DA VIDA, A CERTEZA DE QUE NINGUÉM MAIS TANTO A DESEJA QUANTO A MORTE.(Marcus Moreira Machado)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 7 de março de 2009
sexta-feira, 6 de março de 2009
SEGUNDA-FEIRA, 23 DE MARÇO DE 2009:"FONEMAS"
DOMINGO, 22 DE MARÇO DE 2009:"SUPERFÍCIE"
quinta-feira, 5 de março de 2009
SÁBADO, 21 DE MARÇO DE 2009:"VIZINHANÇA"
quarta-feira, 4 de março de 2009
SEXTA-FEIRA, 20 DE MARÇO DE 2009: "PROJETO DE LEI"
Projeto de Lei propõe emendas à Tábua dos Dez Mandamentos: acrescentando vários parágrafos, incisos e alíneas. Justifica-se a proposta em razão da espantosa mudança moral e ética que, no decorrer dos últimos séculos, tem gerado dúvidas na interpretação da lei sacra proclamada por Moisés.(Marcus Moreira Machado)
terça-feira, 3 de março de 2009
QUINTA-FEIRA, 19 DE MARÇO DE 2009:"APOTEOSE".
“A alma quer mesmo o que quer: tem o seu próprio conhecimento, sentada, infeliz, na superestrutura da sua explicação, feito um pássaro que, coitado, não sabe de que lado vai voar”. É no gênio da loucura que resgataremos, a cada um de nós, as profecias das verdades insondáveis.
Personalíssimos, poderemos comungar a vida em sua apoteose transcendental, porque a verdade não será nunca a primeira, totalitária, e sim a de “um senso comum que possibilita partilhar o mundo com nossos semelhantes”.
“Pensar”, na pluralidade, será comprometer-se apaixonadamente com a divindade única da existência terrena - a vida.
Não se permitindo conhecer a pluralidade, o homem se recusa a compreender, afastando-se da plenitude da vida e preferindo a morte adiada, em culto ao deus-projeção de si mesmo que minimize o absurdo da imensurável existência humana.
A moderna idade é, portanto, tão antiga quanto o ser humano, da mesma forma como dele é a capacidade humana de iniciar.(Marcus Moreira Machado)
QUARTA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2009:"RUPTURA"
O homem contemporâneo sofre, tragado pelo impacto da multiplicidade de alternativas em um processo consumista.
Sob a pressão subliminar de ideologias várias, que insistem em se fazer parecer distintas umas das outras, as sociedades buscam atingir, passo a passo, a sofisticação tecnológica, concluindo - todas elas - com a supressão da liberdade do seu único imprescindível componente - o “pensar”. E é o pensamento uma atividade do espírito, a subsidiar a capacidade de compreensão; compreender é, por sua vez, promover reconciliação entre o homem - um estrangeiro - e este mundo onde ele vive. Assim, “uma vida não compreendida não é uma vida plenamente vivida”.
O que se observa, no entanto, é a presença constante de nomes, sempre indicando tendências e qualificações: o perfeito caminho da iconolatria; o exato instantâneo da idiotice institucionalizada; a hora e a vez dos “cretinos fundamentais”.
Como adverte Saul Bellow, em “O Planeta do Sr. Sammler”, “é preciso ser um verdadeiro maníaco para insistir em querer ter razão. Ter razão é, afinal, apenas uma mera questão de explicações”.
Mas, a “razão” não é um princípio recente. E, somaticamente, o “homo-sapiens” quer resistir, embora já bastante fragilizado; transfigura-se, então. E agora, novamente e apenas “homo-erectus”, sofre dores primitivas num cenário moderno.
Submisso, não compreende o homem contemporâneo a relatividade dos conceitos emblemáticos. Curva-se à verdade.
E o que é a verdade? exclama Nietzsche, senão “um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu que o são...”
De fato, hoje o homem intelectual tornou-se uma criatura dada a explicações. Somente por isso, a conscientização das massas populares é pura mistificação, porque impede o despertar da consciência individual. Não por outro motivo, é preciso dispensar a política um tratamento tal que ela não venha a prejudicar a vida do espírito, pois a pluralidade - pressuposto a ser assumido de forma resumida pela imaginação no diálogo do pensamento - vem sendo ameaçada desde o início da modernidade, como bem esclarece Hannah Arendt.
