Todos nós já nos encontramos com as mesmas coisas, as que nos interessam 'aqui' e 'agora', isto é, com a angústia vital, os sentimentos de culpa e com a libertação possível.
Assim, existimos sempre e fundamentalmente como seres humanos, nessa ou naquela relação com alguma coisa que encontramos: com uma planta, com um animal ou com o próximo.
Somos a relação compreensiva na qual o que nós encontramos pode aparecer como aquilo que originalmente é; relação em que a coisa encontrada pode revelar-se e mostrar-se nas suas conexões significativas.
Não por outro motivo, ainda hoje, tudo que é perceptível é chamado de 'fenômeno', que significa tão-somente "aquilo que se mostra".
Onde algo pode revelar-se e pode se fazer compreender, é preciso, contudo, desde o início, que haja 'luz', uma 'claridade' dentro da qual seja possível acontecer um semelhante 'revelar', 'aparecer' e 'poder-ser'.
É por esta razão que a nossa experiência mais original e concreta nos permite entender que a 'condição básica' do ser humano afigura-se a uma 'clareira', da qual os fenômenos do nosso mundo necessitam para poder aparecer e 'ser dentro dela'.
De acordo com a nossa imediata percepção, o ser humano se mostra como sendo aquele ser do qual o mundo precisa: como o ambiente de claridade indispensável para 'poder-aparecer', para 'poder-ser'.
É esse 'deixar-se necessitar', e nada mais, que o ser humano "deve" àquilo que 'É' e que 'há de ser'.
Os nossos sentimento de culpa baseiam-se então no 'ficar a dever'.
O 'ficar a dever' que é a 'culpabilidade existencial do ser humano'!
Não há, por efeito, nenhum fenômeno da consciência humana que não deva e não possa ser entendido como um chamado e uma advertência para cumprir a missão humana de guardião de tudo aquilo que tem de 'aparecer', que precis a 'ser', e que 'quer se desdobrar', pela 'consciência guardiã', na luz de uma determinada existência humana.
(Caos Markus)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 7 de julho de 2012
DOMINGO, 22 DE JULHO DE 2012: "(DES) VALORIZANDO"
Intensa é a preocupação com a questão dos valores. Em variados países, nota-se uma juventude profundamente incerta em relação aos valores que, supõe-se, deveriam orientá-la. Os valores associados a incontáveis religiões perderam muito da sua influência; pessoas sofisticadas, de várias culturas, denotam sua insegurança e inquietude correspondentes aos objetivos já insustentáveis e desconsiderados. As causas da desprezada validade na valoração de princípios antes pretendidos estáveis são aparentes, isto é, de fácil identificação.
A cultura mundial, na sua pluralidade de aspectos, assume feição sempre mais científica e relativa. E os primados rígidos, absolutos que outrora nortearam pontos de vista acerca dos valores, mostram-se anacrônicos, atualmente. Por outro vértice, o homem contemporâneo é frequentemente assediado por reivindicações de valores antagônicos e eivados de contradição. Vê-se a impossibilidade de mais fácil adaptação ao sistema dos valores respeitados -num passado recente- como os maiores da comunidade, na coletividade. Agora, a natureza e os pressupostos desse sistema são constantemente examinados e, muitas vezes, rejeitados.
Diante deste quadro -o da desintegração ou colapso dos valores que por longo tempo sinalizaram o caminho de muitas gerações- indaga-se se existem, ou podem existir, valores universais. O quê se percebe é a perda bastante avançada de qualquer possibilidade de uma base geral ou intercultural de valores. Daí, a perplexidade, a natural incerteza a tornar crescente o interesse em uma busca de acesso seguro e significativo de valores que se possam defender como adequados à contemporaneidade.
