REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 6 de outubro de 2012
QUARTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2012: "HÁBITO E VOCAÇÃO"
A miséria é um hábito. E um péssimo hábito.
Gerações de brasileiros acostumados a viver mal, vemos a riqueza como algo muito distante de nós, em cada condizente com os padrões de qualidade. Desse hábito surge a crença de que neste país só têm prosperidade os que de forma desonesta ganham a vida e, dessa maneira, fazem fortuna. Ignorantes de pai e mãe, muitos de nós ou foram educados politicamente no condicionamento de uma esquerda xenófoba, que só vê a destruição econômica do "Terceiro Mundo" como consequência inevitável e fatal do sucesso do "Primeiro Mundo", ou foram criados, opostamente, na farsa de que o estrangeiro é sempre melhor, acreditando dever em tudo ser imitado.
Não por outra razão ou encontramos uma enorme massa amorfa, propensa a aceitar como suas, realidades inseridas em contextos em tudo diferentes do seu, ou percebemos uma minoria restrita à teorização de políticas estranhas àquela grande massa, no messianismo pueril da intelectualidade forjada em modelos também alienígenas.
Absolutamente, há falta de identidade!
O brasileiro já nasce pobre, e aprende a linguagem do infortúnio com a mesma facilidade com que aprende a falar, a andar, a ler e a escrever. E como tudo que aprende, aprende mal, não entende porque é assim tão miserável.
Opulência e luxúria são coisas distintas. No entanto, a eiva do caráter nacional reside na supressão do bem individual em nome de um lacônico e infundado sentimento comunitário. Como se pauperismo fosse nossa verdadeira e única vocação, nos acomodamos à mais extrema penúria imposta por castas sociais pretensamente nobres e melhor dotadas intelectualmente. Contraditório, mas ao mesmo tempo em que admiramos dos líderes a sua abastança, liderados cultuamos a idéia da riqueza pecaminosa, a ser evitada por nós. Há razões históricas em tais condutas, onde as frustrações pessoais costumam ser amenizadas no sucesso dos chefes e guias. Como explicar a aparente identificação do súdito com seu rei, do governado com seu governante?
Na sugestionada impossibilidade de um bem-estar geral, sobrevivem os vulgos no pálido e fugaz reflexo do esplendor alheio.
Uma revolução real ocorre muito mais com o concurso de idéias que com a propagação de ideais. Nenhuma alta aspiração pode ser melhor do que a opinião particular. Privilegiar, pois, a representação mental de cada um é alcançar a identidade pessoal. Na falta do reconhecimento dos caracteres próprios e exclusivos de cada indivíduo, prevalece a enganosa aproximação entre os carentes e os copiosos. Toda perfeição concebível jamais é compatível com a utilidade dos conceitos mais imediatos. Representação não traduz-se necessariamente em mediação; delegar a outrem o amplo poder de intervir, é também sujeitar-se ao cerceamento do próprio intelecto. E, quanto maior a concentração de prestígio, tanto menor a possibilidade de emancipação coletiva.
Uma revolução de costumes sempre foi mais prodigiosa que um espírito belicoso. Afinal, o melhor dos Beatles não foi propriamente o rock e sim a atitude de inconformismo de um John Lennon.
Inconformar-se, eis a questão! A sublimidade não está mais na sublevação que na controvérsia. Uma vez instalado o princípio do contraditório, poderemos divisar a natureza dos acentuados contrastes entre a miséria da maioria e o fausto da minoria. Inequivocamente, entenderemos a artificialidade dessa mesma natureza, no caminho lógico e seguro da auto-valorização. E a miséria nossa de cada dia deixará de ser, então, o substrato da cultura brasileira.
(Caos Markus)
TERÇA-FEIRA, 9 DE OUTUBRO DE 2012: "MISÉRIA, CAUSA E EFEITO"
Em nenhum tempo, os contrastes entre o rico e o pobre foram tão resolutos, tão violentos como presentemente. Os economistas que afirmam nas suas obras científicas que o pauperismo é tão velho como a humanidade, socorrem-se de sofismas. Há pobreza absoluta e pobreza relativa. A pobreza absoluta é a do homem que não pode inteiramente satisfazer suas necessidades reais, ou somente as satisfaz de maneira insuficiente, isto é, aquelas que se originam de suas funções vitais orgânicas, dificultando-lhe por consequência a alimentação suficiente, a qual quando a obtém, é com sacrifício do repouso e do sono de que seu organismo tem necessidade para não definhar prematuramente. A pobreza relativa, pelo contrário, é a impossibilidade de satisfazer as necessidades artificialmente criadas, que não são condições necessárias da vida e da saúde, e que o indivíduo não sente e não compreende senão comparando seu modo de vida com o dos outros. Cada indivíduo julga-se pobre à sua maneira; o operário, se não pode fumar ou beber aguardente; a lojista, se não pode vestir-se de seda e cercar-se de uma mobília supérflua; o homem de profissões liberais, se pela aquisição de um capital não pode libertar-se do cuidado inquietador de acautelar o futuro de seus filhos ou o decanso de seus últimos dias. Esta pobreza é evidentemente relativa, no sentido da lojista, por exemplo, parecer rica ao operário, e do professor julgar magnífico o modo de vida que ao aristocrata, criado na abundância e gozando de todas as comodidades, pareceria pobre; mas esta pobreza também é subjetiva, enquanto só reside na imaginação do indivíduo e não arrasta de maneira alguma o enfraquecimento real das condições necessárias da existência, e com ele o definhamento do organismo. Em uma palavra, não é pobreza fisiológica. Ora, o velho Diógenes já mostrou que podemos passar bem, quando satisfazemos facilmente as necessidades do corpo. À pobreza absoluta ou fisiológica não aparece como fenômeno constante senão em consequência da civilização elevada e enferma. No estado primitivo e mesmo em grau inferior de civilização, ela é inconcebível. O homem primitivo não se submete humildemente à miséria, luta com ela e vence-a, ou então sucumbe prontamente.