Pois, como jamais houve na história da humanidade uma revolução consentida, não haverá libertação que não seja uma consequência do questionamento filosófico da condição humana.
O Homem libertar-se-á quando disser não ao “sim” a que foi adestrado repetir sistematicamente; quando, enfim, pensar ao invés de idolatrar. No diálogo do pensamento está a gênese do amor. O amor, anárquico que é, rompe todas e quaisquer imposições que teimam em circunscrever os sentimentos nos limites da indução.(Marcus Moreira Machado)
TERÇA-FEIRA, 17 DE MARÇO DE 2009:"GERIATRIA"
Hoje, como ontem, paga-se com o martírio a caridade. Hoje, como ontem, não se pode negar a dificuldade que os povos deste continente têm em se reerguer da regressão sofrida para um dia alcançar integração histórica e uma "intensidade de vida coletiva". Hoje, como ontem, estamos restritos a um período inferior ao que se interpõe entre o selvagem e o homem culto.
É Varnhagen quem critica "… Se era invejável o estado de atraso social em que viviam…,, que com a nossa pseudo-filantropia, consentimos cruelmente que continuem devorando-se uns aos outros…, decida-o o próprio leitor com a mão na consciência em presença da pintura fiel do estado em que eles se encontram".
O notável historiador, se não mencionado os índios tupis a quem se referia, causa a impressão de comentar a nossa mais recente atualidade, onde a comparação entre a vida civilizada e a lastimável miséria em que vive a maioria dos povos latino-americanos é gritante, segregados na periferia do progresso.
Entre nós a sociedade política parece não ter sido instituída ainda. Somos, invariavelmente, mais convidados ao tratamento "geriátrico" das doutrinas sócio-econômicas do que conclamados à revitalização a realizar-se pelo "jogo democrático".(Marcus Moreira Machado)
Hoje, como ontem, somos devotos da 'antropofagia' política, todos aspirantes ao "canibalismo" impiedoso da liberdade alheia, simulacro de déspotas esclarecidos!
SEGUNDA-FEIRA, 16 DE MARÇO DE 2009:"TIRANETES"
"O povo não se sujeita à tirania, não a padece: antes a ela se acomoda e a ama. Não sente o peso do jugo. Não deseja entrar em comunhão com outras nações. Não compreende mesmo que a situação política e econômica que se lhe preparou seja anormal; nem aspira outra. Quais serão, pois, as causas deste entorpecimento de todo um povo?"
O comentário acima, denotando perplexidade pela indagação última, atribui-se a um autor nos tempos de Francisco Solano Lopes, o orgulhoso e autoritário Chefe de Estado paraguaio, nascido em Assunção. E não sem motivo toda História mais recente trata o Paraguai como caso excepcional na América, não se sabendo mesmo da existência em toda história do mundo de um símile perfeito, considerando que na própria história do continente americano o Paraguai sempre esteve isolado e singular.
Lopes, uma personalidade desconcertante, bem ilustra o ambiente de um país conscrito na tirania, sofrendo resignadamente. Sustentando por cinco anos a guerra desencadeada pela defesa dos interesses paraguaios defendidos por seu pai, Carlos Antonio Lopes, o estadista plenipotenciário, convencido, de haver uma conspiração, encabeçada por seus parentes, para depô-lo e pactuar com o inimigo, fez julgar os suspeitos pelos tribunais de sangue; assim, sucumbiram dois dos seus irmãos, sendo que a própria mãe, embora tendo a vida poupada, foi seviciada pelos juizes do conselho de guerra.
Essa falta de consciência da própria personalidade, de que ainda é vítima os paraguaios originários dos guaranis, se comparada com a carência de estímulos, pela morte do ânimo, tão freqüente ainda hoje entre nós latino-americanos, não é de toda particularíssima. Assim como o regime instituído pelos jesuítas catequistas para arrancar a população indígena à barbárie reduziu a consciência da própria personalidade dos nativos, tornando-os irresponsáveis que se julgavam felizes, também não é raro, na atualidade, deparamos no continente americano, notadamente no Brasil, novos "selvagens incomparavelmente "mais felizes" sob o jugo de uma nova "catequese" do que sob tirania violenta mais explícita e até do que na liberdade do seu próprio meio.
