(Marcus Moreira Machado)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
QUINTA-FEIRA, 10 DE DEZEMBRO DE 2009: "DICOTOMIA"
No Direito Natural há a suposição da existência de certos princípios que norteiam uma idéia superior de Justiça, aos quais os homens não se podem contrapor; ou, melhor conceituando, trata-se de um sistema de regras e doutrinas baseadas no bom senso e na eqüidade, inspiradoras das legislações dos povos em que dominante é a cultura. O Jusnaturalismo tráz a idéia da existência de normas sólidas, indiscutíveis, presumíveis, típicas da natureza humana e das coisas, preexistente ao surgimento da ordem jurídico-positiva estatal, podendo -e devendo!- servir de inspiração para a criação das leis do Estado, sob pena de estas surgirem eivadas de ausência de legitimidade ou ferindo disposições inatas.
As primeiras noções de Direito Natural surgem na Antiguidade, principalmente com os estudos do erudito filósofo Aristóteles, que definiu as concepções de 'justo legal' (díkaion nomikón) e de 'justo natural' (díkaion physikón).
O primeiro é constituído por disposições criadas pelos cidadãos da pólis, com vigência definida por um órgão legislativo. Escolhe-se uma conduta como modelo, dentre várias possíveis, sendo, a partir deste momento, convencionada a obrigatoriedade de adequação dos cidadãos a tal padrão de comportamento, sob pena de infringência da ordem estabelecida e conseqüente aplicação de pena.
No 'justo legal' (díkaion nomikón) há uma indiferença inicial entre as possibilidades de comportamento, todas podendo naturalisticamente ocorrer em sua plenitude, mas, uma vez convencionada uma das possibilidades de conduta, positivando-a, com criação de lei, deixa de ser indiferente, tornando-se necessária.
O 'justo natural' (díkaion physikón) não depende, para a sua existência, de qualquer convenção, positividade. É algo que existe naturalmente, podendo ser realizado das mais variadas formas possíveis. Tem a mesma eficácia em toda parte, prescrevendo ações cujo valor não depende do juízo que sobre elas tenha o sujeito, tendo existência independente do fato de parecerem boas a alguns e más a outros.
Desde a Antiguidade, não obstante a utilização de expressões as mais variadas, sempre se verificou a dicotomia entre o Direito Natural e o Direito Positivo. É o que se extrai da análise dos escritos dos diversos autores estudiosos da matéria.
A filosofia escolástica, predominante na Idade Média e que estudava a problemática da relação entre a fé e a razão, tendo como mentores Santo Tomás de Aquino e Santo Agostinho, concebia a existência de uma lei divina, perfeita e imutável, que não comportava nenhum erro. Ambos os filósofos entendiam que a 'lei divina' (denominação tomista) ou 'eterna' (designação agostiniana) provinha de uma entidade ou uma força muito além dos homens: Deus.
A "Cidade de Deus" era regida por tal lei, enquanto a 'cidade dos homens' era dirigida pela lei humana -falha, defeituosa, passional, sujeita a conveniências conjunturais e políticas. Trata-se de uma visão jusnaturalista teológica, em que se atribui a produção da lei a um ser superior.
Nesse contexto, ao direito incumbia a missão de incorporar a lei divina no âmbito da lei humana, para que essa se aproximasse da satisfação das necessidades humanas, alcançando maior legitimidade.
O pensamento jusnaturalista dos séculos XVII e XVIII, influenciado pelas novas idéias predominantes, que atribuíam a verdade das ciências à razão, não mais à entidade teológica sobre-humana, trouxe novo entendimento para o Direito Natural.
Hugo Grócio, holandês de Delft, na Holanda, em 1583, define o Jusnaturalismo como sendo um ditame da justa razão destinado a mostrar que um ato é moralmente torpe ou moralmente necessário segundo seja ou não conforme a própria natureza racional do homem, e a mostrar que tal ato é, em conseqüência disto, vetado ou comandado por Deus, enquanto autor da natureza.
