Na compreensão de que o homem só pode viver na terra (onde está a reserva da matéria e da energia que constituem o próprio corpo humano), pois dela deve retirar o que se lhe é indispensável para produzir; destinar essa mesma terra a alguns (como propriedade absoluta) e negá-la aos outros é, infere-se, dividir a humanidade entre privilegiados e miseráveis. Aqueles que hoje não possuem direito à terra só podem viver vendendo o seu trabalho aos que o têm.
Com efeito, é evidente que a "lei de bronze dos salários" (como assim chamada pelos socialistas) ou a "tendência dos salários para um mínimo" (na denominação de economistas) arranca às massas despojadas da terra, isto é, aos trabalhadores comuns que não podem produzir por conta própria, os benefícios de qualquer progresso social, por manter intacta essa injusta distribuição.
É óbvio, não detendo meios para empregar, eles mesmos, o seu trabalho (ou noutras palavras, a fim de serem os seus próprios patrões) esses trabalhadores são forçados (quer como vendedores de mão-de-obra, quer na condição de rendeiros da terra), a competir uns com os outros pela permissão para trabalhar.
Então, a terra que deveria multiplicar, é terra que divide até mesmo os miseráveis.
Essa disputa não conhece outro limite senão a fome, forçando os salários ao mínimo, ou seja, ao nível mais baixo em que se pode manter e reproduzir a vida.
(Caos Markus)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 15 de setembro de 2012
TERÇA-FEIRA, 2 DE OUTUBRO DE 2012: "O MILITANTE-PLACEBO"
O aliado mais fecundo da contra-revolução é o "gangster" pseudo-revolucionário: preguiçoso para o trabalho, aberto a todos os vícios e carente de escrúpulos, quase sempre principia sendo um delinquente vulgar, até que num belo dia descobre, com satisfação ingênua, que as suas imoralidades podem ser encobertas sob a capa protetora dos "atos de reivindicação social".
Então o roubo, o crime, a delação, a chantagem, e quantos delitos possam ser imaginados, tomam nomes eufônicos, com a condição de que sejam cometidos em nome de tal ou qual organização político-social.
Homem de ação, sempre que essa ação seja para satisfazer os seus desejos mais primários, não tarda em impor-se onde quer que encontre gente pacífica.
Para ele a revolução não é mais que um breve lapso de tempo durante o qual pode dar impunemente vazão a todos os seus impulsos, alimentar todos os seus rancores e conquistar suas apetências materiais sem o risco da 'justiça social', a mesma que afirma defender e que contra ele próprio agiria, caso a esse tempo tivesse os órgãos adequados à sua efetiva função.
Considerado sob os parâmetros da psiquiatria, este tipo é algumas vezes um débil mental associal e outras vezes um esquizóide. Porém, pode tratar-se simplesmente de um perverso, isto é, de um indivíduo sem 'super-eu', desprovido de discernimento para avaliar o valor ético (e por isso, um pseudo-mililtante), é capaz tão-somente de levar um 'existência animal', estupidamente ególatra.
(Caos Markus)
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE OUTUBRO DE 2012: "HERDEIROS DO TRIUNFO"
Através do materialismo histórico foi rompido o método da 'empatia', até então utilizado pelo historiador interessado em reconhecer uma determinada época da civilização, por meio da acedia, isto é, da indiferença a tudo o que se soubesse sobre fases posteriores da história.
Na Idade Média, para os teólogos, a fonte da tristeza era a acedia, um torpor, por assim dizer.
E a natureza dessa 'melancolia' se torna mais evidente quando se indaga com quem os historicista entra em empatia. Porque a resposta é sempre a mesma, qual seja, a sua relação é com o vencedor. Afinal, todos os que triunfaram foram herdeiros dos que venceram antes: o legado da dominação.
Esse retraimento de sensações, emoções e comportamento, tendente a aceitar a vitória dos conquistadores como versão exclusiva, beneficia, obviamente, os próprios dominadores.
Para o materialismo histórico, essa é a chave do processo analisado.
Todos os que até hoje venceram participaram do séquito glorioso, no qual os atuais dominadores humilham, desprezam os corpos prostrados, inertes, dos dominados.
Os 'restos' são levados nessa procissão da vitória.
Esses despojos têm nome, são os chamados 'bens culturais'.
E o materialismo histórico os observa à distância. Pois, todos os 'bens culturais' que vê têm uma origem sobre a qual ele não pode pensar sem o estarrecimento presente.
São bens devidos não somente ao esforço de expressivos gênios criadores, mas também ao trabalho gratuito imposto a anônimos contemporêneos dessas criativas personalidades.
Por essa razão, todo monumento de cultura é ao mesmo tempo uma obra da barbárie.
De igual maneira, assim como a cultura não é imune à barbárie, desta também não está isenta o seu processo de transmissão.
Este o motivo, então, no materialismo histórico, da necessidade de se desviar desse caminho simplista, procurando, tanto quanto possível, o completo resgate da história.
(Caos Markus)
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
DOMINGO, 30 DE SETEMBRO DE 2012: "MORAL REFERENCIAL"
Não só na história da civilização como também na sua literatura, está presente o longo vigor do 'imoral' e do 'amoral'. No seu decurso, muitas são as mensagens a respeito, em referências várias acerca de pretendidas 'virtudes' da comunidade, numa ou noutra época.
Percebe-se, assim, que a concepção de caráter ao modo do século XIX, face a sua hipocrisia, parece não ter atingido a História.
O senso moral desse caráter é regressivo e repressor, sentimental e fundamentalmente equivocado, porque cruéis embaraços da moralidade pós-nazista, do nacional-socialismo, são encobertos por suas boas intenções.
