REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
QUARTA-FEIRA, 16 DE JANEIRO DE 2013: "FIM SEM COMEÇO"
Eu não me considero um pessimista, porém, um realista.
Esse rito de passagem, essa virada, se fecham no mantra dos que são "enfeitiçados" pelas cores e desenhos de milionárias queimas de fogos.
O mantra dos que querem um "abandonar-se", um nirvana do cotidiano massacrante.
Os governantes, sob os ensinamentos de Maquiavel, sabem investir e ganhar com essa "desincorporação", essa catarse coletiva. Desenhar uma nova realidade requer, por princípio, recusar a fantasia da burla.
Ao contrário, todavia, essa renitência, essa persistência em memorar junto, ou 'comemorar', fim de ano sem começo.
(Caos Markus)
TERÇA-FEIRA, 15 DE JANEIRO DE 2013: "O POVO NO CALENDÁRIO"
Considerando o tempo na História, ainda a pouco não se falava de neoliberalismo nem de Sustentabilidade Ambiental, ou da inclusão de um sem número de minorias (tantos segmentos, todos com direitos "assegurados" por cotas várias, bolsas múltiplas, e até vale-cultura); nem de eventos, shows ("de graça") patrocinados pelo Poder Público aos governados da plebe rude.
Houve outra época em que as estações eram melhor definidas, com calor no verão e frio no inverno, e sem represa inundando florestas ou qualquer conhecimento sobre uma camada de ozônio; ou muito menos de um perigo no desequilíbrio do ecossistema em virtude de nefasta interferência do homem nos desígnos da mãe natureza.
Noutras décadas, de eras não tão priscas assim, existiram duas especies de pessoas, somente: as que estavam de um lado e as que não estavam desse, mas sim daquele outro. Ou melhor, dois comportamentos até então: os que falavam e os que faziam calar a boca. Como e porque alguns falavam (e o que falavam) é uma outra história. Como e porque alguns, não poucos, faziam calar a boca dos primeiros, não é uma outra história, nada diferente em razões e falta de razões.
De lá para cá, anarquistas e ateus tornaram-se governantes e ministros da eucaristia; o tráfico de entorpecentes e a polícia de pacificação nas favelas ocuparam maior destaque na mídia que, por sua vez, de rabo preso com o leitor (porque sem ele não dá para não justificar) invadiu a privacidade e o anonimato da cidadania, inventando que a ninguém era possível mantê-la, imbuindo-se do mister de suscitar aprovação ou desaprovação para assuntos variados no tema, na necessidade, na verdade ou na falta dela. Tudo sempre "comprovado" pela 'deusa-estatística': "que o povo sabe o que quer", mesmo que o tal povo jamais tivesse pensado em dividir com o próximo algo além da comum alienação.
Parece, enfim, que houve um outro tempo, além deste que só o calendário deixa para trás.
(Caos Markus)
domingo, 30 de dezembro de 2012
SEGUNDA-FEIRA, 14 DE JANEIRO DE 2013: "INSTITUIÇÕES, AS SOCIEDADES PARCIAIS"
Temos instituições em excesso, sem que elas cumpram devidamente seus objetivos. Ao contrário, são formidáveis obstáculos à consecução do bem comum. Em várias delas o que se verifica é a prevalência de interesses de grupos minoritários, sempre em função diametralmente oposta à consideração de Rousseau, qual seja, para que haja "vontade geral" torna-se necessário que nenhum outro órgão coletivo se interponha entre o indivíduo e o Estado. E esta vontade se origina do que resta de comum no confronto de vontades individuais, não se devendo confundir a 'vontade geral' com a 'vontade de todos', pois que a primeira visa o interesse comum, enquanto a segunda permanece no 'interesse privado', 'de cada um'. Importa, assim, para bem realizar o enunciado da 'vontade geral', a supressão de 'sociedades parciais' no Estado, e que cada cidadão opine somente por si.
Com efeito, fundamentar o Estado nos valores em que o futuro esteja ligado ao passado pelo nobre cativeiro do dever é missão precípua da educação. Afinal, o que havemos de colocar dentro do Estado, devemos antes por dentro da escola. E uma vez compreendido como exercício da democracia o direito de opinião, faz-se imperioso elevar o nível moral de quem o exerce. Assim, quanto mais força a estrutura do governo der à opinião pública, mais essencial será ilustrá-la. Por isso mesmo, é necessário, primeiro, educar o próprio governante.
O governante que de fato estiver preocupado com o bem-estar do seu povo não o subjugará ao império das paixões, pois, presume-se, ele mesmo estará muito acima delas, norteado por inescusável altruísmo. Requer-se sensibilidade tal que permita aglutinar semelhanças e respeitar diferenças, identificando a alma nacional, porque não pode haver nação sem um lastro comum de pensamento e sentimento.
Conceituando 'instituição' enquanto um grupo de pessoas reunidas em torno de uma ideia, capaz de realizá-la graças a uma organização permanente, podemos constatar a ausência de efetiva reais instituições no Brasil.
Isso, contudo, só será possível mediante a eventual habilidade de estadista, a ser notabilizado pela argúcia na administração da coisa pública, e não pela astúcia, infelizmente entendida por nós brasileiros como 'Política'.
(Caos Markus)
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
DOMINGO, 13 DE OUTUBRO DE 2013: "SÍNDROME DO APEGO OBSESSIVO"
Embora impossível de quantificar, uma percentagem considerável de mulheres satisfaz os critérios que nos permitem identificá-las como detentoras da chamada Síndrome do Apego Obsessivo (pelos vulgos denominada “Mãe Galinha"). Esta designação, na ausência de um termo técnico mais adequado, pretende caracterizar aquelas mulheres que amam demais e que exercem uma proteção exagerada sobre as pessoas que são geralmente o objeto do seu amor, os filhos.
Refere-se à mulher que possui uma forte necessidade de amar, de ajudar, de cuidar, de educar, enfim, uma necessidade compulsiva de ser mãe. E há alguma coisa de mal nisto?
Aparentemente não, até porque estas características são vistas mais como qualidades do que como defeitos e parecem satisfazer plenamente o ideal de mãe, fortemente implantado nas famílias tradicionais. O problema é que, ao amar demais, ama de uma forma obsessiva e neurótica. Ela leva demasiado longe, ou demasiado a sério, o seu papel de mãe, porque não deixa espaço para que as pessoas, objeto do seu amor, se realizem como pessoas autônomas e independentes. A mensagem que este tipo de mãe transmite ao filho é a seguinte: “Você não pode viver sem mim. Você precisa de mim. Você não consegue ser nada sem mim. Mas não se preocupe, eu estarei sempre ao seu lado para cuidar de você, para lhe proteger dos perigos do mundo.
O que ela não consegue ver é que esta mensagem, aceitável se o filho fosse uma criança, torna-se inaceitável e consiste num atestado de incompetência passado ao filho em idade adulta, porque lhe nega o direito de exercitar as suas capacidades, de enfrentar os riscos inerentes à vida e, em última análise, sabota-lhe o processo de desenvolvimento em termos psicológicos.Esta recusa, inconsciente, em efetuar o corte emocional definitivo do cordão umbilical, é originada por um amor castrador da liberdade de expressão, de ação e de escolha por parte do filho e resulta quase inevitavelmente num indivíduo com uma personalidade do tipo dependente: dependente do amor tóxico da mãe, como é óbvio.