A doutrina jusnaturalística de Grócio denota a tentativa de autonomia em relação à Teocracia, presente nas concepções escolásticas do Direito Natural. Propugna que a essência do direito se encontra na natureza humana e na natureza das coisas, inexistindo elemento religioso no processo de formação da ordem jurídica natural.
Por meio do método dedutivo, que resulta de um raciocínio, de uma conseqüência lógica, partindo de premissas gerais para se chegar a conclusões particulares, as idéias de Grócio influenciaram bastante a criação do Direito Internacional, principalmente no que diz respeito às modernas Declarações de Direitos Humanos.
O alemão Samuel Pufendorf (1632-1694), discípulo de Grócio, buscou conciliar diversas correntes antagônicas. Propôs a existência de um Direito Natural proveniente tanto das convenções humanas quanto dos princípios do direito divino, promovendo um sincretismo entre as idéias escolásticas e o pensamento de Grócio.
Utilizava, para isso, o método dos matemáticos e o raciocínio indutivo, partindo de premissas de caráter menos geral que a conclusão para atingir a máxima da imutabilidade do Direito Natural.
John Locke (1632-1704) concebia a existência de um Estado de natureza inicial, predominado pela paz (diversamente da idéia Thomas Hobbes, que sugeria um estado natural de guerra, agindo o homem como lobo do homem, ou o "homo homini lupus"). Todavia, com o surgimento dos conflitos, havia a necessidade da presença de um magistrado para julgar os embates e promover a proteção dos direitos naturais, momento em que se instalaria o estado civil.
O estado civil, para Locke, surge precipuamente com o propósito de assegurar a defesa direitos naturais.
Jean-Jacques Rousseau, em seu "Do Contrato Social", apresenta a existência de direitos naturais e direitos civis. Os primeiros são anteriores ao pacto social, prevalentes numa fase em que o homem vivia livre de qualquer tipo de opressão humana, de forma bucólica. Já os direitos civis surgem a partir da cessão das liberdades individuais ao Estado, através de uma convenção social, devendo estar de acordo, o mais possível, com os princípios do Estado Natural.
QUARTA-FEIRA, 9 DE DEZEMBRO DE 2009:"JORNADA"
Não se deve compreender o Existencialismo como simples escola de pensamento, distante de qualquer e toda forma de fé. Sabe-se que muitos dos existencialistas eram, de fato, religiosos. Pascal e Kierkegaard foram cristãos dedicados. O primeiro era católico; o segundo, um protestante radical, defensor dos ensinamentos de Lutero. Dostoiévski, greco-ortodoxo greco-ortodoxo, a ponto de ser fanático. Kafka era judeu. Sartre não acreditava mesmo em força divina. Ele foi criado com religião, mas a II Guerra Mundial e o constante sofrimento no mundo levaram-no para longe da fé. Curiosamente, Sartre passou seus últimos anos de vida em companhia de um judeu ortodoxo, pesquisando temas relacionados a fé. Somente é possível imaginar suas conversas, pois que delas não houve registro.
Para os existencialistas cristãos, a fé defende o indivíduo e guia as decisões com um conjunto rigoroso de regras.
Para os ateus, a ironia é a de que não importa o quanto se faça para melhorar a si ou aos outros, pois inevitáveis são a deterioração e a morte.
Para a maioria dos existencialistas a grande vitória do indivíduo é perceber o absurdo da vida e aceitá-la. Em suma, o indivíduo vive uma vida miserável, pela qual ele pode ou não ser recompensado por uma força maior. Se essa força existe, por que os homens sofrem? Se não existe, por que não cometer suicídio e encurtar seu sofrimento? Essas questões apenas insinuam a complexidade do pensamento existencialista.
