Ao reconhecer apenas um valor, o da escolha pessoal por cujo intermédio determinamos nossa individual existência, e não a pálida imitação de outrem, ou seja, mero produto de um meio; isso constitui-se em algo sedutor para quem quer que seja. No entanto, é necessário cuidado para não se contradizer. Um modelo existencial adotado por soberba, ou apenas porque está em voga, sempre será simples caricatura da autêntica existência.
Cada qual precisa, portanto, descobrir nos seus semelhantes os temas que haverão de inspirar a sua vida, e então viver esta vida por si mesmo. Afinal, não se vive por procuração.
(Caos Markus)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 10 de setembro de 2011
SÁBADO, 8 DE OUTUBRO DE 2011: "O MATERIALISMO REVISADO"
Vinculado às filosofias burguesas da História, o 'materialismo histórico' porjeta uma identidade coletiva compatível com estruturas universalistas do 'eu', apenas levadas a uma consequência socialista em razão da sua feição cosmopolita. Esse legado transcendentalista, contudo, é grande obstáculo ao materialismo histórico em si, limitando-o na conquista das suas próprias consequências.
Pela concepção crítica da sociedade, impõe-se necessário o abandono da tese da filosofia da consciência. Por efeito, face à questão da sua validade, há que se romper com a teoria usual do conhecimento, ou seja, de modo tal a substituir os aspectos relacionados à sua origem, identificando-se, então, os caracteres que a legitimam.
Afinal, já não se tem certeza de qualquer correspondência entre a verdade e o conhecimento, reduzida essa correlação a simples condição de vontade, considerada a verdade como consequência lógica do método, e este, a sua premissa.
(Caos Markus)
SEXTA-FEIRA, 7 DE OUTUBRO DE 2011: "APROPRIAÇÃO PROPRIAMENTE DITA"
Por negarmos os desígnios de outrém e, na medida de nosso poder, utilizarmos o sentimento alheio somente para satisfação dos nossos fins; denota-se, à primeira vista, que o amor não é uma exceção. O amor também é, pois, vontade de poder. Apenas, em vez de pretender a conquista de um simples objeto, almeja um sujeito; reclama desse sujeito uma modalidade especial de apropriação, qual seja, a posse de uma liberdade como liberdade propriamente dita.
No amor, não se deseja à pessoa amada qualquer indício de auto-estima, mas, contrariamente, se busca através dela justificar, confirmar a si mesmo a sua individual existência.
Esta concepção, todavia contraditória, não evita o conflito. Porque o enamorado nutre-se do 'eu' da pessoa a quem declara o seu amor, aspirando perder-se na debilidade dessa "coexistência". Contudo, quando se realizasse essa fusão, teria perdido aquele a quem ama, reencontrando a solidão do seu 'eu'.
Além disso, se amar é querer ser amado, é então também desejar que o outro queira que nós o amemos, ou seja, que o outro tenha necessidade de nós.
Tal qual as demais relações humanas, o amor constitui um escamoteado conflito, uma trama de dissimulações onde os esforços são dirigidos a superioridade de um sobre o outro.
Por isso, a existência, que se imaginaria um bem supremo condicionado a uma única consciência, torna-se um mal pelo fato de o outro existir, de modo a gerar o anseio de dominação, tendente à força do poder.
(Caos Markus)
QUINTA-FEIRA, 6 DE OUTUBRO DE 2011: "NOTÍCIA: OFICIAL E OFICIOSA"
Nem sempre as declarações oficiais acerca do que é feito, em se tratando de matéria científica, correspondem à verdade.
Seja qual for o conteúdo do seu objeto, a informação científica deve ser livre e espontânea, razão pela qual os "experts" governamentais não têm o direito de chamar em seu auxílio os agentes da vulgarização, a desempenharem o papel de meros propagandistas dessa ou daquela "política" científica. Possivelmente fosse melhor que tais "experts" tentassem aprimorar a difusão de informações sobre a "política" da ciência, deixando então aos vulgarizadores profissionais a tarefa de noticiar ao público aquilo que, em matéria de pesquisas científicas, se faz ou se omite de fazer.
Uma das 'funções' francamente sob o encargo desses agentes especializados em tal banalização consiste em apresentar-se como anteparo a possíveis distorções de determinados comentários cômodos aos governos e à indústria, mas, em prejuízo da efetiva cidadania, sonegadoras da verdade científica, do seu sentido e de seu alcance no pluralidade dos segmentos sociais.
Sem dúvida, toda informação é portadora de um "filtro", consciente ou não. Não há vulgarização de um 'saber puro', quando em seu estágio de elaboração teórica ou estrutural. Percebe-se, a notícia, se não "informa", ela "deforma". Portanto, em todo esforço metódico ou sistemático de informação, há pressupostos não apenas teóricos ou filosóficos, contudo, também 'ideológicos', 'valorativos' e 'políticos'.
Não por outras razões, frente a uma informação de caráter pluridisciplinar, com frequência ela é concebida como fundada na criação de uma vaga cultura universal, ou de uma imprecisa nova imagem do mundo.
Assim compreendida, essa cultura é uma construção suspeita, posto que em muito distanciada da realidade dos objetivos pretendidos e muitas vezes alcançados pela comunidade científica, considerada em sua multidisciplinariedade de conteúdos e aplicações.
Por consequência, mais que ilação, infere-se: há muito mais mistérios entre o oficial e o oficioso do que a vã sabedoria pode conhecer.