(Caos Markus)
SÁBADO, 21 DE JULHO DE 2012: "CRITÉRIOS AO DESENVOLVIMENTO"
O mundo está se transformando em crescente velocidade. São mudanças a que, sem precisão, de maneira um tanto vaga, marcada pela inexatidão, chamamos 'desenvolvimento', atribuindo-se lhe características onde, de fato, evolução e progresso são confundidos entre si. Nessa alienação, à sociedade é lançado o desafio de alterações extremas, quer na ciência e tecnologia, quer nas comunicações ou nos relacionamentos sociais. E qualquer modificação não poderá ser efetivada se mantidas as respostas legadas do passado. Diversamente, é imprescindível confiar em processos que conduzam aonde estão os novos problemas. Pois, quanto mais rapidamente ocorre a mudança, tanto mais as respostas, a metodologia e as habilidades, o conhecimento se tornam obsoletos, anacrônicos quase que em concomitância com o momento de sua aquisição.
Esta disposição enseja, para a educação, não apenas técnicas mais modernas, porém, um novo objetivo, o que contemple o desenvolvimento de indivíduos abertos à mudança verificada. Porque somente essas pessoas podem, construtivamente, ir ao encontro das irresoluções deste mundo em que os problemas se propagam mais rapidamente que suas respostas. Pessoas que, pela educação, desenvolvam uma sociedade onde se possa viver de maneira mais suscetível à transformação do que à inflexibilidade. No mundo de um futuro muito próximo, a capacidade de enfrentar adequadamente o novo será mais importante do que a aptidão de conhecer o velho e repetí-lo.
Neste processo, impõem-se, a um só tempo, a manutenção e transmissão de conhecimento e valores fundamentais do passado, bem como a imediata admissão das inovações que se façam necessárias à preparação diante das incertezas futuras. Enfim, construindo decisões, há que se criar meios ao desenvolvimento sem temor a inovações. O quê implica em maior relevância à aprendizagem do que ao ensino, com destaque à criatividade do indivíduo, aberto, então, à totalidade da sua própria experiência, capacitando-se ao processo de mudanças que, ciente, serão contínuas.
(Caos Markus)
SEXTA-FEIRA, 20 DE JULHO DE 2012: "IRRELVÂNCIA MENSURÁVEL"
Ainda há pouco tempo, o ensino era colocado em segundo plano, em relação à aprendizagem nas concepções educacionais. Tanto o aluno quanto o processo de aprendizagem foram por demasiado tempo o alvo principal na atenção dos educadores. Ampla literatura surgiu acerca desse notório aspecto dos esforços na educação.
O processo de ensino foi observado como efeito do processo de aprendizagem. Afirmava-se que os alunos aprendiam por meio de recompensas ou outras modalidades de reforço. O professor, em resumo, seria o agente dessas recompensas e desses reforços.
À época, a estratégia de ensino era, em síntese, formulada somente como acréscimo à teoria de uma aprendizagem 'sustentada'.
Hoje, um dos iniciais obstáculos que encontramos na procura de uma teoria da instrução é o mesmo dilema que deixou em inércia teóricos do passado: o ensino seria mais arte do que ciência.
Se considerado como arte, o ensino deveria ser muito menos suscetível de generalizações práticas, contrariamente ao que se constata ainda agora.
É hábito pouco salutar este de classificar qualquer elemento supostamente 'difícil' como ciência, e, de outro lado, elementos pretensamente 'simples' como manifestações da arte. É conduta que tem permitido a introdução de práticas estranhas em um e noutra.
Nessa abordagem, a serviço da arte, professores relutam em mensurar qualquer coisa vinculada ao ensino; e a serviço da ciência, têm os cientistas feito diametralmente o contrário, isto é, querem medir tudo, até mesmo o irrelevante.
Essa separação entre arte e ciência pode ser dispensável, pois que elas não são antagônicas como se imagina. O mais considerável é enxergar todas as atividades humanas inseridas em processo contínuo, iniciando-se num nível não exigente de perícia e progredindo até a ciência até alcançar a arte.