A abordagem referida contém contudo um outro significado oculto. No fundo, o que essa mãe está a transmitir sutilmente ao filho é: “Não me abandone, nem me negue o seu amor. Eu preciso desesperadamente de você para me realizar como mãe. Eu preciso que voce precise de mim”. Nesta mensagem subliminar, e portanto nunca expressa de uma forma explícita, encontramos aquilo a que alguns autores designam por “incesto emocional” e que, basicamente, consiste numa inversão de papéis, na medida em que é a criança/adulta que passa a nutrir a mãe.
Geralmente, as mães com essa síndrome orgulham-se da sabedoria que possuem, dos sacrifícios que faz, das privações que sofre, dos prazeres a que renuncia para poder amar, nutrir, e cuidar do filho.
Muitas vezes retrai-se zangada, ferida, amuada, porque se sentiu injustiçada, podendo desenvolver um quadro clínico depressivo.
Esta cobrança de sentimentos, faz com que mãe e filhos reforcem automaticamente os laços de dependência mútua fechando-se hermeticamente num ciclo vicioso repetitivo e, portanto, sem solução.
Ao confrontarmos essa mãe, procurando sugerir-lhe que o seu amor talvez seja excessivo e que o seu investimento emocional no filho talvez seja prejudicial para ambos, ela desarma-nos imediatamente ao responder: “Então não hei de amar o meu filho? O amor nunca é demais. Uma boa mãe tem que amar.”
Infelizmente, é incapaz de estabelecer limites, de demarcar a fronteira entre um amor saudável, firme, equilibrado e um “amor” exagerado, neurótico, servil, absorvente e insaciável.
O amor, em qualquer tipo de relação, precisa aceitar o outro tal como é, de respeitar a sua individualidade e de lhe dar espaço, para que ele construa o seu próprio destino num clima de liberdade e sem constrições sufocantes, o que pressupõe uma relação consigo mesmo, igualmente moldada nessa individualidade preservada.
(copydesk, Caos Markus)
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
SÁBADO, 12 DE JANEIRO DE 2013: "A OVERDOSE DO ESTADO"
Na ausência de institucionalização de uma política de mudanças sociais que viabilize restituir ao homem a sua condição de 'objeto' e 'beneficiário' do desenvolvimento, no Brasil, inconsistentes projetos governamentais buscam sanar os problemas estruturais do país pela adoção de critérios paliativos, postergando reformas e investimentos que visem modificar as causas da nossa ruína ética e moral, para fixar organização que cuidam apenas das reais e cruciais consequências.
Acerca do aprimoramento dos 'recursos humanos', enquanto necessidade primordial à geração e utilização de mão-de-obra de alto nível, responsável pela formação e investimento de 'capital humano' nas estratégias do desenvolvimento, em termos econômicos, pode-se descrevê-lo como a acumulação de capital humano e seu investimento profícuo no progresso de uma economia. Em termos políticos, a expansão dos recursos humanos prepara o povo, tendo por meta a participação adulta nos processos políticos, particularmente como cidadão de uma democracia.
Dos pontos de vista social e cultural, o crescimento dos recursos humanos auxilia as pessoas a levarem vidas mais plenas e mais ricas, menos reduzidas à "tradição".
Não fizemos nada disso,salvo raríssimas exceções. Maquiamos o 'capital humano' instituindo um desenfreado processo de diplomação, através de um sem números de cursos desqualificados. E hoje pagamos o preço de necessitar da mão-de-obra especializada dos europeus, abalados em seu próprio capital financeiro, porém, ricos em conhecimento acumulado e consolidado.
Num país como o Brasil, em que mesmo a auto-educação através de leituras, contatos, cursos, palestras, debates, é prejudicada, muito pouco resta para subsidiar a terapêutica mais correta no combate à ignorância. Ignorância que abre outras portas: a da agravante do narcotráfico e da dependência perniciosa do uso de drogas, expressivamente.
Cá entre nós, as drogas como lenitivo às dores físicas e morais, ou como "fuga de problemas" de ordem tanto material como espiritual, revelam um desajuste social ambientado nas discrepâncias políticas e econômicas, muito pouco condizentes com o desenvolvimento do capital humano. Não por coincidência, entorpecente, juventude, delinquência e marginalidade social estão interligados.
Droga mata. Contudo, a droga que mata antes é o desproprósito governamental em eximir-se da responsabilidade pela ineficácia de um modelo jamais comprometido com a educação ampla e dirigida ao progresso individual e coletivo. Colhe-se agora o que há muito se plantou. E como não plantamos (governantes e governados) outra coisa senão a ignorância, e como mais nada mais foi fertilizado senão a corrupção, colhemos os nefastos efeitos da drogadição e do alcoolismo.
Esta é a nossa cultura, literalmente reduzida à pó.
Considerando que 'droga' é ainda sinônimo de 'malogro', 'fracasso', outras "drogas" estão matando o também jovem Brasil. Caminho curto para se chegar a uma nação fatalmente vitimada pela overdose de um Estado que se alimenta do holocausto do seu próprio povo.
(Caos Markus)
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
SEXTA-FEIRA, 11 DE JANEIRO DE 2013: "DÚVIDAS DA IGNORÂNCIA"
"Ignorância vencível" e "ignorância invencível" distinguem-se uma da outra pela dependência e não dependência do nosso esclarecimento, segundo os estudiosos da Lógica. Já a "ignorância culpável" difere da "ignorância escusável" pelo nosso dever em esclarecê-la, no primeiro caso, não sendo nossa a responsabilidade
de explicá-la, no segundo caso.
A "dúvida" também é objeto de estudo da Lógica, definindo-a em "dúvida metódica" (consideranda em 'estado de espírito permanente', face a investigação, como elemento para atingir a verdade); e observando-a como "dúvida universal" (no estado permanente do espírito enquanto referência à certeza, assim verificada nos 'céticos').
Nós brasileiros, de que 'ignorância" padecemos?
Entre nós, alguns poucos monopolizaram a 'certeza' de tal forma a se sentirem autorizados ao muito incerto dever de esclarecer uma duvidosa 'ígnorância'. Outros tantos (ignorantes invencíveis, na grande maioria) não se submetem a qualquer dependência de esclarecimento. Uns e outros têm em comum a capacidade de subverter o verdadeiro conceito de 'opinião' que, conforme ainda a Lógica, deve ser um estado de espírito consistente em pronunciar um juízo que envolve uma dúvida, dependendo diretamente da probabilidade das razões afirmativas.
domingo, 23 de dezembro de 2012
QUINTA-FEIRA, 10 DE DEZEMBRO DE 2013: "PÓS-QUESTIONANDO"
A consciência será sempre consciência intencional de algo, ou seja, 'consciência de'.
Neste sentido, a consciência já nasce (trans) portada para algo que ela própria não é; levada a um ser que a portará, um ser cuja transcendência é dela o objetivo a ser alcançado. Mas, convém ressaltar, ela própria não é esse ser. Por consequência, não há que se considerar com ênfase imerecida qualquer separação clássica entre 'sujeito' e 'objeto'.