A pobreza absoluta é igualmente inconciliável com a civilização que não transgrediu ainda o ponto de vista das necessidades físicas. A civilização elevada, finalmente, condena à pobreza absoluta uma multidão deveras numerosa, favorecendo o engrandecimento das cidades em detrimento da população rural, o desenvolvimento da grande indústria em prejuízo da produção animal ou vegetal, e, criando um proletariado que não possui uma única polegada de terreno, o impele para fora das condições da existência natural do homem, e terá de morrer de fome no dia em que deparar fechadas as fábricas e as oficinas.
O proletariado atual das grandes cidades não têm antecedentes na história; é produto da nossa época. O proletário moderno é mais miserável do que era o escravo na antiguidade, porque não é alimentado por um senhor, e se tem sobre este a vantagem da liberdade, devemos confessar que esta liberdade é principalmente a de morrer de fome.
Hoje, a miséria é um círculo de causa e efeito.
Não é na social-democracia que se deve procurar a solução dos problemas econômicos; ele só é estado natural nos organismos coletivos muitos inferiores, e não pode de maneira alguma aplicar-se a uma forma mais elevada da vida como é a sociedade humana. Não é somente para o homem, mas também para a maior parte dos animais, que a posse individual constitui estado natural. O modo de vida que torna necessários a previdência e o cuidado do futuro conduz à expansão do sentimento da propriedade e ao desenvolvimento do instinto de adquirir uma posse própria.
Forçoso é voltar a tratar da renovação da organização econômica. Um só princípio fundamental deve dominar a sociedade, e este princípio tem de ser o individualismo. A posse é organizada individualmente. Àquele para quem tal estado não é o alvo ideal do desenvolvimento social, não há outra coisa a fazer senão resolver-se por outro princípio, a solidariedade. Da escolha dependerá a ruína ou o aprimoramento da organização social.
(Caos Markus)
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
SEGUNDA-FEIRA, 8 DE OUTUBRO DE 2012: "DOUTOR HONÓRIO"
Mesmo na meia-idade, ainda acredito nas fantasias do tipo “mocinho-bandido”: empaquei na adolescência. Imagino donzelas dependendo da minha bravura no combate a dragões fantásticos e, pobre mas valente, faço juras de amor e fidelidade, em heroísmo pueril. Assim, um tanto quanto aventureiro, sou cavaleiro medieval partindo em cruzadas contra a ignorância dos bárbaros; de mim depende a redenção dos povos sucumbidos à truculência selvagem dos déspotas colonizadores. Em meus devaneios eu enxergo a proximidade de um novo amanhecer, quando somente a minha justiça ditará o império do que imagino ser o bem. Sou honesto, belo, virtuoso... serei o rei tão querido e ungido; lutei aonde havia trevas... minhas cicatrizes são a minha credencial, o meu passaporte ao reino dos justos.
Os meus opositores, - que nem isso são, porque sou eu o dono de toda e qualquer situação - pretendem a minha desgraça e por isso me injuriam, porém não se dão conta de que os meus seguidores são cada vez um maior número e não contestam o meu comando (também eles sonham, deliram como eu). Hoje, nem mesmo militar de cinco estrelas é mais admirado que a antes estrelas solitárias do meu pavilhão vermelho como o sangue de Jesus Cristo.
Pouco fui à escola: sempre fui menino precoce (até hoje não deixei de ser esse menino que mora no coração de cada um de nós), razão pela qual sou autodidata e me basto; afinal, nasci vocacionado para conduzir, pois que a imensa maioria nasceu limitada a me seguir. Líder, incontestavelmente um líder é o que eu sou: o homem da venda, o empresário de aço, o metalúrgico da foice e do martelo, os clérigos, o sacristão... todos me reconhecem um líder nato. Eu não preciso e nem devo trabalhar, que trabalhem outros em meu lugar, ocupado que estou em organizar o trabalho deles. Sou por demais inteligente, um reconhecido e bem pago Doutor Honório, causas e palestras, sem tempo para me ocupar das mazelas do dia-a-dia. Por isso tudo, “mereço a comida que você paga por mim”.Quem tamanha disponibilidade e grandiloquente competência para discursar a seu favor? Hein?!