Para que se possa classificar a própria docência enquanto ciência, faz-se imprescindível uma sólida base teórica como seu alicerce.
Este posicionamento só evidencia que muitos dos problemas em uma sala de aula (compreendidos pelos educadores como situações estritamente educacionais), têm todos os ingredientes dos problemas de comunicação.
Nesse contexto, como podem os professores esperar ensinar a um estudante enquanto não estejam estabelecidos os canais de comunicação? Porque, afinal, as diversas experiências, aptidões e interesses dos alunos exigem do professor, em contrapartida, um acervo também diversificado de formas de apresentação.
Os professores que concentram os seus esforços apenas na informação que transmitem, em aboluto desprezo aos meios pelos quais atuam, são, sim, prejudicados na eficiência da comunicação.
Mensagens e meios são inseparáveis. O conteúdo não pode ser dissociado do veículo que o transmite.
Comunicar o ensino integra, com efeito, o processo de aprendizagem.
(Caos Markus)
QUINTA-FEIRA, 19 DE JULHO DE 2012: "IDEALISMO E IDEOLOGIA"
Ocupados na destacada tarefa de estabelecer uma relação entre 'redistribuição' e 'reconhecimento', há quem defenda o "dualismo perspectivo", onde um eixo não pode ser reduzido a outro, mas ambos possam (e devam) ser vinculados num conceito amplo de justiça, conjugando-os sob o objetivo normativo da "paridade participativa". Por outro vértice, há quem considere ilegítima a distinção entre 'cultura' e 'economia', propondo um "monismo normativo", aí entendendo a economia enquanto resultado das inter-relações sociais legitimadas intersubjetivamente por três esferas do reconhecimento, a saber, o amor, a lei e a estima.
Esse discurso reconstrói a formação da sociedade moderna como a diferenciação entre três esferas de reconhecimento autônomas:
1) o amor é a esfera afetiva colocada em movimento por decorrência do fim das amarras do status nas relações sociais medievais;
2) a legalidade é resultado do discurso burguês sobre a necessária igualdade de condições legais entre os seres humanos;
3) já a estima social é a re-interpretação do status medieval, com a diferença revolucionária de que aqui os sujeitos são avaliados por suas realizações e não por seus laços de parentesco.
São estas três esferas de reconhecimento o respaldo da legitimação dos discursos sociais atuais. Por isso a base normativa da teoria crítica deve partir desse consenso moral estabelecido. Se a única possibilidade de questionamento está na utilização da linguagem burguesa hipócrita de legitimação, então a tarefa mais difícil será exatamente a crítica do que está posto. Resta como possibilidade uma crítica reformista de 'aprimoramento' das incompletudes da modernidade, sendo varrida a possibilidade de uma crítica radical.
Cria-se uma monolítica esfera intersubjetiva hegemônica burguesa, concluindo-se que toda argumentação racional precisa partir de tais princípios. Isso reduz a estrutura econômica atual a um consenso moral intersubjetivamente estabelecido sobre a esfera de reconhecimento da "realização meritocrática".
Entretanto, nos leva à falsa ideia, por exemplo, de que a razão para traficantes de alta patente possuirem rendimentos superiores aos dos professores é o desrespeito cultural dos cidadãos pela profissão, enquanto super-valorizam o 'importante' ofício da distribuição ilegal de drogas e armas.
Não por outro motivo, acredita-se, a reivindicação distributiva deve assumir a forma da argumentação legal e/ou da re-interpretação do princípio de realização, reduzindo, então, o campo dessa a um espectro idealista. Idealismo e ideologia, nota-se, não guardam entre si exata sinonímia. Porém, ao contrário, o mundo atual está profundamente legitimado, pois sua base de sustentação é exatamente a razão socialmente estabelecida.
