(Caos Markus)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
TERÇA-FEIRA, 21 DE DEZEMBRO DE 2010: "FADÁRIO"
Sancho Pança não enxergava os mais de trinta insolentes gigantes que só o nobre cavaleiro avistava. No entanto, era por demais fascinado pela loucura para renunciar ao cargo do fiel escudeiro. Talvez somente ele entendesse que lutava o seu amo por outras coisas além de gigantes ou moinhos de vento. Pois, não hav...erá também a glória de uma outra magnífica vitória que devemos perseguir? Não estaremos todos predestinados a nobres propósitos em incomparável jornada? Certamente, a dissolução em que nos encontramos é transitória; não é fadário o desaparecimento de um povo corroído pelo aviltamento; a sua recuperação será mais breve se mais rapidamente bradarmos o nosso descontentamento.
Sei que existem milhares de homens que na essência concordam comigo, mas que não estão em condições de exprimir seus pensamento. São "pobres"; estão metidos em negócios; e sabem que se disserem o que honestamente pensam, certas pessoas lhes recusarão o patrocínio.
SEGUNDA-FEIRA, 20 DE DEZEMBRO DE 2010: "QUEM FALA E O QUÊ FALA"
Noutras décadas, de eras não tão priscas assim, existiram duas espécies de pessoas, somente: as que estavam de um lado e as que não estavam desse, mas sim daquele outro. Ou melhor, dois comportamentos, então: os que falavam e os que faziam calar a boca. Como uns falavam -e o que falavam é uma outra história-, como e porquê alguns, não poucos, faziam calar a boca dos primeiros, não é uma outra história diferente em razões e falta de razões. De lá para cá, anarquistas e ateus tornaram-se governantes e ministros da eucaristia, as favelas e o tráfico de entorpecentes ocuparam maior destaque na mídia. Esta, por sua vez, de rabo preso com o leitor porque sem ele não dá para não justificar, invadiu a privacidade e o anonimato da cidadania, inventando que ninguém a possuia e, por isso mesmo, imbuindo-se do mister de suscitar aprovação ou desaprovação de assuntos variados sobre o tema (na necessidade, na.verdade ou na falta dela), sempre comprovando pela deusa-estatística que o povo sabe o quê quer (ainda que nem tivesse o tal povo jamais pensando em dividir com o próximo algo além da comum alienação). Enfim, parece que houve um outro tempo; parece que agora chove torrencialmente no deserto do Saara, e ininterruptamente neva na selva amazônica. Parece, enfim, que hoje só existem duas espécies de pessoas, as que falam e as que, mesmo não gostando do que ouvem, no mínimo suportam a hora e a vez dos que têm algo a dizer.
(Caos Markus)
DOMINGO: 19 DE DEZEMBRO DE 2010: "MUROS"
Há uma canção no filme "Pink Floyd, the wall" que ao retratar a revolta e indignação do personagem traduz constante realidade observada nas nossas escolas: - "Nós não precisamos de educação e nem que controlem os nossos pensamentos". Sem nenhuma dúvida, o ensino "laico", em oposição à educação institucionalizada a partir de doutrinas e ideologias várias; todas elas com o mesmo propósito, dogmatizar; está ainda muito distante daquilo que se convencionou denominar "educação democrática". Reflexo da burocracia colossal do Estado, a Escola no Brasil ostenta padrão de excelência apenas na reprodução de uma sociedade viciada em vago conceito de "competitividade", a revestir-se da mais ampla permissividade no descabido "salve-se quem puder", em nome da concorrência profissional neste mercado de trabalho a cada dia mais limitado. Conduzidos à alienação, não são chamados os educandos à participação, através de estímulo ao "auto-didatismo" complementar pelo desenvolvimento da crítica. p A pretensão é dar continuidade à formação de gerações reduzidas em seu precesso intelectual. E, pior, trata-se de procedimento "maquiavélico": não raro, professores, diretores, assistentes, coordenadores etc., etc., são os primeiros a consentir o modelo educacional fundamentado no "monólogo", no discurso unilateral, do tipo "quando um burro fala o outro abaixa a orelha". Prepostos de administrações tacanhas, funcionários disputam o poder miúdo. Quanta gente não fica fascinada com um "cargo" de diretor executivo da A. P. M. (Associação de Pais e Mestres), ou membro do "Conselho de Escola"?! Ser diretor de alguma coisa, conselheiro de outra, parece adquirir importância bem maior da pressuposta no efetivo exercício de tais funções. No entanto, "revestido" dessa "autoridade", fulanos e beltranos repassam aos seus pretensos subordinados (os alunos) a ideologia do opulento aparato estatal. Muito curioso é constatar, por ocasião de greves de profissionais da educação, a ausência de sua "produção". Pois a sociedade não está convencida de que não pode ficar sem o trabalho desses presunçosos. Afinal, "compramos" um "produto" somente quando convencidos de que ele nos faz falta, de que viver sem ele seria viver mal. Porém, a falsa idéia da falta de um diploma é a contradição dos próprios mestres: reclamam por melhores salários, afinal têm diploma de curso superior! E daí? Ora bolas! Há ainda quem acredite merecer maior remuneração porque é pós-graduado num vago curso de não sei o quê. Atualmente, é grande o número de empresas que exigem o segundo grau completo na seleção de pessoal para a produção. E, seguidamente, para a vaga de "técnico" exige-se o diploma superior em engenhearia ou tecnologia. A coisa não tem fim. Um engenheiro formado pelo ITA, por exemplo, pode ser considerado profissional mediano ao procurar emprego no erroneamente denominado "Primeiro Mundo".
