O óbvio repensado em nova linguagem, eis a genialidade. O antigo anunciado como se fosse inédito, eis a mediocridade.
Em nome de suposta imparcialidade, intelectuais (respaldados pela chamada grande imprensa, autodenominada 'independente') discutem Brasil afora o sexo dos anjos, pretendendo descobrir quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. Menosprezando a alheia capacidade de discernimento, o faz-de-conta de encontrar a corrupção em tudo e em todos, menos onde ela sempre esteve, isto é, na cabeça de cada ser humano. Em messiânica e ao mesmo tempo quixotesca investida, supostos pensadores de uma hipotética nova era dimensionam tragédias humanas sob a ótica reformista, tão própria aos doutrinadores. E toda veemência das causas cede lugar ao sensacionalismo das consequências.
Ora, lidar com os efeitos é, seguramente, apoiar os que só fazem colaborar com os motivos!
Muito se fala do futuro, como se conjugá-lo fosse prece a deus pagão. Pouco se faz pelo presente, a cada dia, mais uma página virada na história do país. Denunciar, denunciar, denunciar -é o que temos aprendido a fazer. Inspirados na falsa credibilidade daqueles que por ofício têm a arte da acusação, convivemos com as mais disparatadas idéias acerca da verdade, a ponto mesmo de duvidarmos que ela exista. Aliás, fazer com que a mentira esteja sempre em evidência é desprezar demais valores, os positivos, principalmente.
Por que não pensar, então, que confundir é também um processo de dominação?!
Quando a noção de 'delito' já está proscrita, toma-se o conceito de 'pecado'; e vice-versa. Mas em ambas as circunstâncias jamais falta quem se arvore justo e ponderado, a prescrever ou a pena ou a penitência. E assim novamente as mentes são expropriadas, relegando-se a plano secundário a análise na identificação e no reconhecimento das causas de uma transgressão.
Ao que parece, novíssimo status, a honestidade é relativizada, até nos convencermos de que tudo deva ser ilusório e momentaneamente eficaz.
(Caos Markus)