Absurdamente, é admitida como correta uma abstração desprovida de justificado fundamento, atribuindo à palavra 'aluno' a noção de alguém 'sem luz', como se 'a' fosse prefixo de negação. A falha se apresenta pelo fato de 'a' ser um prefixo grego e não latino. Logo, essa explicação é um logro.
É indispensável verificar, grande parte das palavras na língua latina foram formadas por aglutinação de prefixos e sufixos (afixos) a um radical (raiz).
Em latim, o prefixo "a" indica 'movimento para', 'aproximação', 'na direção de' (abordar, apurar, arribar, arraigar, associar, assimilar). Por isso, ao se buscar outra explicação etimológica, fundada apenas na língua latina constata-se 'a' vinculado a "lumen", "luminis" (luz), ou seja, 'aquele que vai na direção da luz'. E como 'luz', metaforicamente, exprime 'conhecimento', aluno é o indivíduo a caminhar 'na' ou 'em' direção ao saber.
O pré-conceito ganhou vulto, desastroso, infelizmente, divulgado como vocábulo cuja acepção "não luz", ou "sem luz", foi forjado em etimologia levianamente ficcionada.
Ratificando-se, por derivação, é formado pelo prefixo 'a', significando 'negação', e pelo elemento 'lun', adulteração de 'lumen', 'luminis', manifestando 'luz'.
Trata-se, pois, de erro grosseiro, destituído de senso crítico e de espírito científico. Afinal, existente muito antes da era cristã,“alumnus” encerra, dentre outras concepções: ‘criança de peito’, ‘lactente’, ‘menino’; e, daí, ‘aluno’, ‘discípulo’.
Simplesmente, na correta etimologia, nota-se: "alumnus" deriva do verbo "alere", expressando 'alimentar', 'nutrir', 'crescer', 'desenvolver', 'animar', 'fomentar', 'criar', 'sustentar', 'produzir', 'fortalecer'.
Uma das consequências desse erro é a adoção da palavra ‘estudante’, em lugar de 'aluno', por professores universitários a quem igualmente o equivocado conceito foi "ensinado'.
Passaram a crer nele, sem a devida pesquisa na fonte segura, isto é, em dicionários respeitáveis e confiáveis de língua portuguesa e de língua latina. E, assim, seguem-no e adotam-no em sala de aula ou em outras áreas universitárias. Mais ainda, os professores a difundirem tal heresia são considerados, não raramente, absolutamente respeitáveis, detentores dos títulos de pós-graduados, mestres e doutores.
Contudo, em muitos cursos de mestrado ou doutorado, também assim é transmitido pelos 'professores orientadores', ou seja, empregar a palavra ‘estudante’, em lugar de ‘aluno’. Vários deles são conceituados pedagogos, palestrantes, inclusive, em cursos de treinamento.
Na própria língua portuguesa, a palavra ‘estudante’ não é sinônima perfeita da palavra 'aluno'.
Elas sequer possuem exata equivalência, o mesmo emprego. Não são usadas nas mesmas situações ou estruturas de frase. Resgatar a seriedade, a responsabilidade e a confiabilidade esperada de uma escola superior é algo inadiável.
Sob pena de perder o respeito e a credibilidade, a Universidade, como sede do saber científico, não pode adotar nem divulgar erros, inverdades, falsos conceitos.
Atuando dessa maneira, deixa de ser a instituição pluridisciplinar responsável pela formação dos quadros de profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano, a ela restando ministrar a ignorância graduada.
(Caos Markus)