Aos que ainda relutam, àqueles que insistem em chafurdar o meu nome na lama, apenas respondo: quem ri por último é porque não entendeu a piada. Eu tenho carisma, sabe disso a legião dos meus discípulos espalhados pelos sindicatos, pelas agremiações, associações e congêneres e similares. É só perguntar nas bases e todos ouvirão em uníssono: “hoje é o dia da caça, hoje é o dia da caça e do caçador”.
De que outra maneira poderia um brasileiro miserável (como, via de regra, é todo brasileiro), assim como eu fui, progredir, não fosse a minha capacidade em entender tanto de fome zero, a ponto de - imitando um Padre Cícero - miná-la com pãezinhos, tudo sobre a inspiração da estrela-guia? Nem só de caviar vive o homem... buchada e estrogonófe (assim mesmo, bem abrasileirado, como gosta um cabra porreta!) também faz parte da vida; scotch escocês não é má idéia... a cachacinha é pra render homenagens aos antepassados, que não votam, mas seus netos sim.
E, mais que tudo, eu sou mesmo é muito macho! E é disso que esse país está precisando, de gente disposta a se indispor sempre que Villares e Palmares servirem de cântico. Mas ou menos assim: “... são lutas de ontem e de hoje também...”, “... nosso Deus fica ao lado dos pobres...”, “...É Deus que nos vem libertar. Contigo fazendo aliança”.
Eu sei muito bem que as más línguas dirão que estou a fazer conchavo com Deus. E o que é que tem isso, se Deus é brasileiro? Alguém duvida?! Então, qual outra”! Terra de Nosso Senhor” canta “À merencória luz da lua”, tem “coqueiro que dá coco”? Não moro num país tropical, abençoado por Deus?! E, não viram, “todo mundo tá feliz, todo mundo pede bis”? Eis a razão da minha volta: vocês como eu-empacados na adolescência.
Não há nada melhor que um dia após o outro... e outro, e outro, e outro. Assim, como uma eleição após a outra... e outra, e outra, e outra. Quem me espera sempre alcança. Mesmo que seja de volta ao passado! Mesmo que tudo já tenha se passado, em algum lugar do passado. Leste europeu decididamente não é nordeste brasileiro e Lechwalesa, um anticomunista, apanhou feio no corredor polonês. Não é o nosso caso: do Oiapóque até o último pau-de-arara somos todos socialistas.
Lula-lá, seja aonde for, jamais voltando. Lula-lá, nos moinhos-de-vento passionais do nosso genuíno latin-lover do Araguaia. Lula-lá, honestos até o fio do bigode, fanáticos até a última barba mulçumana xiita. Alatoialulá!
O sertão vai virar mar... Vira, vira, vira/vira, vira, vira/ virou!!!
O mar vai virar sertão... Vira, vira, vira... Uai, ó “xente”, por que não?
(Caos Markus)
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
DOMINGO, 7 DE OUTUBRO DE 2011: "A PROVISORIEDADE DAS CERTEZAS"
Não se pode e nem se deve crer que as pessoas não mudem, jamais, de opinião, e assim, com o passar dos anos, passem a observar, sob prismas antes ignorados ou desprezados, o quê até então julgavam pronto e acabado, insuscetível de reavaliação. Afinal, aos oitenta para uns, aos trinta para outros, a vida fica mais velha e mais sábia, revelando-se mesmo surpreendente no que pode oferecer, e menos exigente do que se supunha. Irredutível nem será bom sinônimo convicto, pois superveniência é, de fato, a ocorrência plausível para o comum mortal. Não sem motivo, no decorrer dos anos, é surpreendente o caminho que se nos apresenta um dado instante para, em seguida, quase atônitos, nos depararmos com súbita nova rota do anterior percurso.
E tudo que se nos afigurava como definitiva convicção é substituído, fazendo ruir idéias e ideologias aparentemente sedimentadas em indestrutível amálgama, forjando-se, a partir daí, conseqüente sucessão de possibilidades, como num alerta ao destino indefectível, demonstrando a provisoriedade das certezas.
Uma pequena dose de bom senso obriga uma resposta imediata à fragilidade inerente a cada um de nós seres humanos; nenhum questionamento, por sério e oportuno, compreenderá conclusões inevitáveis. Dessa forma, não há exatamente alternância de opiniões, porém acréscimos pré-conceitos circunstanciados e efêmeros. Pois, definitivamente, a regra é a indefinição e a sabedoria é a exceção.
Acreditar-se pleno, crer-se íntegro, quando se desconhece os desígnios impróprios á nossa natureza limitada, é superestimar uma capacidade subordinada a intervenções do imponderável. Da nossa essência sabemos muito pouco, conhecimento esse que nos reduz a meros espectadores, ainda que a nossa pretensão seja alcançar do infinito as suas fronteiras. Ora, semelhança não será, jamais, igualdade; e o muito conquistado pelo homem em toda a história de sua civilização não foi mais que a simples manipulação de conhecimentos básicos. Criaturas, eis o que somos; criadores, o que ingenuamente pretendemos ser.
A negação da nossa humanidade como exclusivo atributo a cada homem na face da terra tem-se operado através da transposição dos valores positivos alcançados em séculos marcados pelas guerras e pela mais franca injustiça social, em desprezo á luta pela civilização, substituindo-a pela barbárie originária, num paradoxo entre evolução e progresso. No entanto, é justamente em nome do aprimoramento que a megalomania se instala, na procura de uma tão vaga quanto inútil perfeição do homem, pretensamente elevado à condição de criador.
