A viagem sempre é de volta.
Porque é isso que a vida faz,
seja que vida
eu ou você possamos pretender.
Não se vai tanto quanto se vem;
dois tempos são aqueles
que todos aprendemos.
Mas, uma certeza,
feliz ou triste (sabe-se lá!),
a partida é regresso,
a ida é retorno.
Breve viagem com destino prévio,
embora ignorado do viajante.
Eu volto, você volta,
como se jamais algum de nós
quisesse ter saído qualquer vez.
Ainda que impacientes
diante da dúvida eterna
que é o lugar onde estamos,
aonde iremos não será espaço
nem tempo permanentes.
Assim:
um é residência; outro, o domicílio.
A vida é sempre viagem de volta.
Marcus Moreira Machado
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 15 de setembro de 2007
(15/09/07) METADE
Ao meio dividido,
as duas partes de mim
unem-se através das suas.
E porque o resultado é
a soma dessa multiplicação,
mais que metades,
mais que duas pessoas,
já somos três corações
clamando no mosaico
que todo mundo é,
na busca das metades todas,
que por ser eterna a procura,
encerra então o milagre da criação.
Inteiros, somos somente juntos.
Inteiros somos, reunindo os nossos pedaços:
eu, você e nova metade.
Amo.
Amo a nossa multiplicação!
Marcus Moreira Machado
(14/09/07) RENASCENÇA
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
VERDADE SINGULAR E VERDADE PLURAL
Na análise dos dogmas é imprescindível verificar o entendimento relacionado à 'extensão' do conhecimento humano, em justaposição à sua 'compreensão' -a compreensão da verdade.
Do empirismo ao realismo, concepções diversas enxergam a maior ou a menor dimensão da 'verdade', esta passando por diferentes critérios de determinação. Pois, para o empirismo, a fonte única do conhecimento será sempre a experiência. Porém,genericamente, nota-se que o conhecimento experimental é particular e contingente, de âmbito limitado e restrito. Enquanto isso, o espírito científico procura estabelecer verdades universais, de maior amplitude que a simples experiência.
Em tentativa de avanço, o 'positivismo' surge enquanto concepção filosófica a estabelecer os seus princípios nas leis fundamentadas em fatos generalizados; crê que a 'certeza' é adquirida pelas leis oriundas da experiência, não admitindo qualquer raciocínio "a priori", porque entende que só nos é possível afastar do erro mantendo contato permanente com a 'experiência', cabendo então aos nossos pensamentos a função de estudar os fatos, relacioná-los e estabelecer normas (leis).
Noutro parâmetro, a 'verdade' é pleiteada no 'Idealismo' através da 'idéia' como critério do conhecimento, negando a objetividade dos dados sensíveis; atendo-se -na concepção da verdade e do mundo- à idéia que deles faz o nosso espírito.
Ainda oculta nas escolas da filosofia ocidental, certamente, a 'unidade transcendental da percepção'; a idéia da consciência acima de todos os fenômenos e ligada a nenhum deles; são a causa daquilo que cedeu lugar à 'vontade', ao 'indivíduo', ao 'sujeito', à 'personalidade', ao 'ego'. A causa, enfim, do que -tendo sido vitimado por "queda de cima abaixo"- conhecemos até então por 'caráter'.
Desde que a 'opinião pública' passou a ser espelho necessário a uma ficcionada 'realidade comum', a capacidade individual inerente ao ato de interpretar deixou de integrar a unidade pessoal para dar lugar à incerta, porém, mais "convincente" 'pluralidade' -numa relação de causa e efeito concomitante à morte do caráter.
Hoje, seria muito difícil que um indivíduo formasse uma opinião isoladamente, porque, na origem, a opinião pública (vinda de debate público, de um processo de discussão coletiva, implícito ou explícito) influenciaria -ou até mesmo decidiria- esse indivíduo, de forma tal que este levaria sempre em conta o quê lhe ensinaram os pais, o quê pensam as pessoas de suas relações, as informações que recebe da mídia,e, ainda, a análise de um formador de opinião.
A grave consequência dessa concepção é que muito dificilmente nos entregamos ao exercício da interpretação plena, aquela absolutamente livre do jugo do condicionamento ao "aprendizado", que se nos é imposto, e que de bom grado aceitamos e reproduzimos.
Marcus Moreira Machado
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
GUERREIRO E ARTISTA
Contemporaneamente, defende-se 'a necessidade de os povos se prepararem para a eventualidade da eclosão de um conflito sangrento', ainda que se considere ter deixado a guera de ser "fator estimulante da evolução", mesmo entendendo-se que a civilização humana esteja hoje em estágio superior ao de outrora -conquistado a partir da obtenção da consciência pela humanidade.
