Gostar ou não de "nossa" cidade: isso não é assim. Em São Paulo eu mesmo me identifico como legítimo Jeca (assim mesmo, com letra maiúscula), acrescentando (da música do Xangai): "Nóis é jeca mais nóis é jóia". Jamais me imaginara morando aqui . Daqui, muito eu aprecio: o anonimato. Explico: sou mais um e um a mais. Se no interior quase todos temos e somos, mutuamente, 'referência'; aqui, ao invés de 'referência', cada um é compelido a se aproximar o mais possível do seu próprio 'eixo'. E, sem dúvida, 'referências' (ou, então, 'referenciais') não sentam à mesma mesa com 'eixos'. Enfim, na metrópole (eu a chamo de o maior "Museu de Antropologia Itinerante do Mundo") o 'indivíduo' tem oportunidade (pela própria necessidade) de (re)conhecer-se, ou, de melhor avaliar sua real identidade. Interior? Qual deles? O das referências/referenciais? O dos meus conterrâneos, o dos amigos, o dos enlaces e desenlaces etc., etc.? E eu repudiaria o meu próprio berço!? Gosto, sim, do interior. Todavia, repudio os lugares sitiados por extensa rede de "mafiosos", que (o mais grave!) os descaracterizam, distanciando-os desse 'meu berço'. Você, interiorano, deve saber exatamente do que falo: desse arremedo de máfia, que nada tem de jeca. São Paulo, a capital, é melhor? Não. A diferença: aqui tudo é 'mais'. Mais calhordas, mais gente honrada, mais moradores de rua (em torno de 15.000 pessoas)... por aí afora e adentro. A "Cosa nostra" interiorana difere apenas na escala, com a falsa impressão de 'dignidade' preservada, maior 'referência' a exibir e refletir honradez cheirando a formol.
A PREMISSA
DE UMA SUPOSIÇÃO.
LOGO PENSO:
EXISTIR É A QUESTÃO?
NADA SEI SÓ.
SÓ SEI O QUE SABEMOS
TODOS NÓS.
DÊ-NOS UMA ALAVANCA
E REMOVEREMOS PEDRAS,
MESMO SEM SABER PARA QUE SERVIRÃO.(Caos Markus)
Eu escrevo no meu blog como se fosse reza. Rezo terço, faço novenas e ladainhas. Por isso, eu jamais evocaria nas minhas orações alguém mais além dos deuses em que acredito. E, conta a conta, eu repito o meu mantra: só creio nos deuses que respeitam o meu direito de inventá-los.
Nasci e chorei. Cresci e estou aqui.Com pranto, às vezes; nem tanto, noutras. Mas não sou daqui nem de alhures. E acolá, além ou aquém, não sigo, prossigo. Enfim, o fim.