Enquanto a tecnologia assume patamares jamais imaginados, conferindo à raça humana uma duvidosa característica situada entre a genialidade e a supremacia, perde o homem, de forma abrupta e cruel, a sua própria "alma", em espetacular derrocada do aperfeiçoamento moral que paulatinamente vinha sedimentando como atributo distintivo da sua real singularidade; maravilhado com as múltiplas possibilidades de transformação da natureza a partir da sua intervenção, não atenta, porém, para o perigoso distanciamento entre o progresso da técnica e o retardamento do espírito, já escravo de si mesmo, ignorante e imperdoavelmente alheiro à instalação do mais insidioso descalabromoral.
Sistemas e formas de governo que não considerem a distribuição das efetivas melhorias, conseqüentes da investigação científica sistematizada, correrão, independentemente de cor partidária por cunho ideológico, risco crescente de morte prematura, corroídos na fragilidade de estruturas não comprometidas com a fraternidade universal como projeto pioneiro de vida concreta. Alimentar a revolta é duvidar da insanidade como efeito imediato da segregação; e se há hoje algo a temer, sem dúvida pouco se compara ao impérvido social fundamentado na restrição à grande maioria, impedida de compartilhar das benesses para as quais contribuiu confinada agora ao submundo da demência típica dos excluídos.
Mudar de opinião, reavaliando teses antes formuladas na exacerbação e na arrogância será perseguir uma sabedoria que, muito embora além de nós mesmos, é seguramente mel melhor modelo de sociedade, porque respaldado nos limites de quem, eterno aprendiz, enxerga na prudência o caminho mais seguro a ser percorrido, afastando-se da prematuridade deveras inconciliável com progresso humano.
(Caos Markus)
E tudo que se nos afigurava como definitiva convicção é substituído, fazendo ruir idéias e ideologias aparentemente sedimentadas em indestrutível amálgama, forjando-se, a partir daí, conseqüente sucessão de possibilidades, como num alerta ao destino indefectível, demonstrando a provisoriedade das certezas.
Uma pequena dose de bom senso obriga uma resposta imediata à fragilidade inerente a cada um de nós seres humanos; nenhum questionamento, por sério e oportuno, compreenderá conclusões inevitáveis. Dessa forma, não há exatamente alternância de opiniões, porém acréscimos pré-conceitos circunstanciados e efêmeros. Pois, definitivamente, a regra é a indefinição e a sabedoria é a exceção.
Acreditar-se pleno, crer-se íntegro, quando se desconhece os desígnios impróprios á nossa natureza limitada, é superestimar uma capacidade subordinada a intervenções do imponderável. Da nossa essência sabemos muito pouco, conhecimento esse que nos reduz a meros espectadores, ainda que a nossa pretensão seja alcançar do infinito as suas fronteiras. Ora, semelhança não será, jamais, igualdade; e o muito conquistado pelo homem em toda a história de sua civilização não foi mais que a simples manipulação de conhecimentos básicos. Criaturas, eis o que somos; criadores, o que ingenuamente pretendemos ser.
A negação da nossa humanidade como exclusivo atributo a cada homem na face da terra tem-se operado através da transposição dos valores positivos alcançados em séculos marcados pelas guerras e pela mais franca injustiça social, em desprezo á luta pela civilização, substituindo-a pela barbárie originária, num paradoxo entre evolução e progresso. No entanto, é justamente em nome do aprimoramento que a megalomania se instala, na procura de uma tão vaga quanto inútil perfeição do homem, pretensamente elevado à condição de criador.
Enquanto a tecnologia assume patamares jamais imaginados, conferindo à raça humana uma duvidosa característica situada entre a genialidade e a supremacia, perde o homem, de forma abrupta e cruel, a sua própria "alma", em espetacular derrocada do aperfeiçoamento moral que paulatinamente vinha sedimentando como atributo distintivo da sua real singularidade; maravilhado com as múltiplas possibilidades de transformação da natureza a partir da sua intervenção, não atenta, porém, para o perigoso distanciamento entre o progresso da técnica e o retardamento do espírito, já escravo de si mesmo, ignorante e imperdoavelmente alheiro à instalação do mais insidioso descalabromoral.
Sistemas e formas de governo que não considerem a distribuição das efetivas melhorias, conseqüentes da investigação científica sistematizada, correrão, independentemente de cor partidária por cunho ideológico, risco crescente de morte prematura, corroídos na fragilidade de estruturas não comprometidas com a fraternidade universal como projeto pioneiro de vida concreta. Alimentar a revolta é duvidar da insanidade como efeito imediato da segregação; e se há hoje algo a temer, sem dúvida pouco se compara ao impérvido social fundamentado na restrição à grande maioria, impedida de compartilhar das benesses para as quais contribuiu confinada agora ao submundo da demência típica dos excluídos.
Mudar de opinião, reavaliando teses antes formuladas na exacerbação e na arrogância será perseguir uma sabedoria que, muito embora além de nós mesmos, é seguramente mel melhor modelo de sociedade, porque respaldado nos limites de quem, eterno aprendiz, enxerga na prudência o caminho mais seguro a ser percorrido, afastando-se da prematuridade deveras inconciliável com progresso humano.