Muito embora as atuais elites dirigentes compreendam não ser mais admissível aceitar a guerra como 'instrumento da política, sequer apresentaram, contudo, meios de eliminá-la definitivamente dos seus costumes.
Ora, em essência, a guerra é a mesma ontem e hoje. Todavia, confundindo certos espíritos, se tem acelerado progressos de ordem material, exige, em contrapartida o sacrifício humano, como consequência imediata do instinto destruidor.
Porque, irrompida a luta pelas armas, tudo consistirá em destruir ou neutralizar o adversário do mais longe imaginável e possível, sofrendo um mínimo de perdas. O que varia são os processos, em virtude dos instrumentos disponíveis nas diversas épocas.
A 'Força' nesse contexto (e daí ponto de partida, justificativa do Estado superestruturado pelo Direito) carece invariavelmente de um líder.
Desse líder é esperada a conquista do melhor rendimento dos instrumentos disponibilizados. Papel essencial do chefe militar.
Não deverá ele, entretanto, ser confundido com mero artífice de guerra. O chefe militar deverá ter algo de artista, fazendo-se sobretudo hábil condutor de homens.
MARCUS Moreira Machado
terça-feira, 11 de setembro de 2007
INTÉRPRETE DA SOCIEDADE
Ao passado (do qual se saía através de duras lutas), ao tempo em que se negava a personalidade, a liberdade física e intelectual da pessoa humana; era em que o 'status' imobilizava o indivíduo nas diversas categorias sociais onde estivesse integrado; a esse passado fez oposição uma nova situação situação social, sob a luz de teses forjadas no 'racionalismo'.
O sentimento de justiça à sociedade, em função das condições típicas da civilização moderna, foi também causa de novas perspectivas na interpretação da lei que regia essa mesma sociedade -na espera de que a justiça legal suprisse as deficiências sociais e morais da organização econômica.
Assim, a idéia de que a lei era algo definitivo, obra inalterável do legislador, deu lugar ao entendimento contrário -o de que a lei jamais será concluída, devendo acompnhar sempre o desenvolvimento social.
A inovação ocorreu na compreensão de que para superar as lacunas da norma escrita, o seu intérprete recorreria aos mesmos elementos em função dos quais o próprio plano organizatório da vida social se processava, numa livre investigação, fundada em dados objetivamente existentes. Invstigação, ressalta-se, cientificamente sistematizada no direito a regular situações até então ignoradas.
Ainda hoje, esse "livre convencimento" deve nortear o intérprete da lei, o intérprete da sociedade. Todavia, estamos prestes a restrições novamente da liberdade, da personalidade. Isso porque, atualmente, o 'convencer-se' tem levado esse 'intérprete' da lei a fazer o que o legislador de outrora acreditava ser a sua atribuição; e proferindo sentenças e decisões que pretende inalteráveis, julgam-se -paradoxalmente- exclusivos detentores do pensamento "livre".
Marcus Moreira Machado
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
ATAVISMO HISTÓRICO
Tal qual um outro patrimônio, tudo o quê herdamos da História utilizamos como fundamento e estrutura aos nossos dias, ou pouco dela aproveitamos. Neste último caso, restará toda a pretérita experiência humana a acervo memorial -objeto de estudo comparado, quando muito; contudo, não integrado em processo onde a sequência possa denotar ou progresso, ou estagnação ou até mesmo retrocesso na evolução da espécie, do 'humano civilizado'.
Da mesma maneira como o perdulário, quando olvida-se esse conhecimento, dilapida-se um imenso legado, ao invés de nele enxergar-se o maio dos investimentos, e dele servir-se até ambos exaurirem -o homem e o seu aprendizado.
Quando essa falência ocorre, os subterfúgios forjam inevitáveis silogismos agonizantes, sempre, já no berço, porque elaborados de premissas desprovidas de qualquer co-relação entre si.
Daí, mais pretextos do que críveis explicações, dá-se por cíclicos acontecimentos onde há mera analogia.
Com efeito, a história não é cíclica. E pretender caracterizá-la nesse simplismo é não admitir a mais importante das mudanças verificadas no processo: a da conduta de personagens que, fluídos nas suas circunstâncias, negam ser intérpretes contemporâneos do 'status' antes guerreado.
Buscando atalho ao poder institucional, são muitos os "revolucionários" a cometerem o delito do atavismo contra a história política. Perde o sectário, enfim, o medo de "ser feliz" para ganhar a fobia de ser refém.
É metamorfose que para impor-se substitui a liberdade pela "libertação"!
Marcus Moreira Machado
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