Seria mesmo lícito admitir o pressuposto da igualdade absoluta e da comunidade de bens, quando parece estar a espécie humana dividida em duas criaturas - aquelas feitas para dirigir e as outras para obedecer? O que já foi denominado "servidão deliciosa" não seria, ainda, um mau hábito entre muitos de nós, acostumados à tutela?
Se assim é, se assim for, a cautela já não é tardia. Hoje vivemos mal sob um "assistencialismo" reducionista, e não damos conta de que um dia, ausente a tutela dos assistencialistas, miseráveis que somos, entregaremos nossos pescoços - e sem protesto algum! - a tiranos mais modernos. Outros "caudilhos" têm assumido a tarefa de preparação estratégica da submissão fatal; em nome de uma hipotética e desarrazoada "fraternidade" sindicalistas e homens públicos dividem agora o terreno da demagogia, uns e outros procurando o mesmo: "homogeneizar" o seu rebanho, condenado ao expurgo os que relutam à "pacificação" pretendida.
Varnhagen, o reconhecimento historiador, sobre a incorporação dos aborígenes em nosso passado colonial, assim comentou: "cumpre dizer o que, o selvagem, cercado de outros selvagens, por quem teme ser devorado como ele próprio os devoraria se pudesse, não compreende a princípio que ninguém o busque só para lhe fazer o bem".
Pois, não é exatamente assim que ainda agora se portam os "civilizados"? Não estão todos prontos a devorar? Não confiamos em nós mesmos, motivo pelo qual não confiamos em ninguém, sempre preparados para o ataque, em nome da defesa. Vorazes que somos, desacreditamos a humanidade inteira, julgando-a segundo nossa habilidade para a opressão; aceitar a possibilidade do triunfo do bem seria como que uma derrota à nossa maior vocação, o despotismo. Tiranetes, isto sim, ocultamos as intenções de dominação sob a pênula da inocência.(Marcus Moreira Machado)
DOMINGO, 15 DE MARÇO DE 2009:"INSENSATEZ"
Aceitar a nossa submissão à linguagem sibilina de governos insensatos é admitir nossa própria estupidez.
Não somos um bando nômade a errar ociosamente. E, portanto, não é por “bruxos” e seus infames vaticínios que devemos nos deixar dirigir.
Buscar a justa proporção ou combinação de forças, num estado dos poderes públicos que se relacionem, sem que nenhum suplante outro, é preocupação de todos os que desejamos equilíbrio social. Porque nossos destinos não aguardam outra coisa, como bem o disse Lauro Porto Machado: “A plebe que sofre e a ostensiva realeza. /Tudo tem o seu fim, tem seu objeto:/ Harmonia e equilíbrio da natureza.”
E é essa intrínseca natureza que faz de nós seres humanos e não porcos ou chacinas. E será por essa superior qualidade que nos indignaremos, sempre se se pretender decretar a gênese do apocalipse, ou o genocídio do povo brasileiro, travestido em múltiplas chacinas. E a nossa indignação haverá de ser tanta que nenhum regime poderá declarar-se bom, justo e forte quando pretender a mortificação “pela fome ou pelo exílio, pelo cárcere ou pela calúnia”. Desacreditando-o estaremos nos redimindo.(Marcus Moreira Machado)
SÁBADO, 14 DE MARÇO DE 2009:"AVERSÃO"
Genocídio - um neologismo os dicionaristas é a recusa do direito de existência a grupos humanos inteiros, pela exterminação de seus indivíduos, desintegração de suas instituições políticas, sociais, culturais, linguísticas e de seus sentimentos nacionais e religiosos. O vocábulo certamente advém de “geno”, a exprimir, por sua vez, a idéia de sexo ou geração. Daí o adjetivo - “genesíaco”, relativo a geração.
Outros tantos léxicos apontados como sinônimo do substantivo feminino “chacina” o figurativo “matança”, observando que o ato de “chacinar” compreende, antes, dispor carne de porco em postas, uma vez que “chacim” é designação antiga desse suíno.