(Caos Markus)
terça-feira, 2 de outubro de 2012
SÁBADO, 6 DE OUTUBRO DE 2012: "IMPESSOALIDADE E DESUMANIZAÇÃO"
No homem atual tanto a liberdade como a capacidade de pensar caírm de nível. As condições materiais a que estão submetidos os homens de nosso tempo o reduzem a tal ponto que a sua vida psicológica se acha fortemente prejudicada, e, mais ainda, a sua capacidade de fazer cultura. A luta pela vida, proveniente da insegurança do sistema econômico que torna a sobrevivência difícil, obriga as pessoas a se agregarem em número cada vez mais crescente em aglomerações de trabalho. O desligamento do ser humano para com aquilo que é o seu próprio chão constitui um atentado e uma violência contra a liberdade e, daí, contra a cultura. Esta sofisticação da atual vida urbana, com todo o seu moderno sistema de produção, roubou do homem a ligação com a natureza que é essencial à cultura. O excesso de ocupações é a regra básica na vida da maioria das pessoas. Os indivíduos não vivem mais como seres humanos, mas apenas como trabalhadores. E as consequências disto dentro do campo educativo são visíveis. Os pais não conseguem dar a devida assistência aos filhos, deixando de propiciar-lhes o seu natural desenvolvimento. Desta forma, os indivíduos, colaborando com o processo de produção ou sofrendo-lhes as consequências, tornam-se cada vez menos habilitados à cultura; tornam-se dispersivos, incapazes de fazer desenvolver a si mesmos.
Há um fenômeno em nossos atuais meios de comunicação de resultado altamente lesivo para o desenvolvimento da cultura. É a ação reflexa que os indivíduos - já dispersivos e incapazes de concentração - exercem sobre aqueles órgãos. Em vez de proporcionarem cultura, eles sucumbem à lógica de demanda: servem apenas a clientes sedentos de futilidades. Perdido o hábito de exercer a capacidade reflexiva e de criação, o indivíduo cria uma barreira em volta de si mesmo, impedindo a sua expansão enquanto ser. Passa, então, a viver com esta barreira. No trato com o semelhante resulta uma conversação em terceira pessoa. Dá-se valor a um assunto, não porque ele tem significado, mas porque ele é a notícia do momento. Não se procura aprimorar uma idéia e sim passá-la adiante. As pessoas não se encontram para se verem envolvidas diante de um ideal comum, mas para uma conversa sem maior comprometimento.
O trabalho especializado de hoje não fornece uma visão do todo. O trabalhador não tem mais o sentido de sua unidade, pois conhece apenas um aspecto daquilo que ele mesmo faz. O perigo espiritual das especializações atinge, de maneira particular, o ensino. Os encarregados de instruir a juventude já não possuem aquela visão universal que os habilite a fornecer aos jovens a conexão entre os vários ramos do saber.
Na impessoalidade do relacionamento humano, a primeira grande consequência é a total desumanização. Esta impessoalidade é fruto do isolamento. As pessoas se esbarram uma nas outras, mas realmente não se encontram. Falta, assim, muito pouco para a completa desumanização da vida. E isto é muito prejudicial para a cultura.
A necessidade de que estabeleçamos uma nova visão do mundo, a partir de nós mesmos se faz urgente, como urgente é romper com as interpretações vigentes, com a desnorteada realidade que nos cerca. É preciso revigorar princípios e idéias gastas, ultrapassadas. A regeneração da cultura só ocorrerá quando em cada um dos indivíduos se formar uma nova concepção de vida, para, em seguida, alcançar a orientação da coletividade. Sempre onde a coletividade exerce mais influência sobre o indivíduo do que este exerce sobre ela, instala-se a decadência. Sociedades - capitalistas ou socialistas - que desprezaram o raciocínio individualizado, conheceram ou conhecerão a tragédia da desorganização social, sucumbindo suas culturas.
É dentro de cada um, única e exclusivamente, que pode surgir o sentido da vida.
(Caos Markus)
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
SEXTA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO DE 2012: "EM MIM TUDO O QUÊ HÁ EM TI"
Agora falando sério, eu queria não falar. Eu queria nem sequer precisar falar.
Ficar quietinho em meu canto, tendo mil idéias e não colocando nenhuma em prática, num mundo meio altista, particularíssimo e indevassável.
Já dei de mim o que eu nem sabia que tinha.
Quis dividir sonhos com quem não admitia sonhar; construí moinhos de vento para quixote nenhum botar defeito.
Mas, fantasias... Só as com muito brilho e purpurina, no Carnaval.
Se ainda abro a minha boca (fecha-te, Sésamo!), é bocejo de muita preguiça.
Agora seriamente falando, eu quero acreditar só no que é verdadeiramente possível, e a curto, curtíssimo prazo.
Não se trata de desencanto, mágoa ou qualquer coisa parecida.
Alguns momentos de felicidade é o suficiente. Suficiente para mim, obviamente.