Toda consciência é 'de algo' e todo objeto é 'para a consciência de'.
Neste contexto, nota-se, não há a mínima possibilidade de existir consciência intencional do 'não ser'.
É inconcebível até mesmo supor o 'ser' para a 'consciência do indivíduo' como 'inexistente'. Porque o pensamento (na medida em que toda consciência é consciência de alguma coisa) seria desprovida de objeto. E nessa circunstância, conclui-se, restaria confirmada uma impossibilidade, a do 'não ser'.
Cabe-nos, então, pós-questionar: "Ser ou não ser (...)" é devaneio, ou, quando muito, uma permissão poética. Todavia, jamais uma plausibilidade.
(Caos Markus)
QUARTA-FEIRA, 9 DE JANEIRO DE 2013: "A NORMA DA DEMÊNCIA"
O amor à servidão é instituído nas mentes humanas por meio de uma revolução 'sui generis' -a da indução. Não é outra a situação hoje, quando a supressão da verdade tem estimulado gerações à admiração inconsciente de um controle totalitário dissimulado por técnicas de persuasão.
Segmentos sociais estratificados rigorosamente, de forma a conviverem com a alienação, têm buscado na convulsão social uma maneira peculiar de reagir à barreira imposta às classes populares, através de fatos e argumentos considerados indesejáveis pelos chefes políticos. Contudo, essa atitude não é caracterizada pela insubmissão em si. Muito pelo contrário, a servidão é ainda a tônica nessas relações.
Vivemos, assim, sob o império da insanidade, refugiados no asilo da tragédia universal. Contraditoriamente, prevalecem no cenário político-econômico globalizado os "nacionalistas" de direita extremista e os extremados "nacionalistas" de esquerda.
Pela confirmada ineficiência dos totalitarismos, desde a Antigüidade, o aperfeiçoamento de um poder centralizado nas mãos de mandatários políticos e administradores é, no momento, a forma sofisticada de simular o desaparecimento da coação, a fim de despertar credibilidade na servidão.
Os meios de comunicação desenvolveram metodologia compatível com a tarefa pretendida pelos modernos estados totalitários. No Brasil, a verdade oculta dá lugar à mentira deslavada, quando, através dos meios midiáticos, generalizadamente, mas em especial nas programações de TV, difundem-se comportamentos excêntricos como normas admissíveis em sociedades civilizadas, e por isso devendo ser imitados. Profissionalizar a prostituição mal disfarçada, profissionalizar a corrupção, são todas mensagens veiculadas a milhões de brasileiros, com o exclusivo objetivo de condicioná-los a valores torpes, submetendo-os facilmente à servidão.
O que se opera é um eficiente processo de demência, ou seja, voltado a subtrair as mentes dos seduzidos, com a finalidade de forjar a nova "ordem moral", onde a transgressão é modelo de uma socieade amoral. Forte é o apelo para, ainda crianças, ser a maioria sugestionada à adaptação do novo "sistema social", todos isentos de pensamentos ou descontentamentos, colaborando, sobremaneira, com a manutenção desse espúrio regime.
Se até agora sobrevivemos à destruição total pelas armas nucleares, não pudemos, todavia, resistir a essa subliminar opressão a nos precipitar no caos social. Dominação esta, fruto da manipulação da verdade, em detrimento de postulados inalienáveis na evolução (com efetivo progresso) do gênero humano.
Ou retomamos o caminho seguro da recuperação mental, ou continuamos no atalho da nossa degenerescência, dementes cegos à anomalia transformada em norma de conduta.
(Caos Markus)
Segmentos sociais estratificados rigorosamente, de forma a conviverem com a alienação, têm buscado na convulsão social uma maneira peculiar de reagir à barreira imposta às classes populares, através de fatos e argumentos considerados indesejáveis pelos chefes políticos. Contudo, essa atitude não é caracterizada pela insubmissão em si. Muito pelo contrário, a servidão é ainda a tônica nessas relações.
Vivemos, assim, sob o império da insanidade, refugiados no asilo da tragédia universal. Contraditoriamente, prevalecem no cenário político-econômico globalizado os "nacionalistas" de direita extremista e os extremados "nacionalistas" de esquerda.
Pela confirmada ineficiência dos totalitarismos, desde a Antigüidade, o aperfeiçoamento de um poder centralizado nas mãos de mandatários políticos e administradores é, no momento, a forma sofisticada de simular o desaparecimento da coação, a fim de despertar credibilidade na servidão.
Os meios de comunicação desenvolveram metodologia compatível com a tarefa pretendida pelos modernos estados totalitários. No Brasil, a verdade oculta dá lugar à mentira deslavada, quando, através dos meios midiáticos, generalizadamente, mas em especial nas programações de TV, difundem-se comportamentos excêntricos como normas admissíveis em sociedades civilizadas, e por isso devendo ser imitados. Profissionalizar a prostituição mal disfarçada, profissionalizar a corrupção, são todas mensagens veiculadas a milhões de brasileiros, com o exclusivo objetivo de condicioná-los a valores torpes, submetendo-os facilmente à servidão.
O que se opera é um eficiente processo de demência, ou seja, voltado a subtrair as mentes dos seduzidos, com a finalidade de forjar a nova "ordem moral", onde a transgressão é modelo de uma socieade amoral. Forte é o apelo para, ainda crianças, ser a maioria sugestionada à adaptação do novo "sistema social", todos isentos de pensamentos ou descontentamentos, colaborando, sobremaneira, com a manutenção desse espúrio regime.
Se até agora sobrevivemos à destruição total pelas armas nucleares, não pudemos, todavia, resistir a essa subliminar opressão a nos precipitar no caos social. Dominação esta, fruto da manipulação da verdade, em detrimento de postulados inalienáveis na evolução (com efetivo progresso) do gênero humano.
Ou retomamos o caminho seguro da recuperação mental, ou continuamos no atalho da nossa degenerescência, dementes cegos à anomalia transformada em norma de conduta.
(Caos Markus)
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
TERÇA-FEIRA, 8 DE JANEIRO DE 2012: "A MISÉRIA EM TABELA PERIÓDICA"
Ninguém suporta uma realidade imutável. Então, faço de conta que estou completamente sóbrio, só para ser mais um dentre a multidão de abstêmios anônimos. E engulo de cara feia e retorcida o fel da bebida amarga dos agnósticos. A relatividade é a prática dos infratores e dos pecadores e, por isso, vou ao céu para depois voltar ao inferno. A insuportável leveza do meu ser me faz peregrino buscando o norte pela meteórica estrela da minha vida inteira.
Em Paris não tem Corcovado, mas o tango de Marlon Brando com o dedo na manteiga é bem melhor que batucada afoxé made in Brazil na piscina do Nacional da orla marítima. Sou gringo daqui, inventando bondinho lisérgico para atravessar o mundo do muro berlinense reconstruído. E na Lua só não perdi o cordão umbilical da nave mãe porque há muito que tenho São Jorge no meu congá. A minha Terra em Transe tem a rocha de Glauber sempre que o sol se põe no duelo entre Deus e o Diabo. Pindorama é sim a minha alma andina por trás dos montes, em lírica cantiga de roda na boca de soprano bachiano.