"Construtivismo", Piaget ou Paulo Freire fazem parte dos coquetéis culturais da elite de educadores nacionais.Tudo regado ao tempero de esotéricos "ensinamentos" da embalsamada "vanguarda socialista". Que porre! Quanta purpurina! E que inútil pranto o de professores que nada professam. Ou professar não é preconizar, ensinar? Porém, existirá de fato entre nós "educação", na acepção do termo latino "educare" ? Mas chega de tantas indagações.
É preciso admitir: se um metalúrgico é melhor remunerado que o seu professor, isso ocorre porque a economia sente falta, no mínimo, daquilo que ele produz. O convencimento da necessidade do seu trabalho é inequívoco. O mesmo não se pode dizer de muitos dos nossos docentes: não convencem e não produzem; apenas reproduzem. Controlar os pensamentos do corpo discente tem ocasionado processo "sui generis", onde "educador" e "educando" parecem estar num formidável campo de batalha, cada um lutando por diferentes propósitos. Dados recentes dão conta de que em quarenta por cento das escolas, país afora, confirmam-se atos de violência entre aluno e professor. Diametralmente opostos, um e outro tornaram-se rivais: o primeiro reage prontamente ao segundo; este, por seu turno, pretende monopolizar o raciocínio.
Os "muros" do "Pink Floyd, the wall" não são mais que trincheiras onde buscam abrigo os lobos vestidos em pele de cordeiros, isto é, os "mestres". Esses "muros" ainda cairão. Ao caírem, talvez anunciem nova era, a de uma outra e mais próspera instituição escolar. E possivelmente sepultem tantos quantos hoje se acreditam merecedores de um lugar no "Olimpo" da nossa "Educação". Tanto faz, tanto fez, os muros caídos por si só significarão espetacular progresso.
(Caos Markus)
SÁBADO, 18 DE DEZEMBRO DE 2010: "FORMATO APOLÍTICO"
A propaganda assumiu função antes pertencente ao setor público. Hoje, notícia e anúncio não mais se diferenciam, forjando uma unanimidade estruturada na dinâmica do consenso. Este, agora, é a boa vontade estimulada pela publicidade; e os cidadãos tornaram-se consumidores do Poder Público, diante da ar...tificialização da esfera pública.
Frente ao marketing político, nota-se a falsidade das discussões, tendentes apenas a reforçar as "opiniões". Em vez de 'esclarecimentos', os partidos políticos querem persuadir, convencer, retomando o objetivo da ideologia, embora apoliticamente formatada para caracterizar-se como venda política.
A ausência da publicidade crítica impede a opinião pública de ser real expressão de concreto fato público.
(Caos Markus)
SEXTA-FEIRA, 17 DE DEZEMBRO DE 2010: "SAPIÊNCIA-SAPIENS"
"Não há mal que sempre dure e nem bem que nunca se acabe". "Dê tempo ao tempo". "A pressa é... inimiga da perfeição"(... ...). Êta, sabedoria popular! Êta, povo sábio! Será mesmo? "Quem espera sempre alcança"? Ou só descansa quem espera? Ou nem isso nem aquilo, apenas conversa pra boi dormir? E, enquanto isso … "de grão em grão a galinha enche o papo", de verdade? Então, me responde com sinceridade: com quantos paus se faz uma pequena canoa, uma canoa modesta, dessas que dê pra gente atravessar um "córguinho"? Você é tão esperto, tão inteligente, tem resposta pra tudo, sabe o valor das coisas, conhece a importância da amizade, não tem preconceito de raça, de cor, de credo, de tudo … Me diga, pois, por que "mais vale um pássaro na mão do que dois voando"? É por que você se contenta com pouco, ou é por que o passarinho estava dando sopa mesmo e, já que não fez nenhum esforço para ter algum, então, tanto faz e tanto fez, mais vale qualquer um do que três ou quatro, que daria muito mais trabalho para pegar!? Hein, garoto?! Você que é politicamente mais que correto, é perfeito, não dá esmolas porque acredita que o melhor é não dar o peixe e sim ensinar a pescar, diga-me só uma coisinha: e você, tem pescado bastante? O quê, de quem? Olha que "a mentira tem perna curta"! Nem tanto quanto a sua memória, mas certo é que tem.