Sabedores que somos da origem do mundo e do homem, narrada no primeiro livro da Bíblia, e certos de que o ser humano não principiou a sua existência sob a rude e primária forma de um porco, colocamos em dúvida a veracidade dos extermínios ora verificados pelo país afora como expressões de verdadeiras chacinas. Nem mesmo em sentido figurado.
O que se nos parece é figurar nesses movimento assoladores a mais completa ruína, só verificada na mais pura tradução dos genocídios. Pois, não está o Brasil mergulhado na desintegração de suas instituições, quer sejam elas políticas, sociais, culturais e outras tantas?
É Guerra Junqueiro, em “O Regimen”, quem adverte: “A ruína bruta e o de menos. Uma parede no chão, levanta-se; um banco sem dinheiro, atulha-se de dinheiro, facilmente. Mas, a ruína moral...! A morte de milhões de almas, milhões de idéias, de consciências...! É pavoroso!”
Tratar a fragilização da economia nacional como causa, a motivar a violência institucionalizada, é faltar com a mais elementar verdade. O estado de indigência em que nos encontramos é sim consequência de um outro aviltamento - o de uma sociedade abjeta, desonrada por um regime corrupto.
A filantropia deu lugar à misantropia: a aversão aos homens e à convivência social é regra num Estado de exceções.
Também não é demais, nesse momento, relembrar Bertold Brecht, em seu “O Analfabeto Político”: “... Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, o corrupto...”
Resta-nos identificar quem é o “imbecil” na política brasileira, a permitir que a filosofia do Estado nacional seja a filosofia do porco, isto é, “devorar”. Ou, se já identificado está, é nossa a tarefa de eliminar o “imperativo da besta, a ditadura do mal”, a converter a religião em sacrilégio, o direito em crime, a verdade em burla, a força em tirania”.
Ou entendemos por disciplina a instrução e educação, básicos pressupostos para o governo de entidades coletivas, fundado em conjunto de leis e regulamentos, ou aceitamos a nossa rendição à disciplina como instrumento de flagelação, em penitência que não devemos, e em castigo que não merecemos.(Marcus Moreira Machado)
SEXTA-FEIRA, 13 DE MARÇO DE 2009:"DESATINO"
As campanhas políticas, insensatas, não demonstram outra coisa a não ser a disseminação do mais puro ódio, no vale-tudo que lhes é peculiar. Toda e qualquer sociedade organizada políticamente deveria encontrar na negação do ódio a sua suprema máxima. Não é o caso brasileiro, contrariando o pensamento de Nietzche, ao recomendar que "vale mais parecer do que odiar e temer; vale mais perecer duas vezes que se fazer odiar e temer". E, condicionados às vãs promessas do imediatismo, evitamos o essencial em razão do fascínio que desperta-nos o supérfluo, confirmando que "a consciência de existir é muito rara… que a massa dos homens concentra-se nos objetos deste mundo que condicionam sua felicidade". Nesse momento, é em Ernst Bloch que reencontramos maior vigor quando, afirma o pensador, "a verdade não reside apenas naquilo que é, mas principalmente naquilo que ainda não é, mas será. Pois, complementa Leonardo Boff, "o que é, funda tradição; o que ainda não é, mas será, significa a verdade plena.
Forjados num frio "racionalismo", os homens públicos que supostamente dirigem essa nação, via de regra, têm muita "filosofia", porém quase que nenhum sentido, desconsiderando que "as certezas da sensibilidade são conquistas definitivas". Em nome do povo, é o próprio povo oferecido em sacrifício aos deuses do Olimpo em que se tornou a representação popular, e' o que é pior, a auto-imolação tem sido usual como maneira de expiação dos nossos "pecados" eleitorais.
