ORTODOXIA DIDÁTICA E HETERODOXIA PEDAGÓGICA
Apesar de historicamente estar permeando programas específicos, não
abrangendo, até então, o ensino generalizado, a Educação Permanente só
recentemente alçou o ‘status’ de política pública. Esta nova perspectiva vem
gerando um movimento inovador de construção de conhecimento, na meta de apoiar
sua implementação e consolidação. Um aspecto que chama a atenção, nos
documentos legais, é a ênfase na diferenciação entre Educação Permanente e
Educação Continuada.
Percebem-se, atualmente, muitas mudanças nas concepções e conceitos
educacionais, paralelamente à contínua evolução em todas as ciências, mediante
influência direta do momento sócio-econômico-político do país. Como etapa da
pesquisa desta temática, é alcançada, na literatura, a compreensão da evolução
do conceito e as possíveis diferenciações abordadas pelos estudiosos.
O objetivo é evidenciar as possíveis aproximações e distanciamentos
entre as expressões ‘Educação Continuada’ e ‘Educação Permanente’, através da
revisão literária, utilizando a metodologia da análise documental. E como
resultado preliminar, já é legítimo afirmar: é característico da ‘Educação
Continuada’ o intuito de atualizar profissionais, possibilitando-lhes exercer
suas funções com melhor desempenho. Neste sentido, primeiramente, define-se a
Educação Continuada como um processo permanente iniciado após a formação
básica, visando atualizar e melhorar a capacidade de uma pessoa ou grupo,
frente à evolução técnico-científica e às necessidades sociais. Posteriormente,
ela foi conceituada como um processo inclusivo das experiências posteriores à
formação inicial, auxiliando extensa gama de graduados acadêmicos a aprender
competências importantes para o seu trabalho.
A ‘Educação Continuada’ também é compreendida como abordagem das
atividades de ensino após cursos de graduação em geral, nos quais é mais
restrita a aquisição de novas informações, por causa de rigidez na fixação de
períodos, e face, ainda, ao uso habitual de metodologias tradicionais. A
literatura a respeito desta modalidade de educação registra ampla variedade de
expressões, sendo mais frequente o “treinamento em serviço”, a “educação no
trabalho”, “educação em serviço”.
Estruturalmente, entretanto, chamada ‘Educação Continuada’ ou denominada
‘Educação Permanente’, são sistemas com significados onde a analogia os
aproxima, sendo, por efeito, considerados como sinônimos, podendo ser
atribuídos tanto aos programas pontuais de capacitação inicial para o trabalho
ou atualização científica e tecnológica, logo transitórios. A transição, aqui,
não se traduz em fragmentação, porém, expressa sucessão estável de alternância
dos objetivos educacionais.
A concepção de ‘competência processual’, incluindo tanto as experiências
de nível individual quanto coletiva, contribui para a ampliação das noções de
Educação Permanente, orientada ao enriquecimento da essência humana e suas
subjetividades, em qualquer estágio da existência de todos os seres humanos e
não somente de trabalhadores. Assim, a terminologia ‘Educação Permanente’ é
também justificativa a fim de integrar as múltiplas abordagens pretendidas.
Neste sentido abriga, além da educação em serviço, a compreensão no
âmbito da formação técnica, de graduação e de pós-graduação; da organização do
trabalho; da interação com as redes de gestão e de serviços e dos controles
sociais setoriais. Dimensão essa que, indubitavelmente, questiona, até nos
âmbitos semântico e semiológico, a hierarquização dos objetivos educacionais,
introduzindo sério refletir sobre as imprecisões presentes na dissociação da ortodoxia
didática e da heterodoxia pedagógica.
(Caos Markus)