O pensamento político é uma ação não formulada, mais cediço nas mobilizações da atividade política que no campo das ideias. O pensamento político de cada um não se afirma na forma intelectual, mas na atuação real implícita na iniciativa, mesmo sob a ressalva de, à margem desta, afirmar-se outra ideia.
Nesse campo fértil de possibilidades é onde o pensamento político opera, sem amarras legais, situando-se em uma linha muito tênue entre o 'pensar' e o' agir'. O ciclo desse pensamento é uma atividade cuja execução se administra no território da prática. A atividade é e ainda não é, pois envolve uma discrepância entre o real e o desejo de modificá-lo.
O pensamento político acompanha e potencializa a dialética social à qual se vincula, sem ser mero reflexo, por meio de manifestações múltiplas, que não estão necessariamente submersas no saber formulado, com o rótulo político. Em certos momentos, se expressa melhor no romance, e não no discurso político; mais na poesia do que no panfleto circunstancial.
De fato, é correta a vinculação de suas facetas ao cotidiano das pessoas, pois, desapercebidamente, ações tomadas por uma coletividade têm como fundo uma ideia coletiva. Não se pode negar -na reflexão desse pensamento-, sua essência está imersa no objeto político. O pensamento político está dentro da experiência política, incorporado à dinâmica, fixando-se em muitas abreviaturas, em corpos teóricos, em instituições e leis. A ideia, por essa via, faz-se energia, não como fruto da fantasia ou da imaginação, porém, porque é escolhida, adotada, incorporada à atividade política.
A política, cujo segredo é não ter política, representa um pobre e insustentável sofisma, caracterizado pela sagacidade no mais refinado dos jogos: o seu ocultamento. Ela, a política, não sendo filosofia, nem ciência nem ideologia, não se extremando na ação nem se racionalizando na teoria, ocupa, na verdade, o espaço do que se chama pensamento político, não necessariamente formulável.
O pensamento político é a política, não a sua construção política. Já a ideologia, além de seu papel dissimulador, opera, contraditoriamente, como meio de hegemonia política, restrita a uma classe hipoteticamente representante da sociedade global. Utilizada na luta política para influir sobre o comportamento das massas, orientando-as numa direção e não em outra, dirigindo o consenso para justificar o poder, tanto a ideologia quanto a filosofia política são a máxima expressão de recusa ao pensamento político, suprimindo a opinião (o saber) particular, e substituindo-a pelo logos da opinião (a ideia) pública.
(Caos Markus)
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REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
TERÇA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2014: "O LOGOS DA OPINIÃO PÚBLICA"
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