REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 15 de dezembro de 2012
TERÇA-FEIRA, 25 DE DEZEMBRO DE 2012:"REVOLUCIONÁRIOS OU ILUMINADOS"
Resguardado, o caráter revolucionário adota fórmulas de salvação que, assim entende, erradicará os males que permeiam a sociedade. Mas, convencido do seu fracasso na aplicação prática de tais métodos, sabendo impossível a sua realização pelas atitudes isoladas e em respeito à lei, declara um novo mundo a partir do comportamento sugerido em protesto a experiências individuais, somado a idéias mais abstratas alcançadas por leituras, assembléias ou propagandas político-filosóficas. Dessa forma, na fase inicial da formação revolucionária, coexistem medidas de ordem geral - sempre utópicas - e medidas de cunho pessoal.
Diferenças essenciais, separam o indivíduo insatisfeito do rebelde, e este do revolucionário. O primeiro tem a característica do constante mau humor, criticando a tudo e a todos; o segundo vive para protestar as convenções; o terceiro não convive com nenhum regime social, por julgar-se condenado ao martírio, pela redenção da humanidade, enfim, por seu caráter universalista, onde acredita-se um mensageiro divino. Ao revolucionário não basta reformar a sociedade; quer ele ser o criador de uma outra, para o que precisa demolir as estruturas da anterior. Como um “Deus”, tem o destino traçado para a humanidade, ainda que nem todos queiram o beneplácito das suas inumanas concepções. Mais que obstinado, o revolucionário é escravo da necessidade de se fazer justiça. Aliás, injusto é, para ele, tudo aquilo que se contrapõe ao seu particular ideal de justiça.
Quando, porém, esse indivíduo se dá conta de suas limitações, corre ao encontro de um grupo com o qual possa partilhar seus magnânimos propósitos.
É nesse momento que trai os seus princípios, adotando, então, dentro de uma hierarquia organizacional, normas de conduta que nada diferem das observadas em instituições convencionais, objeto permanente de sua ação devastadora. Esse ordenamento próprio possibilita-lhe a manutenção de sua qualidade de “libertador”, resguardado de quaisquer opiniões adversas à sua nobre causa, pois que conquistou o ápice de seu magnificente projeto, e, agora, na posição de “líder”, fala em nome da emancipação do povo oprimido. O “iluminado” passa a ser o representante máximo das massas, fortalecido e protegido pelo prestígio do clã. Inaugurada a nova “instituição”, o próximo passo é a conquista do poder, quando a distância entre a atuação aparente e a real chega a seu auge. A cristalização dessa última instância em tudo espelha similaridade com o regime que se pretende depor, revestindo-se, inclusive, de feições partidárias, com plataforma política e programa de governo. Está moldado, de vez, o caráter revolucionário, a estabelecer os desígnios dos miseráveis
(Caos Markus)
SEGUNDA-FEIRA, 24 DE DEZEMBRO DE 2012: 'DESTINO REFLETIDO"
Vivemos hoje naquela na chamada "fase psicossocial", baseada num sistema de transmissão de experiência e cultura cumulativa que se reproduz e se modifica por si mesmo. Dessa forma, como um "prolongamento da evolução biológica" há que se considerar a própria evolução cultural. Assim, pois, é o homem impelido pela idéia que ele mesmo forma sobre o seu futuro. A impressão de que a evolução da vida era dirigida do exterior é agora substituída pelo surgimento da consciência criadora no espírito humano. E, é por meio da própria reflexão humana que deve prosseguir a evolução de nosso mundo.
Certamente, uma ciência intermediária entre a lógica e a psicologia concentra os seus esforços nos estudos da vida psíquica e seus conteúdo.
Com o aparecimento da reflexão, o pensamento humano se desenvolve intensamente, assegurando, então, a sequência da criação no homem como fundamento e fonte da consciência reflexa, do infinitamente ordenado. Naturalmente, enquanto aos animais resta apenas um único caminho predeterminado, já ao ser humano é possível, pelo livre arbítrio, evoluir segundo a sua própria vontade. Por depender essa evolução do comando responsável, esse processo passa do estágio do 'não-consciente' ao do 'consciente', criando nesse mesmo homem o seu dirigente próprio.
