Então...? O quê há, o quê houve de tão desigual na semelhança de todas as intenções? Fez ou faz alguma diferença fingir diferente?
Afinal, o engano não é esse. Ou melhor, não foi aquele: o veraz nem é crível como acreditamos! Mesmo porque, cá comigo, lá consigo, somos a real incapacidade de querer muito em cada um de nós próprios. E porque precisamos dividir... dividir precisamos. Na expectativa de amplificarmos tímidos ruídos da individual alma, ansiando um único espírito na grandeza coletiva.
Em meio a emoção mais conhecida, da carne mais próxima, alma e espírito confundem-se, porém. É o momento em que nos resta perguntar: E CARNE E ALMA; E ESPÍRITO E EMOÇÃO, onde estão? Não habitam o mesmo 'animus' -o que DECLARA À VIDA O DEVER DE PROSSEGUIR ?
Ora, se 'não'... Então, o quê houve? O quê há?
Vamos?!
Vamos! Com ênfase, ao som dos nossos tambores, no grito das nossas guitarras, distorcidamente; sôfregos e ansiosos em sonhar realidade ao norte, ainda que sem bússola. Porque, nem por isso, a tempestade é inevitável. E porque ao sul, se chegarmos, sequer saberemos de norte algum (aliás, em Assunção do Paraguay os bravos não morreram por falta de rumo; antes, padeceram dele).
E centro-leste, centro-norte, centro-oeste-sul... não definem o centro do universo do mundo ao sul do Equador. Pois é nesse latin lover, NESSE PACATO CIDADÃO QUE FEMININAMENTE GEME O AMOR CALIENTE das vãs discussões, no mais puro êxtase do formidável orgasmo!!
Assim, tudo: reinventando, vangloriando, desejando... Jurando!
O quê houve? Já não se lembra mais? Mas não falávamos das bobagens todas de não se dizer a única palavra que de fato era a do nosso desejo?
Tempo algum perdemos. Tudo foi dito, até muito além dos limites do medo.
Notemos, notamos, sem que ninguém notasse ou jurasse, além de nós, no eterno e delicioso segredo; nesse eixo -a referência do espelho, um no outro. (Até mesmo cada um não se vê igual em seu reflexo).
Cá no meu reino, a minha casa fica lá atrás do mundo, aonde eu vou num segundo. E é por isso que eu gosto lá de fora, afora. Eu sei que da minha falsidade eu dou conta, na soma de todas as minhas diferenças sutis, consideradas as discrepâncias de todas elas.
Como é mais convincente amar na segunda pessoa do singular, sou ímpar para dizer que te quero tanto quanto a mim mesmo eu espero. E QUE SE DE TI PRECISO COMO DESCONHEÇO, 'preciso' eu sou. Porque, nada de 'navegar é preciso'. Viver não é. (Que me desculpe Pessoa).
O MAR É DE CAMÕES SOLDADO, não de poeta encantador. Serpentes são mágicas se bruxo for o flautista (e, no meu caso, eu toco gaita, mais chegado a blues tristonho -do mundo primeiro que chorou negros, índios, cafusos e mamelucos daqui; e, quem sabe, os de lá.(Olhaí, olha o meu guri cá dentro de mim. Olhaí, guria, o que há em ti!)
Que lugar no mundo é o de cada um? Lugar ao sol? Mas onde, nas galáxias? Em qual delas, além dos sóis todos que possamos enxergar? QUAL MUNDO TEM LUGAR EM NÓS PRÓPRIOS, diante de tantos lugares onde jamais estamos?!
Porque: há vida noutros planetas, mais a Lua satélite?
Porque: há constelações outras que não as astronômicas ou as poéticas?
Porque: se tudo parece tão próximo e real, verdadeiro e crível... então... O quê há? O quê houve de tão desigual naquelas intenções, que não passaram disso?!
Vamos!?
Vamos. Enaltecendo valores, dores, humores. Elogiando elegias, engrandecendo os pequenos mais notórios que notáveis, MONSTRUOSAMENTE ADORMECIDOS NA CONTIDA VOLÚPIA IMORALIZADA!!
Naveguemos!
Marcus Moreira Machado