Contrariamente à impressão que se tem (sugestão empiricamente criada pelas relações de mercado e reforçada pela economia política burguesa), o lucro não é produzido pela venda da mercadoria. Se ele surge na esfera da circulação, é, todavia, gerado no contexto da produção. O lucro, pois, é a mais-valia apropriada pelo capitalista, mais-valia que se transforma em lucro no ato da venda da mercadoria.
Contudo, é de se ver, o lucro é apenas 'meio', o condutor da economia capitalista -a acumulação de capital. Acumulação que se realiza exclusivamente mediante a efetivação da mercadoria, ou seja, se esta for comercializada, vendida. Por este motivo, o processo de acumulação combina -em único e indispensável movimento- produção e circulação. Na mercadoria, pois, o lucro é embrião sob a forma de mais-valia, surgindo, então, no ato da venda, na forma de moeda. E uma vez obtido, o lucro voltará ao ciclo da produção, quer dizer, será reinvestido. A imediata consequência será novo e ampliado lucro, em sequência indefinida. Esta, com efeito, a estrutura da acumulação de capital: o processo de reprodução permanentemente ampliada.(Marcus Moreira Machado).