DOMINGO, 23 DE DEZEMBRO DE 2012: "ASCENSÃO SOCIAL EM PROMOÇÃO"
Muita gente anda se vendendo em baixa na cotação da auto-estima. Uma subespécie de inflação, é o que parece; o valor nominal da dignidade individual está defasado, e valor real nem se cogita. É dessa forma que órgão público virou entidade filantrópica, assistência social, caridade a que se agradece como o faz o mendigo por um prato de comida. Por isso esse péssimo hábito de se fazer de coitado para merecer o resto de comida; por isso essa coisa idiota de chamar de "doutor' qualquer um que esteja de traje esporte fino, na esperança de sobrar algum.
A miséria da república lotérica conseguiu fazer da outrora pirâmide social duas retas paralelas entre si, dando a impressão, própria à ilusão de ótica, de que nobreza e vassalagem caminham agora definitivamente juntas, encontrando-se ao final num só ponto de convergência. No caso, seria mais prudente olhar as múltiplas facetas do poliedro, ao invés de apenas observar os dois lados da mesma moeda. Porque, cara ou coroa, a moeda ainda é do rei, tanto faz, tanto fez.
Entre nós, ao ouvirmos as palavras "Não vim trazer a paz à terra, mas a luta. Quem não for por mim, será contra mim", atribuimos sua autoria a algum cântico gregoriano-panfletário de esquerda, nessa que insiste em ser a nossa vocação para tudo imitar.
'Imitar' é muita lisonja; mais corretamente deveríamos entender "papagaiar". Mas, tudo bem, dizem sempre que o Brasil é um país de contrastes em sua enorme extensão territorial, um país continental. E isso não podemos negar, Afinal, aqui convivem 'convergentes', 'divergentes' e 'emergentes' que seguem a mesma rota: a falsa ideia da ascensão social em promoção nos shoppings e magazines das cidades cujos mandatários ufanam-se disso que chamam "progresso".
'Ô! doutor, tem uma moedinha aí?'
(Caos Markus)
SÁBADO, 22 DE DEZEMBRO DE 2012: "O GERAL NO PARTICULAR"
Máximas admitidas por definitivas, mas que porém menosprezam “desordem natural” de uma cultura como a nossa, a brasileira, estarão sempre fadadas ao desparecimento precoce . Aliás , num período como o atual , marcado por uma profunda crise social e econômica, quando satisfazer os prazeres mais imeatos e fundamentais é a conduta próxima e comum a tantos quantos procurem ocultar a formidável depressão existencial a atingir toda a sociedade , torna-se impossível alguma concepção baseada em conhecimentos cuja profundidade negue o sentido de extensão pelo acúmulo e pela sucessão de instantâneos , pela soma , enfim, de ideologias e representações fragmentadas no tempo, mas reunidas na diversidade própria ao conhecimento inatingível , porque infinito.
Muito provavelmente, a revisão constante será o reconhecimento de que processo ocorre sempre por etapas, em admissão de fatos e circunstâncias supervenientes e imprevisíveis . Daí a sabedoria de quem possa identificar na multiplicidade o valor do conjunto, percebendo e respeitando igualdades , e promovendo diferenças de maneira tal a individualizá-las como característico como determinante de uma dada categoria de pessoas.
Eis, talvez, o maior pecado das elites neste país: generalizar. Porque temos um único idioma, em tão vasta extensão territorial que é a nossa, não separados por dialetos regionais nem divididos sustancialmente por disputas étnicas, a falsa ideia de um singular “universalismo” tem sido o substrato para políticas globalizantese inaptas a enxergar o elemento determinante da nossa evolução ,ou seja, a “mestiçagem” e os seus frutos ou as suas expressões aparentemente impregnadas de indensatez - as culturas várias, os múltiplos estilos, a pluralidade da “linguagens” .