A partir do exemplo que do caráter emerge a ética, não como virtude ou defeito, porém, enquanto particularidade e distinção de cada personalidade.
Cada uma traz a sua própria bagagem de valores e características, tanto quanto carrega a força duradoura do que, mesmo perdurando, pode não se prestar a outra coisa senão a prejudicar muitos indivíduos.
Abrangendo o caráter não só o bem mas igualmente o mal, ele mesmo está além do bem e do mal.
A sua integridade, pois, é tão-somente o padrão de suas partes entrelaçadas, mesmo este sendo seja pleno de tensões e duplicidade, em sugestiva ignominiosa contradição.
Por isso, a ideia moral da personalidade a impede ser vista de fato. A moral, esta sim é notada.
Nesta compreensão.inegável, a moral é questão de foro íntimo. O caráter a abrigá-la, ele mesmo não possui transparência necessária para afastar quaisquer dúvidas suscitadas, e possibilitar então evidências insofismáveis.
(Caos Markus)
terça-feira, 11 de setembro de 2012
SÁBADO, 29 DE SETEMBRO DE 2012: "GESTO E RECUSA NA FELICIDADE"
A única felicidade admissível pelo insubmisso: a que possa ser plenamente realizada.
Esta 'realização' se dará, então, com a vitória ou na luta.
Nessa compreensão, a ninguém é dado o direito de ignorar a dor alheia.
Porque não pode haver felicidade quando os demais sofrem.
Da contemplação do sofrimento, pensam alguns, advém uma certa sabedoria.
Não existe, entretanto, 'saber' onde impõe-se a vergonha em ser feliz sozinho.
Por isso, nas palavras de solidariedade deve-se encontrar a razão da revolta necessária.
Afinal, a vergonha em ser feliz sozinho é uma atitude de amor aos homens, e gesto de luta em todas as dimensões.
É ainda o eixo de uma recusa à eternidade bem-aventurada e distante da comunhão com toda a humanidade.
(Caos Markus)
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
SEXTA-FEIRA, 28 DE SETEMBRO:PRISMAS REVOLUCIONÁRIOS"
Duas são as possibilidades de analisar os movimentos revolucionários: como processos históricos e enquanto processos psicológicos.
Sob o primeiro prisma, a 'revolução' apresenta-se caracterizada por um período mais ou menos longo da história de um povo, durante o qual se produz uma sucessão de modificações na sua organização político-social, alterações consequentes da tomada do poder por minorias ousadas; ou mesmo por individualidades dotadas de grande força persuasiva sobre as massas; que, com um programa de ação relativamente bem definido no aspecto destrutivo e ainda obscuro no construtivo, tentam inovar na marcha da rota histórica, sempre suscetível de mudanças de direção, de inumeráveis dificuldades e, o mais grave, de revoltas sangrentas e de severas penalidades para uma ou mais gerações.Sob o aspecto psicológico, contudo, a 'revolução' é algo completamente diverso.
No caso, trata-se de uma crise existencial do espírito humano, da alma universal que, sentindo-se angustiada face a progressiva não correspondência entre seus anseios e suas conquistas, decide desnudar-se e libertar-se das estruturas e organizações inconvenientes e opressoras, para então, só e livre, perceber-se capaz de refazer sua personalidade autêntica e acertar o caminho a conduzí-la à paz interior tão desejada.
Se para o historiador uma 'revolução' é explicada como um problema de ordem pública, de intervenção no Estado e na sociedade, guarnecida por algumas datas marcantes e por disposições temerárias, já ao psicólogo é referência de uma fonte inexaurível de problemas e um abundante manancial de experiências convertidas, se aproveitadas, em incalculáveis ensinamentos.
Em comum a ambos, quer do ponto de vista histórico, quer do psicológico, íntimo é o sentido de uma 'revolução', qual seja, a consciência de um inadmissível desequilíbrio.
(Caos Markus)
domingo, 9 de setembro de 2012
QUINTA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2012: "CONEXÃO DIALÉTICA"
O marxismo não teme, conforme o contexto, evocar uma racionalidade, uma concepção positivista da ciência, ou até mesmo um irracionalismo voluntarista da violência, em teorias que se aliam à técnica totalitária da tomada e da conservação do poder, ou seja, à recondução da dominação.
Em antagonismo a uma história deduzida diretamente do conceito do materialismo histórico, sugestiva é a proposta de resgatar uma outra história, na qual as sequelas do sofrimento do passado permaneçam presentes em seus feitos.
A tradução do sofrimento em concepções universais e abstratas torna-o sem voz, desprovido de significado. Não se trata da piedade piegas de um suposto revolucionário qualquer, mas sim da real compaixão. É, então, o verdadeiro revolucionário compreendendo a conexão entre compaixão e política.
Aquele, ao contrário, exalta o sofrimento do povo e, ao mesmo tempo, o submete à mais cruel repressão.
Se a compaixão é um compadecimento, a sua efetiva identificação se perfaz com a angústia do indivíduo face o sofrimento alheio. Porque a compaixão encontra sua força no fato de estar unida a um ser particular, único, não podendo, assim, ser generalizada. Ela é uma tristeza que reconhece e compartilha o mesmo sofrimento dos demais, sendo levada, portanto, a querer o seu próprio fim.
A emancipação não é possível em termos gerais, tão-somente. Diversamente, pela compaixão, surge a liberdade do indivíduo, na medida em que é nele que se concentra o conflito entre a autonomia da razão e as forças obscuras e inconscientes que invadem esta razão.
(Caos Markus)
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