Voltei ontem daquela viagem que prometi e não cumpri. No aeroporto, 14 bis entoava minha canção predileta, pensando que a banda tocava pra ela. Todo mundo parou para ver e dar passagem ao cobrador de aduaneira pelo contrabando que não taxa nem é imposto a ninguém. Alegria, alegria era o que mais se via no buffet tropical servido a qualquer um sem lenço nem documento. Os seios de Gal vieram depois quando a festa já terminara e o Brasil todo tinha ido morar com cubanos na Flórida. E do alto daquelas pirâmides mil séculos contemplavam Bonaparte na ilha de Elba, tudo enquanto o cheiro forte de Fidel impregnava um charuto zeppelin pelos ares nas asas da Pan-Air. Em tempos de turbulência, recomendava-se apertar o cinto, pois que era muito fraca a visibilidade nas águas de Netuno. Iemanjá ouvia os atabaques ao longe, na alforria de negreiros navios de um outro Castro.
Em meu aniversário eu preferi Ray Charles, mas disseram que ele nada tinha de lambada tocando piano para a cerveja borbulhar ao rebolado baiano em cena de Broadway. Descobri assim que o único convidado a não vir fui eu mesmo, e fui embora no trem das onze que a minha mãe já tinha morrido e eu não tinha mais casa para olhar. O que vi na estação do metrô foi uma população alienígena formando diversas tribos. Eu queria ver a tal luz no fim do túnel do tempo que não volta mais. O termômetro marcando Rio 40 graus de longitude tropical. E aquela horrível sensação de perigo iminente na escada magirus que perseguia com a sirene ligada um Andraus assaltante de banco de sangue. Testei a minha sorte na roleta bolchevique e o tiro saiu pela culatra, mesmo eu ali, todo vermelho-comum.
As ovelhas fugiram todas da minha casa de campo; de pau-a-pique e sapê, todas as músicas que aprendi nos discos não foram o suficiente para aprender Dom e Ravel.
Que dó maior esse o que tenho do estribilho nos meninos de rua! Faço de conta que não é comigo e sou capaz de virar poeta de vanguarda, decantando o bagaço da usina nuclear. Afinal, a essência - dizem - não é volátil, e na natureza nada se perde, tudo é por acaso.
Vem comigo. Se você disser que vem às 4, tornar-se-á responsável tanto quanto eu pela rosa de Hiroxima. De nada vai adiantar chamar por Exupery na terra dos homens. Aqui somente o homem que calculava é capaz de dividir tanta miséria em tabela periódica.
(Caos Markus)
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
SEGUNDA-FEIRA, 7 DE JANEIRO DE 2013: "O AMOR QUE NOS PREPARA"
Eu quero lhe falar do meu amor que, apesar das aparência, resiste. Ainda que tenhamos essa fisionomia grave, sisuda, de quem vive (vive?) em meio a tanta turbulência, a tanto disparate.
A vida é a mais pura adrenalina, muito mais que purpurina. Só se brilha quando se emociona, e sentir-se vivo é comungar a a harmonia da fantástica saga do ser humano na Terra, nas Paixões, nos infortúnios, na alegria de se reconhecer uma parte significante desse incomensurável universo que a todos nos toca pela sensibilidade extrema e superior de um mestre que conosco quer celebrar o milagre da criação. Agora já não somos mais pessoas dispersas e atônitas diante do desconhecido; antes, pulsamos as vibrações de entidades fraternas na busca da reconciliação entre o início, o meio e o fim. Pois que não existe o flagelo da morte e sim o doce encanto da vida a nos chamar para si, a nos conclamar para a união pela identidade espiritual.
Nossas almas são muito mais do que as vulgares exigências de um mundo obsoleto inventado pela covardia e fraqueza mundanas. Em cada um de nós há uma revelação que não conseguimos negar, e a que devemos render homenagens. Revela-se aos nossos corações a nobreza do amor transcendente à debilidade de sistemas falhos e provisórios.
Queremos um do outro as mãos apertadas em cumprimento de felicidade compartilhada; precisamos um no outro a mesma alma gêmea. Porque o que nos separa são ambições fundadas no receio do confronto com o limite único e verdadeiro, a tênue demarcação daquela que, sabemos todos, é propriedade coletiva - a imortalidade. Viemos de uma mesma fonte e é para ela que a todo instante voltamos.
Temos, isso é certo, medo de amar. Porque essa é uma atitude que exige responsabilidade. O ódio, ao contrário, é a rendição do ser humano à irresponsabilidade típica dos que têm medo da vida. Viver é proclamar o império da solidariedade, é exaltar a pátria da justiça no alicerce moral da existência fraterna.
Não fosse o amor, e já teríamos sucumbido às agressões de tantos quantos elegeram a discórdia como conquista vil da raça humana.
Quero estar vigilante para poder, acordado, bradar aos quatro cantos em alto e bom tom o grito de alerta: "Desesperar jamais!"
Não se trata de otimismo homeopático, mas sim de resgate necessário à sobrevivência da espécie humana; resgatar o que se nos é comum e essencial - o sentimento maior que nos aproxima uns aos outros. Não existe acaso diante do Universo, e não estamos, pois, nesse mundo senão por um propósito determinado; estarmos aqui agora não é isolamento, é preparação.
(Caos Markus)
DOMINGO, 6 DE JANEIRO DE 2013: "O CONFRONTO NO CONFLITO"
Restritos estamos a um círculo vicioso, em que transformações estruturais fundamentais urgem, reclamando presteza nas mobilizações, e, no entanto, são imediatamente recusadas por governantes insensíveis ao significado das premissas alheias.
Essa situação é caracterizada pela constatação do conflito social num quadro de violência entre as partes envolvidas, só podendo ser evitado com a compreensão das reais proporções da tragédia.
A natureza do conflito e do confronto está em tudo quanto concorre para dar o caráter atual da nossa sociedade. Podemos, sem dúvida alguma, preparar-nos para suprimí-lo, construindo uma nova civilização, em tudo diferente do que qualquer outra que tenhamos visto até hoje. Ou, ao contrario, podemos resistir à sua marcha, com irreparável prejuízo para as gerações contemporâneas e as vindouras.
Precisamos - isso sim! - descobrir quais as causas mais profundas e impessoais dessa beligerância, e não mais atribuí-la exclusivamente à vontade caprichosa de homens de má-fé.
Essa descoberta só é possível com investimentos numa educação melhor adaptada ao caráter do nosso tempo , porque a maior parte da nossa população ( e aqui incluem-se os governantes) não é atingida, de modo profundo pela nossa herança cultural; segue pela vida sem consciência das forças que regem o seu destino, sendo presa fácil , nas grandes crises, de receitas paliativas, e irrefletidamente cai sobre quaisquer indivíduos, se persuadida de que eles são os responsáveis pelos seus males.
(Caos Markus)
SÁBADO, 5 DE JANEIRO DE 2013: "MAIS CULTURA, MENOS GOVERNO"
A descontinuidade no progresso do ser humano não se resolve tão- somente pela observação da sua variedade. Senão, como explicar que há vinte e quatro séculos os gregos possuíam um grau de civilização muito superior ao da atual população? Como entender que há apenas três séculos atrás os parisienses esvaziavam os seus vasos noturnos nas ruas, enquanto que há dezenove séculos passados Roma possuía um excelente serviço de esgoto?