Pretende-se aqui - -e, via-de-regra, no mundo todo - - a uniformização como resposta aos anseios da sociedade. Ora, se nem angústias podem ser padronizadas , certo que nem as suas origens e causas nem as suas manifestações se apresentam de forma única, como crer em projetos de governo insensíveis à prolixidade de um povo como o nacional ?
(Caos Markus)
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
SEXTA-FEIRA, 21 DE DEZEMBRO DE 2012: "BANCOS, UM JOGO DE CASSINO"
Não quero progresso. Não esse progresso a evoluir o dinheiro alheio nas mãos de uns poucos tecnocratas. Não esse progresso, pretexto para atrair o capital minguado dos desafortunados; não esse progresso a iludir a fé pública e a alimentar sempre mais a inflação.
Longe de mim as maravilhas eletrônicas dos sistemas informatizados que invariavelmente vivem a cair, exasperando clientes que de seu só tem o escorchante salário para administrar. Clientes preferenciais, cliente “mil” estrelas a se apagarem uma a uma, sempre que os privilégios da instituição bancária estão em alta (e sempre estão). Para que desfrutar da poupança e de seus rendimentos, quando na verdade isso nada mais significa do que a rendição dos que nada possuem para os verdadeiros proprietários - financistas e especuladores! É bem assim: eu poupo para que outros especulem.
Sou forçado a pensar na legalização dos cassinos. Pois, as instituições bancárias, ao que parecem, não têm outra coisa a fazer senão jogar com o dinheiro de cada um de nós. Para isso, usam e abusam das técnicas de marketing, para que o azar esteja, infelizmente, de nosso lado. Dado viciado, carta marcada, a roleta é do banqueiro que, não satisfeito, tem o displante de afirmar que nós gostamos de fila e somos viciados em inflação e recessão.
Banqueiros e bancários têm algo em comum: crêem na sua missão salvadora de administrar os nossos salários, os nossos vencimentos, os nossos rendimentos. Corretores que não são, respaldados em cláusulas leoninas a inferiorizar todos os que não têm e se vem forçados por isso a entregar-lhes uma decisão sempre unilateral. Verdadeira roleta russa, fulminando não o atirador e sim as cobaias em que se tornam os compulsoriamente correntistas de uma agência bancária. Afinal, com tanta gente no banco, é sinal de que a oferta anda menor que a procura, o suficiente para refrear a demanda. Até quando?!
(Caos Markus)
QUINTA-FEIRA, 20 DE DEZEMBRO DE 2012: "POLÍTICA TRÊS POR QUATRO"
Brasileiro que é brasileiro adora discurso - ouví-lo e fazê-lo. Temos esse dom dos artistas, a criatividade, a verve. Se assim não fosse não seríamos tão imaginosos na assimilação da compulsória convivência com duas moedas simultâneas, desafiando leis básicas da Economia e fundamentais preceitos constitucionais. E, por isso tudo e mais um pouco, buscamos purpurina e muito brilho, bastante longe do mínimo tamanho reservado ao formato três por quatro da propaganda eleitoral, onde a imaginação foi suprimida, dando lugar a instantâneos que apenas traduzem um sobrehumano esforço no sentido de convencer a platéia.
Se há algo de admirável no norte-americano é, certamente, a sua inegável democracia interna. Os gringos não se envergonham de ser lobistas, quando isso deva ser o mais correto e sincero num político. Cá entre nós, o mesmo procedimento é condenado como conduta desonesta. Um absurdo! O parlamento não deveria existir se não existisse para grupos exercerem pressão uns sobre outros. Negar essa sistemática é ser o verdadeiro populista demagogo: aquele que não assume a benéfica qualidade de corretor dos interesses nacionais, vendendo o seu peixe por um bom preço, não é político, porque não sabe o que é 'polis'. E, no caso, todo bom político-corretor (ou lobista) necessita de espaço, como qualquer outro camelô que na Praça da Sé expõe e vende o seu artigo colocando a boca no trombone. Eis o desafio: informar e formar opiniões.