Se promessa é dívida, já é chegada a hora de decretar a falência da confiança mútua, e, assim, confie desconfiando, com um pé na frente e o outro atrás. E sem muita conversa, porque desculpa de aleijado não é mutreta. Afinal, pra que mentir, se ninguém fala mesmo a verdade! Nem que a vaca tussa vão acreditar em santo de casa de ferreiro. Escute: "falar é prata, calar é ouro". "Depois da bonança vem a tempestade". Aí, então, os últimos verão os primeiros rindo ainda melhor. "É ver pra crer". Assim, meio São Tomé. Afinal, "quem entra na chuva é pra se molhar", não? Se você não quer entender as regras do jogo, não "dance conforme a música", nem arrisque nem petisque, cuspindo no prato que comeu. Ao contrário, lembre-se que hoje é dia da caça … amanhã e depois de amanhã, também. Mas, desesperar jamais; nunca é tarde para começar, ainda que você tenha terminado. Começar de novo … sabendo que rir, se não é o melhor remédio, então, definitivamente, é sinal dos tempos, quando muita gente ri da própria desgraça, porque pimenta nos olhos dos outros é igual a comer e coçar, só vai de começar. Se arrependimento matasse, todos nós, em uníssono, diríamos em alto e bom som: "-Mais vale um herói vivo do que dois coelhos mortos com uma só cajadada". Ou seria o contrário? Mais vale um covarde vivo do que a luz no fim do túnel? Vivendo e aprendendo… Assim, como 'nada de um dia após o outro'. Pois, se a pressa é inimiga, quem avisa, amigo, é da perfeição uma meta. Se morrer o homem, o que é que tem? Fica a fama de quem tem cama. E assim como dois e dois são quatro, "verás que um filho teu não foge à luta", mesmo que seja para fazer cortesia com o chapéu alheio, desvestindo um santo para dar esmola demais, que nem desconfia. Por que tanta banana por um tostão!? Atrás de cada grande homem há sempre um monte de gente, mulher ou não, todos querendo "puxar a brasa para a sua sardinha", certos de que propaganda é a alma de quem não a tem. E, para que correr? O apressado não come cru? Se "há mais mistérios entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia", dos males o menor. Dos males alguém já não disse "o importante é competir para vencer"? Que história é essa de que "o amor é cego"? Uma ova! À primeira vista nem a cavalo dado. Tudo, mas tudo mesmo vale mais do que pegar ou largar. Nessa sua, nessa nossa infinita sapiência, compramos galinha morta na atacado e arrotamos perú na varejo, dando "murro em ponta de faca", convictos de que água mole em pedra dura é a salvação nacional, nesse horizonte perdido do 'céu-pode esperar'. Isso talvez porque a mãe gentil quer padecer no paraíso. Isso certamente porque nos pequenos frascos é que se encontram as amostras-grátis da grande panacéia pátria. Eis que esse país é "cult", que todo mundo aqui é auto-didata; já nasceu divinamente; um bravo, antes de tudo. Eis que de médico e de louco e mais um pouco todo brasileiro tem um pouco, nessa modalidade singular de inteligência, epidérmica, por osmose, no "é dando que se recebe", meio minhoca que se basta a si mesma, afastada das doutrinas acadêmicas, pós-vanguarda, pré-apocalíptica, dona-flor-e seus dois maridos. Folclórica! Porém, sem "folk-lore".
Proverbial, a nação imita Confúcio e Bruce Lee, em eternos minutos de sabedoria provinciana, expondo-se como nativa progressista na alemã Frankfurt. A nossa feira pra lá de Bagdá é peça de "arqueologia" da cultura contravencional para o deleite do "homo-sapiens" da Europa pós-muro permeável. No trem da Sorocabana, a gente faz de conta que viaja para Madagascar, Casablanca e Transilvânia, fazendo troça do boitatá e fingindo medo do conde drácula. Afinal, ninguém pode dizer "dessa água não beberei", pois, em terra de cego quem tem um olho, eu não sei, mas dizem os mudos que é rei. Pelo sim, pelo não -diz o clamor, e repete o refrão popular- que não existe pecado do lado de baixo do Equador. Em assim sendo, uma outra inscrição num outro pavilhão nacional muito além do Anhembi: "Em boca fechada não entra mosquito".
(Caos Markus)
QUINTA-FEIRA, 16 DE DEZEMBRO DE 2010: "PERMUTA PARA O REENCONTRO"
Procuro em ti parte esquecida de mim:
a que se ocultou em eras passadas.
Vaga... memória traz relato de estranho fato
- não conheço ao certo qual traço, perfil em meu retrato.
Eu busco na humana idade tantas que já tive;
Tu estás em cada parte minha,
em abraço frenético de quem na dúvida encontra
imensa realidade, inda não revelada.
Mas, redescoberta, da alma vigorosa reflexos enxergo.
Eu quero estar em lugares da minha ancestral imagem,
encontrando caminho ao momento único,
resgatando nos sonhos a divindade da criação.
Em ti, ó! fraternidade, os laços próximos.
Meu espírito não me pertence mais do que o teu a mim.
Somos frações, fragmentos de uma vida inteira,
onde anseiam as partes definitivo encontro;
promessa de alvorecer que o infinito encerra.
Em mim o que, adormecido, vem de ti.
Então, tu não és mais o que eu já também não sou.
Agora, somos nós:de onde viemos e para onde iremos.
(Caos Markus)
Assinar:
Postagens (Atom)