O progresso humano, assim, não só lento, é também interrompido muitas vezes pela ignorância. Quatro ramos de parentes de uma única árvore genealógica racial, a superioridade ou a inferioridade de determinarmos grupos humanos devem-se exclusivamente à permuta de idéias e experiências no primeiro caso, e ao isolamento, no segundo. O encaminhamento, por exemplo, de muitos povos de partes diferentes do mundo para o vale do Rio Nilo, como passagem obrigatória nas viagens das raças primitivas de uma região para outra, sempre à procura de alimentos e abrigo, propiciou, pela concentração de grande massa humana, constituída por homens vindos de lugares tão frios como os das geleiras ou tão quentes como os do mar, um acréscimo às idéias individuais, pela troca de hábitos diferentes em culturas distintas.
Da mesma forma como a superação da barbárie pelo advento da pré-civilização se operou através da incessante aproximação dos povos, e assim sucessivamente, o processo humano tem sido retardado pelos membros mais ambiciosos da família humana que, inconscientes, supostamente promovendo a modificação e a diferenciação das espécies, em processo de seleção natural. atrasa em milhares de anos o processo civilizatório, pelo confinamento oriundo de sucessivas guerras.
A desintegração e o conflito têm, ao que parece, acompanhado o processo das modificações fundamentais dos períodos revolucionários da raça humana. Reconhecer e preparar-se para advento de uma nova época, evitando a análise superficial, pela adoção de critérios de identificação das causas mais profundas e impessoais, será não escolher a alternativa mais pobre de resistir às mudanças.
Como a maior parte da população não herda a cultura conseqüente do acúmulo das experiências da civilização humana, impõe-se o reconhecimento dos malefícios causados pela ignorância, como percepção de uma nova educação norteada para a compreensão da atualidade. O desprezo por essa educação significará perpetuar a ignorância, já considerada como endêmica em nossa civilização
Se a exigência de um governo se fundamenta na condição necessária de relações sociais pacíficas, como forma de regulamento imposto aos sentidos opostos dos objetivos humanos, a sociedade só pode ter menos governo quanto mais sólidas forem suas bases, sempre estabelecidas por um acordo entre os homens, e assegurando-se a economia como um direito geral. Naturalmente, a consciência de uma herança cultural, através da implementação de um projeto educacional voltado para contemporaneidade, mais disciplinaria um novo espírito, voltado para um mundo que busca nascer, não mais dependente de governos fundados na excessiva soberania.
(Caos Markus)
SEXTA-FEIRA, 4 DE JANEIRO DE 2013: IMPENSADAMENTE"
Os sábios acreditam que há hierarquia de feitos, podendo existir entre eles uma ordem criteriosa. Eles têm razão, uma vez que sem isso não haveria Ciência, de há muito confirmada a sua existência. É suficiente abrir os olhos para ver: as conquistas da indústria, a enriquecer tantos homens práticos, jamais teriam surgido, se estes homens práticos não tivessem sido precedidos por loucos desinteressados que morreram pobres, ocupados apenas em dedicarem-se à engenhosidade, e não à utilidade de seus empreendimentos.
Estes loucos têm economizado a seus sucessores o trabalho de pensar. Logo, pois, a maior parte dos homens não gosta de pensar, e isso, por outro lado, é um bem, posto que o instinto os guia. Mais amiúde, acima da razão, nos guiaria uma inteligência pura, sempre que se buscasse um fim imediato. Pois, o instinto é rotina, e se pensamento não o fecundasse, não progrediria mais no homem que na abelha ou na formiga.
É necessário, então, pensar por aqueles que não querem pensar. E como estes são numerosos, é preciso que cada um dos nossos pensamentos seja o mais útil possível. Por isto, uma norma será tanto mais sábia quanto mais geral e ampla seja.
(Caos Markus)
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
QUINTA-FEIRA, 3 DE JANEIRO DE 2013: "O PARADOXO DO MAL"
Sugestivo paradoxo, da essência do poder emergem duas antagônicas conotações.
Pois, se por um lado, com a 'existência política' do homem, nasce, originariamente, a 'racionalidade' (indispensável ao progresso da civilização); já sob outro ângulo, em oposição, é o próprio poder que se reveste de uma 'grandeza' humana. Esta última, eminentemente a mensuração do mal à coletividade.
'Racionalidade' e 'crueldade', eis a surpreendente bipolaridade do poder.
(Caos Markus)
QUARTA-FEIRA, 2 DE JANEIRO DE 2013: "COMPULSÃO"
Consumidores aliciados à compulsão, uma vez dominados, compartilham o império da unanimidade, tornando-se os maiores propagandistas da peta do progresso.
(Caos Markus)
TERÇA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2013: "SENSACIONAL"
O pânico, a desgraça e o horror, todos eles passam.
O que persiste é a sensação, que, certamente, impõe a sobrevivência como condição da própria vida .
SEGUNDA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2012: "AMOR E AUTO-ESTIMA"
Por negarmos os desígnios de outrém e, na medida de nosso poder, utilizarmos o sentimento alheio somente para satisfação dos nossos fins; denota-se, à primeira vista, que o amor não é uma exceção. O amor também é, pois, vontade de poder. Apenas, em vez de pretender a conquista de um simples objeto, almeja um sujeito; reclama desse sujeito uma modalidade especial de apropriação, qual seja, a posse de uma liberdade como liberdade propriamente dita.
No amor, não se deseja à pessoa amada qualquer indício de auto-estima, mas, contrariamente, se busca através dela justificar, confirmar a si mesmo a sua individual existência.
Esta concepção, todavia contraditória, não evita o conflito. Porque o enamorado nutre-se do 'eu' da pessoa a quem declara o seu amor, aspirando perder-se na debilidade dessa "coexistência". Contudo, quando se realizasse essa fusão, teria perdido aquele a quem ama, reencontrando a solidão do seu 'eu'.
Além disso, se amar é querer ser amado, é então também desejar que o outro queira que nós o amemos, ou seja, que o outro tenha necessidade de nós.
Tal qual as demais relações humanas, o amor constitui um escamoteado conflito, uma trama de dissimulações onde os esforços são dirigidos a superioridade de um sobre o outro.
Por isso, a existência, que se imaginaria um bem supremo condicionado a uma única consciência, torna-se um mal pelo fato de o outro existir, de modo a gerar o anseio de dominação, tendente à força do poder.
