O relacionamento tecnocrata com o mundo não é um mero e arbitrário artifício dos homens, mas um destino na sua história. Enquanto fim, a tecnocracia tem todo o direito de exigir-nos como seus construtores. Por isso, aqueles que apenas se rebelam contra as requisições da tecnocracia, ou que tentam, de qualquer forma, desviar-se delas, no fundo sempre fogem também de si mesmos. Por outro lado, um envolvimento decisivo nesse processo cria um vínculo mais livre com o rumo da tecnocracia, permitindo ver que ela é apenas um relacionamento com o mundo, entre muitos outros possíveis. Assim, não somos obrigados a entendê-la como sendo o absoluto, o melhor, o definitivo, a verdade pura e simples. Então, a reconhecemos ainda dominante, porém, a demandar dos homens em proporção equilibrada e não definitiva. Neste contexto, o da liberdade acima da rendição, é que podemos ser os construtores de novo comportamento, numa relação cuja finalidade é privilegiar o ordenamento ditado pelo espírito humano insubmisso.(Marcus Moreira Machado)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
quinta-feira, 10 de abril de 2008
SEGUNDA-FEIRA, 14 DE ABRIL DE 2008: "FIM JUSTIFICADO".
DOMINGO, 13 DE ABRIL DE 2008: "ENCANTAMENTO".
quarta-feira, 9 de abril de 2008
SÁBADO, 12 DE ABRIL DE 2008: "CO-EDUCAÇÃO, O PROJETO DO COLETIVO".
Sobra razão aos educadores modernos quando proclamam a ineficácia absoluta das lições de moral explicadas teoricamente,como uma de tantas outras disciplinas destinadas a assimilação mais ou menos memorística, sempre de pouco valor para o indivíduo.Aparentemente por baixo,todavia, em realidade, muito acima de todos estes conhecimentos ético-sociais, estão, de um lado, as tendências espontâneas dos 'discípulos', e de outro, a concreta e direta influência que sobre eles exerce a própria vida, com a incontável variedade de seus exemplos.
Ai que possa parecer incongruência, é necessário insistir no fato de que o desenvolvimento da sociabilidade requer a intensificação, de início, da vida social das crianças, aumentando-se as oportunidades de viver livremente em comunidade. O individualismo, ainda hoje imperante, logo nos primeiros anos do ensino fundamental, deverá ser substituído por um socialismo escolar, não apenas dentro de cada unidade pedagógica, não restritivamente em uma determinada escola, porém, entre todas as possíveis unidades capazes de serem postas em co-relação.
Só a prática da co-educação permitirá o desenvolvimento normal da sociabilidade nessas crianças, superando a astúcia e a violência nas relações sociais, substituídas, então, pela sinceridade como base do verdadeiro afeto.
Afinal, quando se trata de estabelecer uma relação social entre um indivíduo e outro de maior 'status' na sociedade; ou entre um indivíduo e o conjunto integrante de um ambiente social (perante o qual aquele se considera em condição de inferioridade); deve-se procurar que a iniciativa das relações sociais surja do indivíduo 'inferiorizado', e que indivíduo supostamente superior busque mostrar-se diante dele como se em realidade não o fosse, quer dizer, estabelecendo o trato de igual para igual.
Há razão neste sugestivo paradoxo, vez que, à primeira vista, parece muito mais fácil continuar uma relação social que já nos é iniciada, do que estabelecê-la por nós mesmos. E clara é a explicação: no primeiro caso, privam-nos da liberdade de escolher fins e meios; no segundo, não. Por isso, conveniente é lembrar que só quando o indivíduo se sente livre, e não coagido, ele é superior, apto a adotar, assim, atitudes verdadeiramente sociais, dissociadas da dissimulação de postulados éticos e morais que apregoam teorias jamais praticadas.
(dedicado aos profissionais do ensino que, em defesa de uma pedagogia libertária, reconhecem a 'esquerda' não como o lugar dos jacobinos, mas
sim enquanto dialética das diferenças, na construção do ser comunitário) Marcus Moreira Machado
terça-feira, 8 de abril de 2008
SEXTA-FEIRA, 11 DE ABRIL DE 2008: "HISTÓRIA E PERSONALIDADE, UMA CRISE EXISTENCIAL".
É possível analisar de duas maneiras os movimentos revolucionários: como processos históricos e enquanto processos psicológicos. Sob o primeiro prisma, a 'revolução' apresenta-se caracterizada por um período mais ou menos longo da história de um povo, durante o qual se produz uma sucessão de modificações na sua organização político-social, alterações consequentes da tomada do poder por minorias ousadas; ou mesmo por individualidades dotadas de grande força persuasiva sobre as massas; que, com um programa de ação relativamente bem definido no aspecto destrutivo e ainda obscuro no construtivo, tentam inovar na marcha da rota histórica, sempre suscetível de mudanças de direção, de inumeráveis dificuldades e, o mais grave, de revoltas sangrentas e de severas penalidades para uma ou mais gerações.
Sob o aspecto psicológico, contudo, a 'revolução' é algo completamente diverso. Trata-se de uma crise existencial do espírito humano, da alma universal que, sentindo-se angustiada face a progressiva não correspondência entre seus anseios e suas conquistas, decide desnudar-se e libertar-se das estruturas e organizações inconvenientes e opressoras, para então, só e livre, perceber-se capaz de refazer sua personalidade autêntica e acertar o caminho a conduzí-la à paz interior tão desejada.