Diante de tanta pretensão descabida, os candidatos a alguma coisa por esse país afora não conseguiriam nem um trocadinho se dependessem de sua 'arte' para ganhar a vida, como fazem alguns repentistas no Nordeste brasileiro ou alguns negros nos subúrbios novaiórquinos. De ôlho no texto, via de regra esses candidatos mais parecem um bando de estrábicos, com a visão dividida por entre as extremidades da telinha da tv, perdendo toda a espontaneidade, mal acostumados com aparições mais próprias aos atores e jornalistas.
Mal produzidos, mal dirigidos, os candidatos a ator televisivo morreriam de fome não fosse a oportunidade de também se mostrarem nos chaveirinhos, canetas, bóttons e uma infinidade de bugigangas do tipo 'é de graça eu também quero'. Sozinhos no picadeiro, esses artistas mambembes são arrelias de pouquíssima bilheteria, co-produzidos pelo zelo da falsa democracia que pretende dar a ilusória igualdade de oportunidades a petistas e dentistas, a enéias e centopéias.
Essa ideia meio socialista de querer acreditar que todo homem é igual impregnou legisladores e juristas pátrios!
Essa visão esteriotipada coloca num balaio de gatos atores da megalomania e neo-colonizadores do ideário nacional. Se com tanta parafernália outra meia dúzia de gatos pingados tem mesmo o que mostrar à nobreza do nobre horário, imediatamente sucumbe à sonoplastia sofrível de 'jingles' sem inspiração, de respiração ofegante a cada pausa dos discursos concretistas. Marchinhas cederam a 'raps' de sarjeta no esgoto do esgotamento cívico da incivilizada nação brasileira, lombardis e cidmoreiras de alto-falantes rodoviários disputam barulho com o contra-regras.
Raríssima oportunidade de assistirmos a um bom tele-teatro... ... E mais mediocridade! Tem-se a impressão de estar numa sala dos milagres, com retratinhos mil, todos espalhados e criando um cenário de pagador de promessas.
Nem nós nem eles merecíamos essa pobreza, já tristes que estamos em meio a tanta miséria insistente em fazer desse povo um outro triste espetáculo!
(Caos Markus)
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
QUARTA-FEIRA, 19 DE DEZEMBRO DE 2012: "A MENTIRA E A MÁ-FÉ"
A mentira supõe aquele que mente, o enganador, e a vítima da mentira, o enganado.
O enganador é sabedor daquilo que está escondendo, ele é consciente daquilo que está encoberto, ao passo que o enganado é totalmente ignorante do conteúdo encoberto.
A má-fé é uma conduta em que a consciência nega a si mesma, e ao negarse, a consciência deixa de ser nada de ser para ser, o que caracteriza um paradoxo, pois ela é pura indeterminação.
Não se pode, ao mesmo tempo, conhecer e desconhecer, ou seja, uma pessoa não pode exercer, concomitantemente, os papéis de enganadora e enganada.
Assim, mentir para si mesmo e má-fé não são a mesma coisa, pois isso só seria possível se a pessoa não fosse conhecedora do aspecto que quer negar de si mesma.
(Caos Markus)
TERÇA-FEIRA, 18 DE DEZEMBRO DE 2012: "O ESPETÁCULO DO SILÊNCIO"
Quem disse que "é verdade mas não se pode dizer"?! Eu quero clamar no deserto, pois que um oásis existe e está bem mais próximo de que se possa imaginar; está ali, onde alguns homens plantaram "a semente do carvalho para o abrigo ao futuro". Eu quero exclamar o meu fascínio por todos aqueles que "lavram para o seu país, para a felicidade de seus descendentes, para o benefício do gênero humano".
