REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
domingo, 24 de janeiro de 2010
DOMINGO, 7 DE FEVEREIRO DE 2010:"FAMÉLICO"
O Estado brasileiro decididamente não tem cumprido o seu papel democrático. Nele o bem-estar individual não é prioridade porque a ditadura política sobreveio a econômica, gerando o lamentável fenômeno social da fome.
Já Lin Yutang discernia as razões de um regime a consignar os objetivos deste ou daquele governo no panorama mundial: "Não se pode negar que do ponto de vista do Estado, organizado para a guerra e para a conquista, o totalitarismo tem tudo o que se diga a seu favor, mas do ponto de vista do indivíduo como a meta final visada pela civilização, e para o propósito de fluir as bençãos ordinárias da vida, ele não tem nada que se diga em seu apoio".
O Brasil, no caso, nem Estado tem, pois que , subjugado, é satélite artificial a orbitar na economia mundial voltada para o máximo lucro. "Nestes últimos anos, a era um tanto brutal da luta pelo lucro sem consideração pelo próximo vem se modificando, cada vez mais rapidamente, em direção a outra era social, na qual a liberdade, tanto política com econômica, começa a ser considerada como um direito inalienável de todo ser humano", ponderou Josué de Castro em seu magnífico ensaio "Geopolítica da Fome". Nosso país parece não ter sentido ainda a transição para a modernidade, onde a superação do tabu da fome assegure ao brasileiro a superior condição que deveria ter sobre os institntos. Não há que se falar, então, em Estado, quando nem se quer dominamos o problema comum a qualquer espécie sobre a terra, racional ou não, - a fome.
É o mesmo Josué de Castro quem adverte: "Foram fatores de natureza econômica especial que esconderam aos olhos do mundo feias trajédias como a da China, onde, durante o século XIX, cerca de 100 milhões de indivíduos morreram de fome, por falta de um punhado de arroz, ou como a da Índia, na qual 20 milhões de vidas humanas foram destruídas por esse mesmo flagelo, nos últimos 30 anos do século passado."
Que fatores na economia podem determinar a rendição do ser humano à barbárie da fome? Pois, vejamos. No presente século, em nome dos princípios da boa administração empresarial, a visar a maximização de seus lucros, os oligopólios, através de extensa multiplicidade de contratos particulares dividiram o mundo em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, conforme bem observou Kurt Rudolf Mirow, também ele uma vítima do que denominou "A Ditadura dos Cartéis". Ao Brasil faltou disposição em recusar o jogo que lhe foi imposto pela ordem econômica mundial, ditada segunda as normas restritivas dos cartéis. É oportuno verificar que "com a liquidação proposital de sua própria estrutura industrial, que os outros países cuidadosamente preservaram, o Brasil entregou seu destino as mãos de pessoas cujos os interesses de certo não coincidem com os seus e , vivendo há mais de 11.000 km de distância, comandam gerentes locais das corporações chamadas multinacionais os "local white help" brasileiros, e decidem a sorte e o bem-estar de nosso povo".
Então, é de se perguntar: quem ou o quê governa o Brasil? o Brasil é de fato governado ou é apenas administrado?
Vivemos constantemente ao senso comum, num reconhecível paradoxo: somos a nona economia do mundo, mas padecemos no estigma da fome. Contraditoriamente, à uma incipiente democracia interna sobrepõe-se um inequívoco "totalitarismo"multinacional. Aqui o favorecimento às corporações estrangeiras submeteu o país a execrável dependência, rompendo com o desenvolvimento auto-sustentado, outrora verificado, em que, por esforço próprio, indústrias sob o controle nacional fundamentaram a prosperidade nacional.
O escuso mundo dos interesses econômicos, a privilegiarem minorias dominantes, oculta as razões mais fortes da fome no planeta. A produção, a distribuição e o consumo do produtos alimentares, processando-se indefinidamente como puros fenôminos econômicos respondem mais positivamente aos exclusivos interesses financeiros dessas minorias. Mas, contrário disso, são, antes, fenômenos de alto interesse social, a merecerem especial cuidado e tratamento no princípio do bem-estar coletivo.
A manipulação da economia é hoje poderosa a arma na desestabilisação de regimes políticos, mais eficaz que a guerra convencional. O poder de fogo dessa arma moderna reside "utilização de níveis de preços inflacionários acordados" contra os que se "opõem aos anseios do grande capital internacional, organizado sob a forma rígidos cartéis".
Condicionar, pois, a emacipação econômica do Brasil (no que diz respeito ao combate à inflação) a mera boa vontade das partes envolvidas no processo de produção e de consumo é desprezar a necessidade de conhecimentos científicos na explicação do funcionamento da economia internacional, articulada através dos oligopólios. Desconhecer essa realidade é exigir otimismo de quem de início já joga pra perder.
(Marcus Moreira Machado)
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