SEXTA-FEIRA, 17 DE JANEIRO DE 2014: "MORFOLOGIA DA REALIDADE"
René Descartes (filósofo, físico e matemático francês, da primeira metade do século XVII) propõe um método para “conduzir bem a razão”, cuja proposta consiste em duvidar de tudo, a fim de chegar à verdade.
Descartes utiliza-se da 'dúvida metódica' ("Primeira Meditação") através da qual exclui conceitos que lhe foram apresentados como certezas ao longo de sua vida. A dúvida metódica, Ao contrário da 'dúvida cética', a 'metódica' visa fundar uma certeza absoluta ou evidente. Segundo ele, não é possível aproximar-se da verdade sem colocar todas as coisas em dúvida, considerando, ainda, falsas as não suscetíveis de incertezas. A 'dúvida hiperbólica', inserida na dúvida metódica, foi importante a Descartes, proporcionando-lhe excluir as suas antigas opiniões sem qualquer necessidade de analisá-las separadamente. O filósofo, assim, rejeita os dados dos sentidos, porque às vezes eles nos enganam; refuta também os raciocínios, pois, não raramente, esses nos induzem a erro. Ainda nessa "Primeira Meditação", ele expõe a possibilidade de um deus enganador, mas, abordando o contexto histórico e as possíveis consequências sociais dessa sua afirmação, Descartes opta por confirmar a existência de um deus bondoso. Entretanto, ele atribuirá às mesmas características de um deus embusteiro ao gênio maligno.
Dessa maneira, já na "Segunda Meditação", baseado ainda na 'dúvida metódica', Descartes descobre a primeira evidência: o 'Cogito'. Revela-se-lhe o fato de ser persuadido por um gênio maligno, entidade persuasiva na dúvida de própria sua existência, provando o quanto duvidar é infalível. Daí, infere: se ele duvida é porque ele pensa, e se ele pensa é porque existe.O 'Cogito' é expresso na frase um sem número de vezes já repetida,“Penso, logo existo”.
Depois de pontuar sua existência, Descartes se pergunta "quem sou eu" ? Como resposta, enxerga a si mesmo enquanto uma substancia pensante, estabelecendo, dessa forma, o primado da alma (psique) espirito, algo inteiramente distinto do corpo. Decorrente dessa distinção, preconiza a tese do dualismo.
Na 'Terceira Meditação', baseado no pressuposto da luz natural, qual seja, a razão, como máxima referência da verdade, Descartes dá prosseguimento ao uso da dúvida metódica, com o objetivo de comprovar (ou não) a existência de deus.
Para analisar as substancias e as ideias, faz uso dos conceitos de realidade formal (representação) e de realidade objetiva (conteúdo, grau de perfeição), apontando a maior existência da realidade objetiva, com maior grau de perfeição na substancia infinita, quando comparada à finita. Afirma ainda existir mais realidade objetiva substancial, enquanto menos presente está o real ideias somente conceituais.
Embora haja uma realidade própria das ideias, esse grau de perfeição não prescinde uma causa correspondente, detentora de tanta realidade formal, da matéria sua produtora, quanto de realidade objetiva. Criar tem de ser maior que a ideia, seguindo a lógica do mais para o menos.
Pela exclusão das representação então formuladas feitas, só restará a ideia de Deus, sem constituir-se em obstáculo à crença no infinito e na perfeição, porque infinitude e maturidade são conceitos que admitidos enquanto ideia em nós mesmos.
Criados como seres pensantes, porém limitados, projetamos a ideia da divindade perfeccionista, a socorrer-nos em nosso pretendida perpetuação. Por consequência, analisado criteriosamente o "Cogito", pode-se-lhe atribuir outra forma: Pensando politicamente, logo minha existência é a ideia do meu pensamento. Imprimir realidade a esta existência dependerá de quanto eu cogito tornar real a minha individualidade, construindo a pessoa no indivíduo político do qual eu serei o próprio representante. Delegar a outrém essa representação é idealizar (pre) conceitos, pensando e existindo sempre menos.
(Caos Markus)
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