"O homem é condenado a ser livre". Esta afirmação denota o peso da responsabilidade de sermos livres. Frente a essa liberdade, o ser humano se angustia porque a liberdade implica em escolha, que só o próprio indivíduo pode fazer. Muitos de nós paralisamos e, assim, achamos que não fomos obrigados a escolher. Mas a "não ação", por si só, já é uma escolha.
A escolha de adiar a existência, adiando os riscos para não errar e gerar culpa, é uma tônica na sociedade contemporânea.
Arriscar-se, procurar a autenticidade, é uma tarefa árdua, uma jornada pessoal que o ser deve empreender em busca de si mesmo.
Os existencialistas indagam sobre a existência de um Criador. Se positiva a resposta, qual a relação entre a espécie humana e esse criador? As leis da natureza já foram pré-definidas e os homens têm que se adaptar a elas?
Kierkegaard, Nietzsche e Heidegger são alguns dos que mais contribuiram para o Existencialismo. Os dois primeiros se preocupavam com a mesma questão: o que limita a ação de um indivíduo?
Kierkegaard chegou à possibilidade de que o cristianismo e a fé em geral são irracionais, argumentando que provar a existência de uma única e suprema entidade é uma atividade inútil. Ele acreditou que o mais importante teste de um homem era seu compromisso com a fé apesar do absurdo dessa fé.
Nietzsche, freqüentemente caracterizado como ateu, foi sobretudo um crítico da religião organizada e das doutrinas de seu tempo. Ele acreditou que a religião organizada, especialmente a Igreja Católica, era contra qualquer 'poder' de ganho ou auto-confiança desautorizado instituição clerical. O niilista Nietzsche usou o termo 'rebanho' para identificar a população que segue, de boa vontade, a Igreja. Ele argumentou que provar a existência de um criador não era possível nem importante.
O Existencialismo representa a vida como uma série de lutas, onde o indivíduo é forçado a tomar decisões; e, não raro, qualquer escolha é uma escolha ruim.
Nas obras de alguns pensadores, parece que a liberdade e a escolha pessoal são as sementes da miséria.
A maldição do livre arbítrio foi de particular interesse dos existencialistas teológicos e cristãos. Com o livre arbítrio à criatura, o criador estaria punindo a espécie humana da pior maneira possível.
As regras sociais são o resultado da tentativa dos homens de limitar suas próprias escolhas. Ou seja, quanto mais estruturada a sociedade, mais funcional ela deveria ser.
Assim, os existencialistas explicariam, por exemplo, porque algumas pessoas se sentem atraídas pelas carreiras militares: baseiam-se no desafio de tomar decisões.
Seguir ordens é fácil, requer pouco esforço emocional fazer o que lhe mandam. Se a ordem não é lógica, não é o soldado que deve questionar. Desse modo, as guerras podem ser explicadas e genocídios podem ser entendidos.
Afinal, os 'obedientes' estariam apenas fazendo o que lhes foi ordenando.
(Marcus Moreira Machado)
TERÇA-FEIRA, 8 DE DEZEMBRO DE 2009:"ESTÁGIOS"
Profundo conhecedor de obras clássicas, Kierkegaard recebeu influência das belas-artes, da filosofia clássica e moderna e da teologia, dentre outras fontes . Pode-se perceber na obra de Kierkegaard um pensamento reflexivo bastante abrangente, fruto dessa multiplicidade de experiências, resultando na confrontação de idéias e fatos, à luz do cristianism (para ele, uma consciência moderna).
Seu pensamento baseia-se em sua cultura incomum e nos complexos sentimentais profundos. Através de si e de seus problemas quer encontrar uma explicação para a sua existência. Mas não bastava para Kierkegaard analisar o conteúdo da consciência para aí se encontrar uma filosofia da existência. Tem-se, também, que ter idéias. E entre as idéias, imprescinde se estabelecer uma dialética. E é através desta dialética que ele percebe os estágios da existência: o estético, o moral e o religioso.
