A cidade é sempre a imagem do caos, principalmente as grandes cidades. É o lugar onde alguém vai nascer ou morrer a qualquer momento; vai buscar uma oprtunidade de vida, seja ela lícita ou não. É a evidência de contrastes sociais dentro de uma mesma sociedade em mutação constante, que pela individualidade de seus moradores garantem o anonimato dos "cidadãos", causando efeitos diversos na atitude das pessoas, assumindo forma heterogênea na sua totalidade. Para os viventes dessas cidades, contaminados pela luta da linearidade com a 'perfeita desordem', a 'desordem essencial' os torna escravos destas contradições: para sentirem-se em paz, ou seja, para o indivíduo concebido a partir desta condição, o caos é funcional, é a sua normalidade, pois é o espetáculo perfeito, que foge a linearidade, causando intensa comunicação, paradoxalme nte em nome do pragmatismo. Nesta sociedade, a diversão, o atraente, a felicidade constituem-se na fuga da ordem linear.
As narrativas citadinas, embora conversam entre si em vários aspéctos, heterogenizam-se quando referidas da centralidade e sua periferia. Em ambas, há diversas possibilidades estampadas em seus enredos, e quando abrange mediações, não faltam particularidades. Os grandes centros, fugazes, sempre mostrados de forma interessantíssima e expostos em todas suas hipotéticas qualidades. Suas mediações são sempre influenciadas pela novidade trazida ao meio e aceita, inconscientemente, como evolução.
Cada vez mais o interresse da população se volta para essa casta de produção cultural, pela multiplicidade de possibilidades das grandes cidades e do imediatismo urbano. A todo momento, um bombardeio de informações provenientes das especificidades urbanas, um fogo cruzado de comunicação desordenada que causa ao receptor, o mal dito cidadão, uma aversão à decodificação destas novidades, nas horas de lazer, principalmente. O olhar sobre a cidade em transformação deveria impor a ótica crítica, sem subterfúgios. Dia após dia, porém, a cultura de massa invadiu a vida dos citadinos, tornando-se uma indústria rentabilíssima e muito presente na sociedade urbana.
Por sua boa receptividade, essa cultura massiva foi incorporada às produções do marketing explícito ou subliminar, forjando opiniões convenientes ao favorecimento da comercialização de produtos ou ideias formatadas no padrão rentável.
O feio sempre foi instrumento do interesse inconsciente do ser humano. Ele quebra a rotina da normalidade. Inesperado, incompreendido, incalculável, altera a inércia do sistema nervoso, motiva inquietação, sensações envolvem o medo, o prazer e a curiosidade. A vida urbana é impregnada do feio, cujos efeitos são desejados pela população acrítica. Po rque todos nós temos uma grande parte de feia em nossas personalidades, negá-la desperta o interesse do feio no outro. Assim, a cidade necessita do feio para existir: os assasinatos, os ruídos, a poluição, a morte, a travestir nua nas esquinas, as prostitutas, o assalto, o gigolô, o morador de rua, o faminto comendo restos na calçada, o usuário de drogas fumando maconha ou aspirando cocaína ou inalando o crack. Mais: a gente ordinária e suja, que parece sempre a mesma, a empregar palavrões como palavras usuais, cujos filhos roubam às portas dos supermercados, e cujas filhas, aos oito anos, masturbam homens de aspecto decente nos vãos de escada; a gentalha a andar pelos andaimes, voltando para casa por vielas quase irreais de estreiteza e podridão.
O feio sempre foi instrumento do interesse inconsciente do ser humano. Ele quebra a rotina da normalidade. Inesperado, incompreendido, incalculável, altera a inércia do sistema nervoso, motiva inquietação, sensações envolvem o medo, o prazer e a curiosidade. A vida urbana é impregnada do feio, cujos efeitos são desejados pela população acrítica. Po rque todos nós temos uma grande parte de feia em nossas personalidades, negá-la desperta o interesse do feio no outro. Assim, a cidade necessita do feio para existir: os assasinatos, os ruídos, a poluição, a morte, a travestir nua nas esquinas, as prostitutas, o assalto, o gigolô, o morador de rua, o faminto comendo restos na calçada, o usuário de drogas fumando maconha ou aspirando cocaína ou inalando o crack. Mais: a gente ordinária e suja, que parece sempre a mesma, a empregar palavrões como palavras usuais, cujos filhos roubam às portas dos supermercados, e cujas filhas, aos oito anos, masturbam homens de aspecto decente nos vãos de escada; a gentalha a andar pelos andaimes, voltando para casa por vielas quase irreais de estreiteza e podridão.
Maravilhosa gente humana a viver como os cães, abaixo de todos os sistemas morais, desprovida de idealismo, distante do materialismo, para quem nenhuma religião foi feita, nenhuma arte criada,
nenhuma política social destinada. Gente, afinal, inatingível por qualquer progresso; apenas co-habitando o caos partilhado na diversidade.
(Caos Markus)
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