idéia moral da personalidade impede que esta última seja vista de fato; a moral, sim, é notada. Nesta compreensão -é inegável- a moral é questão de foro íntimo, vez que o caráter a abrigá-la, ele mesmo não possui transparência necessária para afastar quaisquer dúvidas suscitadas e possibilitar, então, evidências insofismáveis. (Marcus Moreira Machado)
SEGUNDA-FEIRA, 17 DE MARÇO DE 2008: "O HOMEM CRIA O SEU TAMANHO".
A rendição de qualquer um, tornando-se presa dos domínios do absurdo, está na contemplação do habitual, do que se repete seriadamente, desprovido de originalidade e criação. Porque daí o surgimento do 'sem-sentido'. A consciência da rotina, já precedendo a indagação do sentido, leva todos à sensibilidade absurda. Se a ausência de criação diminui o homem, é ele então quem pode 'criar' o seu próprio tamanho. Pois, dar-se conta de um dia-a-dia marcado pela repetição 'mecânica' de gestos, atitudes e pensamentos, é se ver exluído de sua real condição humana. Inexiste consciência de liberdade para aquele que despertou apenas para o condicionamento de sua jornada. É vivência sem 'humanidade'! (Marcus Moreira Machado)
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