REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
SEGUNDA-FEIRA, 3 DE MARÇO DE 2008: "PEDAGOGIA, UMA COAÇÃO SIMBÓLICA".
DOMINGO, 2 DE MARÇO DE 2008: "SOBERANIA E OBEDIÊNCIA".
Conforme a tese da soberania, a obediência é um dever, posto que tal obrigação existe e somos forçados a reconhecê-la como um 'direito' de mandar, ao extremo, na sociedade'. Soberania que é, pois, o direito de dirigir as ações dos membros da sociedade. Direito que é revestido com força de obrigação, à qual todos os indivíduos são submetidos. Com efeito, a 'obediência' é vista como 'dever' e a 'soberania' como um 'direito' ,o de comandar.
O 'Poder' lança mão desse direito, embora ele não lhe pertença por princípio. Porque, transcendendo todos os integrantes da comunidade, sendo absoluto e ilimitado, jamais poderia ser propriedade de uma só pessoa ou de um grupo de homens. De fato, oculta no conceito jurídico de soberania, há uma máxima metafísica, formulada na indagação: quem é o titular originário deste direito? Deve existir uma vontade suprema a reger a comunidade humana, vontade boa em sua essência, e que por isso impõe a obediência; a vontade 'divina' ou a vontade 'geral'. Da supremacia -Deus ou a sociedade- deve emanar a concretude do poder que, por seu turno, tem de encarnar essa vontade. Será 'legítimo' se efetivar essas condições. Essa noção de soberania comporta duas vertentes: a do direito divino e a do direito popular. Nas duas, presente o caráter original do poder soberano. Fundamento de si próprio, é por isso 'original'. E por sua capacidade de determinar regras de sujeição, é 'absoluto'.
Assim abordada, há que se considerar a soberania como um conjunto de prerrogativas precisas, não pertencentes a mais ninguém, cujo usufruto confere a quem delas é investido no grau supremo da dominação.(Marcus Moreira Machado)
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
SÁBADO, 1 DE MARÇO DE 2008: "MITO E IDENTIDADE".
O impulso para a dominação nasce do medo da perda do próprio 'eu', temor que se revela nas situações onde o indivíduo se vê ameaçado diante do desconhecido. Nesse sentido, têm uma só origem o mito e a ciência, pois ambos querem subjugar as forças ignoradas da natureza, buscando a multiplicidade sem controle do sensível. O mito, para tanto, tem um procedimento que lhe é exclusivo. A exemplo, o sacerdote da tribo repete gestos e atitudes de cólera ou de pacificação co-relacionadas às potências naturais. Com efeito, através da mitificação, preservava-se um 'diálogo' entre os homens e a natureza, permitindo-se àqueles o medo face às desconhecidas manifestações desta última.
A ciência, todavia, transformou a natureza em juízo analítico, formalizando-a pela obrigação de se comunicar na linguagem numérica. E no lugar do mito, a razão que 'explica' e controla os fenômenos naturais. A magia, o encantamento, foram suprimidos pela 'racionalidade' dominadora.
Ora, a pretensão do mito era captar a origem, atribuindo-se ao rito o papel de controle dessa origem. Contudo, enquanto o fundamento mítico reside na imitação dos fenômenos da natureza, a ciência, por entendê-lo 'irracional', substitui essa repetição gestual pelo princípio da identidade. Por este princípio, somente o que é idêntico na natureza é o que deve ser conhecido. Daí, o entendimento de que o sujeito dotado de luz natural é o indivíduo que intelectualmente domina o mundo.
A razão é alterada, enfim, na própria constituição do sujeito, para quem, a fim de controlar os demais, deverá primeiramente saber comandar a si próprio, assim estabelecendo o processo de dominação.(Marcus Moreira Machado)
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
SEXTA-FEIRA, 29 DE FEVEREIRO DE 2008: "MORTE: MOVIMENTO DA VIDA".
Diante da morte de outrem, a reação humana comporta, geralmente, dois momentos. O primeiro está vinculado à idéia de que a morte -como tudo o que acontece no Universo- deve ter sua justificação racional, uma mera verificação científica que não exclui, sobre outro plano, a mais profunda simpatia pela alma fragmentada com a sofrida separação.
