REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
SÁBADO, 27 DE FEVEREIRO DE 2010:"HAY QUE SER MACHO, PERO NO MUCHO!"
Mesmo na meia-idade, ainda acredito nas fantasias do tipo “mocinho-bandido”: empaquei na adolescência. Imagino donzelas dependendo da minha bravura no combate a dragões fantásticos e, pobre mas valente, faço juras de amor e fidelidade, em heroísmo pueril. Assim, um tanto quanto aventureiro, sou cavaleiro medieval partindo em cruzadas contra a ignorância dos bárbaros; de mim depende a redenção dos povos sucumbidos à truculência selvagem dos déspotas colonizadores. Em meus devaneios eu enxergo a proximidade de um novo amanhecer, quando somente a minha justiça ditará o império do que imagino ser o bem. Sou honesto, belo, virtuoso... serei o rei tão querido e ungido; lutei aonde havia trevas... minhas cicatrizes são a minha credencial, o meu passaporte ao reino dos justos.
Os meus opositores, - que nem isso são, porque sou eu o dono de toda e qualquer situação - pretendem a minha desgraça e por isso me injuriam, porém não se dão conta de que os meus seguidores são cada vez um maior número e não contestam o meu comando (também eles sonham, deliram como eu). Hoje, nem mesmo militar de cinco estrelas é mais admirado que a antes estrelas solitárias do meu pavilhão vermelho como o sangue de Jesus Cristo.
Pouco fui à escola: sempre fui menino precoce (até hoje não deixei de ser esse menino que mora no coração de cada um de nós), razão pela qual sou autodidata e me basto; afinal, nasci vocacionado para conduzir, pois que a imensa maioria nasceu limitada a me seguir. Líder, incontestavelmente um líder é o que eu sou: o homem da venda, o empresário de aço, o metalúrgico da foice e do martelo, os clérigos, o sacristão... todos me reconhecem um líder nato. Eu não preciso e nem devo trabalhar, que trabalhem outros em meu lugar, ocupado que estou em organizar o trabalho deles. Sou por demais inteligente para me ocupar das mazelas do dia-a-dia, e “mereço a comida que você paga por mim”(quem mais teria tanto tempo e tanta competência para discursar a seu favor? Hein?)
Aos que ainda relutam, àqueles que insistem em chafurdar o meu nome na lama, apenas respondo: quem ri por último é porque não entendeu a piada. Eu tenho carisma, sabe disso a legião dos meus discípulos espalhados pelos sindicatos, pelas agremiações, associações e congêneres e similares. É só perguntar nas bases e todos ouvirão em uníssono: “hoje é o dia da caça, hoje é o dia da caça e do caçador”.
De que outra maneira poderia um brasileiro miserável (como, via de regra, é todo brasileiro), assim como eu fui, progredir, não fosse a minha capacidade em entender tanto de fome a ponto de - imitando um Padre Cícero - miná-la com pãezinhos, tudo sobre a inspiração da estrela-guia? Nem só de caviar vive o homem... buchada e estrogonófe (assim mesmo, bem abrasileirado, como gosta um cabra porreta!) também faz parte da vida; scotch escocês não é má idéia... a cachacinha é pra render homenagens aos antepassados, que não votam, mas seus netos sim.
E, mais que tudo, eu sou mesmo é muito macho! E é disso que esse país está precisando, de gente disposta a se indispor sempre que Villares e Palmares servirem de cântico. Mas ou menos assim: “... são lutas de ontem e de hoje também...”, “... nosso Deus fica ao lado dos pobres...”, “...É Deus que nos vem libertar. Contigo fazendo aliança”.
Eu sei muito bem que as más línguas dirão que estou a fazer conchavo com Deus. E o que é que tem isso, se Deus é brasileiro? Alguém duvida?! Então, qual outra”! Terra de Nosso Senhor” canta “À merencória luz da lua”, tem “coqueiro que dá coco”? Não moro num país tropical, abençoado por Deus?! E, não viram, “todo mundo tá feliz, todo mundo pede bis”? Eis a razão da minha volta: vocês como eu-empacados na adolescência.
Não há nada melhor que um dia após o outro... e outro, e outro, e outro. Assim, como uma eleição após a outra... e outra, e outra, e outra. Quem me espera sempre alcança. Mesmo que seja de volta ao passado! Mesmo que tudo já tenha se passado, em Algum lugar do passado. Leste europeu decididamente não é nordeste brasileiro e Lechwalesa, um anticomunista apanhou feio no corredor polonês. Não é o nosso caso: do Oiapóque até o último pau-de-arara somos todos socialistas.
Lula-lá, seja aonde for. Lula-lá, nos moinhos-de-vento passionais do nosso genuíno latin-lover do Araguaia. Lula-lá, honestos até o fio do bigode, fanáticos até a última barba mulçumana xiita. Alatoialulá!
O sertão vai virar mar... Vira, vira, vira/vira, vira, vira/ virou!!!
O mar vai virar sertão... Vira, vira, vira... Uai, ó “xente”, por que não?
(Marcus Moreira Machado)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário