LIRA
Vida, viva, vivas ao rei
posto que deposto
todo rosto, no fosso
da ira à lira, agnus dei
Apóstolos, apócrifos atos
réquiem repousa agreste
já mortos, cabra e peste
Vivo, vivo, só Thanatos.
(Caos Markus)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 9 de julho de 2011
SÁBADO, 20 DE AGOSTO DE 2011: "CONSCIÊNCIA DECISIVA"
Na fonte de todo ser real há uma ser que não possui a plenitude do ser. Para concebê-lo, devemos nos basear no ser cuja experiência nos é a mais imediata -a consciência. Do mesmo modo, o ser do qual provêm todos os seres é 'ato'. Porém, é ato puro, enquanto a nossa consciência é um ato mesclado de potência, isto é, um ato limitado. Com efeito, começamos por viver inconscientes, e a consciência só emerge pouco a pouco, de uma realidade criada sem ela. Depois, permanecemos corporais, sempre. Pois se o corpo nos situa no mundo e com este nos permite estabelecer relações, ele, o corpo, nos limita. Ao contrário, o ato puro surge de alguma forma sobre um fundo de nada: tudo o que ele é provém dele mesmo. Ele próprio se coloca, é o seu próprio criador, sua própria razão de ser.
O ser de tudo que não é ele consiste em participar em seu ato. Somos ou não, seremos ou não. Tudo depende de qual possa ser a nossa decisão.
(Caos Markus)
SEXTA-FEIRA, 19 DE AGOSTO DE 2011: "TENAZ"
QUINTA-FEIRA, 18 DE AGOSTO DE 2011: "O DEUS MORAL"
Para Hugo Grotius, o fato que leva os indivíduos à realização de um 'contrato social' reside na independência da razão humana que, emitindo um consentimento voluntário, dá origem ao fenômeno 'Estado'. Grotius deve ser visto como um reativador das idéias jusnaturalistas, a conceber como fonte do Direito Natural a razão humana, valorizando-a sobremaneira, a ponto de afastar totalmente qualquer crença em Deus, disponibilizando-a à vontade de uma autoridade independente. Parte daí a formulação de dois postulados básicos, que se fundam no 'estado de natureza' e 'o contrato social'.
Hobbes, todavia, observa que o estado de natureza se contrapõe ao progresso, e que os indivíduos, se apercebendo disso, bem como da necessidade natural de segurança, abdicaram dos seus direitos em razão de uma assembléia ou de um indivíduo, através de um pacto que, por conseguinte, originou um Estado onipotente e absoluto, ao qual é atribuído a idéia de um deus moral, enquanto princípio unificador implícito em toda a sociedade, excluindo assim o anterior estado de natureza.
Infere-se, com efeito, que o ser humano, mesmo proclamando dois reinos distintos, o de Deus e o de Cesar, nutrem a excrecência de um inaudito "sincretismo": temem ao que denominam Deus, mantendo forte a crença num império celestial; e se submetem à soberania do deus Estado, crentes em seu poder ilimitado. Frágeis, mais débeis ainda admitem permaneceer os homens em geral, desde que a tênue ideía de segurança seja preservada.
(Caos Markus)
QUARTA-FEIRA, 17 DE AGOSTO DE 2011: "O REALISMO DIALÉTICO NO DIREITO"
Na atualidade do pensamento filosófico-jurídico da América Latina podem ser vislumbradas ao menos 2 orientações bem definidas -uma línguística e outra fenomenológica. A primeira absorve a influência da filosofia da linguagem, e busca ater-se à funcionalidade das expressões semióticas que evidenciam a juridicidade, ao invés de buscar uma essência ou conceito universal do direito. Essas expressões são basicamente formadas pela linguagem natural, de forma a proporcionar à ciência do direito configurar uma meta-linguagem, cuja precípua preocupação é a análise do sentido conotativo, ao nível semântico e pragmático da linguagem do direito.
A orientação fenomenológica, por seu turno, segue a tradição da filosofia jurídica latino-americana, ou seja, a teoria do Raciovitalismo (Recaséns Siches, México), a teoria Egológica (Carlos Cossio, Argentina) e a teoria Tridimensional (Miguel Reale, Brasil).