Sancho Pança não enxergava os mais de trinta insolentes gigantes que só o nobre cavaleiro avistava. No entanto, era por demais fascinado pela loucura para renunciar ao cargo do fiel escudeiro. Talvez somente ele entendesse que lutava o seu amo por outras coisas além de gigantes ou moinhos de vento. Pois, não haverá também a glória de uma outra magnífica vitória que devemos perseguir? Não estaremos todos predestinados a nobres propósitos em incomparável jornada? Certamente, a dissolução em que nos encontramos é transitória; não é fadário o desaparecimento de um povo corroído pelo aviltamento; a sua recuperação será mais breve se mais rapidamente bradarmos o nosso descontentamento.
Por que silenciar quando muitos estão taciturnos, ou delirantes no consumismo da Sociedade do Espetáculo? Ou, será, o silêncio deva ser também espetacular? Eu sei que muitos de vocês não podem falar, e não podem porque acreditam que um novo modelo de automóvel ou um computador de última geração são o suficiente para garantir a felicidade do paraíso terrestre. Porém, muito mais que eu mesmo, cada um de vocês está infeliz com o que tem, justamente porque não tem a liberdade de dizer um "não". Então, à maneira de Robert Ingersoll, eu direi: "Resolvi dizer o que tenho em mente. Fá-lo-ei branda e claramente; mas o farei. Sei que existem milhares de homens que na essência concordam comigo, mas que não estão em condições de exprimir seus pensamento. São pobres; estão metidos em negócios; e sabem que se disserem o que honestamente pensam, certas pessoas lhes recusarão o patrocínio..."
(Caos Markus)
SEGUNDA-FEIRA, 17 DE DEZEMBRO DE 2012: "A RAZÃO CALADA"
Quem foi que disse que eu não devo falar? Por que eu seria obrigado ao silêncio da conveniência? Já passei toda uma infância e juventude observando e assimilando a indignação e a perplexidade dos mais velhos, traduzida por uma "indiferença" estratégica, ou, muito mais que isso, uma dissimulação frente à ditadura a que estivemos todos neste país submetidos. Agora, é com muita amargura que me observo envolvido por cenas de mais formidável tragédia, por um caos que até Zoroastro não desejaria, pela barbárie consentida e estimulada!
Todo esforço para ser feliz parece insignificante, inútil. Eu falo dessa felicidade que não depende das pessoas a quem a gente ama, que não se completa com o amor que sinceramente nos dedicam. Eu falo da felicidade de francamente podermos vislumbrar uma nação governada pela tradição de comuns aspirações; é de um povo vivendo sob a perspectiva de uma pátria auspiciosa de que eu falo. Basta de tanta dissimulação, chega de inútil pranto pela morte imediata de milhões de almas vítimas da sofreguidão!
Quem ainda espera uma guerra civil entre nós, não mais deve alegar inocência. A convulsão social é sinal da indefectível reação à miséria generalizada a que estamos reduzidos. Não mais que isso - somos, no mínimo, cúmplices da nossa própria sentença de morte. Ironicamente, contribuímos na construção do patíbulo de nosso suplício. O odor acre da carnificina suspende a respiração; impregnados de maldade, marchamos rumo à fatalidade, corroídos pelos vermes da desgraça.
Quem foi que disse que eu devo me calar? Ao contrário, eu quero gritar na esplanada, no desfiladeiro, nas salas secretas das reuniões conspirativas que enodoam o espirito e aviltam a razão! Embora não me caiba a fantasia justa de um fiel mosqueteiro, ainda que eu não seja um imaginoso fidalgo perambulando pela aldeia de Mancha, busco - como em Cervantes - um hino em louvor da fantasia e da força poética fundamental da alma humana. Num país onde parece não haver mais lugar para a bondade e a pureza é preciso admirar o delírio, até também admitirmos: "A razão da sem razão que à minha razão se faz, de tal maneira a minha razão enfraquece que com razão me queixo de vossa formosura...".