Para Kierkegaard o estágio estético era o básico na realidade humana. Os valores estéticos eram originários do romantismo e influenciavam muitos de seus contemporâneos. A caracterização desse estágio, ao contrário do que pode parecer em um primeiro momento, é de difícil distinção, pois que marcado pela 'diversidade'. Ao citar alguns personagens das obras filosóficas e clássicas como estéticos, Kierkegaard demonstra esta 'diversidade', pois eles podem estar presentes desde as crianças audaciosas das fábulas, até os sedutores insaciáveis, como o clássico Dom Juan. Será comum, entretanto, no caráter dos estéticos o 'desejo'. Esse 'desejo' poderia passar pela satisfação sentimental e material, mas, em última instância, pelo desejo erótico.
Kierkegaard irá desenvolver o estágio estético com autoridade da experiência. Pois no período que sucede a morte de seu pai ele se entregou a esta forma de vida, contrariando de certo modo, seu estilo de vida. Entretanto, a partir do momento que sente em seu coração a desesperança de uma vida feliz através da estética, tornar-se-á um forte opositor de tal princípio de vida. Então, algumas de suas obras irão opor-se ao estágio estético, como se vê em "O Banquete", por exemplo.
O tipo de vida estético não proporciona realização àquele que lhe dedica a vida.
Kierkegaard percebeu que nesse estágio de vida os objetivos não são claros e se perdem por não haver satisfação. É então que se pode perguntar: Quem é feliz realmente? Dos que buscam o prazer, o mais feliz não será aquele que não experimentou felicidade alguma?
Ao contrário da dificuldade na definição do estágio estético, o estágio ético ou moral é de fácil definição. Isto porque, em princípio, o estágio ético é marcado essencialmente por uma vida coerente, governada por normas morais. Contudo, diferente do estético, nesse estágio não são encontrados (na Literatura) muitos personagens. Em resposta a este vazio, Kierkegaard oferece o original 'Wielhem' em "A Alternativa". O herói do estágio ético será “o herói da vida conjugal”. Wielhem defende na obra a sua própria causa: o casamento feliz.
Misturando, na tese de Wielhem, a teoria do amor romântico com a teoria de um acordo econômico e social, Kierkegaard dá forma ao amor cristão, um dom generoso entre duas pessoas que reconheceram em Deus o responsável por essa união. A tese de Wielhem se confunde com um discurso de exaltação ao amor. O casamento será, então, um meio pelo qual duas pessoas fazem uma opção tendo Deus como testemunha; e são introduzidos na realidade da vida. E é aqui que se evidencia conscientemente a vida ética. Terá o homem que empenhar toda força para manter a vida conjugal.
A partir desta consciência de vida ética, começa a aparecer no pensamento de Kierkegaard sua traumática experiência amorosa e a dificuldade em entender e relacionar-se com o sexo feminino. Para ele, a manutenção da vida conjugal, característica essencial da ética, será dificultada ao homem pela presença feminina, que, para o filósofo, tem enorme dificuldade de se situar em uma relação definida. Kierkegaard vai mais longe: para ele a mulher situa-se naturalmente no estágio estético, onde, aliás, ela é objeto de desejo em última instância. A plena revelação da mulher só será possível no estágio religioso.
O casamento torna-se então um grande risco necessário para a vida ética, por ser a única forma de se atingir tal estágio de vida. Porém, a derrocada do casamento tráz consigo a queda de toda a moralidade. O homem então deve entender que o heroísmo moral da vida cotidiana será a única forma de desviar a fragilidade feminina dos caminhos de oscilação e perigo que poderão induzi-la à sua natureza estética, e dessa maneira comprometer a relação conjugal. Assim sendo, no pensamento de Kierkegaard, só o heroísmo (aliado à ajuda divina) pode salvar a vida conjugal e, consequentemente, a forma de vida moral.