Não cresci nem diminuí. Talvez, eu esteja encontrando o meu real tamanho ou, quem sabe, o tamanho do meu mundo -o meu “Pequeno Mundo”, como em Hermann Hesse, procurando descobrir por que os homens vivem quase sempre perto da escuridão em cujas sombras podem se perder.
Quem sabe, na cosmovisão possamos todos alcançar aprimooramento social e individual.
Aquela história de que hoje é dia da caça, amanhã é do caçador, é sinônima da outra: "quem espera sempre alcança".
O que vale dizer: se eu me deixar ser caçado, esperando, ainda alcançarei, caçando.
Meramente frases de efeito, cujo impacto se dilui na relatividade de nossas existências.
Assim, nem vale mais um pombo na mão, nem vale dois deles voando. Nada de pombo! Chega de tímida esperança!
Por que não aceitar, no recato, a mansidão da vida por si mesma, assim meio Gibran, poética e liricamente falando (e fazendo)?
Se for para gritar palavras de ordem, então abaixo todos os inúteis discursos redentores, de todos os credos, de todas as cores e matizes ideológicos.
E, também, nem quero mais exclamar.
Ato falho, vez ou outra cometerei a imprudência de clamar no deserto: vício, só isso.
Aguardar, em premeditado silêncio, a voz que vem do coração. Sabendo que ela certamente virá, porque é o que costuma fazer e o que sabe fazer.
Se ouvidos moucos não a ouvem, que meus não sejam eles.
Ouvirei Taiguara mais uma, mais outras vezes, sempre que o drama insistir em duelar com o meu amor.
E, mais do que tudo, é exatamente isso o que pretendo fazer: amar. Amar, acima de tudo, além de tudo, e por isso tudo.
Agora falando sério, eu queria nem falar.
As minhas melhores palavras foram ditas nas piores situações, para pessoas que não foram nem isso; para gente que também queria falar, mas não de si e para si, e sim às multidões que qualquer coisa ouve e a tudo aplaude.
“Ouça um bom conselho, que eu lhe dou de graça, é inútil dormir que a dor não passa”.
Um outro sono, de sonho feito de encontros imediatos, na mais pura empatia.
Para que o pote no final do arco-íris, se o ouro está a nossa frente, bem ali nas múltiplas cores?
Ainda quero perguntar. E não me preocupar com resposta alguma. É possível, estou convencido disso, satisfazer uma perplexidade com sucessivas indagações ( a cada novo momento uma expectativa a menos).
Nem política do corpo, nem política ambiental, nem política.
É preciso um pouco menos de tanto mais a andar por aí, insistindo que eu, que nós, temos muito pouco de tudo.
Por que não decidirmos nós mesmos o quê e o quanto nos basta?
Volto aonde jamais eu deveria ter saído, à primeira e única descoberta que eu fiz: volto para mim, e e mim tudo o que há em ti.
Guardo a amizade do amigo que é coisa pra se guardar, conhecendo-me nas fronteiras que imaginei, no valor pequeno que toda fronteira tem.
Eu tenho a casa no campo, e não mais me importo em querê-la.
Tanto a quis para, afinal, entender que a casa e o campo não eram senão pretextos de um incerto querer.
Pretender não é um trecho de caminho?
Vou voltar, sei que ainda vou voltar.
Por enquanto, agora falando sério eu queria não falar.
(Caos Markus)
Ficar quietinho em meu canto, tendo mil idéias e não colocando nenhuma em prática, num mundo meio altista, particularíssimo e indevassável.
Já dei de mim o que eu nem sabia que tinha.
Quis dividir sonhos com quem não admitia sonhar; construí moinhos de vento para quixote nenhum botar defeito.
Mas, fantasias... Só as com muito brilho e purpurina, no Carnaval.
Se ainda abro a minha boca (fecha-te, Sésamo!), é bocejo de muita preguiça.
Agora seriamente falando, eu quero acreditar só no que é verdadeiramente possível, e a curto, curtíssimo prazo.
Não se trata de desencanto, mágoa ou qualquer coisa parecida.
Alguns momentos de felicidade é o suficiente. Suficiente para mim, obviamente.
Não cresci nem diminuí. Talvez, eu esteja encontrando o meu real tamanho ou, quem sabe, o tamanho do meu mundo -o meu “Pequeno Mundo”, como em Hermann Hesse, procurando descobrir por que os homens vivem quase sempre perto da escuridão em cujas sombras podem se perder.
Quem sabe, na cosmovisão possamos todos alcançar aprimooramento social e individual.
Aquela história de que hoje é dia da caça, amanhã é do caçador, é sinônima da outra: "quem espera sempre alcança".
O que vale dizer: se eu me deixar ser caçado, esperando, ainda alcançarei, caçando.
Meramente frases de efeito, cujo impacto se dilui na relatividade de nossas existências.
Assim, nem vale mais um pombo na mão, nem vale dois deles voando. Nada de pombo! Chega de tímida esperança!
Por que não aceitar, no recato, a mansidão da vida por si mesma, assim meio Gibran, poética e liricamente falando (e fazendo)?
Se for para gritar palavras de ordem, então abaixo todos os inúteis discursos redentores, de todos os credos, de todas as cores e matizes ideológicos.
E, também, nem quero mais exclamar.
Ato falho, vez ou outra cometerei a imprudência de clamar no deserto: vício, só isso.
