Na psicologia, a interferência ideológica é bastante clara, sobretudo quando ela se relaciona com as estruturas sociais, desempenhando função cultural de destaque. Trata-se da prática portadora de natureza explicativa.
A cada dia mais, os psicólogos têm sido chamados a responder sucessão de demandas extrínsecas aos objetivos científicos da sua finalidade original. Agora, cumprem essa função cultural em meio à sociedade, apresentando uma compreensão nova do homem e do conhecimento; desenvolvida, sim, através de pesquisas reais. Contudo, também e principalmente, como efeito da vulgarização dessas pesquisas.
Afinal, homem contemporâneo tem uma imagem de si próprio à qual a psicologia não é estranha. Essa imagem (a forjada para o homem atual) responde à necessidade de adaptação do comportamento dos indivíduos aos objetivos de um sistema econômico, social, político e cultural.
Quer na prática psicológica aplicada ao segmento industrial ou escolar, individualizadamente; quer no contexto estabelecido mais amplamente em toda a sociedade; as funções de adaptação, de seleção, de promoção, e daí por diante, respondem, todas elas, a exigências que mesmo essa experiência rotineira não pode controlar ou criticar.
Há casos em que a limitação advém das imposições de ordem econômica; outros, de imperativos culturais. Em todos, contudo, essa prática é reduzida ao plano de um 'meio' dirigido a um 'fim' preciso, independente da própria psicologia. Equivale a dizer que se trata do uso da psicologia como um forte aliado no processo de condicionamento do ser humano. Enfim, a psicologia que "produz" um homem.
(Caos Markus)