Durante os séculos XIII e XIV, os homens deram os seus primeiros passos no que bem mais tarde seria o 'conhecimento técnico'. Então, ensaiavam e experimentavam. Lenta e gradualmente adquiriam novos 'saberes', mas não havia avanço coletivo e iterrelacionado. Tratava-se ainda de trabalho isolado, numa tradição trazida à Europa pelos árabes -a investigação em pesquisa privada e secreta. Surgiam assim os alquimistas; com efeito, os primeiros pesquisadores conhecidos, que, não diferentes dos tecnocratas atuais, viviam sob a obsessão por idéias consideradas 'práticas'. Tal qual hoje em dia, não buscavam o saber, mas sim o poder. Desejavam, dentre outras coisas, fabricar o ouro com material mais barato, a fim de obterem maior lucro.
O mundo contemporâneo, marcado pelo neoliberalismo, ainda é o da alquimia, isto é, muito mais inclinado a gastar dinheiro com a pesquisa técnica do que com a de ciência pura. Metade ou mais dos homens nos laboratórios têm igual sonho, o de adquirir novas patentes através de processos secretos.
A nossa época é, agora em larga escala, a mesma dos antigos alquimistas medievais. Os nossos 'homens de negócio', de igual modo, julgam a pesquisa como uma espécie de alquimia a lhes assegurar maiores lucros. Eis, sem dúvida, a gritante diferença entre progresso e evolução.(Marcus Moreira Machado)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 12 de janeiro de 2008
DOMINGO, 13 DE JANEIRO DE 2008: "NOME NÃO É IDENTIDADE".
Há uma tendência natural do espírito humano para exagerar as 'diferenças' e 'semelhanças' sobre que se baseia a classificação das coisas, para supor que as coisas chamadas por 'nomes' diferentes são inteiramente diferentes, enquanto que as denominadas por 'nomes' iguais' são praticamente idênticas.
Esta atitude causa males e injustiças incontáveis. Assim, por exemplo, na questão de 'raça' e 'nacionalidade', um europeu olhará ordinariamente para um asiático, considerando-o, muitas vezes, quase como se fosse um animal diferente; mas estará sempre disposto a considerar um outro europeu como necessariamente tão virtuoso quanto ele próprio.Parece-lhe 'natural', pois, tomar partido pelos europeus contra os asiáticos.
Não há, e todos sabemos disto, aceitemos ou não, veracidade em hipótese baseada na 'diferença' entre a oposição dos nomes.
O valor dos nomes e dos termos está -sempre!- dissociado da realidade. Ainda que se procure tais 'diferenças', não menos se confirma que 'nome' não é 'identidade'!(Marcus Moreira Machado)
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
SÁBADO. 12 DE JANEIRO DE 2008: "RACIONALIZANDO A HUMANIDADE".
O homem contemporâneo procura preencher o vazio da sua existência através da crença no poder e no triunfo da tecnologia, guiado pela ideologia do consumo, em mórbida obsessão dirigida à eficácia dos meios. Condição e situação que o levam ao mais execrável desinteresse pela questão da racionalidade e da humanidade dos objetivos.
Assim, de tanto racionalizar os meios, esse ser torna-se irracional em relação aos seus fins. Tem-se a impressão de que está construindo uma sociedade onde ele será livre para fazer tudo, mas onde não terá nada para fazer; e que, por consequência, ele será livre para pensar, entretanto, não terá mais nada para pensar.
O que se nota é que neste momento histórico, já desprovido da sensibilidade espiritual, a neutralidade ética desempenha função absolutamente mistificadora de respaldo ideológico desse modelo social. Com efeito, por sua indiferença à construção de um projeto coletivo a todos os homens, e por seu ceticismo ante transformações verdadeiramente humanas da sociedade, a ciência entendida como neutra apenas contribui -pelo seu incomensurável poder- para o acréscimo e o reforço não somente da alienação generalizada, porém, com a eficácia alienante dos processos naturais na história da civilização, na perspectiva das estruturas sócio-culturais existentes.
Sem dúvida alguma, uma sociedade que prioriza ciência desse naipe, dela fazendo apologia, não faz outra coisa senão privar-se de um enorme potencial de consciência crítica.(Marcus Moreira Machado)
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
SEXTA-FEIRA, 11 DE JANEIRO DE 2008: "SABER E MAGIA".
Ao aceitarmos a concepção de Piaget de que "compreender" seja "inventar" ou "reconstruir por invenção", não podemos admitir que um educador se converta em mero personagem a quem se atribui a função de 'adaptar' o educando ao meio social em que vive. O termo 'adaptação' contém uma imprecisa mas eficaz 'magia': leva-nos a pensar muito mais em máquina e em biologia do que em educação propriamente dita. Afinal, a 'adaptação' recebe suas normas e seus imperativos oriundos de uma situação determinada e de uma realidade pré-existente. Não considera as diferenças, as antinomias ou os conflitos do educando -entre sua subjetividade e as estruturas sociais que se lhe antecedem.
Na denominada "educação permanente", essa espécie de aperfeiçoamento consiste, não raramente, em favorecer na prática uma constância na adaptação às estruturas precedentes, reforçando-as a fim de garantí-las no maior tempo imaginável. Dessa maneira, a adaptação é um 'ajustamento' a modelo exterior onde o educando encontrará respostas já prontas, que a ele são "ensinadas" ou "transmitidas" através da pedagogia da indução.