Aguardar, em premeditado silêncio, a voz que vem do coração. Sabendo que ela certamente virá, porque é o que costuma fazer e o que sabe fazer.
Se ouvidos moucos não a ouvem, que meus não sejam eles.
Ouvirei Taiguara mais uma, mais outras vezes, sempre que o drama insistir em duelar com o meu amor.
E, mais do que tudo, é exatamente isso o que pretendo fazer: amar. Amar, acima de tudo, além de tudo, e por isso tudo.
Agora falando sério, eu queria nem falar.
As minhas melhores palavras foram ditas nas piores situações, para pessoas que não foram nem isso; para gente que também queria falar, mas não de si e para si, e sim às multidões que qualquer coisa ouve e a tudo aplaude.
“Ouça um bom conselho, que eu lhe dou de graça, é inútil dormir que a dor não passa”.
Um outro sono, de sonho feito de encontros imediatos, na mais pura empatia.
Para que o pote no final do arco-íris, se o ouro está a nossa frente, bem ali nas múltiplas cores?
Ainda quero perguntar. E não me preocupar com resposta alguma. É possível, estou convencido disso, satisfazer uma perplexidade com sucessivas indagações ( a cada novo momento uma expectativa a menos).
Nem política do corpo, nem política ambiental, nem política.
É preciso um pouco menos de tanto mais a andar por aí, insistindo que eu, que nós, temos muito pouco de tudo.
Por que não decidirmos nós mesmos o quê e o quanto nos basta?
Volto aonde jamais eu deveria ter saído, à primeira e única descoberta que eu fiz: volto para mim, e e mim tudo o que há em ti.
Guardo a amizade do amigo que é coisa pra se guardar, conhecendo-me nas fronteiras que imaginei, no valor pequeno que toda fronteira tem.
Eu tenho a casa no campo, e não mais me importo em querê-la.
Tanto a quis para, afinal, entender que a casa e o campo não eram senão pretextos de um incerto querer.
Pretender não é um trecho de caminho?
Vou voltar, sei que ainda vou voltar.
Por enquanto, agora falando sério eu queria não falar.
(Caos Markus)
domingo, 30 de setembro de 2012
QUINTA-FEIRA, 4 DE OUTUBRO DE 2012: "O UTILITARISMO, LIMITAÇÕES AO AUTODESENVOLVIMENTO"
Para Sócrates como para Platão pouco progresso advém da comunicação direta do conhecimento.
Para eles importante era a capacidade de pensar, criando mentes capazes de formar conclusões corretas, de encontrar a verdade por si mesma.
Na definição de Platão, o homem é o “caçador da verdade”, sendo sim importante a busca e não a posse do saber.
Também pensadores modernos enaltecem a verdade desse mesmo princípio, como se observa na ponderação de Jean Paul Richter:
“Não é o fim, mas o movimento que nos faz feliz.”
A ruptura dessa apologia é consequência do exagerado realismo verificado na educação com o progresso científico.
De fato, o utilitarismo do conhecimento atual tem menosprezado a importância do autodesenvolvimento como princípio fundamental no processo de aprendizagem. E, sem dúvida, nesse sentido, o papel da escola é cultivar virtudes intelectuais.
Pois, o que é “disciplina, senão a antítese de “doutrina”?
O professor, assim, é detentor, de um corpo sistematizado de conhecimento, enquanto os alunos apropriam-se da parte dessa doutrina que mais condiz com as suas necessidades individuais.
É nesses contexto que, mesmo sendo a escola um reflexo do meio social de onde se originou, pode a sociedade ser reformada a partir da instituição, educacional.
É sempre a Educação democrática, porém, que viabiliza essa reforma, através do reconhecimento de habilidades, resultantes da prática inteligente e evolutiva, pelo estímulo do conhecimento e da compreensão, através da observação e do pensamento reflexivo.
Em toda a história da Educação há muito se tem procurado atender à educação de alguns, mas pouco se fez pela educação de muitos.
A igual oportunidade para todos, sem segregação de alunos em escolas apartadas, só é possível se observada como regra a função democrática da escola. Havendo separação dos poucos favorecidos com uma educação especial, prejudicada fica a solidariedade do corpo social.
Ao contrário, evitando-se a segregação, o processo educacional alcançará a socialização e a humanização dos futuros membros da sociedade, ao tempo em que todos estejam aprendendo juntos, podendo, também, aprender a convivência direta na mesma instituição.
Aliás, um sistema educacional de caráter verdadeiramente democrático é o que reconhece a Educação como direto natural de todos, dando a cada indivíduo a oportunidade de progredir no sistema, limitado apenas pela sua habilidade e pela sua operosidade.
A Escola , enquanto instituição intelectual, não deve, jamais, desvirtuar-se de sua função precípua nos seus esforços de suplementar outras instituições.
Para tanto, necessita considerar três aspectos do pensamento: o material, o espiritual e o humano.
Adestrar é uma coisa, educar é outra.
Como Educação, entende-se a soma da experiência individual com a experiência social.
Um país que faz uso apenas do conhecimento instrumental, em detrimento da formação, está, quando muito, preparando mão-de-obra, sem, contudo, iniciar seu povo no exercício da cidadania.