A três expressões dessa filosofia jurídica tradicional convergem para um novo normativismo e um novo realismo. Não o realismo funcional e linguístico dos juristas escandinavos, mas um realismo normativo e concreto, que pode ser concebido como um realismo dialético. Dialético porque essa realidade normativa vê o conteúdo jurídico da linguagem do direito derivar da referência constante a conteúdos relacionais de caráter social, os quais expressam um sentido axiológico. Em resumo, aspira-se a que as expressões científicas do direito correspondam à realidade fenomênica do direito, encarado numa perspectiva dialética, isto é, em sua totalidade e desenvolvimento constantes.
(Caos Markus)
TERÇA-FEIRA, 16 DE AGOSTO DE 2011: "IMPACTANTE"
SEGUNDA-FEIRA, 15 DE AGOSTO DE 2011: "À PARTE"
O café com o presidente na sopa dos pobres
toca ária de O Guarani, Gomes no rádio à pilha.
Debaixo do viaduto, todo homem é sim uma ilha.
Getúlio, o pai na História, nem de longe, Capone,
toca a célula, o fone, memória, horários nobres...
Sufoca a voz na toca-pátria um resto de panetone
E bueiros à parte, Carlos, é arte que não reparte?
(Caos Markus)
DOMINGO, 14 DE AGOSTO DE 2011: "ALIMENTO"
No vertiginoso avanço para o futuro, a História registra a enorme ambiguidade deste "progresso". Não somente as duas Grandes Guerras Mundiais, mas outras tantas, assolaram e dão continuidade à tragédia humana da autodestruição. É patente, neste virar da História, como o desenvolvimento técnico, isolado, tem esmagado o verdadeiro humanismo, fazendo nascer uma necessidade de retorno às origens.
Neste contexto, a justiça assumiu, em todos os lugares, um valor inestimável, ansiosamente desejado por todos quantos vivem o drama da história humana. Aqui, a justiça encarada em todo o seu fulgor resplendoroso, qual farol a iluminar os rumos de uma civilização cuja face se mostra marcada por sofrimentos sucessivos, temerosa do extermínio total e sob o espectro da fome.
Nestas circunstâncias, a opção que se abre aos cientistas é a de superarem a si mesmos, a fim de responder com sabedoria a desafios contemporâneos; especialmente quando se trata da realização dos valores fundamentais do gênero humano.
Ao Direito, especificamente, é de se atribuir agora dedicação aos problemas atuais da justiça social e ao relacionamento entre direito propriamente dito e ideologia.
Afinal, o Estado deve ter por objetivo a felicidade de todos mediante a virtude de todos, considerado, pois, o valor do justo. E para tanto, à luz da história, é imprescindível observar como o conceito de justiça social se relaciona com a noção de democracia social. Todas as expressões do justo ao longo dos séculos foram consagradas pelas Declarações de Direito do Homem. Todavia, estão vigentes apenas como direito normativo, nos países signatários da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Normas que não se impõem por vontade própria. Vontade essa que falta, em absoluto, ao homem do século 21, submerso no "espetáculo" da sociedade hedonista que, a um só tempo, dele se alimenta e dele é o alimento.
(Caos Markus)
SEXTA-FEIRA, 12 DE AGOSTO DE 2011: "O PODER COM VALOR"
A capacidade cognitiva tem enorme influência na postura do indivíduo em relação às metas por ele buscadas nas mais diversas situações ao longo da vida, vinculando-se diretamente ao uso de formas de representação e de comunicação, envolvendo a resolução de problemas, de maneira consciente . A contínua assimilação de códigos de representação e a possibilidade de instrumentalizá-los interferem diretamente na aprendizagem do idioma, da matemática, da reprodução espacial, temporal e gráfica, influenciando ainda na leitura de imagens.
Assim compreendida a cognição, em seu mais amplo contexto, deve-se enxergá-la como básico pressuposto na construção interna de princípios válidos individualmente, de modo a instituir, pela auto-crítica, um sujeito em meio a outros sujeitos. O desenvolvimento de tal aptidão permite apreciar e procurar razões, matizes, condicionantes, efeitos e propósitos. Trata-se de articulação a proporcionar a superação da rigidez moral, no julgamento e na atuação pessoal, na relação interpessoal e no discernimento das permutas realizadas em instituições componentes da sociedade aberta.
Esta atuação é nuclear ao exercício da efetiva cidadania, fruto de conquistas, jamais uma concessão oficial outorgada às massas populares, desguarnecidas do único poder dotado de imensurável valor, qual seja, o poder da reflexão.