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
DOMINGO, 30 DE DEZEMBRO DE 2012: "ESTADO ESPECTRAL"
O excesso moderno de governo, os documentos, os protocolos, e funcionalismo, as proibições e licenças sem fim, não protegem a vida e a prosperidade do indivíduo mais do que faria a ausência de todo esse aparelho complicado. Em troca de todos os sacrifícios, de dinheiro e de liberdade que o cidadão faz ao Estado, não recebe deste outros auxílios senão a justiça - por toda parte desmesuradamente lenta e dispendiosa -, e a instrução, que está longe, muito longe de ser acessível a todos no mesmo grau. Para obter estas mesmas vantagens, bastaria apenas uma só das numerosas restrições a que sujeitam a independência do indivíduo, do cidadão. Dizer que a liberdade individual é enfraquecida em atenção aos direitos da coletividade é ocultar a realidade; essa suposta atenção não impede que os indivíduos os sejam oprimidos, e priva a todos da maior parte de sua liberdade natural; a lei exerce de improviso e constantemente sobre todos cidadãos o constrangimento que, sem ela, algumas naturezas impetuosas exerceram talvez, em casos excepcionais, sobre alguns. A dependência em que se acha o cidadão para com as instituições do Estado não o dispensa de proteger-se a si próprio, tal qual faz o selvagem livre, com a diferença que aquele é mais inepto que este; porque desaprendeu de tomar cuidado de si próprio, não possui mais a compreensão exata de seus interesses, está acostumado desde a infância a sofrer a opressão e o constrangimento, contra o que o selvagem se revoltaria ainda mesmo com perigo de vida; o Estado incutiu-lhe na mente que as administrações e as autoridades devem ocupar-se dele em todas as situações.
Nos países onde o governo é tão simples que todo cidadão pode conhecer suas intenções, fiscalizar o trabalho, e ajudá-lo, ele considera os impostos como despesa pela qual recebe um equivalente; sabe por assim dizer o que obtém por cada soldo de imposto, e a equidade evidente de tal transação impede o mau humor de se manifestar. No Estado atual, pelo contrário, o imposto torna-se necessariamente odioso, não só pelas grandes despesas exigidas pela má construção do mecanismo governamental, como por ser em toda parte muito elevado, sua distribuição injusta, resultado de uma organização histórica da sociedade e de absurdas leis; mas o imposto é sobretudo odioso porque é determinado pelo fisco e não por virtude de um fim político racional.
Segundo a idéia moderna do Estado, o burocrata deve ser o mandatário do povo, de quem recebe os ordenados, os poderes, a consideração, o cargo. O burocrata deveria, em virtude desta idéia, considerar-se sempre servidor da nação e responsável perante ela; deveria sempre ter presente ao espírito que é nomeado para cuidar dos interesses dos particulares. Em cem leis decretadas, quer com o concurso do povo, quer sem ele, há, seguramente, noventa e nove que não têm por fim aumentar a liberdade de ação e as regalias da existência do cidadão, mas sim facilitar aos burocratas o exercício dos direitos soberanos que arrogaram para si.
Assim, lamentavelmente, ainda prevalece a premissa de que o cidadão constitui-se em propriedade desse espectro, desse fantasma impessoal chamado Estado.
(Caos Marcus)
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
SÁBADO, 29 DE DEZEMBRO DE 2012: "VERBO PRECOCE"
Cada um de nós poderia (ou ainda poderá?) readquirir a capacidade inata de pensar, recusando-se a ser mero e passivo receptor e, consequentemente, fiel depositário das babaquices jornalísticas, para reassumir a freqüência de competente transmissor e gerador de idéias. Adaptar-se, em simbiose parasitária às imposições de uma mídia monopolista é render-se à farsa da festa democrática, onde todos têm o sacrílego direito de discordar sobre tudo e qualquer coisa que não ofereça nenhum perigo à estabilização da ordem cultural vigente e vigorosa (vigorosa porque tradicional, ainda que travestida na fantasia da renovação).
Eu não sou capaz de incomodar sempre que a pré-ocupação é incomodar-se com inverossímeis incredualidades.
Não levamos tanto tempo assim para a conquista do tal Estado de Direito. Porque isso que se vê não é Estado de Direito. Então, que direitos são essas mil possibilidade de organizarmos as nossas outras mil diferenças em mais mil comitês dos “iguais”? O tempo não foi outro senão o de podermos admitir que agora já fazemos tudo aquilo que antes a censura não nos permitia: as nossas próprias bobagens. Eles, os governantes de outrora (aliás, não por coincidência, muitos ainda os mesmos de hoje), é que perderam o medo de nós (tinham algum !?). Perceberam, não oferecíamos o menor perigo. Afinal, souberam identificar o crucial: nós não temos o hábito de pensar, e por isso, quem não pensa arruina-se por imaginar que o faz.
Pré - potência é confinar-se no que pode vir a ser mas não virá. É perpetuar-se na latência do promissor postergado. Não é essa a minha vocação. Eu espero que discordem de mim sempre. Eu prefero ser totalmente desacreditado por uma nação, se ela der nota zero à espalhafatosa alegoria dos meus inebriantes discursos, e desclassificar o meu samba enredo de “pé quebrado”.
Se presidente fosse (e não quero ser presidente nem de clube da esquina), eu renunciaria imediatamente após a divulgação do pleito, somente para poder advertir os meus eleitores o quanto eles são autogovernáveis, desde que distinguam “archein” de “krátos”. Quem sabe o Brasil ficasse curado de tanta insânia, também ela, a exemplo da vinheta global, gerada na ficção, dessa vez a política. E, quem sabe, cessasse de imediato essa insistente ejaculação verbal precoce pelo país afora.
(Caos Markus)
SEXTA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 2012: "O INDIVÍDUO, PEÇA DA ENGRENAGEM ESTATAL"
A forma de governo presumida do cezarismo é a destruição de toda a liberdade individual, e, nesse ponto, ninguém é mais anti-liberal, nem age como agente corrosivo da liberdade do que os socialistas. Qualquer experiência, seja no terreno político, social ou científico, tem que ser tomada pelos seus resultados. Após décadas de frustrada experiência socialista no Leste Europeu, será lícito perguntar se o povo brasileiro amaria a sua terra fora do ambiente de liberdade em que foi criado.
A resposta será negativa. O profundo horror que sacode a nação diante de regimes de exceção mostra que não será no sacrifício do socialismo o encontro da chave do interesse do nosso cidadão pelo Estado. Um governo de esquerda é, neste sentido, um governo anti-nacional: ele faz de seus concidadãos estrangeiros dentro da pátria; inimigos do Estado, pois que o Estado se torna o agente precípuo da opressão, da tirania, exercida por indivíduos que, se algumas vezes agem no interesse coletivo, muitas vezes também servem a interesses de camarilhas vorazes.
O socialismo é ridículo (já agora, pelos petistas, substituído por uma mal explicada "social-democracia") quando se bate pelo direito das minorias, pois, achando-se o direito das minorais baseado nos direitos do homem, e o socialismo sendo um vilipendiador desses direitos, que são os germes ativos, fecundos e estimuladores do progresso social; não há como possa conciliar-se dentro de um mesmo boné os direitos do homem e o seu fetichismo pelos direitos imprescritíveis, sagrados, inalienáveis do Estado. Um espírito lógico não deixará de sentir a contradição entre o respeito dos direitos do homem e toda a estrutura política do socialismo. O Estado, para o socialismo, não é o que ele é para muitos, um mal necessário, uma muralha, que o instinto de conservação social levantou para se defender do excesso de agressividade, de combatividade animal do homem, um distribuidor de justiça, de polícia, mas um tutor suntuoso, magnífico, impertinente, paternal, cheio de zelo, com olhos bem grandes, arregalados, para examinar tudo o que fazemos e o que não fazemos.
O socialismo é o reflexo da metafísica “estadista”: o indivíduo não é para ele mais do que uma peça da engrenagem do Estado; e, como a peça de uma máquina, dela dissociada não terá existência útil; o indivíduo, desde que não engrene na máquina inteligente do Estado, deixa de ser um valor social, porque só naquele conjunto, embutido dentro daquele quadro, valerá qualquer coisa.