Ora, o objetivo da Pedagogia não é o de tratar o educando como um 'caso particular', ou como 'exemplo' de um conceito geral. A meta da Pedagogia é a de fornecer ao educando todas as possibilidades de uma expansão pessoal num contexto preciso.(Marcus Moreira Machado)
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
QUINTA-FEIRA, 10 DE JANEIRO DE 2008: "ABERTURA À VOZ DO SILÊNCIO, A OUTRA DITADURA".
Quando da "Abertura" do Presidente Figueiredo, ainda sob o regime do golpe militar de 64, o que de fato ocorreu, como atualmente mais isso se constata, não passou de uma manipulação estratégica das mesmas oligarquias que até hoje dominam o cenário político nacional.
Ora, abrir uma válvula para concessões políticas só seria arriscado ao sistema econômico se o povo e seus líderes tivessem um outro sistema que o substituísse. Não tendo, perigo algum poderia advir de uma 'abertura' que possibilitaria assegurar o direito de falar a quem não tinha o que dizer.
Com habilidade, o regime política poderia usar a 'abertura' para dar cobertura à ditadura econômica. Não foi outra coisa o que de fato aconteceu. E desde então é o que se verifica no Brasil.
Alterar o regime político para criarmos um novo sistema econômico é a tarefa que se impõe às lideranças do povo e dos trabalhdores. Contudo, o que vemos até agora é somente a colaboração com o regime vigente, estejam os 'colaboracionistas' ( e não simplesmente 'colaboradores') abrigados na 'social-democracia' ou no 'socialismo'.. Afinal, na voz do silêncio, os nomes não importam, pois que não trazem consigo efetivo conteúdo.(Marcus Moreira Machado)
QUARTA-FEIRA, 9 DE JANEIRO DE 2008: "DEMOCRACIA NO CAPITALISMO, UMA CONTRADIÇÃO".
Já superamos o estágio em que poderíamos confiar em alguma inexplicável virtude do nosso caráter nacional para nos tirar de dificuldades, a não ser que forneçamos a esse caráter mais uma oportunidade de exibir essa sua enigmática virtude.
Se mantivermos o capitalismo como base de nossa economia, então devemos realizar nosso sistema dentro das categorias da lógica que dele decorre. Para isso, teremos que manter uma sociedade aquisitiva dominada pela oferta e pela procura em termos de lucro nacional, igualmente. Os propósitos do poder governamental, no caso, servirão à necessidade dos que possuem os intrumentos de produção a fim de obter lucros.
Nestes termos, tanto as mercadorias que produzimos quanto as regras de distribuição devem ser assentadas pelos hábitos sociais que um sistema capitalista impõe. Podemos, daí, corrigir seus resultados em conformidade com os hábitos da democracia, até o ponto exato em que não seja atacada a exigência central do capitalismo, que é a possibilidade aos capitalistas de produzirem exclusivamente visando o lucro. Todavia, se essa correção for levada a um grau em que a capacidade de lucro torne-se inexistente, ou abandonamos o capitalismo ou deixamos a democracia. Porque não conseguiremos tirar proveito de dois mundos cujos princípios básicos estão -reciprocamente- em contradição.(Marcus Moreira Machado)
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
TERÇA-FEIRA, 8 DE JANEIRO DE 2008: "kRITIKÉ, A PALAVRA DA SENSATEZ".
Só depois que o heroísmo guerreiro e a crueldade social macularam o ambiente helênico; e que no meio de tantos desvarios da razão surgiu o cortejo impávido da devassidão; só então é que a 'Kritiké', a Crítica esclarecida, a palavra da sensatez, começou a nascer de um caos de depravação, despontando qual aurora, de Heródoto até Plutarco.
Foi daí que, sob uma atmosfera ainda povoada de duendes e tradições mitológicas, a autêntica Crítica apareceu resplandecente, alimentada por uma plêiade de sábios a espalharem luz sobre todos os ramos da legítima árvore da ciência, uma permanente assembléia de exímios cultores da inteligência e da vontade, do justo e do belo, nas pessoas de Pitágoras, Tales, Solon, Licurgo, Zenos, Anaxágoras Aristóteles... ....
Foi então que 'Kritiké' -imposta por uma necessidade moral e social- favorecida pela liberdade, tomou sua forma abstrata, criou autoridade judiciosa, dando início à sua árdua tarefa de analisar, corrigir, explicar.
Filha, pois, dessa necessidade social e moral, a Crítica, de acordo com a evolução histórica, sentira e percebera, ainda no berço, pode-se dizer, a intuição do justo e do belo como únicos condutores de sua missão.
A Crítica resistiu providencialmente a um sem número de embates; a sua razão de existir deu-lhe forças para reagir, evoluir e ainda mais se robustecer, a fim de seguir a senda espinhosa da humanidade.
Agora; quando entre nós a Ética perdeu sua essência; uma vez mais na profunda transição de tempo e de lugar, no vínculo entre pretérito e presente, a Crítica, como entidade moral e filosófica, haverá de recordar o passado, pensar na atualidade e refletir no futuro.(Marcus Moreira Machado)
Assinar:
Postagens (Atom)