(Caos Markus)
QUINTA-FEIRA, 11 DE AGOSTO DE 2011: "PORQUE EU SOU BISSEXUAL"
MIM TARZAN, TU JANE; E VICE-VERSA
As mudanças de mentalidade e as evoluções genéticas são fenômenos que se influenciam entre si.
Os órgãos da reprodução estão se atrofiando lentamente, o que explica o crescimento vegetativo cada vez menor em alguns países.
Testosterona é um hormônio esteróide produzido tanto nos homens quanto nas mulheres; nos indivíduos do sexo feminino, pelos ovários, e, em pequena quantidade em ambos, também pelas glândulas supra-renais.
Hormônios tipicamente femininos, a progesterona e o estradiol também são produzidos nos homens, embora em quantidades menores do que nas mulheres.
(Caos Markus)
QUARTA-FEIRA, 10 DE AGOSTO DE 2011: "CONTRADITAS"
Classicamente, a 'verdade' é definida como a conformidade de nossa inteligência com o objeto ("Veritas est adaequatio intellectus et rei").
Para uma melhor conceituação da 'verdade', distinguindo-a do 'erro', considerando a marcha natural do espírito humano, recomenda-se partir da ignorância e do desconhecido; da dúvida e da possibilidade; da opinião e da probabilidade; desse modo alcançando-se a certeza e a evidência.
Ante a multiplicidade de opiniões antagônicas e em campos extremos das ciências, a compreensão da 'verdade' traz consigo, de imediato, a contradição.
Com efeito, ora a nossa inteligência tende à unidade, aos conhecimentos necessários e universais; ou seja, à certeza. Noutra oportunidade, desde que admite a probabilidade, reconhece um critério da 'verdade'.
Em socorro ao ceticismo, então, vêm as correntes doutrinárias do 'dogmatismo', realçando o valor da razão humana na afirmação da verdade.
É, enfim, o 'racionalismo' que reconhece como verdadeiro tudo o que a razão humana afirma.
Se a 'verdade' é a conformidade da inteligência (da razão) com o objeto (mundo exterior); e se ficarmos tão-somente com a razão -para concebermos um mundo racional- estaremos nos afastando, indubitavelmente, da própria realidade objetiva.
Certeza e evidência terão que aguardar complementação que se impõe.
(Caos Markus)
TERÇA-FEIRA, 9 DE AGOSTO DE 2011: "O SINGULAR NO PLURAL"
Na análise dos dogmas é imprescindível verificar o entendimento relacionado à 'extensão' do conhecimento humano, em justaposição à sua 'compreensão' -a compreensão da verdade.
Do empirismo ao realismo, concepções diversas enxergam a maior ou a menor dimensão da 'verdade', esta passando por diferentes critérios de determinação. Pois, para o empirismo, a fonte única do conhecimento será sempre a experiência. Porém,genericamente, nota-se que o conhecimento experimental é particular e contingente, de âmbito limitado e restrito. Enquanto isso, o espírito científico procura estabelecer verdades universais, de maior amplitude que a simples experiência.
Em tentativa de avanço, o 'positivismo' surge enquanto concepção filosófica a estabelecer os seus princípios nas leis fundamentadas em fatos generalizados; crê que a 'certeza' é adquirida pelas leis oriundas da experiência, não admitindo qualquer raciocínio "a priori", porque entende que só nos é possível afastar do erro mantendo contato permanente com a 'experiência', cabendo então aos nossos pensamentos a função de estudar os fatos, relacioná-los e estabelecer normas (leis).
Noutro parâmetro, a 'verdade' é pleiteada no 'Idealismo' através da 'idéia' como critério do conhecimento, negando a objetividade dos dados sensíveis; atendo-se -na concepção da verdade e do mundo- à idéia que deles faz o nosso espírito.
Ainda oculta nas escolas da filosofia ocidental, certamente, a 'unidade transcendental da percepção'; a idéia da consciência acima de todos os fenômenos e ligada a nenhum deles; são a causa daquilo que cedeu lugar à 'vontade', ao 'indivíduo', ao 'sujeito', à 'personalidade', ao 'ego'. A causa, enfim, do que -tendo sido vitimado por "queda de cima abaixo"- conhecemos até então por 'caráter'.
Desde que a 'opinião pública' passou a ser espelho necessário a uma ficcionada 'realidade comum', a capacidade individual inerente ao ato de interpretar deixou de integrar a unidade pessoal para dar lugar à incerta, porém, mais "convincente" 'pluralidade' -numa relação de causa e efeito concomitante à morte do caráter.
