REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
DOMINGO, 13 DE OUTUBRO DE 2013: "SÍNDROME DO APEGO OBSESSIVO"
Embora impossível de quantificar, uma percentagem considerável de mulheres satisfaz os critérios que nos permitem identificá-las como detentoras da chamada Síndrome do Apego Obsessivo (pelos vulgos denominada “Mãe Galinha"). Esta designação, na ausência de um termo técnico mais adequado, pretende caracterizar aquelas mulheres que amam demais e que exercem uma proteção exagerada sobre as pessoas que são geralmente o objeto do seu amor, os filhos.
Refere-se à mulher que possui uma forte necessidade de amar, de ajudar, de cuidar, de educar, enfim, uma necessidade compulsiva de ser mãe. E há alguma coisa de mal nisto?
Aparentemente não, até porque estas características são vistas mais como qualidades do que como defeitos e parecem satisfazer plenamente o ideal de mãe, fortemente implantado nas famílias tradicionais. O problema é que, ao amar demais, ama de uma forma obsessiva e neurótica. Ela leva demasiado longe, ou demasiado a sério, o seu papel de mãe, porque não deixa espaço para que as pessoas, objeto do seu amor, se realizem como pessoas autônomas e independentes. A mensagem que este tipo de mãe transmite ao filho é a seguinte: “Você não pode viver sem mim. Você precisa de mim. Você não consegue ser nada sem mim. Mas não se preocupe, eu estarei sempre ao seu lado para cuidar de você, para lhe proteger dos perigos do mundo.
O que ela não consegue ver é que esta mensagem, aceitável se o filho fosse uma criança, torna-se inaceitável e consiste num atestado de incompetência passado ao filho em idade adulta, porque lhe nega o direito de exercitar as suas capacidades, de enfrentar os riscos inerentes à vida e, em última análise, sabota-lhe o processo de desenvolvimento em termos psicológicos.Esta recusa, inconsciente, em efetuar o corte emocional definitivo do cordão umbilical, é originada por um amor castrador da liberdade de expressão, de ação e de escolha por parte do filho e resulta quase inevitavelmente num indivíduo com uma personalidade do tipo dependente: dependente do amor tóxico da mãe, como é óbvio.
A abordagem referida contém contudo um outro significado oculto. No fundo, o que essa mãe está a transmitir sutilmente ao filho é: “Não me abandone, nem me negue o seu amor. Eu preciso desesperadamente de você para me realizar como mãe. Eu preciso que voce precise de mim”. Nesta mensagem subliminar, e portanto nunca expressa de uma forma explícita, encontramos aquilo a que alguns autores designam por “incesto emocional” e que, basicamente, consiste numa inversão de papéis, na medida em que é a criança/adulta que passa a nutrir a mãe.
Geralmente, as mães com essa síndrome orgulham-se da sabedoria que possuem, dos sacrifícios que faz, das privações que sofre, dos prazeres a que renuncia para poder amar, nutrir, e cuidar do filho.
Muitas vezes retrai-se zangada, ferida, amuada, porque se sentiu injustiçada, podendo desenvolver um quadro clínico depressivo.
Esta cobrança de sentimentos, faz com que mãe e filhos reforcem automaticamente os laços de dependência mútua fechando-se hermeticamente num ciclo vicioso repetitivo e, portanto, sem solução.
Ao confrontarmos essa mãe, procurando sugerir-lhe que o seu amor talvez seja excessivo e que o seu investimento emocional no filho talvez seja prejudicial para ambos, ela desarma-nos imediatamente ao responder: “Então não hei de amar o meu filho? O amor nunca é demais. Uma boa mãe tem que amar.”
Infelizmente, é incapaz de estabelecer limites, de demarcar a fronteira entre um amor saudável, firme, equilibrado e um “amor” exagerado, neurótico, servil, absorvente e insaciável.
O amor, em qualquer tipo de relação, precisa aceitar o outro tal como é, de respeitar a sua individualidade e de lhe dar espaço, para que ele construa o seu próprio destino num clima de liberdade e sem constrições sufocantes, o que pressupõe uma relação consigo mesmo, igualmente moldada nessa individualidade preservada.
(copydesk, Caos Markus)
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