(Caos Markus)
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
QUARTA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO DE 2011: "REMAKE SOCIALISTA"
Da antiga 'Pindorama', na denominação ameríndia, à contemporânea "res"-pública brasileira; agora já ultrapassados períodos e nomenclaturas respectivas -indicações de ainda não comprovadas superações da República Velha, do Estado Novo etc, et coetera-; mesmo hoje, sob a suspeita de duvidosa gênese (mais devida a "brasileiros" assim alcunhados como efeito do tráfico da madeira vermelha qual "brasa"); o gigante pela própria natureza; o Brasil segue (des)conhecido itinerário, nas vagas de oceanos outros, tripulado por marinheiros de água doce, rumo ao quinhentista futuro de 360 graus, imitando um certo genovês na sua admiração por Marco Polo, pela convicção da esfericidade da terra; e (re)descobrindo, porém, o ululante, somente.
Nesse amplexo sem nexo da cultura helênica com romanas injunções, saboreada ainda ao canto cigano de mouros e acalentada na lusa pátria por hispânicos, mais a tradição inca, via yanomami, tudo mixado com africanos tambores; eis que outros reinóis -assimilando formidável amálgama de heterogêneas concepções, sem descuido, contudo, da contra-acepção universalista na pregação do coletivo acima do individual (e por isso na cantilena de um samba do crioulo doido)-, enfim, declaram em ordem unida a união dos povos tropicanos, do Oiapóque ao Chuí, em torno de ecletismo de seitas socialistas do mundo afora.
Os "redentores", porque acreditam que Jung e Kardec professam idênticas idéias; e porque não sabem o que Kardec ensina, e ainda desconhecem os cânones do dissidente de Freud; afinal, ignoram a mais absoluta ausência de arquétipos socialistas em nosso meio; não desistindo, todavia, do cântico "libertário", e então pretendendo permear nas hordas a paz de uma "igualdade" jamais vista. Tudo sob a "divina" inspiração de partidária vocação ao trabalho -nomeada "justiça e fraternidade", em decreto de novo regime, sob os auspícios de hodierna era, que a de Aquário já se foi. E agora, é a hora e a vez de Augustus Matraca; quer dizer, é minuto e momento da passagem pela terra do cometa ascendente em estrela vermelha de constelação da via 'férrea' -como duro é o querer de alguns, sempre que desejam 'muito' em nome de 'todos' e para uso e gozo de 'poucos'.
E porque crêem fervorosamente, é também com ardor que (ex)clamam:
"- Para Babel, alguém do Céu! Agora e na hora de nossa morte, amém!".
(Caos Markus)
TERÇA-FEIRA, 4 DE OUTUBRO DE 2011: "SUJEIÇÃO"
SEGUNDA-FEIRA, 3 DE OUTUBRO DE 2011: "A RETÓRICA NO PROCESSO IDEOLÓGICO"
Generalizadamente, os métodos podem ser analisados retoricamente como lugares ideológicos, isto é, fórmulas para reconhecer nos diferentes discursos uma mesma voz ética. O efeito de reconhecimento ideológico que a fórmula desencadeia permite a atualização das metodologias como geração de mensagens exclusivamente codificadas.
O ponto crítico desse processo significativo reside no fato de que o sentido superveniente ultrapassa o marco legitimado da competência linguística dos textos, mormente os textos legais.
A função da fórmula metodológica é exatamente a de ocultar essa defasagem linguística.
Infere-se, por consequência, que os métodos interpretativos podem ser indiscriminadamente utilizados. Impõe-se esclarecer, entretanto, que a retórica é apenas um nível do processo ideológico, suscetível de produzir efeitos de reconhecimento e convencimento ideológico; e como tal, ela opera ao nível do comportamento das ideologias.
Já no plano teórico, as ideologias constituem-se mediante uma dialética empírico-especulativa. Esta dupla forma da ideologia permite reassegurar o sistema de valores, quando a estrutura social sofre alterações. Equivale a dizer: o empirismo e o racionalismo especulativo são duas formas complementares atuantes na formação do senso comum teórico, ou seja, de uma teoria ideológica referencial ao maior número possível de pessoas.
Neste sentido, não se pode negar, até mesmo o conceito de 'povo', (como constitucionalmente enunciado) é, não raro, tão-somente concepção aplicada a ocultar (através de retórica determinada em ideologia concreta) o inferior significado de algo menos expressivo, qual seja, 'população'.
(Caos Markus)
DOMINGO, 2 DE OUTUBRO DE 2011: "UTOPIAS: PROJEÇÃO EM PERSPECTIVAS"
As ideologias se voltam para o passado, enquanto as utopias se dirigem ao futuro. Portanto, só a História poderá confirmar a concretude ou não das utopias.
Nessa abordagem, consideradas a crítica e a tradição, é necessário que se estabeleça a interpretação como crítica da crítica, separando a falsa da verdadeira, da maneira como se diferencia a própria tradição, de modo a fundamentar-se uma interpretação crítica.
A crítica das ideologias, portanto, apenas poderá exercer sua função reflexiva quando e se estiver inserida no horizonte mais amplo de um pacto social; ao aceitar, numa certa medida, a legitimidade da tradição e da sua correlata autoridade como fontes de mais liberdade e maior verdade.
A reflexão filosófica deve resguardar de oposições burlescas o interesse pela emancipação das heranças culturais recebidas do passado e o desejo pelas idealizações de uma humanidade libertada. Caso estes objetivos se distanciem extremadamente uns dos outros, gerando polarizações, a interpretação e a crítica restarão reduzidas, igualmente, a meras ideologias.
Afinal, todo legado é fruto da tradição que se efetivará em projetos de novas perspectivas, quais sejam, as utopias.
(Caos Markus)
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