Hoje, seria muito difícil que um indivíduo formasse uma opinião isoladamente, porque, na origem, a opinião pública (vinda de debate público, de um processo de discussão coletiva, implícito ou explícito) influenciaria -ou até mesmo decidiria- esse indivíduo, de forma tal que este levaria sempre em conta o quê lhe ensinaram os pais, o quê pensam as pessoas de suas relações, as informações que recebe da mídia,e, ainda, a análise de um formador de opinião.
A grave consequência dessa concepção é que muito dificilmente nos entregamos ao exercício da interpretação plena, aquela absolutamente livre do jugo do condicionamento ao "aprendizado", que se nos é imposto, e que de bom grado aceitamos e reproduzimos.
(Caos Markus)
SEGUNDA-FEIRA, 8 DE AGOSTO DE 2011: "DESCONTROLE"
DOMINGO, 7 DE AGOSTO DE 2011: "FRAGMENTANDO UM SISTEMA"
A dedução do fracionamento de um sistema, isto é, a prova tanto de sua integralidade quanto de sua continuidade, ou da transição contínua e por etapas, da noção segmentada aos membros da demarcação na série inteira das subdivisões, é uma das condições mais difíceis de serem cumpridas por aquele a quem se atribui a concepção do sistema.
Assim, qualquer que seja o primeiro conhecimento, a noção fundamental separada na distinção do justo e do injusto, esta idéia contém sua própria dificuldade. É, em geral, o ato do livre-arbítrio. Os teóricos que professam enquanto ciência a consideração do ser em si mesmo, assim o fazem iniciando pelo 'ser' e pelo 'nada', sem perceber, entretanto, tratar-se de uma fragmentação carente de informação desarticulada, noção tendente à generalização de um objeto, apenas.
(Caos Markus)
SÁBADO, 6 DE AGOSTO DE 2011:"EVOCAÇÃO SUBJACENTE DA DESTRUIÇÃO"
A cisão primordial do nascimento e a consequente necessidade de adaptar-se às exigências de uma realidade que confronta o ser humano com a evidência de sua incompletude (e, posteriormente, com sua finitude) o levam desejar ardorosamente o retorno do chamado estado de onipotência original, representação do paraíso nirvânico, sem angústias nem conflitos, sem desejos a demandar satisfações e, consequentemente, a imediata proposição que daí se deduz, qual seja, a da negação da vida e suas vicissitudes. O impulso que se impõe à vida e às suas manifestações, tais como o desejo de crescer e aceitar os desafios ao longo da existência, nada mais é que o instinto de morte. Seu objetivo seria, portanto, o regresso à situação de onipotência primordial.
Assim considerado, narcisismo não é o amor a si próprio, como de há muito indicado; é a incapacidade de amar até a si próprio, uma evocação do aspecto autodestrutivo subjacente na representação da volta ao estado primacial.
É nesse narcisismo que a
contemporânea sociedade dita "civil organizada", beligerante, se auto-destrói, enganada com a suposta destruição alheia, em nome de imaginada vitória da "civilização" sobre a "barbárie".
(Caos Markus)
SEXTA-FEIRA, 5 DE AGOSTO DE 2011: "A METAFÍSICA DA TITULARIDADE DO DIREITO"
Conforme a tese da soberania, a obediência é um dever, posto que tal obrigação existe e somos forçados a reconhecê-la como um
'direito' de mandar, ao extremo, na sociedade'. Soberania que é, pois, o direito de dirigir as ações dos membros da sociedade.
Direito que é revestido com força de obrigação, à qual todos os indivíduos são submetidos. Com efeito, a 'obediência' é vista
como 'dever' e a 'soberania' como um 'direito' ,o de comandar.
O 'Poder' lança mão desse direito, embora ele não lhe pertença por princípio. Porque, transcendendo todos os integrantes da
comunidade, sendo absoluto e ilimitado, jamais poderia ser propriedade de uma só pessoa ou de um grupo de homens. De fato,
oculta no conceito jurídico de soberania, há uma máxima metafísica, formulada na indagação: quem é o titular originário deste
direito? Deve existir uma vontade suprema a reger a comunidade humana, vontade boa em sua essência, e que por isso impõe a
obediência; a vontade 'divina' ou a vontade 'geral'. Da supremacia -Deus ou a sociedade- deve emanar a concretude do poder que,
por seu turno, tem de encarnar essa vontade. Será 'legítimo' se efetivar essas condições. Essa noção de soberania comporta duas
vertentes: a do direito divino e a do direito popular. Nas duas, presente o caráter original do poder soberano. Fundamento de
si próprio, é por isso 'original'. E por sua capacidade de determinar regras de sujeição, é 'absoluto'.
