(Marcus Moreira Machado)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
QUINTA-FEIRA, 18 DE FEVEREIRO DE 2010:"EM SITUAÇÃO DE RISCO"
"Menor " é tamanho, não é "identidade". "Abandono" é "desprezo".
Não há, pois, que se falar em "menor abandonado", a traduzir uma realidade oculta sob o estigma da miséria sócio-econômica e seu maior reflexo, a indigência cultural. O rótulo "menor" propõe um binômio no signo da discriminação e do preconceito - "pobre-delinquente". Nessa ótica pejorativa, a criança e o adolescente oriundos das classes sociais de menor poder aquisitivo ( ou menos sem nenhum ), conseqüência que são de uma "sociedade" cínica e hipócrita, são verdadeiramente como que expurgados do processo civilizatório, e, assim, por permanecerem à margem, na periferia desta mesma comunidade, e por não terem com ela quase nada "em comum", previamente são compreendidos como marginais. Também aqui s expressão adquire duplo sentido, prevalecendo o mais vulgar com denominação de algo parecido com um "bandido mirim".
Ora, se é verdade que o indivíduo colhe o que semeia, essa premissa também vale para o coletivo. Então, varrer agora a "sujeira" para debaixo do grossa tapete a qual resta a "lama" da conivência dos poderosos, é não admitir o mais óbvio: a nação brasileira, hoje degradada, investiu tão somente nos privilégios de determinadas castas, através de governantes "menores" e "abandonados", na inércia típica dos que por cultura entendem exclusivamente um óleo de Picasso ou um longa-metragem do "cult" cinema de vanguarda. E, imotivadamente perplexos, significativa parcela dos ditos "homens públicos" quer reconduzir os "meninos infratores" ao caminho da "moral e dos bons costumes". Mas, como reconduzir, se mal educados ( e entenda-se "educação" pela correta expressão do vocabulário, em sua origem latina - "educare", significando "conduzir") têm sido crianças e adolescentes pelo país afora?! Afinal, não tem sido "conduzido" imensa legião de brasileiros, desde a mais tenra idade, à uma moral paralela, à um código alternativo - o da sobrevivência pela "seleção" da própria éspecie, numa absurda interpretação darwiniana?!
Tutelados de maneira torpe por um Estado que perdeu a sua razão de ser, dominados pelo populismo demagógico e seus planos "assistêncialista" baseados farta distribuição das "sobras" de riqueza nacional, crianças e adolescestes são hoje um "excedente" que, ou se "exporta" pela adoção de famílias substituídas nos países do erroneamento denominado primeiro mundo, ou se "consome" no vazio das propagandas oficiais e oficiosas salvacionistas, ou, ainda,, se recicla no lixo na escória social.
É a reedição do "O médico e o monstro", onde o "criador" já não se sabe o que fazer com a "criatura", temeroso daquilo que lhe foge ao controle. É o Estado semeando a injustiça e colhendo a corrupção da sociedade, é a "menoridade" da cultura pátria assustada com a "maioridade" das seqüelas de um projeto nacional voltado para a segregação. É a lei da causa e efeito.
Cuidar da dor de cabeça com aspirina, em menosprezo da causa desse sintoma, é procedimento paliativo, sem comprometimento com um correto diagnóstico. E, no caso, a sociedade, enferma, não obstante saiba identificar a natureza da sua moléstia, faz opção pelo isolamento, pela quarentena, como débil medida terapêutica. Assim, o confinamento institucional é o remédio homeopático ministrado ao agonizante e falido sistema político-econômico, utilizado mais como eutanásia que por profilaxia.
Este país um eterno "chá das cincos", não poderá mais fofocar assunto tão sério como é o pertinente à tutela como defesa dos direitos (e deveres) da criança e do adolescente assumir o pesado ônus da sua falência próxima . Porque, se um "menino de rua", a viver de delírios febris, á a maior representação da nossa caótica estratificação social, também é na rua, cheirando o odor acre da sua alienante "democracia", que vivem um também jovem, menor e abandonado: o Brasil.
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