Deus expulsou o Diabo da Terra do Sol.
E recriou o mundo.
Não mais em 7 dias, mas numa rede de lojas das Casas Bahia.
Fêz-se então o Paraíso acolhedor dos desvalidos.
Agora, todos contemplados com a purgação dos seus pecados a perder de vista.
(Marcus Moreira Machado)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 1 de dezembro de 2007
DOMINGO, 2 DE DEZEMBRO DE 2007: "ENGANANDO O DIABO".
A crucificação de Jesus teria sido o preço exigido pelo Diabo para libertar os pecadores por ele feitos cativos.
Seria do Diabo o propósito de se aproveitar da humanidade de Jesus para então derrotá-lo e, consequentemente, vencer o próprio Deus.
Com o derramamento do sangue do Cristo inocente, contudo, o Diabo perdera o direito que imaginava possuir.
Assim, o Demônio -e não Jesus- saiu derrotado da cruz.
O Diabo fôra enganado!
A cruz teria sido o 'anzol' que prendera Satanás. E fazendo-o EXCEDER SUA AUTORIDADE, o Nazareno livrara o ser humano.
Afinal, Satanás é orgulhoso, não consegue entender a humildade de Jesus. E o Cristo torna-se o 'anzol': a sua humanidade é a isca!
Ao fim, o Demônio perde -pelo 'EXCESSO DE PRESUNÇÃO'- os seus direitos sobre o ser humano, exatamente por infligir a um homem inocente a pena de morte.
Cristo triunfa sobre o reino do pecado do Diabo, e liberta os que estão sob o jugo dele.
(Marcus Moreira Machado)
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
SÁBADO, 1 DE DEZEMBRO DE 2007: "CONFLITO, UMA NECESSIDADE".
Para analisar o valor de nossa moral, Nietzsche opõe dois universos espirituais: o dos senhores e o dos escravos. Esta oposição designa a um só tempo contraste entre ideais e entre modos de existência.
Nossa moral é de escravos, e seus valores vão se construindo ao redor de um determinado ideal de convivência. Nosso imaginário social projeta como padrão de excelência uma convivência sem conflitos, na qual se imagina possível viver então a felicidade.
Sem igual, no século XIX, viu-se a intensa procura desse estado idílico no qual os conflitos desapareceriam, superadas as 'contradições', tornando possível ao "rebanho humano" viver em paz.
Tal ideal de convivência supõe, tacitamente, uma certa antropologia. Se os indivíduos não entram em conflito é porque nada mais pretendem da vida; suas vontades estão inertes. Por isso, somente, vivem a felicidade do repouso, como definida por Espinosa.
Assim, nossa moral pregará -no "tu deves"- as qualidade que tornam a vida absolutamente plácida, a exemplo do altruísmo, a piedade, o desinteresse... um ideário que apenas expressa uma VONTADE ANÊMICA, a que está na origem de nosso desejo de crenças e convicções; A NOSSA CONSTANTE NECESSIDADE DE RESPALDO EM UMA 'VERDADE', UMA RELIGIÃO, UMA CONSCIÊNCIA DE PARTIDO.
Eis a razão pela qua NOSSA CIVILIZAÇÃO ENALTECE A OBEDIÊNCIA e fixa o comando ao lado da má consciência, promovendo como figura do ser humano um indivíduo preparado exclusivamente para a subserviência -um escravo, um homem domado, o "animal do rebanho".
Paralelamente à noss moral e ao nosso ideal de convivência (que se acreditam únicos) , houve, como assevera Nietzsche, uma outra moral e um outro modo de encarar a existência. É o universo dos senhores que o filósofo crê redescobrir ao analisar a vida grega anteriormente à "decadência platônica".
Desde a sua juventude, quando pesquisava a vida grega no mundo homérico, Nietzsche distinguira, ali, um ideal de convivência oposto ao nosso -UMA VIDA CONSTRUÍDA A PARTIR DO ELOGIO DO CONFLITO, não de sua supressão.
É o que se infere daquilo que seria o "verdadeiro significado" do ostracismo como ímpar instituição na antiguidade grega. Se os gregos expulsavam da cidade alguém que se sobrepunha aos demais, essa conduta não era entendida como um freio, mas um estímulo. O grande era expulso para que os mecanismos de luta fossem restabelecidos, voltando a disputa como o cotidiano dos demais.
Nietzsche ensina que esse grego não conhecia felicidade sem luta, ou vitória sem embate. Sua vida era a expressão da VONTADE DE POTÊNCIA, em consonância com o vir-a-ser de Heráclito, condição de permanência das tensões e dos conflitos.
O mundo do escravo, agora, será aquele onde o indivíduo sofre com o mundo, dele tem ressentimentos que o levam a querer a vingança contra o senhor, negando o seu mundo.
O escravo já não quer abolir a dor, porém, encontrar um sentido para o sofrimento.
Afinal, ainda como tão bem assevera Nietzsche, não foi a dor que atormentou os fracos e sim a falta de sentido para essa dor; sentido que ensejou a criação dos seus ideais, tudo num contexto onde se destaca a civilização cristã como 'anestésico ideológico' de uma existência sofredora.
(Marcus Moreira Machado)
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
SEXTA-FEIRA, 30 DE NOVEMBRO DE 2007: "O DEVER DA DÍVIDA".