E como falar em civilização, levando-se em conta somente o adestramento?
Já doi dito que “toda educação é auto-educação”: o estudante aprende por meio “das suas próprias atividades”.
Se este princípio for posto em prática nas leituras, nas observações e nas reflexões sobre elas, o estudante terá a oportunidade de experimentar essa “auto-educação”, pois conhecimento é algo mais do que uma recepção passiva de informações minuciosas.
A própria personalidade é forjada no desenvolvimento de atividades e idéias adquiridos com a auto-educação.
O ser humano, vivendo em sociedade organizada, sob a responsabilidade do Estado, tem, pelo próprio progresso ao qual está destinado, o direito natural à educação formal na escola, pois não é outra a compreensão de 'sociedade civilizada'.
A Escola, como instituição formal de educação, tem um importante papel a desempenhar no desenvolvimento social do aluno: nela o ideal é a busca do conhecimento, entendida como comunidade, privilegiando, sempre, o crescimento mental do estudante.
É preciso, inescusavelmente, redefinir a palavra “intelectual”, apropriando-se do seu amplo sentido, a fim de, finalmente, a Escola assumir o seu papel de instituição intelectual.
(Caos Markus)
Para eles importante era a capacidade de pensar, criando mentes capazes de formar conclusões corretas, de encontrar a verdade por si mesma.
Na definição de Platão, o homem é o “caçador da verdade”, sendo sim importante a busca e não a posse do saber.
Também pensadores modernos enaltecem a verdade desse mesmo princípio, como se observa na ponderação de Jean Paul Richter:
“Não é o fim, mas o movimento que nos faz feliz.”
A ruptura dessa apologia é consequência do exagerado realismo verificado na educação com o progresso científico.
De fato, o utilitarismo do conhecimento atual tem menosprezado a importância do autodesenvolvimento como princípio fundamental no processo de aprendizagem. E, sem dúvida, nesse sentido, o papel da escola é cultivar virtudes intelectuais.
Pois, o que é “disciplina, senão a antítese de “doutrina”?
O professor, assim, é detentor, de um corpo sistematizado de conhecimento, enquanto os alunos apropriam-se da parte dessa doutrina que mais condiz com as suas necessidades individuais.
É nesses contexto que, mesmo sendo a escola um reflexo do meio social de onde se originou, pode a sociedade ser reformada a partir da instituição, educacional.
É sempre a Educação democrática, porém, que viabiliza essa reforma, através do reconhecimento de habilidades, resultantes da prática inteligente e evolutiva, pelo estímulo do conhecimento e da compreensão, através da observação e do pensamento reflexivo.
Em toda a história da Educação há muito se tem procurado atender à educação de alguns, mas pouco se fez pela educação de muitos.
A igual oportunidade para todos, sem segregação de alunos em escolas apartadas, só é possível se observada como regra a função democrática da escola. Havendo separação dos poucos favorecidos com uma educação especial, prejudicada fica a solidariedade do corpo social.
Ao contrário, evitando-se a segregação, o processo educacional alcançará a socialização e a humanização dos futuros membros da sociedade, ao tempo em que todos estejam aprendendo juntos, podendo, também, aprender a convivência direta na mesma instituição.
Aliás, um sistema educacional de caráter verdadeiramente democrático é o que reconhece a Educação como direto natural de todos, dando a cada indivíduo a oportunidade de progredir no sistema, limitado apenas pela sua habilidade e pela sua operosidade.
A Escola , enquanto instituição intelectual, não deve, jamais, desvirtuar-se de sua função precípua nos seus esforços de suplementar outras instituições.
Para tanto, necessita considerar três aspectos do pensamento: o material, o espiritual e o humano.
Adestrar é uma coisa, educar é outra.
Como Educação, entende-se a soma da experiência individual com a experiência social.
Um país que faz uso apenas do conhecimento instrumental, em detrimento da formação, está, quando muito, preparando mão-de-obra, sem, contudo, iniciar seu povo no exercício da cidadania.
E como falar em civilização, levando-se em conta somente o adestramento?
Já doi dito que “toda educação é auto-educação”: o estudante aprende por meio “das suas próprias atividades”.
Se este princípio for posto em prática nas leituras, nas observações e nas reflexões sobre elas, o estudante terá a oportunidade de experimentar essa “auto-educação”, pois conhecimento é algo mais do que uma recepção passiva de informações minuciosas.
A própria personalidade é forjada no desenvolvimento de atividades e idéias adquiridos com a auto-educação.
O ser humano, vivendo em sociedade organizada, sob a responsabilidade do Estado, tem, pelo próprio progresso ao qual está destinado, o direito natural à educação formal na escola, pois não é outra a compreensão de 'sociedade civilizada'.
A Escola, como instituição formal de educação, tem um importante papel a desempenhar no desenvolvimento social do aluno: nela o ideal é a busca do conhecimento, entendida como comunidade, privilegiando, sempre, o crescimento mental do estudante.
É preciso, inescusavelmente, redefinir a palavra “intelectual”, apropriando-se do seu amplo sentido, a fim de, finalmente, a Escola assumir o seu papel de instituição intelectual.
(Caos Markus)
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