(Caos Markus)
DOMINGO, 16 DE DEZEMBRO DE 2012: "QUSE SOMOS"
Por que essa idéia fixa de que o presente é tão marcante e passará, inevitavelmente, para a posteridade? Somos todos incapazes de lembrar que o pretérito sempre foi conjugado no futuro. E queremos acreditar que o último, o mais recente golpe é o derradeiro e o decisivo. Nada é definitivo, isto sim, como nada é definido, com certeza. Mas, não! tolos que somos enxergamos o auge naquilo que ainda é o primeiro passo, tanto quanto professamos o apocalipse no que não passa de um tumulto. É a ansiedade típica do homem, onde tudo deve sério e grave por existir.
Nessa linearidade, tornamo-nos visionários de fatos corriqueiros, na defesa intransigente da arrogância peculiar à nossa pequenez. Pois, então, tudo prometemos: o que os outros não cumpriram e o que também não cumpriremos. Um caminho curto para a discordia, e todos discordando por pura retórica. Alternadamente, pessoas, grupos sucedem-se uns aos outros na prerrogativa da verdade inconteste; simultaneamente dizem as mesmas coisas em linguagens aparentementes diferentes, uns acredianto que agora é a sua hora e a sua vez, outros na pausa dos que em breve estarão de volta. Não entende-se quem realmente já esteve e se já esteve; não se sabe quem retorna e se retorna mesmo. Ou, quase somos.
Muitos, qual mariposas, gravitam em torno da ofuscante luz do poder. Há os que pretendem irradiar luz própria, clareando a caminhada de quem almeja mas não sabe respirar mas aliviado. Há outros, aqueles que viram arcos-íris e vestem-se de camaleão, no inverno crepuscular das gentes opacas. Que diferença substancial pode distinguir este que assume um governo e aquele que o deixa? Nenhuma. Somente um lapso de tempo os separa, pois que nos bastidores se revezam em protagonista e figurante, a apresentarem a peça que os aplaudirá, a assistida por uma platéia que jamais perde uma encenação do seu próprio enredo. Quem deixou o segundo ato no pano de fundo, prepara a nova maquiagem do "avant-premier"; quem volta nunca se foi. Se não parece assim é porque o trabalho do contra-regras ilude, em sons mixados, os discursos escritos pelo único autor - o povo. Mas, o povo...! O povo não percebe a troca de cenário, habilmente manipulada para o show continuar. Entre ovações e apupos, êxtase e delírio, pranto e gargalhada, dá o povo o colorido do moto contínuo.
(Caos Markus)
SÁBADO, 15 DE DEZEMBRO DE 2012: "A DOR DO DÓ"
A DOR DO DÓ
Eu morro de dó dos negros; eu morro de dó dos palestinos; eu morro de dó de mim mesmo, que não sou nem negro e nem palestino. Eu vivo morrendo de dó de criança pobre e abandonada, jogada nas esquinas dos comerciais de televisão, e sempre prontas para o prato cheio da caridade humana. Que pena eu sinto da tristeza que me fazem sentir a vida mais real de todas as novelas e os seus personagens assim tão cheios de humanidade!
Não sei mesmo o que posso fazer para melhorar o mundo, já pelo que parece ele não existe para ser melhorado; tem-se a impressão que tudo precisa ser do jeito que é, ou da maneira que inventaram de ser. Sentir dor - grande ou pequena, verdadeira ou não / é o que resta para tanta gente que como eu não faz mais nada que sentir.
Recheando de indignidade, eu caminho no apocalipse que jamais virá, porque todo dia é um pouco. E nesse recheio o meu espanto é que eu ainda continue tão pasmo com tanta coisa feita só para pasmar. Pois, se esse é o enredo, que eu já conheço de cor, para que aceitar o papel de coadjuvante mal remunerado? Deveríamos, então, decidir pelo decidido e mudar de lado, só para não sofrer o sofrimento alheio? Teríamos, de verdade, essa aparente capacidade de imaginar que o ser humano vale a pena, porque também o somos? E quem disse que todo mundo é igual, ou que tenha que ser? Hein?!
Se eu continuar morrendo de dó, chorando pela carinha triste de tantos holocaustos, o que vai ser de mim? Não é disso que precisa a humanidade? De algo e de alguém para chorar? Não prefere ela o luto do que a eterna felicidade prometida?
