São Paulo, o apóstolo, já advertira: "quando sobra comida na mesa do rico é porque ela falta na mesa do pobre". E como pobreza mete medo, muito 'pobre de espírito' por aí afora crê, contudo de maneira esdrúxula, na advertência do santo católico apostólico romano. Não o faz como quem ouve uma recomendação, mas como a observar um sinal de trânsito. Assim: ou o sujeito é rico ou é pobre, ponto final. Então, nem é preciso muito raciocínio para saber qual a imediata opção. E -parece que por instinto de Homem de Neanderthal- o "homo-sapiens" enxerga a Política como a melhor garantia de mesa sempre farta (para si mesmo, obviamente).
Isto, num país como o Brasil, lugar ainda das cavernas quando se trata de economia, de altíssima concentração da renda nacional, povoado por imensa maioria de miseráveis famintos.
Não por outra razão, cá entre nós os mandatários do poder adquirem 'ar de sabedoria', após o resultado nas urnas. Este é o único jeito de "justificar" o impossível, ou seja, todo o injustificável que se verá adiante, ao se iniciar o mandato: a forma de explicar a aritmética do diabo, onde nem a conta do "Lua" (Gonzagão) é tão hilariante.
Imitando o baião, os eleitos imaginam que poderão, eternamente, distribruir dessa maneira a riqueza do país: "1 pra mim, 1 pra tu, 1 pra mim/ 1 pra mim, 1 pra tu, 1 pra mim/ 1 pra mim, 1 pra tu, 1 pra mim... ...".
Em pouco tempo, todavia, já será outra a conta: "1 pra mim, 1 pra mim, mais 1 pra mim/ 1 pra mim, 1 pra mim, só pra mim... ...".
(Caos Markus)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 26 de novembro de 2011
DOMINGO, 18 DE DEZEMBRO DE 2011: "NOVA ERA"
Cuidou Mohandas Gandhi de listar o que ele próprio chamou de 'os sete erros capitais do mundo'. Neste rol, incluiu o "conhecimento sem caráter" e a "política sem princípios", dando mostras de que, por mais diversificadas as culturas, e delas o seus efeitos em cada povo, há algo de comum, de universal nos homens, seja qual for o lugar onde eles nasceram ou se criaram. Então, transcendendo tempo e espaço, um indiano empresta, ao que parece, a sua lição de vida a determinados segmentos da sociedade brasileira. Basta conferir.
Aqui no Brasil, as duas máximas de Gandhi servem no mínimo como séria advertência a pessoas que, enveredando no dito mundo da política, convenceram-se da não provada intermediação entre o céu e a terra, numa aproximação entre Deus e César. E, pior, crêem mesmo que "foi Deus quem quis assim", escolhidas elas próprias como mensageiras divinizadas.
Dão a isso o rótulo fácil de "engajados". E para a consecução das suas desvairadas metas, esbulham partidos políticos, ocupando-os por "vias legais" e doutrinando-os pelas vias subliminares.
Desta espetacular e consentida conduta, fac-simile da 'Nova Era', adotando a 'unanimidade' como comportamento ideológico, tais indivíduos ilustram o antagonismo hoje observado neste país, e tão bem definido por Roberto Mangabeira Unger: "O país se dividiu entre o salve-se quem puder e o idealismo inconformado".
(Caos Markus)
SÁBADO, 17 DE DEZEMBRO DE 2011: "CONSTRUÇÃO E OBSTRUÇÃO NO CARÁTER HUMANO"
Um casal, uma família, entidade ou instituição; seja qual for esse 'sistema social', ele não é jamais a somatória de individualidades.
Embora bastante conhecido enquanto conceito, o 'sistema social' raramente é reconhecido na 'práxis de atividades associativas'.
Sabe-se, um 'sistema' não é mesmo mero resultado da soma de suas partes. Este é um 'princípio' sinalizador da importância de se considerar a constituição do agrupamento humano a partir de peculiaridades observadas apenas na essência de existências singulares, cujo perfil psicodinâmico não pode sofrer o reducionismo consequente dos vetores psicológicos de seus componentes.