Ora, se para o historiador uma 'revolução' se explica como um problema de ordem pública, de intervenção no Estado e na sociedade, guarnecida por algumas datas marcantes e por disposições temerárias, já ao psicólogo é referência de uma fonte inexaurível de problemas e um abundante manancial de experiências convertidas, se aproveitadas, em incalculáveis ensinamentos.
Em comum a ambos, quer o ponto de vista histórico, quer ao psicológico, é o sentido íntimo de uma 'revolução', qual seja, a consciência de um inadmissível desequilíbrio.(Marcus Moreira Machado)
segunda-feira, 7 de abril de 2008
QUINTA-FEIRA, 10 DE ABRIL DE 2008: "VIDA E MORTE, PARCERIA DA EXISTÊNCIA".
Vida e morte são inseparavelmente unidas e pertencem uma a outra. Não há viver terrestre sem morrer e não poderia haver morrer sem um viver precedente. Por isso, não se pode aproximar isoladamente de um destes dois parceiros. Quem quiser compreender algo da vida dos homens deverá também pensar em seu ser-mortal; e quem quiser compreender a morte também será obrigado a se informar sobre a condição da vida humana. Porque, afinal, o homem geralmente morre incompleto ou esgotado e gasto.
Só quando consegue contemplar algo como algo, olhar para o adiante e lá se demorar contemplando e percebendo, só então reconhece um primeiro e estrutural traço do seu existir, um caráter que não pertence a nenhum objeto inanimado.
Da mesma forma que o existir e o morrer podem abrir-se à compreensão humana, assim também os homens são feitos de tal maneira que existem como um poder-perceber e um ser acessível para os significados de tudo que encontram no âmbito do mundo.
Fundamentalmente, os homens são, conjuntamente, um poder-perceber e ser-solicitável, para aquilo que encontram. Continuamente estão estendidos na amplidão do mundo, na medida em que há lugares dos quais algo a todos solicita como alguma coisa. Pois, certamente, jamais alguém poderia pegar e captar algo se não estivesse em mundo comum, junto às coisas, sempre como um poder-perceber e um ser-solicitável, onde tudo está de fato.
Pode-se dizer que a existência humana consiste nas possibilidades de relacionamento recebidas diante daquilo que aos homens solicita e os chama.
O morrer é uma possibilidade destacada do existir humano, por ser a mais extensa e não ultrapassável. A sua realização opera-se na existência que se abandona a si mesma. A morte dos homens é a possibilidade do não mais poder-estar-aqui. Contudo, esta extrema possibilidade faz parte da existência , e como tal é própria da essência, pertinente desde sempre ao próprio existir. (Marcus Moreira Machado)
domingo, 6 de abril de 2008
QUARTA-FEIRA, 9 DE ABRIL DE 2008: "O VAZIO DO FUTURO IMEDIATO".
É crescente o número de pessoas que se queixam da insensatez vazia e entediante de suas existências. Para um psiquiatra, possivelmente essa seria a certeza de um quadro patológico, a sugerir o nome de neurose do tédio, quem sabe. Ou então a neurose do vazio, como forma de neurose do futuro imediato, abrangendo um tédio que necessita encobrir angústias. Afinal, até mesmo a palavra 'tédio', exprime um 'tempo vagaroso', ou, no caso, o sofrer desse tempo longo.
Assim, o tédio que predomina na existência dessa atual neurose encobre seu próprio sentido, utilizando-se da constância de atividades ininterruptas, diurnas e noturnas. Mas neste grande e profundo tédio da neurose do vazio se esconde uma saudade. Se esta não fosse repelida e reprimida com tamanha força, ela deixaria transparecer o reconhecimento da perda de identidade e de enraizamento. (Marcus Moreira Machado)
TERÇA-FEIRA, 8 DE ABRIL DE 2008: "INTELECTO E INTELECTUAL".
Intelecto é entendimento. O intelectual é o abstrato; é o gosto das coisas, no que elas, ocultas sob um código e um nome, perderam sua cor. Por isso, o intelectual é sempre um tanto 'decepcionante', porque sua tarefa é a do desencantamento, inquietando ou suspendendo a crença espontânea no mundo. Ele se coloca contra o 'mistério' e afronta os 'ídolos'; é contra a superstição. O intelectual, ele mesmo não tem cor. E se lhe perguntarem de onde é, de onde vem e ao que pertence, exatamente, responderá que 'hábito' é o seu nome, que, possuindo língua própria, não tem outra verdadeira pátria senão a de suas idéias, só se reencontrtando nos grupos de espírito de sua escolha.
Não falta no mundo pessoas que se sentem filhos de um terra: homens e mulheres que se importam bastante em declarar a sua origem, isto é, um solo, um sangue, a raça.
O intelectual, se não está completamente privado de localização, o seu lugar é claro, o de uma nação aberta; nação complexa, da qual ele não cessa de atravessar, transcender e transgredir a fronteira. O seu local, pois, é de travessia. E a sua presença indica que a sociedade confere direito aos direitos do debate. A sua permanência reside na busca incessante do entendimento.(Marcus Moreira Machado)
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