REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
SEXTA-FEIRA, 12 DE FEVEREIRO DE 2010:"BLÁ-BLÁ-BLÁ"
Que fulano e fulana só fingem aparências; que na verdade nem dormem mais no mesmo quarto; que um e outra, "liberais", apostaram no casamento aberto até as últimas conseqüências e finalidades... ... É isso o que dizem as más línguas. Falam também que, nem hipocrisia nem cinismo, os dois são um modelo de boa convivência, buscando no casamento apenas o "diploma" social competente para abrir as portas do sucesso financeiro e do prestígio nos círculos refinados dos colunáveis; dizem até que a manutenção de vidas sexuais independentes é, no caso, não uma tolerância daqueles cônjuges, porém um compromisso assumido em nome da liberdade individual, um respeito mútuo resultante de mentalidades arrojadas e despojadas de ranço e preconceito.
Dizem que fulano e sicrana e fulana e beltrano são ótimos companheiros, bons amigos, compartilhando entre si as virtudes de concepções modernas, onde a vida pública não se confunde, jamais, com a privada; e dizem que talvez por isso tudo tenham fulano e fulana conquistado um matrimônio tão duradouro, fundamentado na compreensão recíproca das potencialidades de cada um e na aceitação das suas necessidades distintas; dizem que têm em comum um patrimônio milionário, fruto de um contrato tácito voltado para o aspecto prático de um relacionamento.
Dizem que muita gente morre de inveja, porque se vê forçada à uma vida mesquinha e miserável, restrita e resumida num cotidiano insuportável, onde marido e mulher só têm em comum a frustação e o desprêzo; dizem que não é mais possível suportar a família nessa estrutura arcaica, a futilidade e o tédio fazem soçobrar a plenitude uma fecunda em nome da moral e dos bons costumes; dizem que não falta quem não desejasse modificar o seu estilo de comportamento condicionado às rígidas normas e padrões sociais, conquistando, então, a saúde de uma relação compromissada somente com a fartura, o prazer e a serenidade.
Dizem que tanto faz o governo, tanto faz a economia, tanto faz a política, que só interessa realmente a sua firme decisão em ser feliz, o seu propósito constante em transformar-se num respeitável cidadão. porque a grande maioria nasceu para obedecer e admirar os bem sucedidos, num misto de inveja e imitação típicos aos que, desprovidos de sagacidade, nada têm a oferecer e, por isso, alimentam as mais desenfreadas, descabidas e inoportunas paixões, sempre incapazes de auto-realização, precisando enxergar no outro o que não conseguem ver em si mesmos.
Dizem que as más línguas nasceram do confronto entre a inteligência e a estupidez, com a vitória da primeira sobre a segunda logo de início; dizem que todo mundo diz o que vem à cabeça, sem o mínimo cuidado em estabelecer nexo entre verbo e raciocínio, e que isso acontece com exagerada frequência porque não raro o ser humano tem na prequiça o real motivo da sua incapacidade para pensar, para trabalhar, para reivindicar com seriedade, para, enfim, ser sério sem ser arrogante; dizem que quase ninguém está de fato preocupado com seu próximo, além, é claro, de preocupar-se em ver longe, muito longe aquele que por ventura procura se aproximar; e dizem que ninguém entende de nada, que tudo e todos são mera presunção, que o homem é um projeto que não deu certo, que o mais correto é cada um pensar em si, porque é isso que qualquer pessoa sensata deve fazer quando quer encontrar a paz e a felicidade.
Mas dizem, também, que é impossível viver só, que ninguém veio a esse mundo para ser uma ilha, que nós humanos precisamos um do outro, que Deus existe e que Deus não existe, que o bom mesmo é ficar calado e que o bom mesmo é participar.
Ora, dizem e como dizem! Dizem que o pior analfabeto é o analfabeto político, repetindo apenas o que outros já haviam dito; dizem que o país precisa derramar sangue se quiser a sua verdadeira emancipação, sem ao menos a merecida atenção para tanto sangue inutilmente derramado em nome de uma fictícia, mas bem produzida liberdade.
Dizem as más línguas que fulano, cicrano e beltrano somos eu, tu e vós, e que nós e eles temos muito pouco em comum, acima, é claro, da enorme dificludade que todos temos em conseguir ser alguem além do comum. Então, se é para dizer algo, que digamos todos: quem é que pode de sã consciência dizer o dito pelo não dito, se a nossa maior vocação é nada dizer depois de tudo já ter dito?
(Marcus Moreira Machado)
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