Assim abordada, há que se considerar a soberania como um conjunto de prerrogativas precisas, não pertencentes a mais ninguém,
cujo usufruto confere a quem delas é investido no grau supremo da dominação.
(Caos Markus)
QUARTA-FEIRA, 3 DE AGOSTO DE 2011: "SUBLEVAÇÃO VALORIZADA"
Para analisar o valor de nossa moral, Nietzsche opõe dois universos espirituais: o dos senhores e o dos escravos. Esta oposição designa a um só tempo contraste entre ideais e entre modos de existência.
Nossa moral é de escravos, e seus valores vão se construindo ao redor de um determinado ideal de convivência. Nosso imaginário social projeta como padrão de excelência uma convivência sem conflitos, na qual se imagina possível viver então a felicidade.
Sem igual, no século XIX, viu-se a intensa procura desse estado idílico no qual os conflitos desapareceriam, superadas as 'contradições', tornando possível ao "rebanho humano" viver em paz.
Tal ideal de convivência supõe, tacitamente, uma certa antropologia. Se os indivíduos não entram em conflito é porque nada mais pretendem da vida; suas vontades estão inertes. Por isso, somente, vivem a felicidade do repouso, como definida por Espinosa.
Assim, nossa moral pregará -no "tu deves"- as qualidade que tornam a vida absolutamente plácida, a exemplo do altruísmo, a piedade, o desinteresse, um ideário que apenas expressa uma VONTADE ANÊMICA, a que está na origem de nosso desejo de crenças e convicções; A NOSSA CONSTANTE NECESSIDADE DE RESPALDO EM UMA 'VERDADE', UMA RELIGIÃO, UMA CONSCIÊNCIA DE PARTIDO.
Eis a razão pela qua NOSSA CIVILIZAÇÃO ENALTECE A OBEDIÊNCIA e fixa o comando ao lado da má consciência, promovendo como figura do ser humano um indivíduo preparado exclusivamente para a subserviência -um escravo, um homem domado, o "animal do rebanho".
Paralelamente à noss moral e ao nosso ideal de convivência (que se acreditam únicos) , houve, como assevera Nietzsche, uma outra moral e um outro modo de encarar a existência. É o universo dos senhores que o filósofo crê redescobrir ao analisar a vida grega anteriormente à "decadência platônica".
Desde a sua juventude, quando pesquisava a vida grega no mundo homérico, Nietzsche distinguira, ali, um ideal de convivência oposto ao nosso -UMA VIDA CONSTRUÍDA A PARTIR DO ELOGIO DO CONFLITO, não de sua supressão.
É o que se infere daquilo que seria o "verdadeiro significado" do ostracismo como ímpar instituição na antiguidade grega. Se os gregos expulsavam da cidade alguém que se sobrepunha aos demais, essa conduta não era entendida como um freio, mas um estímulo. O grande era expulso para que os mecanismos de luta fossem restabelecidos, voltando a disputa como o cotidiano dos demais.
Nietzsche ensina que esse grego não conhecia felicidade sem luta, ou vitória sem embate. Sua vida era a expressão da VONTADE DE POTÊNCIA, em consonância com o vir-a-ser de Heráclito, condição de permanência das tensões e dos conflitos.
O mundo do escravo, agora, será aquele onde o indivíduo sofre com o mundo, dele tem ressentimentos que o levam a querer a vingança contra o senhor, negando o seu mundo.
O escravo já não quer abolir a dor, porém, encontrar um sentido para o sofrimento.
Afinal, ainda como tão bem assevera Nietzsche, não foi a dor que atormentou os fracos e sim a falta de sentido para essa dor; sentido que ensejou a criação dos seus ideais, tudo num contexto onde se destaca a civilização cristã como 'anestésico ideológico' de uma existência sofredora.
(Caos Markus)
TERÇA-FEIRA, 2 DE AGOSTO DE 2011: "OCUPAÇÃO DO PODER"
Todo fato é objeto no fenômeno dos sentidos. Ao contrário, tudo o que apenas pode ser representado e idealizado, em concepções às quais nenhum objeto pode dar-se como adequado na experiência, enquanto uma constituição jurídica perfeita entre os homens, é tão-somente a coisa em si. Assim, quando um povo está reunido por leis sob uma autoridade, então, ocorre, como objeto da experiência, conforme a noção de sua unidade em geral sob uma vontade suprema em posse do poder; entendendo-se perfeitamente que não existe nada além de fenômenos, isto é, que há, sim, uma constituição jurídica no amplo sentido da palavra.