(Caos Markus)
QUINTA-FEIRA, 27 DE DEZEMBRO DE 2012: "INTELECTO ANACRÔNICO"
Já se disse, no Brasil quem faz pós-graduação é porque não foi bem graduado; algo equivalente a um "reforço". Porém, via-de-regra, o brasileiro com acesso a curso superior quer um merecido respeito porque crê na condição de "iluminado", acima de uma cultura popular, à serviço dela e, por isso, devendo ser melhor remunerado. Freqüentemente, os pais encarregam-se de detectar uma não comprovada "genialidade" em seus filhos, formando, a partir dessa pré-concepção, o preconceito da existência de uma casta de reduzido número de "talentosos" a justificar destacado lugar no cenário sócio-econômico do país. Mas, definitivamente, ainda que se fale em precocidade, essa não é um sinal premonitório de um grande talento no futuro.
Convém mesmo lembrar que se há algo admissível como característica primeira do "futuro gênio" essa reside no grau de insatisfação com o ensino comum, o chamado"espírito divergente". Naturalmente, em franca observação à maioria dos "intelectualizados" nacionais, comumente o que se verifica é o conformismo, e não a predisposição em alterar ideias arraigadas na prepotência e sedimentadas no orgulho exacerbado. E, contrária ao verdadeiro gênio, anacronicamente, uma variada gama de brasileiros busca recompensa pela vantagem da exclusividade.
Ora, por que esse lamento eterno de professores que pouco fazem além de ensebar o diploma "universitário" debaixo do sovaco, procurando bastar-se à si mesmo, relutante em admitir o seu único e real status, o de trabalhador? Por que esse queixume de advogados que muito pouco enxergam adiante de uma fantasiosa singularidade baseada na prerrogativa de elemento indispensável à administração da justiça? Por que esse pranto de médicos que não distinguem como diferença entre os seus jalecos, os paletós e gravatas dos executivos ou os crachás dos bancários, tão somente a cor das suas indumentárias, tão apenas o corte dos seus uniformes? Exatamente por isso: "uniformizaram-se" de tal maneira, padronizaram-se com tamanha distinção, que uns e outros cegaram-se diante da pequena significância que têm enquanto pessoas humana, quando não vislumbram o maior significado que deveriam ter como trabalhadores comuns, à serviço da comunidade.
Se uma voz se levanta em meio ao silêncio dos mudos "profissionais liberais", quase sempre é para justificar, com pueris argumentos, como o do dinheiro investido nos estudos, por exemplo, a hipotética diversidade, exigente de discriminação por duvidosa educação esmerada.
O brasileiro pensa que já sabe pensar só porque aprendeu a datilografar, torna-se músico porque deixou o cabelo crescer, projeta viadutos porque compra régua e compasso, defende o cliente porque "biblicamente" decorou os "versículos" e a tábua de Moisés, diagnostica porque sabe usar o termômetro e manipular "band-aid", dá aulas de política porque já leu sobre a conservação da múmia de Lenine, atribuindo a queda do comunismo ao sepultamento do líder soviético.
Em nosso acervo de "conhecimentos específicos", dominamos "aptidões especiais" desde a mecânica da manivela até o complexo sistema do DNA do jornalista Clark Kent. Diante de tanta sapiência, construirmos uma nova História, repleta de heróis abnegados, e não reconhecidos, vítimas que são de um regime "opressivo, corrupto, autoritário, segregador, etc, etc". Porém, se somos todos assim tão extraordinários, tão cheios de proezas, mas quem são os verdugos? Ou será, essa história está mal contada?
(Caos Markus)
QUARTA-FEIRA, 26 DE DEZEMBRO DE 2012: "CUPIDEZ"
A luz intensa da razão tem sido de pronto rejeitada por uma grande maioria, mais inclinada ao poder da ilusão no império das sombras que ao "sofrimento" inerente à sabedoria e à verdade. A vista turva não tolera o fulgor da percepção irrestrita. Assim, a frivolidade convive com a embustice, co-responsáveis pela impudência como prática dos pusilânimes. E complexos teoremas cuidam de dissimular espetacular vileza, equacionando de maneira aparentemente aceitável quaisquer divergências que possam suscitar riscos à supremacia da simulação.
Sistematicamente arquitetando construções de pensamentos voltados para a manutenção de uma mentalidade espartana, cada um de nós conclui pela eliminação do que é mais exato, cedendo aos encantos do que se mostra mais fascinante. Por isso essa sensação de caminharmos sobre esteira rolante, no incerto destino do eterno regresso. Por isso esse devaneio a adiar o concreto, em promessas que concedem tão somente um lenitivo, procurando impedir o verossímil. Por isso essa faculdade do poder em aproximar a casagrande e a senzala, limitando-as pelo que têm em comum -a imbecilidade dos radicais.
Os tempos, todos eles, se parecem. E os problemas de hoje se parecem muito aos de ontem. no enredo igual dos iguais homens. Quando renunciamos ao mal e às suas pompas o fazemos menos por não admiti-lo, menos por repugná-lo, do que por não estarmos à sua altura. E, se por algum momento evocamos um poder infinito, maior que o nosso, somos frágeis demais, sem a mínima estrutura para suportá-lo. A angústia daí advinda é prova cabal de uma justiça sem mérito, fruto apenas do cumprimento das leis e mandamentos pré-ordenados para a garantia provisória de uma serenidade procurada exteriormente, e não pela semelhança com o mais elevado espírito.
Diante do desmoronamento moral em que nos encontramos, vazios de substâncias, decretamos o nosso aniquilamento a cada dia, somente sendo possível evitarmos essa destruição se admitirmos decisões que importem na aceitação das advertências que conhecemos mas, no entanto, fingimos ignorância. Os fundamentos da existência vacilam ante a recusa das vozes mais íntimas, aquelas que dizem que todo os sistemas falhos estão prestes a ruir, pois que não têm respeitado a verdade acima deles mesmos, independente das fronteiras impostas às consciências forjadas na cupidez.
(Caos Markus)
sábado, 15 de dezembro de 2012
TERÇA-FEIRA, 25 DE DEZEMBRO DE 2012:"REVOLUCIONÁRIOS OU ILUMINADOS"
Resguardado, o caráter revolucionário adota fórmulas de salvação que, assim entende, erradicará os males que permeiam a sociedade. Mas, convencido do seu fracasso na aplicação prática de tais métodos, sabendo impossível a sua realização pelas atitudes isoladas e em respeito à lei, declara um novo mundo a partir do comportamento sugerido em protesto a experiências individuais, somado a idéias mais abstratas alcançadas por leituras, assembléias ou propagandas político-filosóficas. Dessa forma, na fase inicial da formação revolucionária, coexistem medidas de ordem geral - sempre utópicas - e medidas de cunho pessoal.
