Em tempos idos, à época em que 'avançar' só era possível por meio de contendas, quando à personalidade eram negadas as liberdades física e intelectual da pessoa humana; era então que o 'status' imobilizava o indivíduo nas diversas categorias sociais onde estivesse integrado. A esse passado fez oposição uma nova situação social, sob a luz de teses forjadas no 'racionalismo'.
O sentimento de justiça à sociedade, em função das condições típicas da civilização moderna, foi também causa de novas perspectivas na interpretação da lei regente dessa mesma sociedade, na espera de que a justiça legal suprisse as deficiências sociais e morais da organização econômica.
Assim, a ideia da lei como algo definitivo, obra inalterável do legislador, cedeu terreno ao entendimento contrário : o de que a lei jamais será concluída, devendo acompnhar sempre o desenvolvimento social.
A inovação ocorreu na compreensão de que para superar as lacunas da norma escrita, o seu intérprete recorreria aos mesmos elementos em função dos quais o próprio plano organizatório da vida social se processava, numa livre investigação, fundada em dados objetivamente existentes. Invstigação, ressalta-se, cientificamente sistematizada no direito a regular situações até então ignoradas.
Ainda hoje, esse "livre convencimento" deve nortear o intérprete da lei, o intérprete da sociedade. Todavia, estamos prestes a novas restrições da liberdade, e, por consequência, da personalidade. Isso porque, agora, o 'convencer-se' tem levado o 'intérprete' da lei a fazer o que o legislador de outrora acreditava ser a sua atribuição. E proferindo sentenças e decisões que pretendem inalteráveis, ambos julgam-se , paradoxalmente, exclusivos detentores do pensamento "livre", colocando sob suspeita e investigação todo o complexo processo de conhecimento.
(Caos Markus)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
domingo, 13 de maio de 2012
SEXTA-FEIRA, 8 DE JUNHO DE 2012: "MIOPIA VISIONÁRIA"
Se há mesmo mais mistérios entre o céu e a terra do que a filosofia pode imaginar, tudo então só é misterioso quando vão é o pensamento. Ou, confirmadamente, se há diferenças cruciais entre 'prognose' e 'profecia', nada mais evidente do que a nítida transparência ocultada sob o manto da hipocrisia.
Disso, a clareza de tornar muito próximo o quê se pretende demonstrar ainda longínquo. Por isso, a aritmética do prognóstico, a desmistificar a alquimia do visionário.
Ou, trocando em miúdos: mistérios existem para quem, ou por preguiça ou por comodismo, aceita ser mero espectador, mesmo intitulando-se, ou permitindo ser denominado, co-partícipe que opina e escolhe; que escolhe e decide.
Porque, ruindo o fascínio que o banal suscita, ninguém usará lentes escuras em quarto fechado e com a luz apagada. O podre no reino de Amsterdã, ele saberá, é mal-cheiroso por sua exclusiva culpa: a culpa de quem optou pelo (in) crível e negou tornar possíveis possibilidades de múltiplas combinações.
(Caos Markus)
QUINTA-FEIRA, 7 DE JUNHO DE 2012: "ESTADO AUSENTE NA HUMANIDADE PRESENTE"
"(...) a primeira condição para ser 'dono', para ser 'proprietário', é a de o homem saber mandar nos seus próprios sentidos, abstendo-se do fáceis prazeres. O trabalho elevado à altura de dogma religioso."
'O mal absoluto é o Estado', entende o anarquista.
O anarquista propaga: 'a humanidade reduzirá a zero a ação dos governos'
Na concepção de Proudhon, seria inevitável a evolução da hierarquia para a anarquia, pelo estabelecimento de uma coordenação sem Estado.
Sentem, os anarquistas, verdadeira repulsa por todos os sistemas puramente ideológicos, e, sobretudo, pelas utopias.
Para eles, o movimento é a essência do espírito, a única verdade, tal qual ocorre na Natureza. E da mesma maneira, a civilização é essencialmente histórica, sujeita a progressão, a conversão, a evolução e a metamorfose.
Diversamente dos economistas, os anarquistas não crêem que a sociedade já está organizada a partir de uma estrutura planejada. E diferentes dos socialistas, os anarquistas defendem: o desenvolvimento humano, a partir do trabalho, está sempre a caminho de se organizar, desde o começo do mundo, e essa organização se desenvolverá até o seu fim.
Ilimitada repugnância sentem os anarquistas frente aos articuladores do que eles chamam de 'panacéias sociais'. Por efeito, combatem com veemência "os remédios eficazes para os males da sociedade".
Eles são incrédulos quanto a soluções imediatistas, concretas somente à vista dos resultados obtidos e dos fenômenos em curso de realização.
Na prática, a descentralização é uma máxima dos anarquistas, pelo desaparecimento do sistema político ou governamental no sistema econômico, reduzindo-o, simplificando-o, para ir suprimindo, uma após a outra, todas as engrenagens dessa 'grande máquina que tem o nome de governo do estado'.
Trata-se, enfim, de rompimento com a rigidez pela qual atrofiam-se todas as atividades sociais.
Aos anarquistas, a primeira condição para ser 'dono', para ser 'proprietário', é a de o homem saber mandar nos seus próprios sentidos, abstendo-se do fáceis prazeres. O trabalho elevado à altura de dogma religioso.
Nessa ótica, não há espaço para o oculto, não cabe o clandestino, tão próprios do totalitarismo.
Sob esse julgamento (a partir da admissão da constância na evolução humana), a lei em si mesma é subversiva , a exemplo de qualquer nova Constiuição que, logo promulgada, rompe com a norma anterior, subvertendo-a.
Da clássica noção de democracia, vinculada ao conceito de liberdade, individual e coletiva; o anarquista tem sua visão acima da interpretação mais "coloquial". E sem nehuma erudição de enciclopédia, ele crê em sociedade organizada a partir de valor hoje relegado à inferioridade: o trabalho.
Por conseguinte, cabe-nos ao menos a aceitação de que os pressupostos anarquistas devem ser premissa para o real democrático, contrário à democracia servil, apenas um mote à manutenção de enrustidos sistemas de governos caracterizados pelo maior ou menor autoritarismo, todos presentes em oligarquias imperantes na organização da sociedade humana.
(Caos Markus)
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