O 'id', para Sigmund Freud, é parcela da personalidade onde estão abrigados os desejos inconscientes, ou seja, o substrato instintivo da psique. E como por 'substrato' devemos entender o 'conteúdo essencial de um ser', infere-se que o 'id' -nem sempre aparente- dá, no contudo, mostras da sua evidência sempre que o 'ego' (considerado enquanto personalidade, no seu mais amplo sentido) indica contradições na conduta humana que, muito embora apregoando determinada teoria, revela atitudes diversas e mesmo contrárias ao proclamado.
O controle, o equilíbrio no antagonismo suscitado entre a 'parte' e o 'todo', entre o 'id' e o 'ego', pode ser exercido por mecanismo inibitório, inconsciente, limitador das atividades do substrato da personalidade; restringindo-a, inclusive, considerada em seu "tamanho" integral. O 'superego', no caso, é o responsável por uma 'consciência moral', este fiel da balança que atua como fundamental formador da consciência genérica.
A partir da trilogia 'id'-'ego'-'superego', ações humanas, no pretendido convívio social, são muitas vezes estruturadas no desequilíbrio, na ausência, enfim, daquela 'consciência moral' norteada pelo 'superego'. Na sua falta, o que verdadeiramente se vê é o prevalecimento da contraposição entre o 'id' e o 'ego', onde não raro a maneira de ver, sentir e reagir (peculiar a cada indivíduo), como que sofrendo banimento, caminha então para o rebaixamento do 'id', de forma manifestada no quase desaparecimento da 'qualidade individual' (própria da idiossincrasia). Já nesse estágio, cede lugar à baixa escala de 'força intelectual'.
Nesse momento, nasce o idiota.
O idiota. entretanto, por sequer se saber portador da cretinice, quando age, quando milita politicamente, na "defesa" de um 'convívio fraterno, justo e igualitário', em pouquíssimo tempo denota que é movido somente pelo desequilíbrio absoluto, na carência de uma 'consciência moral' diretamente proporcional aos gestos necessários à consolidação das intenções.
Por isto, esse idiota, contagiado por complexidades às quais mal denomina "estratégias de governabilidade",faz apologia a um 'Estado de Direito', proclama uma 'democracia' que, igual a ele mesmo, desarticulada, será sempre imaginária, aquela cuja existência seja eternamente correlata à manutenção da exclusividade no poder, nem que para consumá-la o idiota necessite investir na desagregação da sociedade.
Autoridade institucional, respeito ao voto de cidadãos plenamente aptos ao real processo democrático... Nada disto importa ao idiota no poder, que só enxerga a projeção de um filme por ele próprio dirigido e protagonizado, espécie de "avant-premiere" de enredo do tipo "mocinho-bandido".
Nessa película, finalmente, tudo o que não é bom para o idiota deve ser o mau no mal que a ele cabe erradicar. O bem para a sociedade só será possível se esta mesma sociedade concordar em deixá-lo "combater os maus", conduzida em tropas sob o seu exclusivo comando, à esquerda da política.
(Caos Markus)