O desatino há que ser combatido ao buscar-se a recuperação das estruturas políticas do Brasil. Não podemos admitir a insanidade reinante, sob pena de elegermos o tresvairamento como norma de conduta no país afora. Substima-se a capacidade de discernimento de uma forma um tanto generalizada; no entanto, ainda restam alguns lampejos de lucidez, reflexos de escassa, porém vigorosa sensibilidade de uns poucos abnegados dirigentes nacionais, quer seja na administração da coisa pública, quer seja na iniciativa privada.De resto, o comportamento no dia-a-dia mais faz lembrar um menino maravilhado com as infinitas possibilidades de imagens nos caleidoscópio, todas surpreendentes, porém fugazes. Nomes despontam a todo momento como a mais lídima expressão do cenário político nacional; entretanto, nos bastidores sussurros conspiradores tramam o destino do país, num anonimato discreto e confortável...(Marcus Moreira Machado)
QUINTA-FEIRA, 12 DE MARÇO DE 2009:'LETARGIA"
Propaga-se entre nós brasileiros a confusão gerada pelo excesso de verdades. Todos têm o monopólio das certezas incontestes sobre o que julgam ser a sofismável mentira dos seus opositores. Padecendo de um mínimo pragmatismo a conferir veracidade aos múltiplos conceitos estruturados em supostas ideologias, observa-se pelo país afora a difusão de exclusivismo de todo afastados de necessária praticidade. Á respeito, Carlos Eduardo Guimarães, comentando a obra do existencialista Albert Camus, observou: "A verdade é comprovada sua capacidade de realização".
Exatamente o contrário dessa concepção filosófica é a constatação da incipiente política nacional, quando a multiplicidade de interpretações despreza a importância da efetiva transformação. A retórica populista substitui entre nós a praxis inovadora. E, dessa forma, a verdade, de tão relativa, assume caráter de instrumento de manipulação, desconsiderando a seu respeito o conselho de Jorge Luis Borges, poeta e intelectual argentino, quando adverte: "Não exageres o culto da verdade; não há homem que ao fim de um dia não tenha mentido com razão muitas vezes". No Brasil, mente-se por minuto, mas quer-se fazer acreditar em tudo o tempo, em "ilusionismos" típicos dos nigromantes. A pluralidade de partidos oferta não a garantia de participação e sim a certeza de alienação.
O que se nos parece é que o desvario político procura na incoerência afastar daquele processo tão bem definitivo por Gerard Lebrun, quando "a imaginação não é um delírio permanente e merece mais do que ser deixada por conta de uma patologia do erro ou de uma psicologia de associação". Exatamente o oposto, o erro está incorporado ao nosso imaginário, nele encontrado absurdas referências para esquivar-se de um maior comprometimento com a realidade possível. Sendo "o esquecimento uma das formas da memória, o seu porão, a outra cara secreta da moeda", a intelectualidade das elites políticas do país apostam em que o "porão" da nossa história deva ser sobrecarregado, considerando-o o melhor lugar para sepultar as idéias mais genuínas. Assim, perde-se qualquer elo de ligação entre passado, presente e futuro, pois que não se percebe que "quando um estado intelectual foi acompanhado por um sentimento vivo, um estado semelhante ou análogo tende a suscitar o mesmo sentimento… e quando estados intelectuais coexistiram, o sentimento ligado ao estado inicial, se é vivo tende a se transferir para outros".(Marcus Moreira Machado)
domingo, 1 de março de 2009
QUARTA-FEIRA, 11 DE MARÇO DE 2009:"QUAL O DELITO DA FOLHA DE SÃO PAULO"
CONTRA FATOS, ILAÇÕES REFOGEM AO ESTÉRIL TERRENO DE ATOS ATENTATÓRIOS À CRÍTICA JUDICIOSA, NÃO SÃO MAIS QUE A MÁ-FÉ PRESENTE EM AÇÕES DESABRIGADAS DE ARGUMENTOS QUE AS JUSTIFIQUEM.
SEM JUSTIFICAÇÃO, POIS, É QUE A FOLHA DE SÃO PAULO COMETE DELITO GRAVE CONTRA A NAÇÃO BRASILEIRA, AO QUALIFICAR A BÁRBARIE NO REGIME MILITAR COMO "DITABRANDA".(Marcus Moreira Machado)
Tortura no Brasil e a 'ditabranda': Para não esquecer, tortura nunca mais!
O revisionismo insidioso da Folha merece de nós respostas pautadas em fatos.Reproduzo um artigo de Vanessa Gonçalves de O Rebate
A utopia de um sonho que foi destruído pela tortura
VANESSA GONÇALVES
"Você corta um verso/ Eu escrevo outro.Você me prende vivo/ Eu escapo morto.De repente, olha eu de novo/ Perturbando a pazExigindo o troco."(Pesadelo - Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro)
A tortura é filha do poder, não da malvadeza. De forma mascarada, a ditadura firmou-se no Brasil através da força. Enganam-se aqueles que acreditam que a tortura instalou-se no país após o AI-5, em 1968. A ditadura mostrou sua força e suas intenções desde o dia do golpe.