É muito fácil chorar. É muito mais convincente chorar. É muito mais crível ser mocinho. Todo mundo acredita, porque precisa acreditar, e porque não pode crer em Hobbes, e porque crer em Hobbes seria suicídio são. A insanidade deverá ser, assim, afastada como primeira hipótese, já que não haverá outra alternativa para tanto medo de si mesmo, para tanta covardia.
Quanto dó do mal que nós mesmos ajudamos a praticar!
(Caos Markus)
Eu morro de dó dos negros; eu morro de dó dos palestinos; eu morro de dó de mim mesmo, que não sou nem negro e nem palestino. Eu vivo morrendo de dó de criança pobre e abandonada, jogada nas esquinas dos comerciais de televisão, e sempre prontas para o prato cheio da caridade humana. Que pena eu sinto da tristeza que me fazem sentir a vida mais real de todas as novelas e os seus personagens assim tão cheios de humanidade!
Não sei mesmo o que posso fazer para melhorar o mundo, já pelo que parece ele não existe para ser melhorado; tem-se a impressão que tudo precisa ser do jeito que é, ou da maneira que inventaram de ser. Sentir dor - grande ou pequena, verdadeira ou não / é o que resta para tanta gente que como eu não faz mais nada que sentir.
Recheando de indignidade, eu caminho no apocalipse que jamais virá, porque todo dia é um pouco. E nesse recheio o meu espanto é que eu ainda continue tão pasmo com tanta coisa feita só para pasmar. Pois, se esse é o enredo, que eu já conheço de cor, para que aceitar o papel de coadjuvante mal remunerado? Deveríamos, então, decidir pelo decidido e mudar de lado, só para não sofrer o sofrimento alheio? Teríamos, de verdade, essa aparente capacidade de imaginar que o ser humano vale a pena, porque também o somos? E quem disse que todo mundo é igual, ou que tenha que ser? Hein?!
Se eu continuar morrendo de dó, chorando pela carinha triste de tantos holocaustos, o que vai ser de mim? Não é disso que precisa a humanidade? De algo e de alguém para chorar? Não prefere ela o luto do que a eterna felicidade prometida?
É muito fácil chorar. É muito mais convincente chorar. É muito mais crível ser mocinho. Todo mundo acredita, porque precisa acreditar, e porque não pode crer em Hobbes, e porque crer em Hobbes seria suicídio são. A insanidade deverá ser, assim, afastada como primeira hipótese, já que não haverá outra alternativa para tanto medo de si mesmo, para tanta covardia.
Quanto dó do mal que nós mesmos ajudamos a praticar!
(Caos Markus)
SEXTA-FEIRA, 14 DE DEZEMBRO DE 2012: "A FAVOR OU CONTRA"
Inquestionável, a cepa se forja pela Educação, e essa, em consonância com a raiz latina do vocábulo, não é outra coisa senão “conduzir”, compreendendo-se, pois, a maior ou menor maturidade de uma nação a partir dos propósitos que a conduzem.
Pois bem, sempre fui um crente nessa acepção, quase mesmo um devoto, buscando difundir entre os meus alunos a importância, a grandeza de uma sociedade sustentada no conhecimento ilimitado, no saber humilde na reflexão constante e no questionamento como verdadeira propulsãodo progresso humano. Trata-se de nunca permitir o desaparecimento daquela que eu, particularmente, venero e chamo de “A Idade do Por Que”, isto é, a fase em que a criança de tudo quer saber, não se contenta com meia-resposta, e aprimora seu poder de indagar, esmiuçando, com que a dissecar em infinita multiplicidade a seções de um ordenamento aparentemente rígido, inflexível , imutável.
Assim sendo, dei ouvidos a um aluno que me perguntava: "-Professor, você é a favor da pena de morte?".
Diante da minha resposta desfavorável à pena de morte, ele, um tanto indignado, redarguia aquilo que imaginava ser contra-senso da minha parte: "-Como eu poderia pensar dessa maneira, logo eu que aparentava ter uma mente aberta, não condicionada pela moral de uma sociedade, massacrante e hipócrita?”.