Para além desse primeiro movimento espontâneo, surge um outro, característico da fé, apto a transfigurar a morte, amando e adorando o que anima e dirige a vida. Então, a morte já não é outra condição, outro estado, senão uma das manifestações desse movimento poderoso e profundo da vida, a ser amado em sua integralidade, porque é movimento que vem do divino e ao divino se dirige; é redenção que retira dessa morte a ferida, para quem quer que viva ou pelo menos levante o seu olhar para esse meio divino.
Nesse segundo momento, a confirmação: de que o grande triunfo da criação e da redenção é o de ter transformado em fator essencial de vivificação o que, em si, é um potencial universal de diminuição e de desaparecimento.
Daí, não há outro, apenas um cuidado interior dominante, qual seja, o de bem findar, isto é, encerrar fazendo concordar o último ato com a soma dos que o precederam e prepararam.(Marcus Moreira Machado)
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
QUINTA-FEIRA, 28 DE FEVEREIRO DE 2008: "SAGRAÇÃO DO HUMANO SER".
Nutrir sagrado sentimento pelo mundo é tornar possível uma realidade libertadora para o homem, através de uma outra divindade -cósmica- que é afirmação do humano.
Trata-se de considerar todas as imagens comunicativas de uma plenitude, onde cada um de nós é possuído pelo mundo, em vínculo indissolúvel que reflete a realização da mais alta sabedoria. Ou, na sagração do humano ser, a sua integração neste mundo, que ele -o homem- sacraliza.(Marcus Moreira Machado)
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
QUARTA-FEIRA, 27 DE FEVEREIRO DE 2008: "FELICIDADE, UMA REGRA MORAL".
Não há absoluto algum a nos chamar para fora do mundo. Cientes estamos da transitoriedade e nela é que nos afirmamos. Porque a nossa lucidez é também a consciência deste mundo que abriga o fisicamente reconhecido.
Afinal, se a vivência de uma felicidade temporal tem que ser interrompida, há algo dela que permanece. Algo do mundo terreno remanesce, num desejo de nova união, antevendo outra tarefa a ser realizada, para a nossa própria realização.
É o mundo que indica à felicidade a direção, mostrando-se como imenso objeto capacitado à satisfação da liberdade de todos. E deste prazer essencial, nada é pouco, nada é indigno, pois -consequência da mais íntima união- somos devolvidos à inocência, à pureza natural que fundamenta a nossa existência.
O enlace entre o homem e o mundo se completa pela integração da felicidade à exigência que, moral, constitui verdadeira regra.(Marcus Moreira Machado)
domingo, 24 de fevereiro de 2008
SEGUNDA-FEIRA, 25 DE FEVEREIRO DE 2008: "OS HERDEIROS DA DOMINAÇÃO".
Com o materialismo histórico foi rompido o método da 'empatia', até então utilizado pelo historiador interessado em reconhecer uma determinada época da civilização, através da acedia, isto é, da indiferença a tudo o que se soubesse sobre fases posteriores da história.
Na Idade Média, para os teólogos, a fonte da tristeza era a acedia, um torpor, por assim dizer. E a natureza dessa 'melancolia' se torna mais evidente quando se indaga com quem os historicista entra em empatia. Porque a resposta é sempre a mesma, qual seja, a sua relação é com o vencedor. Afinal, todos os que até hoje triunfaram foram herdeiros dos que venceram antes. O legado da dominação. Esse retraimento de sensações, emoções e comportamento, tendente a aceitar a vitória dos conquistadores como versão exclusiva, beneficia, obviamente, os próprios dominadores.
Para o materialismo histórico, essa é a chave do processo analisado. Ora, todos os que até hoje venceram participam do séquito glorioso, no qual os atuais dominadores humilham, desprezam os corpos prostrados, inertes, dos dominados. Os 'restos' são levados nessa procissão da vitória.
Esses despojos têm nome, são os chamados 'bens culturais'. E o materialismo histórico os observa à distância. Pois todos os bens culturais que vê têm uma origem sobre a qual ele não pode pensar sem o estarrecimento presente. São bens devidos não somente ao esforço de expressivos gênios criadores, mas também ao trabalho gratuito imposto a anônimos contemporêneos dessas criativas personalidades. Por isso, todo monumento de cultura é ao mesmo tempo uma obra da barbárie. E da mesma maneira como a cultura não é imune à barbárie, desta não está isenta o seu processo de transmissão. Eis a razão, no materialismo histórico, da necessidade de se desviar desse caminho simplista, procurando, tanto quanto possível, o completo resgate da história.(Marcus Moreira Machado)
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