O primeiro caso de tortura que se tem conhecimento ocorreu ainda em 1964, tendo como vítima o líder comunista Gregório Bezerra, que foi arrastado pelas ruas de Pernambuco, além das torturas sofridas na prisão. Na época, esse e outros casos foram denunciados pela imprensa - que ainda não havia sido tocada pela pena da censura - e o General Humberto de Alencar Castello Branco, após uma breve e parcial investigação veio a público e afirmou: "Não existe tortura no Brasil".
Com o passar do tempo o regime ganhou opositores, que através da luta armada tentaram impedir que o período de exceção se prolongasse. E, diante de tal oposição, a tortura deixou de ser apenas um elemento de repressão e persuasão e tornou-se uma ferramenta eficiente de trucidamento e eliminação da oposição.
Enquanto o governo negava a existência da tortura nas prisões e quartéis, ela era institucionalizada pelos órgãos de repressão, tornando-se matéria de ensino e prática rotineira dentro da máquina militar de repressão política da ditadura.
Como uma praga, a tortura instalou-se nos porões da ditadura transformando-se no maior desastre da história do Brasil.
A desculpa para quem não tem perdão
"Era uma guerra, depois da qual foi possível devolver a paz ao Brasil. (...) Se não aceitássemos a guerra, se não agíssemos drasticamente, até hoje teríamos o terrorismo". Com essa frase, o ex-presidente General Emílio G. Médici defendida a prática da tortura no Brasil, mais de dez anos após o fim da ditadura.
Mas não há desculpa para o que não tem perdão. Nada justifica que a prática da tortura tenha se transformado em política de Estado.O raciocínio justificativo dos militares era um só: "era essencial reprimir não importando se o método adotado era adequado".
O fato é que esse raciocínio amparava-se na exarcebação da ameaça, já que no Brasil, nem de longe, o "surto terrorista" atingiu a dimensão que lhe foi atribuída.
E nessa retórica da ditadura de negação da tortura para a sociedade e de sua prática nos porões para aniquilar a oposição, inúmeras pessoas foram seviciadas para ceder informações e centenas mortas por não suportar o tratamento desumano aplicado pelos agentes de repressão.O Brasil tornou-se especialista no assunto, tanto é que re-elaborou alguns métodos, desenvolveu tantos outros e repassou a outras ditaduras latino-americanas seu aprendizado através das aulas de tortura, em que se utilizavam presos políticos como cobaias. O resultado são os milhares de mortos e desaparecidos nesses países.
Vergonha nacional
A tortura como política de Estado contava com uma ampla rede de colaboradores que ajudavam os órgãos de repressão a camuflar as mortes ocorridas por sua causa.Alguns dos responsáveis por ajudar a ditadura em suas mentiras foram os médicos legistas que assinavam laudos encobrindo os sinais e as mortes sob torturas. Os mais comprometidos nesse esquema eram Harry Shibata Harry e Isaac Abramovitch.A farsa dos laudos necroscópicos fraudados só foi desmascarada definitivamente na década de 90. Até então, somente alguns casos de morte sob torturas caíram em conhecimento público.Um dos casos que causou grande repercussão foi a morte do estudante de medicina e guerrilheiro da ALN Chael Charles Scheirer . Segundo os órgãos de repressão, Chael foi morto em confronto com a polícia, mas não foi bem assim que morreu. Chael foi preso e torturado até a morte. Seu laudo necroscópico não apontava marcas de tortura e a verdadeira causa da morte. No entanto, os militares não sabiam que Chael era judeu e que para sepultá-lo seria realizado um ritual de lavagem do corpo. Foi nesse momento que seus familiares descobriram a real causa de sua morte.Além do caso de Chael Scheirer, outros que ganharam repercussão foram as mortes sob torturas do jornalista Wladimir Herzog e do operário Manuel Fiel Filho, provando, assim, que a ditadura torturava e matava. Há realatos impressionantes, que mostram como a tortura era violenta. Vejamos a alguns deles:
* Aurora Maria do Nascimento Furtado - militante da ALN, foi presa em uma emboscada em que matou um policial e feriu outro. Revoltados, seus algozes a penduraram no pau-de-arara, mesmo com o braço estraçalhado por um tiro. Assim que foi pendurada, houve fratura exposta. Como Aurora não dava informação alguma, aplicaram nela a chamada "Coroa de Cristo". Trata-se de um torniquete de aço que pressionava o crânio. A violência foi tanta, que Aurora perdeu a vida com afundamento do crânio e um olho saltando da órbita tamanha foi a pressão do torniquete.