A submissão absoluta da vontade do povo (vontade que não possui em si mesma união ou vínculo, nem, por consequência, lei) sob a vontade soberana (a reunir todos os indivíduos através de única lei) é, com efeito, um fato. Fato esse que só pode ter início pela ocupação do poder supremo.
(Caos Markus)
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE AGOSTO DE 2011: "FALSO E VERDADEIRO"
A verdadeira via (o verdadeiro método) é uma só, única. As coisas que são, tais quais elas são, em primeiro e definitivo lugar, 'são'. Da mesma maneira, o discurso verdadeiro é um só, único; é aquele que diz que 'é', que algo 'é', que tudo 'é'. Não se pode pensar o que não é, não se pode dizê-lo, porque ao fazê-lo estaremos dizendo o 'não-ser', pensando o 'não-ser', como se isso fosse um ser. pois pensar, dizer, é pensar que 'é', dizer que 'é'. E nisto consiste a verdade. Fora disso, todo discurso é mera opinião, ocasião de falsidade, um dizer 'como se', argumento que não pode ter estatuto de verdade. Do ponto de vista da realidade das coisas tais quais elas são, é preciso que elas 'sejam', integralmente, um todo, sem lacunas, obscuridades, dubiedades, subliminares. Realidade de um ser contínuo, sem faces ocultas e ilimitado. Para o prevalecimento da verdade, é necessário que tudo 'seja', que o todo 'seja'. Uma só falha no 'ser' já traz consigo, imediatamente, a dúvida, a incerteza, a impossibilidade de assertiva segura, uma sucessiva e sequencial derrubada de verdades.
A verdade exige que o mundo seja consistente, denso.
E esta é a questão fundamental de toda a existência: por que há o 'ser', e não -antes- o 'nada'?
Afinal, a existência do 'nada' coloca em risco as nossas próprias afirmações. Pois, onde fundamentar a 'certeza', a 'verdade', se forem, a princípio, mentiras!? E quem estaria mentindo? E para quem estaria mentindo, muito antes de mentir a outros, senão a si mesmo?!
(Caos Markus)
DOMINGO, 31 DE JULHO DE 2011: "DELINQUÊNCIA CULTURAL"
O Homem deste século é, muitas vezes, comparável a uma mera peça da superestrutura técnico-social, um alienado em busca de novos deuses, atormentado até pelos problemas e vazios da linguagem, tendente a exaltar como importante pretendido "idioma" único mundo afora, cujas palavras se reduzem ano após ano. Com essa "dialeto" universal, inclusive, parece querer mudar as palavras de ordem, pois como será possível dizer 'liberdade é escravidão' se for abolido o conceito de 'liberdade'?
A contemporânea banalização universalizada tem por dissimulado objetivo estreitar qualquer variada gama do pensamento.
Ao mesmo tempo, contudo, fala-se hoje de um direito natural de segurança, para defender-se do conflito (grave e aberto) entre as estruturas da sociedade, ante a falência de pluralidade de instituições, desde as políticas até as religiosas. Mas, isso implica em perceber que a violência é ação contrária à ordem ou disposição da natureza. Nesse sentido, há muito tempo na história da civilização humana já se distinguia o movimento conforme a natureza e o movimento gerado por violência. O primeiro leva os elementos ao seu lugar natural; o segundo é o que os afasta. E, ainda, pode ser compreendida a violência como a ação antagônica à ordem moral, jurídica ou política.
A exacerbação da violência a grassar pelo planeta é oriunda, neste plano, de causas absolutamente políticas.
Ora, a noção de 'violência' é, não raramente, subjetiva e relativa. No curso da nossa História, situações que agora nos parecem intoleráveis (a escravidão, por exemplo) foram admitidas como comuns e até formalmente toleradas.
Verdade é que as causas e os fatores da violência são múltiplos. Concorrem tanto os de ordem natural como os de cunho social. Com efeito, além dos aspectos físicos, atinentes ao meio ambiente, não se deve ignorar os sociais, abrangendo o processo cultural em que o Homem está imerso. Aviltado esse processo, podemos dizer que a mais expressiva violência presente é a da delinquência cultural.
(Caos Markus)
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