Ora, se o capitalismo está embasado na legitimação racional através de princípios gerais de reconhecimento recíproco; e sua reprodução depende da base de consenso moral, culturalista; por conseguinte, é de supor, não há necessidade alguma de crítica, ainda mais porque esse consenso moral tem prioridade frente a outros mecanismos de integração.Buscando-se demonstrar a irredutibilidade das questões culturais às econômicas e vice-versa, através de exemplos empíricos, o quê se almeja é a abordagem teórica a considerar a diferenciação entre estes dois eixos de justiça, e também da inter-relação patente entre eles. Através de seu "modelo de status", é abandonada a questão da formação identitária dos sujeitos mal-reconhecidos, voltando-se para os resultados institucionais da ausência de paridade participativa decorrente desse mal-reconhecimento.Não por outro motivo, acredita-se, a reivindicação distributiva deve assumir a forma da argumentação legal e/ou da re-interpretação do princípio de realização, reduzindo, então, o campo dessa a um espectro idealista. Idealismo e ideologia, nota-se, não guardam entre si exata sinonímia.
Ao contrário, porém, o mundo atual está profundamente legitimado, pois sua base de sustentação é exatamente a razão socialmente estabelecida.
Há aqui algumas complicações desnecessárias.
A ideia de uma justiça acima da opinião dos atores é desnecessariamente autoritária. A distinção nesse caso é entre 'coisas das quais se gosta' e 'coisas que não são admitidas', pois a separação entre 'concepção de justiça' e 'concepção de boa-vida' faz parecer que deve-se tratar as duas coisas separadamente. E não. O mais interessante é avaliar as duas coisas juntas.
Nesse caso devemos acreditar que democratizando as mídias, as escolas, as condições de vida e dignidade; democratizando a sociedade; as soluções encontradas pelas pessoas serão mais e mais próximas de uma boa concepção de justiça integrada a uma boa concepção de boa vida. E, por conseguinte, não haverá necessidade de afirmar uma instância distinta da opinião dos 'atores', com autoridade sobre eles.
Diversamente, é necessário que os atores sociais igualmente assumam os poderes, atualmente exclusivamente governados por protagonistas, na condição de 'atores especiais', tão-somente por possuirem a propriedade privada e concentrarem consigo os grandes volumes de capital.
(Caos Markus)
QUARTA-FEIRA, 18 DE JULHO DE 2012: "INOVANDO A MESMICE"
Privilegiar o pensamento independente é de fato a tendência atual. Com destaque à originalidade, tem sua representação em um movimento de reação à excessiva padronização imposta às relações constitutivas da organização social. Entretanto, ao enaltecer o inédito, problemas normais também são avaliados à luz do extremismo, com consequentes prejuízos a soluções convencionais necessárias ao bom desempenho político da cidadania. Querer inovar sem estabelecer vínculo com o passado ou com o presente, desprezando a cumulação das sucessivas iniciativas, é subtrair do processo histórico o seu arcabouço; é perder entendimento e domínio da própria ambição. O que então se busca é somente uma nova imagem a modernizar o mesmíssimo conceito, apresentando-o como 'revolucionário'. Em síntese, eis a cartilha panfletária do subdesenvolvimento político, com apenas duas palavras - "sim" e "não". No beabá dessa iniciação, distorcendo e deturpando fatos, o carisma se sobrepõe à investigação acurada, no aparato da retórica superficial. Ora, a crítica pressupõe dois requisitos, dois fundamentais elementos: a tese e determinados postulados. A única dificuldade no exercício pleno da crítica é o conhecimento das normas. Já a tese, por si só, é somente diletantismo. E não é outra coisa o que se encontra na cartilha do desenvolvimento político -tese e antítese se contrapõem, apartadas das informações estruturais. O julgamento superficial sempre evidencia o "diferente", em apreciação leviana; e, ainda, oculta as minúcias próprias do que é complexo, desprezando o aprofundamento de pontos essenciais à compreensão do todo. É sabido, quando se pretende de fato progredir, o verdadeiro gesto constitutivo de inteligência é a adoção da parcimônia, evitando-se os devaneios. Afirmou Descartes: "Seria útil que o público fosse particularmente informado". Mas em nosso subdesenvolvimento político falta-nos a informação; a cartilha seguida é eivada de mensagens apologéticas à ruptura, limitada no binômio 'sim' e 'não'. A contraposição e a dualidade, aqui, refletem o caráter forjado na frivolidade. É justamente nessa polarização que -com territórios delimitados- que responsabilizamos governos, esperando que as soluções venham da cúpula administrativa do país. Todavia, o caos não se modifica por si próprio. Eximir-se da ação positiva nos limites institucionais -coletivos e individuais- é investimento certo na estagnação. Alguém há de começar, e todos haverão de ser os primeiros. Entretanto, ninguém jamais intervirá a ponto de efetivar alterações desejadas, se prevalecer o confinamento da elaboração de projetos majestosos, em prejuízo de outros mais modestos, contudo, de aplicação imediata, porque viáveis e não exclusivamente idealizáveis.