Para Kierkegaard, todavia, segundo a tese de Wielhem, o casamento não pode ser a única solução. Sendo assim, pode existir a solução excepcional, pois aquele que renuncia à vida conjugal para responder a uma vocação religiosa, atinge um estágio de existência superior a de um marido mais perfeito. Entra-se então nos domínios do estágio religioso. A religião sempre foi para este filósofo uma fonte de inspiração e um espaço de reflexão e existência. Desde a infância é conduzido pela família na prática religiosa. Mais tarde, parte para a especulação religiosa ao se iniciar em um curso de teologia, visando à carreira eclesiástica. A religiosidade pessoal do filósofo é composta por duas realidades: por um lado, o cristianismo com seus dogmas e seus paradoxos; por outro lado, a tensão psicológica com que ele e sua família recebem esses dogmas e paradoxos do cristianismo em meio aos problemas existenciais profundos e traumáticos (angústia, medo e tremor) no ambiente familiar.
A influência da religião em sua vida "Tremor e Temor" torna-se um bom exemplo para a introdução ao mundo religioso de Kierkegaard. A obra é escrita em momento de algum otimismo do autor. Seu objetivo é mostrar -através do sacrifício de Abraão- que o estágio ético não é absoluto, pelo contrário, fica até ofuscado diante de exigências superiores do estágio religioso.
O filósofo, então, argumenta que Abraão não hesitou em sacrificar Isaac e que este desprendimento foi exatamente o motivo pelo qual seu filho veio a ser restituído. Será que semelhante renúncia feita por Kierkegaard em relação à noiva, no passado, pudesse a trazer de volta? A resposta a este questionamento só seria possível se Kierkegaard se elevasse ao plano da fé como o fez Abraão. Assim, nota-se que o estágio religioso é marcado pelo subjetivismo.
Como apelo à subjetividade profunda, esse estágio pratica uma devoção ao Deus que não aparece e comunica-se através do silêncio que provém desta relação. Isso indica que os dois primeiros estágios são mais populares do que o terceiro.
Kierkegaard entendia que os estágios estéticos e éticos não podiam existir sem o estágio religioso. Em outras palavras, o religioso estava presente tanto no estético quanto no ético. O religioso é um estágio consequente, pois é a partir da desordem dos estágios inferiores que se tem a possibilidade de encontrar a realidade superior da vida religiosa.
(Marcus Moreira Machado)
SEGUNDA-FEIRA, 7 DE DEZEMBRO DE 2009:"FUGA IMPOSSÍVEL"
O Existencialismo difundiu-se como o pensamento mais radical a respeito do homem na época contemporânea. Surgiu em meados do século XIX com o pensador dinamarquês Kierkegaard e alcançou seu apogeu após a Segunda Grande Guerra, nos anos cincoenta e sessenta, com Heidegger e Jean-Paul Sartre.
A corrente existencialista assimilou ainda uma influência da fenomenologia cuja figura principal, Husserl, propõe a descrição dos fenômenos tais como eles parecem ser, sem nenhum pressuposto de como eles sejam na verdade. Para o existencialismo, a fenomenologia de Husserl significou um interesse novo no fenômeno da consciência.
Reunindo as sínteses do pensamento de cada um desses filósofos pode-se elencar os principais postulados dessa corrente filosófica. Assim, identifica-se o ser humano enquanto indivíduo, e não com as teorias gerais sobre o homem. Há uma preocupação com o sentido ou o objetivo das vidas humanas, mais que com verdades científicas ou metafísicas sobre o universo. Com efeito, a experiência interior ou subjetiva. Aqui, a influência da fenomenologia é considerada mais importante do que a verdade "objetiva", constituindo-se em fundamento igual à da filosofia oriental).
Noutro princípio, há a compreensão de que o homem não foi planejado por alguém para uma finalidade, como os objetos que o próprio homem cria, mediante um projeto. O homem se faz em sua própria existência.