*Sônia Maria de Moraes Angel Jones - presa juntamente com seu companheiro Antônio Carlos Bicalho Lana, foi cruelmente torturada.
Teve os seios arrancados na tortura e morreu após ter introduzido em sua vagina um cassetete que lhe perfurou os órgãos internos, causando hemorragia. O mais cruel de tudo, é que entregaram à família o cassetete que causou a morte de Sônia.A questão é que a tortura, disseminada pela ditadura na década de 60, espalhou-se pelo país e tornou-se prática comum e, até os dias de hoje, é utilizada pela polícia em interrogatórios.
Muito mais que uma ferramenta de repressão, a tortura foi o começo do fim da utopia de um sonho lindo de libertação nacional. E, como dizia Ernesto "Che" Guevara: "A única coisa em que eu creio é que nós temos que ter a suficiente capacidade de destruir todas as opiniões contrárias baseados em argumentos, ou, se não, deixar que todas as opiniões se expressem. Opinião que temos que destruir com pancada é opinião que tem vantagem sobre nós". Por isso, diga não à tortura! TORTURA, NUNCA MAIS!
Vanessa Gonçalves da Silva é jornalista formada na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp) e mestranda em História Social na Universidade de São Paulo (USP) onde realiza uma dissertação sobre o papel e a importância das mulheres na luta armada no Brasil (1964-1985).
TERÇA-FEIRA, 10 DE MARÇO:"FOLHA DE SÃO PAULO, A CENSURA PELA ALIENAÇÃO"
FIQUE DE OLHO: A FOLHA DE SÃO PAULO, FINGINDO IGNORAR O PASSADO RECENTE DA HISTÓRIA POLÍTICA BRASILEIRA, POSA DE CENSORA, ATRAVÉS DE INSTRUMENTO SOBEJAMENTE USUAL ONDE O IMPÉRIO É O DO "PANIS ET CIRCUS": A ALIENAÇÃO.
E, POR ESSE MEIO ABOMINÁVEL, AINDA MAIS EM SE TRATANDO DE UM ÓRGÃO DA IMPRENSA (BENEFICIADO COM ISENÇÃO TRIBUTÁRIA!!!), TRATA DE UMA FERIDA AINDA ABERTA NA ALMA NACIONAL -A DITADURA MILITAR DO GOLPE DE 64- COMO RELÉS "DITABRANDA".
ORA, QUE "MAU GOSTO" (!!!!) PRETENDER IGNORAR EPISÓDIO QUE, VERDADEIRO MASSACRE, CEIFOU A VIDA DE CENTENAS DE JOVENS, ARRUINOU FAMÍLIAS INTEIRAS, COADJUVADA POR CIVIS DA TRUCULÊNCIA DE UM SÉRGIO PARANHOS FLEURY, QUE, NOS PORÕES DESSA MESMA DITADURA, APLICAVA OS MAIS VIS MÉTODOS DE TORTURA, DO PAU-DE-ARARA, DA COROA-DE-CRISTO, CHOQUE ELÉTRICOS ...
"DITABRANDA" ?!!!
FOLHA DE SÃO PAULO, UM JORNAL ?!!!
NÃO! NEM IMPRENSA MARRON CONSEGUE SER. UM ÓRGÃO SUBSIDIADO COM O NOSSO DINHEIRO (A INSENÇÃO TRIBUTÁRIA, NÃO NOS ESQUEÇAMOS) PARA SE COMPORTAR COMO TRIBUNA DA INSENSATEZ E PARLATÓRIO DOS FASCISTAS NACIONAIS...!!!(Marcus Moreira Machado)
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