Tanto o conceito de objetividade quanto o de racionalidade não escapam a uma intervenção de valores ou normas éticas. No fundo, a racionalidade consiste na escolha dos meios mais aptos para atingir determinado fim. Contantemente, os fins são admitidos tacitamente, ou, vale dizer, meio 'irracionalmente'. Essa admissão, sem crítica, dos fins cria a ilusão da racionalidade instrumental e tecnológica, pretensamente isenta de toda e qualquer referência a um sistema valorativo, e, por isso, neutra. Todavia, é absolutamente discutível que a maioria da produção concebida e efetivada graças às técnicas de extrema racionalidade traga mesmo contribuição eficaz à satisfação das necessidade humanas. Da análise crítica dos valores que permeiam o conceito de racionalidade, infere-se a premência de um exame da questão dos 'fins' a que se propõe a ciência através de suas pesquisas. Pois, não se pode ignorar o desvio de múltiplos resultados técnicos-científicos, haja vista que boa parte das carências essenciais do homem foi relegada à inferioridade, em efetiva constatação de que parcela considerável de conhecimentos vem sendo desperdiçada, tão-somente para a satisfação de necessidades secundárias ou artificializadas do ser humano e da sociedade.
A racionalidade não é, dessa maneira, fruto da razão.Porque, ao contrário, a razão comporta e exige permanente crítica.(Marcus Moreira Machado)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 9 de fevereiro de 2008
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
DOMINGO, 10 DE FEVEREIRO DE 2008: "A PSICOLOGIA QUE PRODUZ UM HOMEM
A interferência ideológica na psicologia é bastante clara, sobretudo quando essa disciplina se relaciona com as estruturas sociais, desempenhando então uma função cultural de destaque. Obviamente, trata-se da prática psicológica, que possui natureza explicativa. Os psicólogos, mais e mais têm sido chamados a responder a sucessão de demandas extrínsecas aos objetivos científicos da sua finalidade original. Cumprem agora essa função cultural em meio à sociedade, apresentando uma compreensão nova do homem e do conhecimento; desenvolvida, sim, através de pesquisas reais, contudo, também e principalmente como efeito da vulgarização dessas pesquisas. Ora, o homem contemporâneo tem uma imagem de si próprio à qual a psicologia não é estranha. Essa imagem -a que se forja para o homem atual- responde a uma necessidade de adaptação do comportamento dos indivíduos aos objetivos de um sistema econômico, social, político e cultural.
Quer na prática psicológica aplicada ao segmento industrial ou escolar, individualizadamente; quer na estabelecida no contexto mais amplo de toda a sociedade; as funções de adaptação, de seleção, de promoção, e daí por diante, respondem, todas elas, a exigências que mesmo essa experiência rotineira não pode controlar ou criticar. Há casos em que a limitação advém das imposições de ordem econômica; outros, de imperativos culturais. Em todos, contudo, essa prática é reduzida ao plano de um 'meio' dirigido a um 'fim' preciso, independente da própria psicologia. Equivale a dizer que se trata do uso da psicologia como um forte aliado no processo de condicionamento do ser humano. Enfim, a psicologia que "produz" um homem.(Marcus Moreira Machado)
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
SÁBADO, 9 DE FEVEREIRO DE 2008: "ALMA, O SUJEITO INCONDICIONADO".
A capacidade de conceber idéias é a faculdade da razão propriamente dita, atuando para organizar as categorias do discernimento. A metafísica tem esta pretensão, concebendo idéias que não guardam nenhuma relação com experiência alguma. Para que as representações da compreensão sejam sintetizadas em uma unidade, é necessário pressupor a condição possível dessa mesma unidade, quer dizer, o sujeito do conhecimento.
A condição de possibilidade desse sujeito só poderia ser outro sujeito, porém, já incondicionado, subsistente em si e por si; ou seja, uma substância -a chamada 'alma', pela metafísica. Também, alternativamente, a 'causa', no entendimento que vincula um objeto e outro, viabilizando o conhecimento de um acontecimento.
Daí, a razão cria a série completa de causas e eventos; concebe o mundo.
A razão ainda pode criar uma condição incondicionada de todos os possíveis, alma ou mundo, entendida como Deus.