O fenômeno centralizador da atividade de qualquer grupo é a interação entre seus membros, co-partícipes de uma relação. Na dinâmica dessa reciprocidade deve-se dirigir o interesse das averiguações e dos questionamentos, independentemente da máxima teórica desse ou daquele posicionamento, de modo a se compreender tanto os aspectos construtivos quanto os obstrutivos da atuação coletivizada dos indivíduos.
Em geral, define-se o homem como um ser gregário, em alusão à sua inata tendência a associar-se para assegurar sua identidade e sobrevivência, confirmando-as em espécie distinta das demais. Todavia, resta invariavelmente prejudicada a 'interação' humana face a obstrução ocasionada por um traço só presente no caráter desta mesma espécie: ao contrário de outros, o homem é animal que não se agrupa apenas para defender-se dos perigos naturais ou a fim de multiplicar sua capacidade de prover sustento e proteção para a sua prole. Ele também agrega-se com o objetivo de instrumentalizar seu domínio e poder sobre seus pares, mesmo quando essa subjugação não está vinculada a questões de sobrevivência ou preservação da espécie. E é quando isso ocorre que todos nos defrontamos com os mecanismos obstrutivos nos sistemas sociais, quer na dimensão do núcleo familiar, quer na órbita mais ampla das suas instituições.
(Caos Markus)
SEXTA-FEIRA, 16 DE DEZEMBRO DE 2011: "COGNIÇÃO E PERTUBAÇÃO"
A compreensão de um 'objeto de conhecimento' surge estreitamente vinculada à possibilidade de o 'sujeito do aprendizado' reconstruir este mesmo 'objeto', por ter compreendido quais são as 'leis de composição'. Esta compreensão não é 'figurativa', mas sim 'operatória'. Não se trata de uma forma de conjunto, aceita por definitiva, porém, a de transformações que engendram essas 'configurações', em concomitância com as 'invariáveis' que lhes são próprias.
Uma 'prática pedagógica' não deve, pois, temer o 'erro' (sob a condição de distinguir entre erros edificantes e os que em nada contribuem para uma construção). E não deve, tampouco, ter receio algum em relação ao 'esquecimento', porque o importante não é o esquecimento, e sim a 'incapacidade' para 'restituir o conteúdo esquecido'.
Se o 'sujeito' de fato compreendeu o 'mecanismo de produção' do conhecimento, poderá então restituí-lo por si mesmo; não de uma maneira apenas, contudo, por múltiplas formas.
Ou há um 'sujeito' continuamente dependente de outros indivíduos (detentores de conhecimento, e que podem outrogá-lo), ou haverá um 'sujeito' independente, considerando ter compreendido os mecanismos de produção do conhecido. Este último converte-se, por consequência, em 'criador de conhecimento'.
Entre uma concepção do 'sujeito da aprendizagem' como 'receptor de algum conhecimento de fora para dentro', e a desse 'sujeito' enquanto seu 'produtor', constata-se enorme fosso.
Qualquer progresso no 'conhecer' (inserido num 'processo') somente será obtido através do 'conflito cognitivo', ou seja, sob a condição de um 'objeto' não assimilável forçar o 'sujeito' a modificar seus 'esquemas' de assimilação, levando-o a realizar um esforço de acomodação tendente à incorporação do até então não identificado (o tecnicamente denominado 'pertubação'). Igualmente, todavia, não será considerada 'intelectual', aleatoriamente, imprecisa 'atividade', tanto quanto não é qualquer um o 'conflito cognitivo factual' a permitir real 'progresso no conhecimento', causador do aprendizado que se constrói e se renova.
(Caos Markus)
QUINTA-FEIRA, 15 DE DEZEMBRO DE 2011: "AMANDO"
Eu decidi escrever um texto de amor.
Poema, soneto, crônica... Qualquer coisa, mas um texto de amor.
Eis que a dúvida arruina a decisão.