Acrescenta-se que o mundo, como nós o conhecemos, é irracional e absurdo, ou pelo menos está além do nosso total discernimento. Nenhuma explicação final pode ser dada para o fato de ele ser da maneira que é.
Também um princípio, a falta de sentido, a liberdade conseqüente da indeterminação, a ameaça permanente de sofrimento, da sua origem à ansiedade, à descrença em si mesmo e ao desespero; há uma ênfase na liberdade dos indivíduos como a sua propriedade humana distintiva mais importante, da qual não se pode fugir.
(Marcus Moreira Machado)
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
DOMINGO, 6 DE DEZEMBRO DE 2009: "O PODER DA OPINIÃO"
A história política da humanidade é rica em exemplos de redes de informações e suas influências nos complexos do poder. Os persas dominaram o mundo Como consequência de uma extensa e bem planejada rede de estradas,os persas dominaram o mundo, poreza possível através da rápida circulação de mensageiros entre as várias províncias, as satrapias, e o governo central do império. Na Grécia, a democracia já se iniciara quando o cursus publicus, correio imperial Romano, usava extensa e bem planejada rede de estradas pavimentadas, além de rotas marítimas, meios a viabilizar célere circulação das informações e ordens do império entre as terras conquistadas, permitindo ao governo tomar decisões e reagir rapidamente a qualquer problema Na idade média a informação era considerada de tal importância que ficava encerrada em mosteiros, acessada somente por poucos privilegiados. Nas sociedades feudais o homem, ainda preso à terra e com incipiente organização social, pouco participava dos processos decisórios. O poder divino dos reis e senhores feudais era absoluto e praticamente incontestável, e não era atribuído aos homens comuns quase poder suficiente para interferir e decidir sobre os rumos de sua sociedade.
A Imprensa, tem papel fundamental (a partir do século XVII, com a nascente burguesia) no processo de organização e luta contra os regimes monárquicos. Atingindo um maior número de pessoas, os burgueses, com seus textos, passam a denunciar os abusos dos monarcas, conquistando para si o indispensável apoio das demais camadas da sociedade que, aliadas, lutarão pelas bases da sociedade moderna, propugnando pela igualdade de direitos e deveres entre todos os homens.
A Imprensa, que se ocupou de fazer circular dentro da sociedade notícias e informação de interesse dessa sociedade, passa a ter um papel fundamental na afirmação do poder burguês e no advento do capitalismo.
O presidente norte-americano Thomas Jefferson chegou a declarar que entre um estado de normalidade com imprensa controlada e um estado anárquico com imprensa livre ele optaria sempre pela imprensa livre.
O Capitalismo, consolidado, gera concentrações urbanas ao redor das fábricas e demais estruturas de produção, e o estado-nação assume o papel de regulador das relações sociais através de estruturas administrativo-burocráticas, intermediando e controlando os fluxos e processos sociais nas várias instâncias. Desenvolvem-se, então, outros meios de comunicação, todos eles igualmente estruturadores dos processos sociais.
Suposto paradoxo, todavia, ao atingirem uma ampla cobertura geográfica, os espaços da mídia instalam um processo de integração entre atores e campos sociais, alcançando até mesmo negociação de demandas. E a sociedade passa a dividir uma relação temporalmente homogeneizada pelos conteúdos, processos e agendamentos midiáticos, mas absolutamente fragmentada, vez que não conta com unidade de espaço ou local. Uma nova Babel, "sui generis" se instala, já que, num só "idioma", múltiplas são as "interpretações", não raro monopolizadas a serviço da supressão dos antagonismos, dirigidas, com efeito, a pretensa homogeneidade (padronização) da opinião pública. Afinal, 'pública', e não 'pessoal', é a opinião desejada pelos que detem o poder.
(Marcus Moreira Machado)
terça-feira, 24 de novembro de 2009
SÁBADO, 5 DE DEZEMBRO DE 2009:"DESCONTROLE"
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