Por efeito, a razão se ilude, apropriando-se de uma possibilidade lógica do conceito, como se observa na idéia metafísica de alma. Pois, o sujeito, distinto de individualidade fundada na experiência, é somente a condição formal de identificação de um objeto como substância, que, essencialmente incondicional, não pode ser matéria. Ou, o sujeito é forma, a lógica do conhecimento, e não o seu conteúdo. É alma, do sujeito incondicionado que transcende.(Marcus Moreira Machado)
SEXTA-FEIRA, 8 DE FEVEREIRO DE 2008: "PERMANÊNCIA REVOLUCIONÁRIA".
Falsa doutrinação, não existe possibilidade de desenvolvimento capitalista com distribuição de renda (uma utopia reacionária do reformismo) por um simples motivo: desde que a burguesia é burguesia, ela só faz buscar defender e aumentar seus lucros. E para cumprir essa meta, a forma mais rápida é a manutenção da sua política, sem abrir mão de seus privilégios.
Ora, a compreensão do desenvolvimento desigual e combinado da relação entre as classes no Brasil aponta única perspectiva revolucionária, a que leve em consideração a sua própria permanência. Pois, o proletariado de um país atrasado tem diante de si as tarefas da revolução democrático-burguesa, que a própria burguesia não pode cumprir; e, concomitantemente, a necessidade de avançar para a revolução socialista.
Tanto a reforma agrária como a real independência nacional -a ruptura com o imperialismo- só serão de fato realizadas contra esse imperialismo , contra a burguesia nacional e o latifúndio capitalista, sob a condução do proletariado. Tal significa ver a revolução socialista em seus estágios.
Para tanto, o proletariado terá de levar em conta a necessidade de ser o dirigente do conjunto das massas exploradas, desde os setores populares das grandes cidades; da juventude e, em particular, do movimento estudantil; e de seus irmãos proletários do campo.
O caráter permanente da revolução se manifesta sob outro aspecto. É possível que o proletariado de um país atrasado tome o poder antes mesmo que isso ocorra nos países imperialistas mais avançados. Mas a revolução não pode avançar depois da tomada do poder, na consumação de uma ordem socialista, caso os operários dos centros mais industrializados, dos paíse imperialistas, não tomem igualmente o poder.
Por esta razão, a revolução permanente e internacional é o maior e o mais difícil dos objetivos, mas que, ausente, jamais alcançará a transformação das estruturas sociais.(Marcus Moreira Machado)
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
QUINTA-FEIRA, 7 DE FEVEREIRO DE 2008: "IDEOLOGIA ECONÔMICA, A PRAXE E A PRÁXIS".
Tanto quanto nas demais ciências ainda mal denominadas "humanas", na economia, os conflitos de valores ocupam lugar de destaque, a ponto de atualmente não merecer crédito uma pretensa linha divisória entre a teoria econômica e a doutrina ideológica ou política. É sempre mais crescente nos países desenvolvidos a intervenção mais direta dos economistas nos assuntos privados e públicos. Constata-se que a economia-ciência está bastante integrada a seu contexto social e político.
A considerar o grau de certeza do conhecimento científico, a economia deve, via de consequência, ser compreendida num duplo movimento. Assim é que no plano tecnológico ela constrói uma ampla aparelhagem abstrata, inicialmente emprestada das chamadas ciências da natureza; após, progressivamente, revitalizada face a uma instrumentação original. E no plano da determinação de seu objeto, a economia orienta-se à concepção que a vincula cada vez mais às mesmas "ciências humanas".
Da análise do grau de certeza desses dois planos, todavia, conclui-se que a economia precisa ser identificada, enquanto ciência teórica, em associação às sua técnicas de aplicação, isto é, teoria e prática não apenas se complementam em significação, mas também se ordenam reciprocamente.
Não por outro motivo, a economia contemporânea é uma disciplina intervencionista, ou melhor, uma praxeologia. Porque ela intervem na medida em que busca prever fatos econômicos; de modo mais radical, intervem ainda quando se coloca a planificar. Afinal, planificar é interferir, intervenção que se faz na escala de uma grande unidade econômica, a fim de organizar racionalmente sua estrutura e seu funcionamento. Enfim, interfere enquanto estreitamente ligada está aos sistemas de controle da administração , pois organiza e controla as relações de produção e de distribuição do produto numa sociedade cujo maior objetivo é satisfazer certos "ideais" humanos.
Infere-se dessa abordagem que a praxe, ou seja, a pragmática, o uso habitual, é a da economia contagiada por doutrinas ideológicas (hoje, a do consumismo, encoberta pela manto do neoliberalismo), que mais e mais distancia o conjunto de atividades que poderiam transformar o mundo, informando as causas e condicionando as estruturas sociais -a práxis marxista.(Marcus Moreira Machado)
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