Eu refleti: quando devo escrevê-lo? Antes do amor começar ou quando ele acabar?
Porque -certeza tenho- enquanto eu estiver amando não escreverei uma linha sequer sobre o que já tenho.
(Caos Markus)
QUARTA-FEIRA, 14 DE DEZEMBRO DE 2011: "ORATÓRIA DA PLENITUDE"
O mundo carece, eu creio de 'evolucionários', muito embora seja abundante a quantidade de "revolucionários". De semelhante maneira, inúmeras 'reivindicações' não têm sido precedidas de qualquer 'vindicação'. Ou para ser mais preciso: é gritante o sem número de clamores vazios de real significado, afastados, todos, da incontestável 'lei da causa e efeito'; e raros são os homens que -mais por vocação- não perseguem meta alguma, mas seguem, sim, o itinerário do aperfeiçoamento moral, caminhando ao encontro da 'ética essencial', em valorização do relacionamento entre homem e sociedade, no contexto de respeito à superioridade do que se lhe é desconhecido.
Determinadas pessoas não exigem muito esforço da nossa observação, fazendo-se notar naquilo que trazem de bom ao mundo, pouco preocupadas que estão com o tamanho do "troféu", pois bastante ocupadas na tarefa diária de premiar a humanidade com este sentimento intrínseco ao caráter dos indivíduos "coletivizados": o amor.
Afinal, a alma transformada jamais poderá ser tradução de uma mente transtornada, porém, certamente, a oratória maior do ainda pouco estudado idioma universal do "sentimento do mundo", onde 'poeta' não é quem escreve versos, mas sim quem semeia a poesia da vida plena.
(Caos Markus)
TERÇA-FEIRA, 13 DE DEZEMBRO DE 2011: "POLÍTICA NA MANDALA"
Na 'mandala', temerosos, os primitivos delimitavam (no círculo) a zona de perigo. A ameaça era o desconhecio, tudo o que estivesse além desse limite. Na linha da circunferência a passagem jamais ousada, ultrapassada apenas pelo poucos escolhidos que, desde a infância, eram iniciados na arte da caça e da guerra. Estes -considerados virtuosos- então defendiam todos os demais, da fome e de toda sorte de "estrangeiros", os habitantes do 'outro lado'.
Hoje, confinados em singulares "mandalas", a que chamamos 'cidades', quase inertes e calados, à mercê de 'novos guerreiros' e 'caçadores' eleitos por contemporâneas "tribos"; cumprimos semelhante papel de subordinação àqueles dos quais pensamos depender toda a nossa existência. Fundamental diferença, no entanto, é vista na atuação dos "selecionados" de agora. Não são mais 'educados' desde tenra idade na arte da solidariedade; e por isso não ousam ir além das fronteiras do inaudito, conhecendo do extraordinário somente as próprias pregações, feitas em nome da defesa dos "representados". Da "guerra" muito pouco conhecem, a não ser a "estratégia" usual na disputa entre si mesmsos, em contenda pelo 'eixo' da 'mandala'. A isto chamam 'Poder'. E porque convergem ao centro do círculo, mais afastados estão do destemor indispensável a mudanças reais.
No vaivém destes "combatentes", uns poucos (muito possivelmente por não lograrem também alcançar o 'eixo' pretendido) "pintam o rosto" no "ritual" de um combate sempre postergado, não obstante a impressão de irredutíveis "guerreiros", quando ocasionalmente mais próximos da margem. Esses "combatentes", todavia, jamais rompem o "círculo".
A 'cidade' -já reduzida- não mais é "polis". E, por efeito, perde a Política. Nesta mandala não há "urbe" nem o 'urbano' ou o 'rural'. O "civilizado" não mais sabe o que é "civitas" e -bélico- contraditoriamente, conclama todos à "civilização", apregoando transformações circunscritas à manutenção do terror fundado na ignorância eternizada no lugar do "ignorado" de outrora. Ainda o ancestral primitivismo, pretendendo sinonímia com a acepção do vocábulo 'revolução'. Imagina-se, pois, exclusivo na evolução humana o progresso permanente. Sistema engendrado de forma a pretender sobrevivente a Política, paradoxalmente ao lado da urbanidade sepultada, da 'civilidade' preterida, e da completamente desprezada 'humana idade'.