Não seremos mais que isso:
Sempre menos o quê tudo devemos!
Temos o dever da dívida !!
(Marcus Moreira Machado)
QUINTA-FEIRA, 29 DE NOVEMBRO DE 2007: "LIBERDADE À SOLTA".
"De norte a sul, de leste a oeste, o povo grita Luis Carlos Prestes". 'Milagre', 'distensão' e 'abertura'. Do Ato n. 5 à rearticulação partidária, do silêncio à explosão das manifestações, espontâneas, (des)organizadas. O ano: 1979. Nesse final de década, um novo dado entra cena: a emergência das reivindicações populares; agora, de próprio punho, com energia de postura que parece desconfiar dos paternalismos.
A 'Anistia', ainda longe de ser ampla, recebe os exilados, aguardados, festejados.
É o panorama de um momento crítico, com projetos em disputa se delineando, ao passo que o Estado enfrenta a crise buscando assegurar a iniciativa política, "decretando" a sua "democracia".
No campo das oposições, as diferenças vindo à tona, com o debate revigorado.
Entre a intelectualidade, as divergências -latentes durante toda a década- chegam à imprensa.
'Odaras' e ortodoxos, 'desbundados' e reformistas, radicais e populistas... as acomodações se definem no redimensionamento das relações 'intelectual-Estado-povo'.
Nos apelos das AGÊNCIAS ESTATAIS DE CULTURA e na efervescência da retomada dos MOVIMENTOS DE MASSA, balançam os intelectuais. É a liberdade à solta.
Bancas e livrarias renovam estoques, com autores de "depoimentos e memórias", obras de liberais, militantes e militares. É o momento em que chega o mineiríssimo Gabeira e pergunta "Que é isso, companheiro?".
Nos anos 70, bastava saber-se o quê não se queria.
Nos anos 80, há que se revelar o quê se pretende.
Hoje, já virado o século XX, a questão crucial: '-A vitória foi a da CULTURA ESTATAL? Os seus oponentes conseguiram "aprisionar" a 'liberdade à solta' nesse período e nela impor-se culturalmente?
O quê de fato atualmente presenciamos não é a aproximação do povo ao Estado, pela cultura social.
Os 'intelectuais', por seu turno, ou sobrevivem nas periferias, ou alimentam-se das sobras do poder constituído, serviçais da cultura oficial!
(Marcus Moreira Machado)
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
TERÇA-FEIRA, 27 DE NOVEMBRO DE 2007: "FAMÍLIA, PODER MENOR".
A partir das contemporâneas investigações sobre a família institucional, compreendemos que a antiga 'autoridade familiar' perde sentido num espaço regulado pelo valor 'supremo' da competência (técnica) individual, condição em que os pais deixam de ser fontes seguras de orientação para se lidar com o mundo externo. São criadas, portanto, novas formas de 'consciência' e, por efeito, inéditas expressões psicopatológicas.
Uma outra 'força' superou a autoridade da família nuclear. No lugar da palavra dos pais, presente, hoje, o discurso 'fascinante' da "organização", qual seja, o Estado associado à grande empresa.
Ocorre que esse processo não é tão aparente, do ponto de vista institucional. E de pilar da sociedade, a família, nesse discurso, passa a ser o 'lugar' onde ela corre o risco frequente de se desfazer. O seu convencional padrão, substituído pela 'família liberal avançada', transforma-se em simples imagem, que -mesmo discursivamente apoiada em textos escolares, nas imprensa, pela Igreja- parece ser reflexo de inevitável morte do modelo.
O indivíduo, e não a individuação, ganha 'status' de superioridade, outorga que se lhe é concedida tão-somente em razão das conveniências do Estado, a quem de fato interessa a desagregação.
(Marcus Moreira Machado)
domingo, 25 de novembro de 2007
SEGUNDA-FEIRA, 26 DE NOVEMBRO DE 2007: "CATIVEIRO NA EVIDÊNCIA".
"Pensar? Pensar! É perder o fio", disse Paul Valéry. E David Mamet: "Escrever é a única coisa que pára o pensamento."
Por essas tão bem justificadas razões, não podemos satisfazer-nos com aquilo que é evidente; ou até mesmo com o que evidencia.
Porque as idéias são, elas próprias, forças que tomam conta da mente e não a libertam, até dedicarmos a todas elas algum tempo.
De fato, a mente se nos afigura um sistema de órgãos de computação, desenhado pela seleção natural, a fim de resolver os tipos de problemas que nossos ancestrais saqueadores enfrentavam por causa do seu modo de vida.
Assim, a mente é o que o cérebro faz. Então, o cérebro processa informação. E por isso 'pensar' é uma espécie de computação.
Ora, as diversas dificuldades dos nossos ancestrais eram subtarefas de um único grande problema para os 'genes' deles: maximizar o número de exemplares que conseguiriam chegar à geração seguinte.
Um processo, enfim, comparável ao que já foi chamado um "deus ex machina", afastado da concepção de que somos peças complexas da biotecnologia. A confirmação de que, não representando, todos nós, modernos "chips", qualquer confinamento no 'cativeiro da evidência' é sujeição do próprio refém ao condicionamento por ele admitido.
(Marcus Moreira Machado)
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