O quê herdamos da História utilizamos, da mesma maneira como qualquer outro patrimônio, enquanto fundamento e estrutura aos nossos dias, ou, caso contrário, pouco dela aproveitamos. Neste último caso, restará toda a pretérita experiência humana a acervo memorial, reduzido a objeto de estudo comparado, quando muito. Porém, não integrado em processo onde a sequência possa denotar progresso, estagnação ou até mesmo retrocesso na evolução da espécie, do 'humano civilizado'.
Semelhante ao perdulário, ao ser desprezado esse conhecimento, dilapida-se um imenso legado, ignorando-o como o maior dos investimentos da humanidade.
Quando essa falência ocorre, os subterfúgios forjam inevitáveis silogismos agonizantes, já no berço, porque elaborados de premissas desprovidas de qualquer correlação entre si.
Daí, mais pretextos do que críveis explicações, admitem-se por cíclicos acontecimentos fatos onde presente está apenas a mera analogia.
Com efeito, a história não é cíclica. E pretender caracterizá-la nesse simplismo é não admitir a mais importante das mudanças verificadas no processo: a da conduta de personagens que, fluídos nas suas circunstâncias, negam ser intérpretes contemporâneos do 'status' antes guerreado.
Buscando atalho ao poder institucional, são muitos os "revolucionários" a cometerem o delito do atavismo contra a história política. Perde o sectário, enfim, o medo de "ser feliz" para ganhar a fobia de ser refém.
É metamorfose que para impor-se substitui a liberdade pela "libertação".
(Caos Markus)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
quarta-feira, 9 de maio de 2012
TERÇA-FEIRA, 5 DE JUNHO DE 2012: "FINITUDE, A MEDIDA HUMANA"
Fracassar não é caminho nem sequer meta: ausente qualquer materialidade, não contém substância alguma.
A consciência dá grandeza à insubordinação.
Enfrentar uma realidade opressora, sabendo que não poderá alcançar a vitória, é grandiosidade.
É a própria medida do valor do homem. Saber-se finito e viver.Ter plena consciência do sem-sentido e ainda assim viver.
Limitar-se ao relativo e abandonar o absoluto; agir, lutar.
Empenhar-se sem nada esperar de definitivo; nem ao menos perguntar para que.
Assim pode o homem orgulhar-se de sua condição, de seu estar no mundo.
Vivendo, ele então despreza uma criação que não é a sua medida.
Aquilo que é derrota constitui-se ao mesmo tempo em seu triunfo.
Desprovido de esperanças, sem verdades absolutas, esse homem é livre.
(Caos Markus)
SEGUNDA-FEIRA, 4 DE JUNHO DE 2012: "OPINIÃO ADQUIRIDA, A FALÊNCIA DO CARÁTER"
É imprescindível, na análise dos dogmas, em geral, identificar acuradamente o entendimento relacionado à 'extensão' do conhecimento humano, em justaposição à sua 'compreensão', ou seja, discernimento da verdade.Do 'empirismo' ao 'realismo', concepções diversas enxergam a maior ou a menor dimensão da 'verdade', passando por diferentes critérios de determinação. Pois, para o empirismo, a fonte única do conhecimento será sempre a experiência. Porém, genericamente, nota-se, o conhecimento experimental é particular e contingente, de âmbito limitado e restrito. Enquanto isso, o 'espírito científico' procura estabelecer verdades universais, de maior amplitude que a mera experiência.
Em tentativa de avanço, o 'positivismo' surge enquanto concepção filosófica a estabelecer os seus princípios nas leis fundamentadas em fatos generalizados; assim crê , a 'certeza' é adquirida pelas leis oriundas da experiência, não admitindo qualquer raciocínio "a priori". Porque -dessa maneira parece julgar- só nos é possível afastar do erro mantendo contato permanente com a experiência, cabendo então aos nossos pensamentos a função de estudar os fatos, relacioná-los e, finalmente, estabelecer normas.
Noutro parâmetro, a 'verdade' é pleiteada no 'idealismo' através da 'ideia' como critério do conhecimento, negando a objetividade dos dados sensíveis; atendo-se (na concepção da verdade e do mundo) à projeção que deles faz o nosso espírito.
Ainda oculta nas escolas da filosofia ocidental, certamente, a 'unidade transcendental da percepção'; a ideia da consciência acima de todos os fenômenos e ligada a nenhum deles; são a causa daquilo que cedeu lugar à 'vontade', ao 'indivíduo', ao 'sujeito', à 'personalidade', ao 'ego'. A causa, enfim, disso que (vitimado por queda vertiginosa, de cima abai xo) conhecemos por 'caráter'.
Desde que a 'opinião pública' passou a ser espelho necessário a uma ficcionada 'realidade comum', a capacidade individual inerente ao ato de interpretar deixou de integrar a unidade pessoal para dar lugar à incerta, porém, mais "convincente" pluralidade', numa relação de causa e efeito concomitante à falência do caráter.
Hoje, seria muito difícil que um indivíduo formasse uma opinião isoladamente, porque, na origem, a opinião pública (vinda de debate público, de um processo de discussão coletiva, implícito ou explícito) influenciaria (quando não, até mesmo decidiria) essa pessoa, de forma a sempre ser levada em conta o ensinamento dos pais, o pensamento das pessoas de suas relações, as informações recebidas da mídia, além da análise de um formador de opinião.
A grave consequência dessa doutrinação (porque muito dificilmente nos dedicamos ao exercício da interpretação plena, absolutamente livre do jugo da pressões contextuais do aprendizado imposto) é que de bom grado -passiva e placidamente- , aceitamos como nossa, isto é, de cada um de nós, individualizando-a, uma opinião geral adquirida no condicionamento reproduzido.
(Caos Markus)
DOMINGO, 3 DE JUNHO DE 2012: "O REAL ALEGÓRICO"
Outros tantos mitos, por muito tempo, caíram, com e após a derrubada do Muro de Berlin; este, por si só, um emblema. Como nós os humanos não conseguimos viver (e nenhum esforço fazemos) sem ícones (eis que todas as nossas entidades morais são representadas em alegorias, apegados que somos à herança das convenções sociais forjadas na idolatria e, por isso, inibidoras da verdade com substrato filosófico); criamos novos signos a fim de justificar "nova ordem" no quase eterno duelo entre o 'bem' e o 'mal'. Aliás, estes, igualmente, conceitos arquitetados na iconolatria. A rigor, 'ordem' mais uma vez "revitalizada", contemporaneamente sofisticada -tudo na falsidade própria ao sofisma que, pela afetação, oculta o natural enquanto expressão mais imediata da realidade, imprimindo-lhe caráter de subordinação à burla, encobrindo-o e deturpando-o.
Com efeito, na pregação "de esquerda" pós-muro, o quê se viu, o quê se vê é a "neo-parede" do enredo habitualmente paternalista: o "mithos", a alegoria supressora do real, utilizada em nome da "verdade próxima", no advento do "frater patruelis", onde a fraternidade se limita à somatória de 'primos co-irmãos' pelo lado paterno.
De resto, o "frater" suscitando o "pater", na consolidação do "paternus" a decidir a estirpe humana, e a construir o seu "patrimônio moral".
Tudo na mal disfarçada ira dos que da "mater" somente almejam matrimônio que lhes assegure linhagem e dote. Porém, jamais professando-a como "magister". Porque nada mais dela desejam. E com ela nada esperam aprender.
(Caos Markus)
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