Lembro-me de que respondi, inicialmente devolvendo-lhe eu também uma pergunta: "-E você, meu caro é contra ou a favor do aborto?".
Ele me respondeu: “-Mas, é lógico que sou contra o aborto! Ninguém pode tirar a vida de ninguém!”.
Como o aluno não se desse conta de sua própria resposta, eu pude acrescentar: “-Mas se você é a favor da pena de morte e ao mesmo tempo contra o aborto, como é que fica? Quer dizer, você deixará uma criança nascer, crescer, e depois, se essa criança se tornar um delinquente, você decretará a pena de morte para ela? De quem é o contra-senso?! Meu ou seu?!! Então, por que você não 'mata' essa criança de uma vez, impedindo-a, através do aborto, de nascer?".
Meio confuso, não se deu por vencido (o que achei ótimo). E me lançou de supetão uma nova pergunta, dessa vez um tanto acusativa: “-Quer dizer então que você é a favor do aborto?”.
No que eu respondi: “-Quando eu lhe disse que era contra a pena de morte você não me denunciara por uma resposta que não sabia de antemão qual seria. Agora, de fato, você pretende ter como resposta juntamente aquela que lhe seja favorável, para não precisar reconhecer a sua incoerência diante da fragilidade dos seus argumentos. Se eu lhe responder que sou favorável ou contrário ao aborto, tanto faz tanto fez. Não quer é admitir: você nunca tinha verdadeiramente refletido sobre temas tão controvertidos, aceitando então, pelo mesmo condicionamento social recriminado, o preconceito a respeito da suposta validade da pena de morte".
Naquela noite, eu fiquei sem meu precioso cafezinho do intervalo.
(Caos Markus)
QUINTA-FEIRA, 13 DE DEZEMBRO DE 2012: "PERMANÊNCIA"
Quando você diz que vem,
para mim já chegou.
Quando chega,
para mim jamais esteve ausente.
Quando está distante,
(Caos Markus)
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
QUARTA-FEIRA, 12 DE DEZEMBRO DE 2012: "INCAPAZ"
A maior parte das pessoas só se "sensibiliza" com o que é trágico.
Mas é incapaz de enxergar no seu próprio passo o caminho por onde outras tantas pessoas também passam.
(Caos Markus)
TERÇA-FEIRA, 11 DE DEZEMBRO DE 2012: "A REALIDADE DO DESEJO HUMANO"
A má-fé é uma tentativa frustrada de negar a liberdade, pois o ser humano só pode negá-la à medida que ele é livre. É por ser liberdade que o homem escolhe ser de má-fé, porque ele a escolhe como estratégia de 'fuga da angústia da decisão' e das consequências desta, ou seja, o homem quer negar, ao ser de má-fé, a responsabilidade, que é a condição básica da liberdade.
Trata-se de liberdade a supor ideia de movimento, visto ser o homem um processo permanente de constituição de si mesmo, que -enquanto tal- é livre para projetar-se, a todo momento, ao futuro. Assim, de forma a poder negar o presente, tanto quanto nega a si mesmo.
Esta liberdade orienta esse projetar-se na proporção em que, ao escolher uma dentre um sem número de possibilidades, o sujeito simultaneamente define o caminho a seguir para a constituição de si.
A busca inelutável em 'ser' explica a conduta da má-fé, considerando a necessidade do ser humano de atingir a sua essência, porquanto 'deseja ser' e, por conseguinte, almeja 'ter a estabilidade do ser-em-si'. Entretanto, isso é impossível: ter a estabilidade do 'ser-em-si' mais a consciência que o 'em-si' não possui. Por isso, o homem é uma paixão inútil, observado a sua cobiça fundamental -a de ser-, equivalente ao desejo de ser deus. Afinal, este último é, metafisicamente, o 'ser-em-si-para-si'. E, confirma-se, o homem jamais terá a sua ambição realizada.
(Caos Marcus)
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