(Caos Markus)
SEGUNDA-FEIRA, 12 DE DEZEMBRO DE 2011: "NOVO CÂNTICO"
De pé, ó vitimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.
Se ergues da justiça a clava forte,
Cortas o mal bem pelo fundo!
Se há senhor nessa igualdade penhorada,
Conseguiremos conquistá-la no braço.
De pé, de pé, não mais senhores!
Bem unidos façamos
Do sonho intenso, um raio vívido.
Se nada somos neste mundo,
Sejamos tudo.
Nesta luta final,
Verás que trabalhadores são irmãos,
Não fogem à luta,
E dos filhos deste solo, uma só
a terra adorada:
A Internacional!
(Caos Markus)
terça-feira, 22 de novembro de 2011
DOMINGO, 11 DE DEZEMBRO DE 2011: "AMBIGUIDADE, CARÁTER DA RECIPROCIDADE"
É necessário que pensemos conjuntamente 'alma' e 'corpo', sob o vínculo de um todo essencial. Quando unidos, alma e corpo compartilham a mesma vida. Apesar de possível pensá-los separadamente, o 'corpo' de um lado e a 'alma' de outro, a substância de um depende da ação do outro: a alma conduz o corpo na direção que ela decidir tomar em seu comportamento, e o corpo ou a acompanha, leve, ou não a segue, tornando-se pesado. Dessa maneira, em companhia de um corpo leve, a alma dispõe de maior agilidade. De outro modo, a alma acompanhada por um corpo pesado tem sua ação marcada pela lentidão. Os dois atuam reciprocamente sobre a essência contrária, ou seja, agem na mesma direção mas em sentidos opostos, refletindo então nas estruturas que se lhes são próximas, porém, alheias "per si".
Por isso, são um duplo ser, dependentes de uma unidade harmônica, de maior complexidade, capaz de compatibilizar esse binômio, num acordo entre suas diferentes partes.
Esse intrincamento inviabiliza a hipótese de um terceiro ser, a partir da junção dos dois primeiros. Com efeito, tão-somente confirma a paridade na analogia 'alma' e 'corpo', a constituir-se numa díade cuja dissolução sempre implicará na fragamentação da ambiguidade própria ao seu caráter.
(Caos Markus)
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
SÁBADO, 10 DE DEZEMBRO DE 2011: "SIMBIOSE E METAMORFOSE NA POLÍTICA"
Políticos simbióticos propagam por este Brasil afora as suas virtudes parasitárias. Na imensa maioria, eles estão convictos de que nos fazem falta, de que a nossa sobrevivência depende da deles. E para justificarem-se, os espécimes desta intrigante raça reunem supostos atributos, colecionados, todos, na efemeridade de vaga militância.
Como ainda subsiste nas multidões essa quase inexplicável predisposição para o fascínio em geral, entende-se porque não há grandes dificuldades na contínua formação de próceres.
E como há muito em que se acreditar, acaba-se por acreditar em qualquer coisa, num curto passo para se acreditar em todas as coisas, independentemente da sua maior ou menor veracidade.
Neste sentido, Caramuru continua vivo entre nós, formidável legião de boquiabertos, puro êxtase ante os encantos de muitos sapos que chiam.
Pensar ou dizer algo contrário a isso é correr o risco de significar alguma anomalia, anormalidade de um reduzido número de descontentes e impoliticamente incorretos.
Enfim, o fim.
A vigência é a da política do corpo, ou melhor, do corpo-a-corpo, no cenário globalizado da dependência em metamorfose, adquirindo cores, texturas e matizes vários, mas que de pluralidade só tem a multiplicidade nas formas de dissimulação.
(Caos Markus)
Assinar:
Postagens (Atom)