Diferenças essenciais, separam o indivíduo insatisfeito do rebelde, e este do revolucionário. O primeiro tem a característica do constante mau humor, criticando a tudo e a todos; o segundo vive para protestar as convenções; o terceiro não convive com nenhum regime social, por julgar-se condenado ao martírio, pela redenção da humanidade, enfim, por seu caráter universalista, onde acredita-se um mensageiro divino. Ao revolucionário não basta reformar a sociedade; quer ele ser o criador de uma outra, para o que precisa demolir as estruturas da anterior. Como um “Deus”, tem o destino traçado para a humanidade, ainda que nem todos queiram o beneplácito das suas inumanas concepções. Mais que obstinado, o revolucionário é escravo da necessidade de se fazer justiça. Aliás, injusto é, para ele, tudo aquilo que se contrapõe ao seu particular ideal de justiça.
Quando, porém, esse indivíduo se dá conta de suas limitações, corre ao encontro de um grupo com o qual possa partilhar seus magnânimos propósitos.
É nesse momento que trai os seus princípios, adotando, então, dentro de uma hierarquia organizacional, normas de conduta que nada diferem das observadas em instituições convencionais, objeto permanente de sua ação devastadora. Esse ordenamento próprio possibilita-lhe a manutenção de sua qualidade de “libertador”, resguardado de quaisquer opiniões adversas à sua nobre causa, pois que conquistou o ápice de seu magnificente projeto, e, agora, na posição de “líder”, fala em nome da emancipação do povo oprimido. O “iluminado” passa a ser o representante máximo das massas, fortalecido e protegido pelo prestígio do clã. Inaugurada a nova “instituição”, o próximo passo é a conquista do poder, quando a distância entre a atuação aparente e a real chega a seu auge. A cristalização dessa última instância em tudo espelha similaridade com o regime que se pretende depor, revestindo-se, inclusive, de feições partidárias, com plataforma política e programa de governo. Está moldado, de vez, o caráter revolucionário, a estabelecer os desígnios dos miseráveis
(Caos Markus)
SEGUNDA-FEIRA, 24 DE DEZEMBRO DE 2012: 'DESTINO REFLETIDO"
Vivemos hoje naquela na chamada "fase psicossocial", baseada num sistema de transmissão de experiência e cultura cumulativa que se reproduz e se modifica por si mesmo. Dessa forma, como um "prolongamento da evolução biológica" há que se considerar a própria evolução cultural. Assim, pois, é o homem impelido pela idéia que ele mesmo forma sobre o seu futuro. A impressão de que a evolução da vida era dirigida do exterior é agora substituída pelo surgimento da consciência criadora no espírito humano. E, é por meio da própria reflexão humana que deve prosseguir a evolução de nosso mundo.
Certamente, uma ciência intermediária entre a lógica e a psicologia concentra os seus esforços nos estudos da vida psíquica e seus conteúdo.
Com o aparecimento da reflexão, o pensamento humano se desenvolve intensamente, assegurando, então, a sequência da criação no homem como fundamento e fonte da consciência reflexa, do infinitamente ordenado. Naturalmente, enquanto aos animais resta apenas um único caminho predeterminado, já ao ser humano é possível, pelo livre arbítrio, evoluir segundo a sua própria vontade. Por depender essa evolução do comando responsável, esse processo passa do estágio do 'não-consciente' ao do 'consciente', criando nesse mesmo homem o seu dirigente próprio.
DOMINGO, 23 DE DEZEMBRO DE 2012: "ASCENSÃO SOCIAL EM PROMOÇÃO"
Muita gente anda se vendendo em baixa na cotação da auto-estima. Uma subespécie de inflação, é o que parece; o valor nominal da dignidade individual está defasado, e valor real nem se cogita. É dessa forma que órgão público virou entidade filantrópica, assistência social, caridade a que se agradece como o faz o mendigo por um prato de comida. Por isso esse péssimo hábito de se fazer de coitado para merecer o resto de comida; por isso essa coisa idiota de chamar de "doutor' qualquer um que esteja de traje esporte fino, na esperança de sobrar algum.
A miséria da república lotérica conseguiu fazer da outrora pirâmide social duas retas paralelas entre si, dando a impressão, própria à ilusão de ótica, de que nobreza e vassalagem caminham agora definitivamente juntas, encontrando-se ao final num só ponto de convergência. No caso, seria mais prudente olhar as múltiplas facetas do poliedro, ao invés de apenas observar os dois lados da mesma moeda. Porque, cara ou coroa, a moeda ainda é do rei, tanto faz, tanto fez.
Entre nós, ao ouvirmos as palavras "Não vim trazer a paz à terra, mas a luta. Quem não for por mim, será contra mim", atribuimos sua autoria a algum cântico gregoriano-panfletário de esquerda, nessa que insiste em ser a nossa vocação para tudo imitar.
'Imitar' é muita lisonja; mais corretamente deveríamos entender "papagaiar". Mas, tudo bem, dizem sempre que o Brasil é um país de contrastes em sua enorme extensão territorial, um país continental. E isso não podemos negar, Afinal, aqui convivem 'convergentes', 'divergentes' e 'emergentes' que seguem a mesma rota: a falsa ideia da ascensão social em promoção nos shoppings e magazines das cidades cujos mandatários ufanam-se disso que chamam "progresso".
'Ô! doutor, tem uma moedinha aí?'
(Caos Markus)
SÁBADO, 22 DE DEZEMBRO DE 2012: "O GERAL NO PARTICULAR"
Máximas admitidas por definitivas, mas que porém menosprezam “desordem natural” de uma cultura como a nossa, a brasileira, estarão sempre fadadas ao desparecimento precoce . Aliás , num período como o atual , marcado por uma profunda crise social e econômica, quando satisfazer os prazeres mais imeatos e fundamentais é a conduta próxima e comum a tantos quantos procurem ocultar a formidável depressão existencial a atingir toda a sociedade , torna-se impossível alguma concepção baseada em conhecimentos cuja profundidade negue o sentido de extensão pelo acúmulo e pela sucessão de instantâneos , pela soma , enfim, de ideologias e representações fragmentadas no tempo, mas reunidas na diversidade própria ao conhecimento inatingível , porque infinito.
Muito provavelmente, a revisão constante será o reconhecimento de que processo ocorre sempre por etapas, em admissão de fatos e circunstâncias supervenientes e imprevisíveis . Daí a sabedoria de quem possa identificar na multiplicidade o valor do conjunto, percebendo e respeitando igualdades , e promovendo diferenças de maneira tal a individualizá-las como característico como determinante de uma dada categoria de pessoas.
Eis, talvez, o maior pecado das elites neste país: generalizar. Porque temos um único idioma, em tão vasta extensão territorial que é a nossa, não separados por dialetos regionais nem divididos sustancialmente por disputas étnicas, a falsa ideia de um singular “universalismo” tem sido o substrato para políticas globalizantese inaptas a enxergar o elemento determinante da nossa evolução ,ou seja, a “mestiçagem” e os seus frutos ou as suas expressões aparentemente impregnadas de indensatez - as culturas várias, os múltiplos estilos, a pluralidade da “linguagens” .
Pretende-se aqui - -e, via-de-regra, no mundo todo - - a uniformização como resposta aos anseios da sociedade. Ora, se nem angústias podem ser padronizadas , certo que nem as suas origens e causas nem as suas manifestações se apresentam de forma única, como crer em projetos de governo insensíveis à prolixidade de um povo como o nacional ?
(Caos Markus)
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