Afinal, beabá e blá-blá-blá são coisas diferentes.
(Caos Markus)sexta-feira, 6 de julho de 2012
TERÇA-FEIRA, 17 DE JULHO DE 2012: "LOGRO"
Um pré-questionamento, apenas, basta na indicação do quanto a incoerência é da essência do sistema.
E, hipocrisia, insistem seus máximos representantes no adestramento continuado, sob a alegação de que é indispensável "adaptar-se ao sistema". Mas, penso, se algo depende de adaptação, não possui identidade. Desprovido de exatidão, o sistema é sugestivo de teoremas. Logro, não mais que isso.
(Caos Markus)
quarta-feira, 4 de julho de 2012
SEGUNDA-FEIRA,16 DE JULHO DE 2012: "IDEALISMO E IDEOLOGIA"
Ocupados na destacada tarefa de estabelecer uma relação entre 'redistribuição' e 'reconhecimento', há quem defenda o "dualismo perspectivo", onde um eixo não pode ser reduzido a outro, mas ambos possam (e devam) ser vinculados num conceito amplo de justiça, conjugando-os sob o objetivo normativo da "paridade participativa". Por outro vértice, há quem considere ilegítima a distinção entre 'cultura' e 'economia', propondo um "monismo normativo", aí entendendo a economia enquanto resultado das inter-relações sociais legitimadas intersubjetivamente por três esferas do reconhecimento, a saber, o amor, a lei e a estima.
Esse discurso reconstrói a formação da sociedade moderna como a diferenciação entre três esferas de reconhecimento autônomas:
1) o amor é a esfera afetiva colocada em movimento por decorrência do fim das amarras do status nas relações sociais medievais;
2) a legalidade é resultado do discurso burguês sobre a necessária igualdade de condições legais entre os seres humanos;
3) já a estima social é a re-interpretação do status medieval, com a diferença revolucionária de que aqui os sujeitos são avaliados por suas realizações e não por seus laços de parentesco.
São estas três esferas de reconhecimento o respaldo da legitimação dos discursos sociais atuais. Por isso a base normativa da teoria crítica deve partir desse consenso moral estabelecido.
Se a única possibilidade de questionamento está na utilização da linguagem burguesa hipócrita de legitimação, então a tarefa mais difícil será exatamente a crítica do que está posto. Resta como possibilidade uma crítica reformista de 'aprimoramento' das incompletudes da modernidade, sendo varrida a possibilidade de uma crítica radical.
Cria-se uma monolítica esfera intersubjetiva hegemônica burguesa, concluindo-se que toda argumentação racional precisa partir de tais princípios. Isso reduz a estrutura econômica atual a um consenso moral intersubjetivamente estabelecido sobre a esfera de reconhecimento da "realização meritocrática".
Entretanto, nos leva à falsa ideia, por exemplo, de que a razão para traficantes de alta patente possuirem rendimentos superiores aos dos professores é o desrespeito cultural dos cidadãos pela profissão, enquanto super-valorizam o 'importante' ofício da distribuição ilegal de drogas e armas.
