Aparente auxílio transformador da consciência no processo de educação, os movimentos anarquistas fizeram sistemática oposição à escola pública, encarando-a como instituição mantenedora de dinâmicas sociais contrárias à individualidade e a autonomia dos educandos.
Também a tradição marxista questiona a função da escola, caracterizando o seu planejamento enquanto sofisticada maneira de alienação e manipulação dos cidadãos nas sociedades industrializadas.
Como filosofia política e social o anarquismo suscitou questões relacionadas ao papel e à natureza de todas as expressões de 'autoridade' no múltiplos setores da sociedade e, portanto, inevitavelmente, na instituição escolar. A discussão sobre 'autoridade' é refletida na análise educacional sob a perspectiva de comprometimento da individualidade e autonomia dos educandos, propondo, em antagonismo, uma única solução aceitável, qual seja, uma educação a reivindicar absoluta independência da escola face ao Estado.
Os sistemas didáticos e pedagógicos nacionais são considerados estratégias de manipulação ideológica e mecanismos de manutenção do poder pelas classes dirigentes.
Se o Estado transmite, através de um planejamento nacional de educação, a ideologia dominante, ele promove, por efeito, um modelo de socialização restritivo do poder dos sujeitos desse sistema, comprometendo, assim, o seu efetivo auto-desenvolvimento.
Pode-se afirmar, o principal objetivo da Educação (conforme as configurações tanto anarquistas quanto marxistas) seria a capacitação dos educandos voltada à livre escolha de dogmas, afastada de preconceitos ou
constrangimentos de ordem moral, de modo a assegurar as metas e ambições de cada um.
A radicalidade, no caso, preconiza uma educação sem programa pré-determinado (quando o professor "ensina" o conteúdo por ele próprio considerado relevante, somente preocupado em corresponder às expectativas e exigências dos educandos relacionadas ao procedimento da aprendizagem).
Assim, o principal legado das ações anarquistas e marxistas voltadas à mudança auto-dirigida da consciência é a intransigente defesa das escolas livres e até mesmo da 'desescolarização', contestando a soberania estatal da Educação, e refutando o seu conceito fundamentado no exercício da autoridade e da imposição.
O grande objetivo do marxismo é promover a emancipação e a autossuficiência crítica, através do fim da sociedade capitalista, por meio de uma novo ordenamento dos meios de geração de riqueza.
Afinal, consoante a ótica marxista, as diferenças de poder entre as pessoas estão assentadas na assimetria da distribuição dos meios de produção.
Não por menos, a proposta marxista de alteração da sociedade passa necessariamente pela revolução. E neste contexto, a educação ortodoxa, infensa a inovações, não é um agente de conversão social.
Revolucionar pressupõe, pois, medidas garantidoras (pela dinâmica diversidade de planejamentos escolares) da mais profícua mudança: a da intervenção auto-dirigida nos planos da escolaridade institucionalizada.
(Caos Markus)