Não por outro motivo, acredita-se, a reivindicação distributiva deve assumir a forma da argumentação legal e/ou da re-interpretação do princípio de realização, reduzindo, então, o campo dessa a um espectro idealista. Idealismo e ideologia, nota-se, não guardam entre si exata sinonímia. Porém, ao contrário, o mundo atual está profundamente legitimado, pois sua base de sustentação é exatamente a razão socialmente estabelecida.
Ora, se o capitalismo está embasado na legitimação racional através de princípios gerais de reconhecimento recíproco; e sua reprodução depende da base de consenso moral, culturalista; por conseguinte, é de supor, não há necessidade alguma de crítica, ainda mais porque esse consenso moral tem prioridade frente a outros mecanismos de integração.Buscando-se demonstrar a irredutibilidade das questões culturais às econômicas e vice-versa, através de exemplos empíricos, o quê se almeja é a abordagem teórica a considerar a diferenciação entre estes dois eixos de justiça, e também da inter-relação patente entre eles. Através de seu "modelo de status", é abandonada a questão da formação identitária dos sujeitos mal-reconhecidos, voltando-se para os resultados institucionais da ausência de paridade participativa decorrente desse mal-reconhecimento.Não por outro motivo, acredita-se, a reivindicação distributiva deve assumir a forma da argumentação legal e/ou da re-interpretação do princípio de realização, reduzindo, então, o campo dessa a um espectro idealista. Idealismo e ideologia, nota-se, não guardam entre si exata sinonímia.
Ao contrário, porém, o mundo atual está profundamente legitimado, pois sua base de sustentação é exatamente a razão socialmente estabelecida.
Há aqui algumas complicações desnecessárias.
A ideia de uma justiça acima da opinião dos atores é desnecessariamente autoritária. A distinção nesse caso é entre 'coisas das quais se gosta' e 'coisas que não são admitidas', pois a separação entre 'concepção de justiça' e 'concepção de boa-vida' faz parecer que deve-se tratar as duas coisas separadamente. E não. O mais interessante é avaliar as duas coisas juntas.
Nesse caso devemos acreditar que democratizando as mídias, as escolas, as condições de vida e dignidade; democratizando a sociedade; as soluções encontradas pelas pessoas serão mais e mais próximas de uma boa concepção de justiça integrada a uma boa concepção de boa vida. E, por conseguinte, não haverá necessidade de afirmar uma instância distinta da opinião dos 'atores', com autoridade sobre eles.
Diversamente, é necessário que os atores sociais igualmente assumam os poderes, atualmente exclusivamente governados por protagonistas, na condição de 'atores especiais', tão-somente por possuirem a propriedade privada e concentrarem consigo os grandes volumes de capital.
(Caos Markus)
domingo, 1 de julho de 2012
DOMINGO, 15 DE JULHO DE 2012: "ATUALÍSSIMO VELHO ADÁGIO"
A frase "para inglês ver" foi dita pela primeira vez em 1808, quando a família real portuguesa chegou ao Brasil, ainda colônia.
Salvador, então a capital, estava iluminada, e Dom João VI comentara que aquela "recepção festiva" demonstrava aos ingleses ('aliados' dos portugueses) que os brasileiros o recebiam calorosamente.
A expressão, depois, tornou-se símbolo de burla nacional (ou até mesmo internacional), sempre de grandes proporções, em que são utilizados aparatos para enganar.
Dizem alguns historiadores que este rifão pode ter nascido de uma outra situação, da fingida vigilância com que os navios brasileiros "procuraravam" navios negreiros; dissimulação usada para 'agradar' aos ingleses, que haviam proibido o tráfico de escravos.
O adágio, ao que se vê no Brasil atual, resiste ao tempo, porque ainda hoje 'enganar' é hábito nacional.
(Caos Markus)
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